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Contados os votos da emigração, confirmou-se a vitória da AD e o Presidente da República encarregou Luís Montenegro de formar governo. Que governo será, ainda ninguém sabe. Sabe-se, no entanto, que Ventura - apesar da insistência com que tem pedido para ter lugar à mesa do conselho de ministros - não fará parte da solução do líder do PSD. O Chega ganhou entre os emigrantes e Augusto Santos Silva foi o primeiro presidente do parlamento a não conseguir a reeleição. Debatemos as ilações a retirar desse facto. Também se fala esta semana de uma frase de António Costa em Bruxelas, da jogada de antecipação de Pedro Nuno Santos, das acusações que recaem sobre Boaventura Sousa Santos e das vantagens e inconvenientes de viver num hotel. Sobretudo se a PJ quiser saber quem paga.
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Na estante da semana, temos reedição das magistrais lições de George Steiner em ‘As Lições dos Mestres’, um estudo sobre ‘Bandidos’ que desafiam a ordem estabelecida sob o olhar aprovador do historiador marxista Eric Hobsbawm, a investigação de Victor Costa sobre a arte tipográfica em ‘Letras, história, arte e engenho’ e a ‘Nova Era do Kitsch’ descrita e analisada por Gilles Lipovetsky e Jean Serroy.
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Os resultados eleitorais viraram a política portuguesa de pantanas. A AD ganhou à tangente, o PS perdeu mais de 40 deputados e o Chega quadruplicou a representação parlamentar. André Ventura, com os 18% que obteve, foi declarado o grande vencedor e foi rápido a exigir ter uma voz activa no que aí vem. Esquece, no entanto, que 82% do eleitorado não só não votou nele como explicitamente o rejeita. Luís Montenegro mantém-se fiel ao “não é não” e vê-se obrigado a encontrar uma solução de governo, mesmo antes de contados todos os votos. Até porque Pedro Nuno Santos, numa espécie de jogo do quem perde-ganha, teve pressa em declarar-se derrotado. Os próximos tempos vão ser animados.
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Na estante do programa a que ainda há quem chame Governo Sombra, mas nós não, claro, jamais, evidentemente, encontramos desta vez um ensaio de história intitulado Porcos Fascistas, mas porcos mesmo, não é insulto; temos também um livro de divulgação científica em banda desenhada: O Mundo Sem Fim; há ainda uma recolha de slogans e frases do tempo em que as paredes falavam, no período revolucionário, com o título No Princípio Era o Verbo; e por fim uma velha edição de um poema de T.S. Eliot, A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock, em homenagem ao tradutor Jorge Almeida Flor, falecido esta semana.
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Na estante desta semana, há o relato de uma fuga da Coreia do Norte, em Um Rio na Escuridão; a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, com As Vozes da Liberdade; a crítica ao wokismo, em A Esquerda não é Woke; e um ensaio sobre a marginália dos livros lidos por um grande escritor, em A Biblioteca de Vergílio Ferreira
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Já está tudo a refletir? As sondagens garantem que ainda são muitos os indecisos. Enquanto não abrem as urnas de voto, analisa-se a campanha: tentamos entender as cabeças dos cabeças de cartaz, discutimos como decorreu a caça ao voto, revisitamos os momentos mais marcantes - tanto dos partidos parlamentares, como daqueles que vão a jogo apenas por desporto. Tudo isto enquanto refletimos. Porque para refletir não é preciso remetermo-nos ao silêncio
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Passos Coelho, o aborto e uma lata de tinta verde entram numa campanha eleitoral. Não é uma anedota, é o resumo possível da primeira semana de caça oficial ao voto. A AD esteve no centro do debate. Por boas ou más razões, é o que cada eleitor decidirá por si próprio.
