Episodes

  • Dois anos depois, chegamos ao episódio 100.
    Penso que, há dois anos, nem sabia contar até ao número 100. ;)

    Se, até agora, cada episódio tinha um convidado, para o último episódio, abri o debate aos ouvintes propondo, numa open call, que eles próprios se fizessem convidados.

    Lancei a questão: “Sobre o que falamos quando, hoje, falamos de arquitetura?”. Pedi-vos que escolhessem uma palavra e explicassem o vosso ponto de vista.

    Reconheço a dificuldade do desafio. Por isso mesmo reconheço, também, a sua relevância. O “hoje” faz-se de todos nós, por isso, a pertinência deste exercício está em todas estas respostas colocadas lado a lado.

    Será que a relevância da Arquitetura está no facto de não sabermos, ao certo, o que ela é? Estará a relevância da Arquitetura na sua procura? Se a dermos por encontrada, será o seu fim… Pelo bem da arquitetura, sugiro que continuemos a fingir que não sabemos nada sobre ela.



    OBRIGADA a todos os arquitetos e atelier que aceitaram tomar parte neste desafio, obrigada por tudo o que me (e nos) ensinaram.
    OBRIGADA a todos os curiosos que foram ouvindo o podcast e por terem acreditado neste projeto tanto quanto eu.

    O Arquitetura Entre Vistas não termina aqui. Até lá, ficam com um acervo de 100 entrevistas para ir ouvindo.

    Em nome do Arquitetura Entre Vistas…até já.

    Participantes: Amália Miranda, Ana Baptista, Ana Costa Silva, Ana Isabel Santos, Ana Rita Gomes, Atelier Realité, António Costa Lima Arquitectos, Cristina Mendonça, Cristina Veríssimo, Daniel Félix, Daniela Silva, Diana Máximo Queirós, Diogo Burnay, Emanuel Grave, Ernesto Cardoso, Fernando Salgado, Filipe Paixão, Francisca Maria, Inês Reis, Ivo Poças Martins, Joana Carvalho, Joana Moreira, João Baptista, João Costa Ribeiro, José Carlos Nunes de Oliveira, Luis Pereira Miguel, Manuel Tojal, Marta Campos, Marta Ferreira, Miguel Marcelino, Patrícia Sousa, Paulo Martins Barata, Paulo Merlini, Pedro Carrilho, Pedro Matos Gameiro, Rita Aguiar Rodrigues, Rúben Teodoro, Rui Filipe Pinto, Sauro Agostinho, Simão Jorge, Tiago Antero, Vasco Correia

    Moderação: Ana Catarina Silva (estudante de arquitetura)

  • Nesta última entrevista (penúltimo episódio), falamos com Manuel Aires Mateus.

    Revela-nos as várias formas que a mesma cidade pode ter aos olhos da mesma pessoa (“Começou por ser o lugar onde eu estava para, mais tarde, se transformar num lugar que uso como reflexão.”) Convicto, afirma que “Os projetos estão nos lugares (…) os projetos estão nas possibilidades de transformação dos lugares”.

    Notamos a importância de palavras como “possibilidade”, “descoberta”, “liberdade”, “memória”.

    Aquando do final de uma obra gosta de ver o que podia ter sido melhor. “É impossível fazer-se tudo o que poderíamos fazer. Felizmente! Isso dá-nos a possibilidade de fazer melhor ao voltarmos a fazer.”

    Isto porque ocupa uma posição na vida em que “Não me interessa nada trabalhar com aquilo que sei, só me interessa trabalhar com aquilo que descubro.”
    Isso leva-nos a discutir sobre autoria, linguagem e identidade.
    “Um dos horrores que tenho, como arquiteto, é de que o nosso trabalho possa ser reconhecido, como se estivéssemos à procura de uma maneira de fazer. (…) Eu quero ter a liberdade de fazer sempre coisas diferentes. E que em cada projeto possa descobrir um principio novo.”
    “Reconheço que haverá qualquer coisa que unes os projetos, mas não sei dizer o quê. Mas para meu grande alívio também não me compete a mim dizer o quê. (…) Vê-se como? Vê-se porquê?”

