Episodios

  • Nasceu em Lisboa a 1 de setembro de 1937 e foi no jornalismo e na comunicação que, verdadeiramente, se encontrou a nível profissional: "Ainda hoje me considero jornalista. Tenho carteira profissional, tenho muito orgulho em tê-la, e tem o número 18" diz, aos 85 anos, o fundador do Expresso e da SIC. Estreou-se nestas lides no vespertino Diário Popular, "um jornal que infelizmente já desapareceu", do qual era acionista o seu tio Francisco Pinto Balsemão. Nascido em berço de ouro, mas ciente das responsabilidades sociais que isso lhe dava, o Conselheiro de Estado Francisco José Pereira Pinto Balsemão começou na política como deputado da Ala Liberal nos últimos anos do Estado Novo e, depois do 25 de Abril de 1974, fundador do PSD, deputado na Assembleia Constituinte e na Assembleia da República. Tornou-se primeiro-ministro depois da morte trágica de Francisco Sá Carneiro: "Foi um dos momentos mais tristes, mais trágicos, mais difíceis da minha vida. Tive de o enfrentar, e acho que fiz tudo o que podia para saber enfrentá-lo". Desta fase da vida política portuguesa, orgulha-se da "revisão Constitucional de 1982 e do avanço decisivo que conseguimos nas negociações para a entrada de Portugal na Europa". O único português com assento no Clube de Bildeberg é um verdadeiro homem dos sete instrumentos - incluindo umas incursões pela bateria e pelo piano - tem horror ao desperdício, não esquece o nome de quem traiu a sua confiança, gosta de jogar golfe e de aprender, gostava de ter tempo para ler mais romances e poesia, e sente que ainda tem "muito para fazer e para dar".

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  • Nasceu em Lisboa a 17 de julho de 1961, filho do poeta e escritor comunista Orlando da Costa e da jornalista Maria Antónia Palla que, desde cedo, se destacou na luta pelos direitos das mulheres. António Luís dos Santos Costa, 'babush' para a família e amigos muito antigos, recorda com saudade a "experiência extraordinária" que viveu no ciclo preparatório no Conservatório Nacional: "A escola era perto de casa e os meus pais queriam que eu tivesse educação musical, mas eu preferia jogar futebol. Não aprendi nenhum instrumento, um desperdício." Adolescente de Abril, andou na rua "a ver a Revolução, o Caso República foi a primeira manifestação do PS" em que participou, pouco depois de ter acompanhado o pai a um comício de apoio ao general Vasco Gonçalves e não ter gostado do "ar quase religioso" com que os comunistas cantavam o Avante. Criado entre o Bairro Alto e São Mamede, andou de autocarro pela primeira vez quando se inscreveu na Faculdade de Direito de Lisboa. Foi aluno do atual Presidente e, Marcelo Rebelo de Sousa, deu-lhe um 17, a melhor nota que teve na licenciatura. Foi monitor na Faculdade, fez o estágio de advocacia no escritório de Jorge Sampaio e Vera Jardim - do qual era sócio o seu tio, Jorge Santos - mas cedo guinou para a política, sua verdadeira motivação, para a qual está talhado com uma vocação instintiva. Foi deputado, eurodeputado, líder parlamentar do PS - função da qual não gostou - mas adora "funções executivas". "Adorei ser presidente da Câmara, adorei ser ministro da Justiça, adorei ser ministro de Estado e da Administração Interna. Gosto muito das funções que atualmente exerço, portanto, tenho tido felicidade", confessa o primeiro-ministro. "Se os calendários eleitorais se cumprirem trabalharei com um terceiro Presidente", afirma. O futuro político será público quando o laico, intuitivo e hábil negociador António Costa achar oportuno anunciá-lo. O atual mandato é para cumprir até ao fim, garante o primeiro-ministro.

    Nota: esta entrevista foi gravada a 21 de dezembro de 2022.