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Na estante desta semana, a escolha recai sobre os textos de Hélder Macedo reunidos no volume intitulado Pretextos, inclui a biografia de Lucas Pires por Nuno Poças Falcão com o título O Príncipe da Democracia, tem também a novela gráfica Patos, de Kate Beaton, e aproxima-se do silêncio com a poesia zen do mestre japonês Ryokan na antologia Tal Como És.
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Quantos votos vale a exibição pública das emoções de um candidato? Regada com lágrimas ainda deve valer mais. Quanta simpatia pública perderam os polícias ao cercar o Capitólio? Dito assim, parece ter sido um caso gravíssimo, como o de Washington, mas foi afinal apenas uma cena no Parque Mayer; a versão portuguesa da célebre frase de Marx segundo a qual a História se exprime em primeiro lugar como tragédia para se repetir mais tarde como farsa. Falemos ainda (como não?!) de cenários pós-eleitorais, dos temas que na pré-campanha não foram debatidos e do espanto de mantermos tanta gente acordada até tão tarde.
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No Festival literário Correntes d’Escritas, os tradutores também são autores e há agora uma antologia que os celebra: O Irresístivel Charme da Tradução. Saído do espólio de Paulo Tunhas, surge uma adenda inédita para alterar agora qualquer coisa: “Filosofia”. Há ainda tempo e espaço para uma biografia de Emílio Rui Vilar; e uma pequena volta a Portugal em bibliotecas.
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Na estante desta semana, há uma ‘Introdução ao Conservadorismo’, da autoria de Miguel Morgado; fotografias icónicas da Revolução sob a lente de Alfredo Cunha, em ‘25 de Abril, Quinta-feira’; a história de Josef Mengele, o médico das tenebrosas experiências nazis, que durante 20 anos viveu incógnito no Brasil, contada em ‘Baviera Tropical’; e um ensaio intitulado ‘A Ditadura Adapaptada aos Século XXI’, sobre o modo como uma nova estirpe de ditadores trocou as botas cardadas por pezinhos de lã.
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Quem será o ‘sub-cão’ no debate da próxima segunda-feira entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos? (Calma, o intuito não é ofensivo; trata-se apenas de um tradução abaixo de cão da expressão inglesa ‘underdog’.) Ou seja, na gestão de expectativas qual dos dois candidatos terá mais a perder e qual dos dois terá mais a provar? Os frente-a-frente estão a chegar ao fim e começa a ser altura de perguntar que percepção pública ficou de duas semanas de despiques televisivos. Um tema que demorou a ser discutido mas que entretanto se impôs é o da Justiça. Depois de um juiz de instrução ter determinado que, no processo que fez cair o governo da Madeira, “não há qualquer indício de crime”, o Ministério Público está agora em xeque. E a Procuradora-Geral da República em silêncio. Que efeito terá isto na campanha ainda ninguém sabe. Por último mas não menos importante: na semana em que Trump anunciou que, se for presidente, encorajará Putin a atacar os países da NATO com quotas em atraso na Aliança Atlântica, o principal opositor do presidente russo morreu numa cadeia de alta segurança. Como dizia o outro: agora pensem.
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Já houve debates para todos os gostos - e mais haverá. Já houve carrosséis e escorregas num parque infantil, estribilhos rimados e boas doses de artilharia retórica. E uma das protagonistas foi a avó de Mariana Mortágua. Enquanto isso, Montenegro tentou desvalorizar adversários, anunciando a decisão de se fazer substituir pelo líder de um partido aliado sem representação parlamentar. Não lhe correu bem, ninguém aceitou a manobra e o líder do PSD terá mesmo de debater com Rui Tavares e Paulo Raimundo. As regiões autónomas também estão na ordem do dia. A Madeira, pela investigação que provocou a queda do governo que, embora demitido, ainda não caiu. Os Açores, porque o novo quadro parlamentar abriu brechas no interior do PS, quando à atitude a tomar face a um governo minoritário do PSD.