    “Uma coisa boa da arquitetura é que a arquitetura trabalha com condições que todos nós conhecemos desde muito novos (…) mas o arquiteto transforma este ato num ato cultural.”

    “A memória é o grande saber (…) a memória é o conhecimento que nos permite ter instinto. (…) O trabalho do arquiteto é um trabalho de instinto, gosto desta palavra. O que é o instinto? Instinto é a liberdade que nós temos em movermo-nos em condições que nós conhecemos. (…) Mas acho que é um liberdade com muita responsabilidade.”

    “A arquitetura é a arte do eterno. (…) a ambição é projetar sem tempo. Projetamos “para a eternidade” com a liberdade de saber que isso não existe.”
    “Aquilo que acho interessante são as ideias que estão para lá do próprio projeto. Em que o nosso projeto é quase uma tradução de uma ideia, mas haveria outras traduções possíveis para essa mesma ideia.”


    Convidado: Manuel Aires Mateus
    Moderação: Ana Catarina Silva (estudante de arquitetura)

  • Missing episodes?

    Click here to refresh the feed.

  • Frederico Valsassina fala-nos de ideias sem escala. “O interessante da arquitetura é que os programas se alteram mas muitos dos princípios que nos nortearam num projeto de escala pequena ou um projeto de escala grande são os mesmos: o respeito intrínseco pelo programa e o saber habitar (...) Muda a escala mas não mudam os princípios da arquitetura."

    “Hoje, na arquitetura, é fundamentalmente esta questão entre a estética e a técnica. (...) Os bons projetos são os que conseguem conjugar a funcionalidade, a estética e o modo de viver os espaços". Porque "quanto melhor for vivido, melhor é o projeto". "O interessante da arquitetura é que nós nunca temos a última palavra, a última palavra é sempre de quem utiliza o espaço.”
    Conta-nos uma história de alguém que estava a viver a casa ao contrário.

    Confessa-nos que "o tempo nunca é suficiente", que " não é o lugar que faz a arquitetura, é a arquitetura que faz o lugar" e que preza pela verdade dos materiais ("Quando uso pedra nunca uso pedra polida, uso sempre pedra serrada. Quando utilizo madeiras utilizo-as no seu estado natural e se tiver de ter zonas de envernizamento nunca dou coloração. Quando uso caixilhos de ferro tento que tenham o aspeto mais natural possível. Se utilizo telha, não pinto a telha, utilizo-a na cor natural.”).

    Todas estas vontades são possíveis de ser desenhadas usando a potencialidade da linha reta.
    "A potencialidade da linha reta não tem fim. A linha reta desenha-se sempre da mesma maneira, mas não é sempre interpretada da mesma maneira.”

    Por fim, desabafa o ânimo com que perspetiva a arquitetura: “Vivemos uma boa fase da nossa arquitetura (…) hoje, os jovens arquitetos, estão muito bem preparados, entram nos ateliers a trabalhar com um à vontade que não existia no meu tempo.”


    Convidado: Frederico Valsassina
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • 1/2 Açores + 1/2 Itália (e um pouco mais de viagem pelo mundo) fazem o "mezzo atelier".
    Têm "um carinho especial pelo ontem." E olham para o futuro com um olhar promissor. “Não é uma arquitecta de olhar para o passado, é um modo de aprender com a síntese e sabedoria dos lugares e acrescentar aquilo que temos de melhor hoje em dia.”

    Falamos de conforto, de tecnologia, de materiais, de linguagem, de estética. Os materiais têm implicação na linguagem? ou a linguagem existe além dos materiais?

    “Até agora temos tido projetos onde faz sentido a dedicação da criação da peça única, o fato à medida, do alfaiate (...) um espaço feito à medida mas que permita a tal flexibilidade que se procura ter ao longo dos anos.” Dão-nos a conhecer uma igreja, em Maastricht, que é hoje uma livraria.

    “É um pouco o sal da vida, acordamos com um sorriso. Não temos a pretensão de dizer algo de novo, é qualquer coisa que se adapta…o entusiasmo do projeto é uma “pica” agradável.”
    A arquitetura deve, também, fazer o arquiteto feliz.

    Convidado: Giacomo Mezzadri, Joana Oliveira (mezzo atelier)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • "parto atelier" faz-se de encontros. Por isso, vamos ao encontro da Filipa e o Tiago para, celebrar a arquitetura. Acreditam na arquitetura enquanto "ponto de celebração."