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  • Nasceu em Lisboa a 17 de julho de 1961, filho do poeta e escritor comunista Orlando da Costa e da jornalista Maria Antónia Palla que, desde cedo, se destacou na luta pelos direitos das mulheres. António Luís dos Santos Costa, 'babush' para a família e amigos muito antigos, recorda com saudade a "experiência extraordinária" que viveu no ciclo preparatório no Conservatório Nacional: "A escola era perto de casa e os meus pais queriam que eu tivesse educação musical, mas eu preferia jogar futebol. Não aprendi nenhum instrumento, um desperdício." Adolescente de Abril, andou na rua "a ver a Revolução, o Caso República foi a primeira manifestação do PS" em que participou, pouco depois de ter acompanhado o pai a um comício de apoio ao general Vasco Gonçalves e não ter gostado do "ar quase religioso" com que os comunistas cantavam o Avante. Criado entre o Bairro Alto e São Mamede, andou de autocarro pela primeira vez quando se inscreveu na Faculdade de Direito de Lisboa. Foi aluno do atual Presidente e, Marcelo Rebelo de Sousa, deu-lhe um 17, a melhor nota que teve na licenciatura. Foi monitor na Faculdade, fez o estágio de advocacia no escritório de Jorge Sampaio e Vera Jardim - do qual era sócio o seu tio, Jorge Santos - mas cedo guinou para a política, sua verdadeira motivação, para a qual está talhado com uma vocação instintiva. Foi deputado, eurodeputado, líder parlamentar do PS - função da qual não gostou - mas adora "funções executivas". "Adorei ser presidente da Câmara, adorei ser ministro da Justiça, adorei ser ministro de Estado e da Administração Interna. Gosto muito das funções que atualmente exerço, portanto, tenho tido felicidade", confessa o primeiro-ministro. "Se os calendários eleitorais se cumprirem trabalharei com um terceiro Presidente", afirma. O futuro político será público quando o laico, intuitivo e hábil negociador António Costa achar oportuno anunciá-lo. O atual mandato é para cumprir até ao fim, garante o primeiro-ministro.

    Nota: esta entrevista foi gravada a 21 de dezembro de 2022.

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  • Nasceu em Lisboa a 30 de abril de 1949, aprendeu a ler antes de entrar para a escola, matriculou-se no Instituto Superior Técnico decidido a ser investigador em Física, mas abandonou esse sonho no final da década de 60 do século passado com o trabalho de "ação social em três bairros da Alta de Lisboa - Valeira, Calçada e Bacalhau. Foi um choque profundo constatar níveis de miséria chocantes. Essa experiência criou-me um sentido de obrigação moral, depois de ver que uma parte substancial da população do país vivia em condições horríveis. Senti que poderia ser mais útil a fazer outras coisas. Foi assim que fiz a viragem para a política". Filiou-se no Partido Socialista poucos dias depois do 25 de Abril de 1974, e foi um grande organizador de manifestações nos tempos do PREC: "Aparecíamos às 17h00 junto à estação do Rossio, tapávamos a ligação entre o Rossio e os Restauradores, o pessoal começava a acumular-se para poder ir para o Metro ou para a estação, e nós começávamos a fazer discursos com megafones, a dizer que os comunistas iam fazer isto ou aquilo, e que era preciso irmos todos a Belém". Depois disso foi deputado, secretário-geral do Partido Socialista, primeiro-ministro, presidente da Internacional Socialista, Alto-Comissário para os Refugiados e Secretário-Geral das Nações Unidas, entre outros cargos. Católico, humanista, António Guterres, diz que ser Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados lhe permitiu "estar permanentemente em contacto com o terreno, ir aos pontos onde as pessoas estão em situações terríveis, tomar decisões que se traduzem em vidas salvas, crianças nas escolas, resposta a surtos de fome". "A única parte do meu futuro que me preocupa é acabar este mandato não apenas evitando o pior, mas tentando lançar as bases para que seja possível um multilateralismo mais eficaz do que aquele que temos hoje", abrindo assim o caminho para a paz e o fim da guerra.