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Na estante desta semana cabe o livro mais recente do historiador Simon Schama, ‘Corpos Estranhos - Pandemias, vacinas e a saúde das nações’; o primeiro volume da série de mangá ‘Monster’, de Naoki Urasawa; ensaios sobre a sétima arte de Germaine Dulac sob o título ‘O que é o cinema?’; e as biografias políticas dos líderes partidários das três maiores forças políticas em disputa nas eleições de 10 de Março; ‘Na Cabeça de Pedro Nuno’, ‘Na Cabeça de Montenegro’ e ‘Na Cabeça de Ventura’.
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As ilhas estão na berlinda. Montenegro foi para os Açores mesmo sem ter sido convidado. Os resultados de domingo terão inevitavelmente leituras nacionais. Tal como a investigação judicial na Madeira. Enquanto a macroeconomia sorri, com uma descida histórica da dívida pública e um valor recorde do crescimento, a insatisfação de polícias e agricultores volta a tomar as ruas. Ouça O Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer em podcast.
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Esta semana, as sugestões literárias dos comentadores passam por um livro sobre uma mulher de quem pouco se sabe, apesar de ser a mulher mais poderosa do país mais isolado do mundo, recordam a correspondência afetuosa de discordância entre Mário Cesariny e Antonio Tabucchi, reveladoras da incompatibilidade entre a universidade e o surrealismo, referem José Paulo Fafe e saem da estante para recomendar uma exposição (mais um momento sindical de Ricardo Araújo Pereira) em memória de Samuel Torres de Carvalho.
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À justiça o que é da política e à política o que é da justiça. A máxima de Costa não era bem esta, mas é agora esta que está em vigor. Uma investigação judicial entrou pela política madeirense adentro e a política madeirense, tal como a política açoriana, está a ter também o seu papel na política nacional em período de pré-campanha legislativa. O papel de Miguel Albuquerque é que já não é o que era. Em simultâneo, Sócrates voltou à ribalta e o processo Marquês, depois de ter ficado moribundo por acção do juiz Ivo Rosa, regressa agora em força com a recuperação das acusações de corrupção ao antigo primeiro-ministro. E com eleições no horizonte Nuno Melo desmentiu Nuno Melo.
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Esta semana, na estante, temos uma reedição de um livro que tem de estar sempre disponível: ‘O Coração das Trevas’, de Joseph Conrad; de Itália vem um romance também já com umas décadas mas sempre actual: ‘O Dia da Coruja’, de Leonardo Sciascia; o policial nórdico tem agora mais um título de Jo Nesbo: ‘A Estrela do Diabo’; e o filósofo francês Frédéric Gros convida os leitores à deambulação em “Caminhar - Uma Filosofia’.
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Pedro Nuno Santos anunciou a ambição de tornar Portugal “grande outra vez”. Já só lhe falta encomendar bonés com a frase - e pagar os royalties devidos a Donald Trump. A semana política ficou marcada pela aprovação das listas de candidatos a deputados da AD e pelo Congresso do Chega, onde Ventura foi brindado com uma reeleição albanesa e onde o próprio Ventura brindou os portugueses com promessas em que talvez nem ele acredite. Pelo meio, o “avô fascista” sentiu necessidade de voltar com a palavra atrás e vir dizer que “fascista” era ironia. Enquanto isso, um jornalista foi arrastado à força para fora de uma sala onde Ventura se reuniu com estudantes e Cavaco Silva foi muito elogiado num artigo de opinião na imprensa. Por quem? Por Cavaco Silva.
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Temos esta semana a relação epistolar de Luiz Pacheco com os filhos na reedição de Cartas na Mesa; a poesia reunida de Hilda Hilst e Sebastião Alba; o Hotel Savoy, de Joseph Roth, que teve a edição original há precisamente cem anos; e uma história concisa e equilibrada do conflito israelo-palestiniano da autoria do historiador inglês Michael Scott-Baumann. Boas leituras.
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