    Percebemos que a obra começa quando a obra termina, “o momento em que a obra se concretiza não termina. Aí abre-se o espaço à vida no lugar, gostamos de manter essa relação com os lugares e com esse espaço de encontro.”.
    Porque, na verdade, “Mesmo que o âmbito do projeto não seja habitacional, há sempre uma casa que se constrói. Ainda que de um modo abstrato.”

    A "referência" é como um museu imaginário. "A ideia não está tanto na referência em si, mas na ponte entre elas. De repente, a memória torna estas referências mais difusas e o que interessa são os elos que se vão criando, a história que queres contar e de que maneira esta se intromete no projeto.”

    Acreditam que “O arquiteto tem um papel fundamental na reflexão sobre "o que é que a cidade pode ser", "sobre o que queremos que ela seja" e "sobre o que é que o espaço público pode potenciar na relação entre pessoas.”

    Encontram potência nos vazios urbanos. “São pretextos para a criação. São pretextos para uma ocupação.”. Projetos como "Up-farming" (horticulturas verticais, locais, sustentáveis, low-tec, inclusivas,...) são algumas dessas criações.

    Há de chegar o dia em que todos vamos ter uma horticultura vertical em casa (tal como todas as casas aceitaram a televisão e o frigorífico), quem sabe...


    Convidado: Filipa Neiva, Tiago Sá Gomes (parto atelier)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • António e André Cerejeira Fontes, dois engenheiros que prosseguiram estudos em arquitetura. Agora, “estrutura e a arquitetura nascem em simultâneo”. “Não conseguimos desenhar um edifício sem pensar na sua estrutura. A estrutura como corpo da arquitetura.”

    Foi a engenharia que os trouxe para a arquitetura “Diferentes arquitetos têm naturalmente diferentes caminhos e os resultados são todos eles também interessantes”, conscientes do seu percurso, aceitam-no e usam-no como a um fator diferenciador da sua prática.

    O arquiteto é um artista completo, não só " somos escultores de espaços", como também “somos coreógrafos da vida humana em espaços", também sabemos um bocadinho de música "A música é linear, mas a arquitetura é multilinear. Podemos ouvir montes de sequências espaciais que não é apenas uma linha como na música”.

    “A escala, a dimensão, a proporção…posso vê-los como elementos físicos mas também como elementos de perceção. Há aspetos que não sabemos explicar mas sentimos.”

    “Eu diria que uma das qualidades mais importantes dos arquitetos são os olhos. (…) A primeira etapa da observação é preparar os olhos para ver.”


    Convidado: Cerejeira Fontes Architects
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • ATELIERDACOSTA, um episódio com a casa cheia.

    Procuram uma arquitetura realista. “A história é esse pêndulo que vai variando entre questões mais realistas e menos realistas e cá estamos nós novamente.”

    Tentam desmontar a "posição demasiado central do arquiteto na arquitetura, enquanto figura autoral, enquanto figura de assinatura (...) Parece paradoxal, mas nós somos um elemento quase dispensável do processo produtivo”.

    “Esta ideia de nos sujarmos na obra é importante”, o projeto não acaba no projeto mas sim na obra. “Ou a ideia de projeto se relaciona com um determinado meio de construção, para uma determinada mão de obra que existe, ou se não a contempla vai acabar subvertido.”

    “A maioria dos edifícios do mundo não foram desenhados por arquitetos. E se calhar não tinham de ser.”. Se calhar não tinham de ser?

    Aceitam os materiais à disposição, sem preconceito, “há a ideia de que as madeiras são muito caras, (...) algumas não são assim tão caras porque estão ultrapassadas por questões de gosto. Estão desvalorizadas no mercado porque têm nós e imperfeições próprias da madeira que em nada afetam a sua resistência mecânica, por exemplo.” O que importa é como são usadas.

    “O cliente dá-nos referências de gosto, não são referências disciplinares. A partir dessas referências de gosto podemos derivar para as nossas referências de arquitetura. Não vamos por o cliente a falar de Palladio, nem é esse o tipo de cliente que chega até nós.”