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  • Nasceu no Huambo a 26 de agosto de 1957 e foi uma presença constante em casa dos portugueses nos tempos duros da pandemia, quando (quase) todos temíamos a propagação do coronavírus. A médica Maria da Graça Gregório de Freitas gosta de ser tratada por Graça - "quando muito Dra. Graça" - não tem planos para o futuro e só gosta de "olhar para o passado colhendo o melhor" que lhe aconteceu, mas sem se demorar muito "porque o passado é passado". O curso de Medicina foi a sua terceira escolha, embora nunca tenha tentado concretizar nenhuma das duas primeiras opções em que pensou. Terminado o liceu matriculou-se na Faculdade de Medicina de Luanda, onde frequentou o primeiro ano. O curso dos acontecimentos ditou a vinda da família para Lisboa e foi nesta cidade que concluiu a licenciatura e fez a especialidade em Saúde Pública. Define-se como uma servidora pública, diz que se deu bem com o Almirante Gouveia e Melo na gestão da pandemia, porque ele coordenava a logística e ela (ou os seus serviços) decidiam o que a ciência deve decidir: "Portugal está bastante bem servido nas suas instituições públicas e privadas. Temos capacidade instalada para fazer face a crises como a que aconteceu". Apesar do balanço do passado recente ser positivo, a Dra. Graça deixa um alerta: "A grande prioridade é prepararmo-nos para as grandes mudanças que iremos enfrentar. Temos pela frente um enorme desafio demográfico com a questão do envelhecimento. É preciso perceber como se comportam as pessoas perante mudanças tão rápidas, tentar perceber o que a sociedade quer, até onde está disposta a ir para defender a saúde pública. Devíamos ter tempo para parar e pensar, para aprender lições com esta pandemia de forma a podermos estar mais preparados para a próxima".

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  • Nasceu na Póvoa de Varzim a 2 de outubro de 1958, quando era criança queria ser padre missionário, frequentou o Seminário dos Combonianos durante três anos, mas um dia teve um sonho com Deus e Deus mandou-o sair do seminário: "Obedeci ao que Deus mandou., no dia seguinte fiz as malas e fui-me embora". O 25 de Abril de 1974 já tinha acontecido quando José Manuel Milhazes Pinto se matriculou no Liceu Eça de Queirós e aderiu à União dos Estudantes Comunistas. A militante do PCP, Helena Medina - mãe do ministro Fernando Medina - abriu-lhe a porta de um novo sonho, quando lhe perguntou se queria ir estudar para um país socialista. O rapaz aceitou sem hesitar e sem saber qual seria o destino. Fez a mala e partiu para Moscovo "no dia 10 de setembro de 1977, com a ideia de que seria possível construir uma sociedade melhor". Não encontrou o paraíso em Moscovo, mas conheceu a mulher com quem casou numa festa na residência de estudantes: "Só por isso valeu a pena ter ido para a União Soviética". Licenciou-se em História, estudou marxismo científico, assistiu ao colapso da União Soviética e, por causa do jornalismo, viveu na Rússia até 2015, ano em que regressou a Portugal. Passou uns maus bocados porque o trabalho escasseava e "tinha de dar de comer à família", mas a sorte bafejou-o no difícil ano de 2022, dez dias antes de começar a guerra da Ucrânia: "Publiquei "A Mais Breve História da Rússia", que deveria ter saído mais cedo, mas atrasou por causa da pandemia. Acabou por sair no momento certo, e fiquei muito surpreendido quando vi o livro no top durante muitas semanas". Ao sucesso do livro sucedeu-se o do programa que faz na SIC com Nuno Rogeiro e, aos 64 anos, o jornalista das barbas espessas e voz tonitruante começou uma nova etapa do seu caminho.