    Junta-te a nós, há sempre espaço para mais um.


    Convidado: Hugo Barros, Diogo Silva, Marta Nogueira, Ricardo Fernandes, João Morais, Artur Gouveia, Catarina Salgado, Cristina Pinho, Pedro Matos (ATELIERDACOSTA)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • "Studiolo", uma palavra nova que aprendi com Rui Filipe Pinto. Talvez todos nós tenhamos o nosso studiolo.

    Arquitetura é um livro aberto, cada projeto deve ter uma história para contar. “As coisas são o que são, mas as coisas podem ser mais do que aquilo que são. Interessa-me a possiblidade.”.

    “O arquiteto enquanto criador de possibilidades, de cenários hipotéticos.”, sem a arrogância de exigir o mesmo sentimento a todos os que a observam. Essas histórias podem ser escritas para o próprio, para ajudar a tomar decisões "uma maneira que me indica que há soluções que estão mais corretas que outras."

    Será que"menos é mais?
    E "o ornamento é crime"?

    Falamos de triângulos vermelhos em cima de volumes brancos.
    Falamos sobre o "ser" e o "parecer". Pode a narrativa da arquitetura ser uma ficção? “Uma casa não tem de parecer uma casa, uma igreja não tem de parecer uma igreja. Pode parecer, mas também pode não parecer.”

    “Uma das erróneas conceções que existe é a confusão entre construção e arquitetura. Há muita construção e muito pouca arquitetura.”


    Convidado: Rui Filipe Pinto (studiolo)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Ivo Poças Martins arquiteto mas podemos encontrá-lo, também, no desenho, escrita, cenografia, investigação académica, design de objetos,...
    Serão estas práticas parte da arquitetura? Afinal somos ou não somos especialistas?

    “Para nós, enquanto arquitetos, é muito relevante desenhar e desenhar cada vez mais”. Mas afinal que formas pode um desenho ter? Faz-se sobre papel? Constrói-se? Fala-se? “Tudo isso são formas de desenhar, não acho que haja uma única”.

    O desenho é a manifestação do pensamento da arquitetura e de como o arquiteto olha para um determinado problema. “O desenho é uma ferramenta de representação quer de uma realidade que existe, quer de uma realidade inventada. É aí que os arquitetos trabalham.”
    Chega a citar uma frase de Almada Negreiros “Os olhos são para ver e o que os olhos vêem só o desenho o sabe”.
    “A arquitetura está no desenho. O desenho está necessariamente antes da obra. E sobrevive à obra. A obra pode arder, pode ser demolida e o desenho permanece.”

    A arquitetura pode (e deve) ser um jogo. “O lado lúdico existe na minha prática (...) Há uma maneira de olhar para o mundo e de aprender brincando. Gosto de me posicionar assim na profissão”. Mas nem tudo é uma brincadeira de crianças. Trata-se de levar o jogo a sério.

    Convidado: Ivo Poças Martins
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Com o Colectivo Mel questionamos se a cidade pertence ao individuo ou um coletivo...talvez a um coletivo de coletivos. “A cidade tem a capacidade de absorver tanto a expressão individual como a expressão dos coletivos” e cabe ao arquiteto criar espaço para a discussão política.

    Identificam-se enquanto "arquitetos obreiros". “Geralmente há alguém que desenha e há alguém que executa. Quando estas duas se fundem chegamos necessariamente a soluções diferentes”.

    Procuram tomar decisões que “permitam manter opções em aberto. Não fechar à partida, tornar a obra o mais porosa possível”, evocam, assim, o entendimento de “obra aberta” de Umberto Eco. Gostam do contagio entre o desenho e os materiais
    Afinal...quando é que se abandona? “O limite é quando a porta se fecha…mas a imaginação pode continuar o projeto.”.

    “A arquitetura vernacular é a permanente evolução de um modelo”. Mas será que quando falamos em "arquitetura vernacular", falamos sempre da mesma "arquitetura vernacular"?

    Contam-nos a história de janelas que se abrem na parede usando uma corrente de uma bicicleta antiga.

    Falamos também de "excesso"...e do quão necessário o excesso é.


    Convidado: Ana Baptista, Hugo Dourado, Miguel Eufrásia (Colectivo Mel)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • OODA, ambicionam a simultaneidade do "local" e do "global". Pelas suas palavras, trata-se de “Absorver toda uma experiência internacional para operar, de uma forma mais rica, localmente”.
    O que importamos? E o que exportamos? Seremos nós, Portugal, parte do “internacional” dos outros países que temos por “internacionais”?

    A curiosidade é uma característica muito importante para um arquiteto.
    Gostam de colocar, sobre a mesa, várias respostas para o mesmo problema. Mas...como se encontra a melhor solução para um projeto quando há várias soluções viáveis? Na verdade, essa metodologia, pode seguir as todas as fases de projeto, no limite, até durante a obra.

    “Talvez pela experimentação conseguimos encontrar a transversalidade”, nesse sentido, entregam-se ao "hibridismo" ao invés de uma linguagem própria reconhecível.

    “O arquiteto tem de ter a maturidade para conseguir avaliar o local e perceber se tem de ser protagonista ou se deve ser mais humilde”.

    Acreditam que as parcerias com ateliers internacionais, mais do que uma aposta interna, são uma mais valia para o terreno sob intervenção.

    Aprendemos uma palavra japonesa, “engawa”. Ouve o episódio e aprende-a também.



    Convidado: Julião Pinto Leite (OODA)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Atenta, oportuna, eficiente são palavras-chave que afinam o barómetro da arquitetura assinada por Marta Campos. “O arquiteto deve ser humilde mas oportuno na sua intervenção”.

    Explica-nos o seu particular interesse pela integração bioclimática, assim como o gosto pelo máximo aproveitamento dos resíduos da construção.

    Exploramos qual o potencial do BIM na arquitetura. “É uma metodologia que tem o potencial de acompanhar um edifício ao longo do seu ciclo de vida.”, acompanha o edifício desde o projeto à sua execução “pensa num edifício como um ativo que tem um princípio um meio e um fim.”
    Porém, afirma que o mercado ainda não está pronto para integrar a metodologia BIM no seu total potencial.

    “O que sinto quando estou a usar esta metodologia é que estou a fazer a obra virtualmente antes dela acontecer”.

    Fala-nos da sua experiência com a Realidade Virtual, um investimento que perspetiva fazer num futuro próximo, “para confirmar determinadas intuições que temos de projeto”. Quem sabe, talvez fazer reuniões virtuais dentro do modelo 3d.

    Tem consciência que toda esta abertura pode ser um pau de dois bicos, porém “Permite automatizar procedimentos que são repetitivos para dar tempo para pensar arquitetura”



    Convidado: Marta Campos
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Alexandre Burmester dá-nos a conhecer uma perspetiva da arquitetura aplicada ao equipamento industrial (mas não só). "Gosto muito de fazer fábricas porque não têm o vaidosismo de outros projetos que se fazem”.

    Será todo o vaidosismo negativo? Será "vaidade" uma palavra do léxico da arquitetura?
    Numa outra perspetiva...pode a arquitetura nascer de preceitos como a: funcionalidade, racionalidade, praticidade e economicidade?

    “Em qualquer atividade humana existe espaço. O que nós fazemos é adequar esse espaço às funções e aspirações necessárias”

    “Somos arrumadores de espaços. (...) O espaço já la está.”

    Percebemos que imagem do edifício participa da identidade visual da empresas.
    “Não considero que existem lugares inqualificáveis.” Estando envolvida numa paisagem bonita ou não, a paisagem é sempre um fator fundamental.

    Se, por um lado, separa o desenho da arquitetura “Arquitetura e desenho não são a mesma coisa”... Por outro, "arquitetura" e "conforto" deverão ser uma e uma só.

    Confessa a dificuldade que, atualmente, encontra em conseguir o relacionamento direto com o empreiteiro e com quem produz, cada vez mais mediado por outros profissionais.

    Sabias que há Pavilhões Temporários que se prolongam no tempo?



    Convidado: Alexandre Burmester
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Para João Pedro Falcão de Campos, ensinar arquitetura é quase uma necessidade de desabafo. Usa-o para transmitir o prazer pela arquitetura, numa vontade quase “desesperada” de que “gostem disto como eu gosto”.

    Na verdade, o seu gosto pela arquitetura foi, apenas, descoberto após a faculdade.