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  • Nasceu em Díli a 26 de dezembro de 1949, mas era bebé quando o levaram para a remota aldeia de Laclubar onde ninguém comunicava em português. Filho de uma timorense e de um filho de um sargento português que foi deportado para Timor pelo regime de Salazar, em 1936, na sequência da Revolta dos Marinheiros (Lisboa) contra o Estado Novo e a Guerra Civil de Espanha. O atual Presidente de Timor-Leste diz que "Xanana é o pai da pátria" timorense e sem ele "não teríamos um Timor independente". José Manuel Ramos-Horta aprendeu a falar português aos sete anos na Missão Católica de Soibada, fez o Liceu em Díli e quis ser jornalista. A história trocou-lhe as voltas e, aos 25 anos, já era ministro dos Negócios Estrangeiros do autoproclamado governo da Fretilin após uma declaração unilateral de independência de Timor-Leste, em 1975. No início de dezembro desse mesmo ano, a poucos dias da invasão indonésia, deixou Timor para um longo período de exílio, que repartiu entre Portugal, a Austrália e os Estados Unidos. Foi porta-voz da resistência entre 1975 e 1999, Prémio Nobel da Paz, em 1996 - com o bispo Dom Xímenes Belo -, ministro dos Negócios Estrangeiros depois da independência em 2002, primeiro-ministro, Presidente da República entre 2007 e 2012, eleito em 2022 para um novo mandato.

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  • Nasceu em Díli a 26 de dezembro de 1949, mas era bebé quando o levaram para a remota aldeia de Laclubar onde ninguém comunicava em português. Filho de uma timorense e de um filho de um sargento português que foi deportado para Timor pelo regime de Salazar, em 1936, na sequência da Revolta dos Marinheiros (Lisboa) contra o Estado Novo e a Guerra Civil de Espanha. O atual Presidente de Timor-Leste diz que "Xanana é o pai da pátria" timorense e sem ele "não teríamos um Timor independente". José Manuel Ramos-Horta aprendeu a falar português aos sete anos na Missão Católica de Soibada, fez o Liceu em Díli e quis ser jornalista. A história trocou-lhe as voltas e, aos 25 anos, já era ministro dos Negócios Estrangeiros do autoproclamado governo da Fretilin após uma declaração unilateral de independência de Timor-Leste, em 1975. No início de dezembro desse mesmo ano, a poucos dias da invasão indonésia, deixou Timor para um longo período de exílio, que repartiu entre Portugal, a Austrália e os Estados Unidos. Foi porta-voz da resistência entre 1975 e 1999, Prémio Nobel da Paz, em 1996 - com o bispo Dom Xímenes Belo -, ministro dos Negócios Estrangeiros depois da independência em 2002, primeiro-ministro, Presidente da República entre 2007 e 2012, eleito em 2022 para um novo mandato.

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  • Nasceu em Quelimane, no Norte de Moçambique, a 21 de novembro de 1960, e nunca sonhou ser outra coisa que não um militar no ativo. A pandemia da Covid-19 trocou-lhe as voltas e Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo enfrentou o imenso desafio de organizar e vacinar cidadãos para lutarem contra um vírus invisível que amedontrou novos e velhos e (quase) paralisou o mundo. É possível que o homem que escolheu tripular submarinos por serem o maior desafio que a Marinha lhe poderia colocar encare a política como uma viagem nestas embarcações, em que "o espaço é estreito e há sempre muita gente". O ponderado Almirante sabe que o sucesso granjeado pelo sucesso da campanha de vacinação corresponde a um momento da sua história pessoal e da história do país, e é perentório a afirmar: "Nunca desejei nenhum cargo político. Mas houve uma altura que pensei que a minha vida militar poderia terminar e, entre as hipóteses, poderiam estar hipóteses políticas. Não se materializaram, continuei a ser militar, e estou contente. Quanto às sondagens, acho que manifestam a memória que a população tem do processo de vacinação. Confundir isso com uma ação política alargada parece-me perigoso".