    “Gosto muito da adequação a uma circunstância. Gosto dessa abordagem muito portuguesa de, com poucos meios, conseguirmos resolver os problemas”, identificando, assim, a constante condição de crise como um fator modelador da arquitetura portuguesa. “Os problemas existem. Importa resolvê-los de uma forma sensível”.

    Encanta-se pelo projeto total, pelos projetos longos que têm continuidade e passam por vários tempos e várias mãos. “É um privilégio poder fazer parte destes processos longos e não a uma ideia de uma obra a curto prazo”.
    Sabiam que há maquetes que demoram 20 anos a fazer?

    Fala-nos da constante redescoberta da própria cidade; fica apaixonado por momentos com os quais se cruza. Porém, “Fico horrorizado com o excesso de desenho do nosso espaço público (...) Em Portugal temos um horror ao vazio”.

    “Eu nao tenho certezas”, mas reconhece que “Nunca se atinge a “justa medida”, mas tenho essa ambição.”

    Convidado: João Pedro Falcão de Campos
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Spaceworkers, uma prática da arquitetura cuja forma segue a emoção, “as emoções com que estamos a trabalhar não são só as nossas mas também as dos nossos clientes.”

    “Não queremos que as pessoas fiquem indiferentes dentro dos espaços criados. Para isso não contratavam o arquiteto (...) quando se contrata o arquiteto é porque se quer ir um pouco além da mera resposta a uma função.”

    O programa e o interlocutor são as ferramentas principais de cada projeto, são estes os estímulos que, num primeiro momento, ocupam a folha em branco onde desenham a duas mãos. “O conceito vai-se descobrindo” às vezes está no início, outras vezes vai aparecendo.
    Apenas expõem as suas ideias quando estas têm a maturação necessária.

    Contam uma viagem ao México que os tornou melhor arquitetos e da experiência transcendente de percorrer um espaço já conhecido por fotografias e revistas. “Somos fruto das coisas que vamos vivendo.”

    Perguntam-se se o seu gosto pela "leveza gravítica" e a força da interioridade seja resultado do, inicial, contexto urbano descaracterizado. “Há sempre a ideia subjacente de que o projeto deve conseguir criar o próprio mundo.”


    Convidado: Henrique Marques e Rui Dinis (spaceworkers)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Luís Pereira Miguel fala-nos da experiência de ver a sua arquitetura, física, tornar-se digital...um produto dos media (Netflix).

    Será possível fazer arquitetura e landart em simultâneo? Talvez sim, quando se construi uma casa na areia.

    Foi enquanto arquiteto que descobriu os encantos da Comporta, terreno onde se semeiam muitos dos seus projetos de habitações unifamiliares, com vista mar e vista serra.
    Quando o lugar e tipologia são os mesmos...repetir-se-ão as arquiteturas? (“Os pressupostos com que se começa nunca são aqueles com que se acaba”).
    Uma coisa dá por certa, a "habitação familiar" é uma grande questão e exige sempre um grande esforço.

    Tende a servir-se dos materiais correntes/banais da construção, com atenção à sua proveniência local. “Porquê importar mármore Carrara, quando temos mármores de Estremoz?”
    Não existem maus materiais, existem más aplicações. Pensado assim, as possibilidades passam a ser outras. “Gosto de combinar coisas que são tradicionais com coisas que não são tradicionais.”

    Se tivesse o poder de decidir onde intervir, diz que a acessibilidade é uma preocupação corrente no seu pensamento.

    Junta-se a nós nesta conversa.


    Convidado: Luís Pereira Miguel (PM-ARQ)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Jorge Estriga e Carlos Cruz dão a voz ao atelier RISCO e, com eles, debate-se a aplicação das palavras "design" e "projeto".

    Acreditam veemente que "é obrigação do arquiteto conhecer profundamente o contexto onde está a intervir (...) os arquitetos trabalham com a realidade”.

    O seu traço tende a ter uma escala considerável, encontramo-lo não só em grandes equipamentos, mas também em planeamentos urbanos. “Uma das questões que mais perseguimos nos projetos, seja em que escala for, é a continuidade”.
    Perseguem o desenho do espaço público que primazia o peão (sem descorar a circulação automóvel).
    Se “A cidade é um organismo vivo”, então, a arquitetura, revela a sua capacidade contagiosa de progressivamente qualificar a cidade (nomeiam o Metro do Porto e o Projeto das Antas como claros exemplos disso mesmo).

    E aqui fica algo para pensar: “Se, numa obra pequena, há racionalidade…numa obra grande há a mesma sensibilidade que há numa obra pequena”.


    Convidado: Jorge Estriga e Carlos Cruz (RISCO)
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • New Terracotta, uma fábrica portuguesa de azulejos artesanais.
    A azulejaria acontece em território nacional desde o século 15. "O tempo é o maior aliado do desenvolvimento. A necessidade e o tempo." Trata-se de retomar uma técnica ancestral sob uma estética atual. ("Os azulejos - e qualquer outro produto - desenvolvido pelo ser humano, não são estáveis, porque estamos sempre, necessariamente, a inventar.")

    A "mão" é a essência da empresa. Por isso, investem na formação de mão de obra qualificada. Se, por um lado, conseguem alguma rapidez no desenvolvimento do projeto...por outro, o tempo de formação quer-se lento.
    É uma fábrica orientada para a sustentabilidade. Tudo começa na matéria prima, o barro. Seguidamente, todos os resíduos retomam a cadeia de produção - reciclagem; ciclo da água é assegurado por um processo de filtragem e o gás dos fornos é usado para aquecer as estufas.
    Uma sustentabilidade social e ambiental.

    Percebemos que a resistência do "azulejo" se deve ao facto de ser um revestimento camaleónico, com muitas caras. "Existe num interior, numa fachada, numa piscina, numa igreja, numa praça...É um revestimento muito democrático".
    Interessam-se pela personalização e por pessoas que pensem fora da caixa.


    Convidado: Isabel Leitão Cymerman, New Terracotta
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Cândido Chuva Gomes gosta de trabalhar no seu cubinho branco, no Bairro Alto, perdido nos seus pensamentos, sós, fruto de diálogos múltiplos.

    Se tem deleite neste mundo interior, também de grande interioridade desenha os seus espaços. Interessa-lhe que o "dentro" rebente e o exterior seja afetado por este.
    "Para mim o labirinto é fundamental". É curioso perceber que, aqui, não interessa encontrar a saída (do labirinto) mas sim experimentar, percorrer e descobrir o caminho. "Independentemente de isso ser muito útil ou não."

    "A estrutura da casa pode ser baseada em ruas, avenidas, praças...". Trata-se de encontrar o desenho do habitar, caminhos alternativos, variados...que sintam as estações do ano. "Há um objetivo único (quanto a mim) criar qualidade de vida, conforto e bem estar."

    Conta a história de uma casa que se tornou família.

    Gosta de saborear e que as coisas ganhem sabor.


    Convidado: Cândido Chuva Gomes
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura

  • Lançamos a primeira pedra a constatar a progressiva e atual disseminação, da arquitetura, por todo o território.

    Após corroborarmos o modo como apresenta a sua arquitetura, em livro, afirma que a biografia de um arquiteto pode ser feita a partir das imagens por si recolhidas, "o projeto não cai de uma inspiração/de uma coisa ocasional (...) o projeto vem de muitos sítios , que não necessariamente do desenho".

    Sobrevoamos o pós-moderno que tanto explorou nos primeiros anos. "Como chegar às pessoas? (...) Tudo o que desenhássemos devia dizer alguma coisa." A arquitetura enquanto cenografia do momento, capaz de dar importância ao banal.
    Agora, "essa relação de afetividade com o edifício é feita de uma maneira mais subtil".

    Sublinhamos o gosto pelo "corredor". "O corredor aparece quando (...) passamos a ser uma soma de individualidades (...) o corredor era um inimigo da arquitetura moderna e um instrumento da arquitetura pré moderna. (...) são verdadeiras invenções arquitetónicas e que foram menosprezadas em nome do minimalismo".
    Torna-se incontornável a importância do corredor e das conversas de corredor.

    Se, hoje "qualquer um vê tudo"...procura o silêncio.


    Convidado: António Belém Lima
    Moderação: Ana Catarina Silva, Estudante de Arquitetura