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  • Nasceu em Torres Vedras a 16 de julho de 1948, frequentou boas escolas, matriculou-se na Faculdade de Direito de Lisboa mas rapidamente percebeu que preferia o curso de História, mudou para a Faculdade de Letras, licenciou-se em História um ano depois de ingressar no Seminário dos Olivais (1973), numa época em que a procura destas instituições de ensino estava em franco declínio. Manuel José Macário do Nascimento Clemente fez escutismo, trabalhou nas paróquias, foi padre, doutorou-se em Teologia, colaborou com a Rádio Renascença, presidiu à Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais (2005 - 2011), o Papa Bento XVI confirmou-o como Bispo do Porto, e agora é o 17º Cardeal Patriarca de Lisboa. O homem que (quase) todos conhecem por D. Manuel Clemente, procura consensos e fintar as polémicas. Tem fé na "solidariedade", porque "isto tem de chegar para todos", e alerta que as Jornadas da Juventude em 2023 poderão criar problemas de alojamento, porque "em termos logísticos não temos capacidade de alojamento, alimentação e transporte para muito mais" do que um milhão de pessoas.

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  • Nasceu em Lisboa a 10 de outubro de 1954, cresceu na Penha de França e começou a jogar futebol muito cedo, aos 15 anos "já tinha carteira de montador eletricista", inscreveu-se no Instituto Industrial, o 25 de Abril criou condições para acabar com o ensino médio e, Fernando Manuel Fernandes da Costa Santos, acabou licenciado em Eletrónica e Telecomunicações no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. O treinador da Seleção Nacional que em 2016 deu uma alegria coletiva aos portugueses - quando Portugal venceu o Campeonato Europeu de Futebol - está totalmente concentrado no Mundial de 2022, onde a Seleção portuguesa é uma das 32 equipas que participam na competição, e se realiza entre 20 de novembro e 18 de dezembro no Catar. O seguro morreu de velho e o treinador avisa que como "o Mundial este ano é em dezembro, as dificuldades são muitas".

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  • Nasceu no Hospital de Santa Maria em Lisboa, em 1987, e começou a desenhar na Margem Sul: "Eu era um bocado introspetivo, desenhava muito, divertia-me imenso a fazer aquilo, sem nunca pensar que, uns anos mais tarde, iria começar a pintar nessas paredes. Comecei por desenhar no papel desde pequeno. O graffiti só apareceu pelos meus 12 ou 13 anos, com os meus colegas". Os pais de Alexandre Farto eram trotskistas, o que o fez ouvir muitas conversas que lhe trouxeram "consciência social. Os meus pais são de uma geração que migrou do Alentejo – de Marvão – para a periferia de Lisboa, e a Margem Sul era o sítio mais barato para viver na zona de Lisboa. Foram para o Seixal, Pinhal de Frades, onde ainda havia estradas de terra batida. Ainda me lembro de encontrar uma massa e fazer uma mistura e tentar desenhar numa parede". O acaso brindou-o com as professoras certas no momento certo, "foi com elas que percebi que poderia dar um salto, que comecei a experimentar novas técnicas e processos. Havia artistas muito ligados ao graffiti em Portugal e fora, e essas pessoas também foram importantes. O movimento de graffiti era um grupo de pessoas com interesses comuns que falavam, desenhavam, e se influenciavam umas às outras, e isso fez-me querer ir mais além. Um dia cheguei a um sítio onde estávamos todos a pintar, eu tinha um martelo, e decidi que queria tirar da parede, em vez de adicionar. Foi aí que comecei", e foi aí que esboçou o nome VHILS, o homem que faz arte em paredes em muitas partes do mundo. A tarefa exige 54 colaboradores: "São 18 pessoas no ateliê, oito na galeria, três no Festival Iminente que criei, como também criei a plataforma Underdogs".

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  • Nasceu três dias depois do 25 de Abril de 1974, estudou em colégios de freiras vicentinas, frades franciscanos e padres jesuítas, é ateu, foi militante do Partido Comunista Português, e ainda hoje acha que a sua "performance não é grande coisa". Ricardo Araújo Pereira, um português que todos conhecem - e de quase todos gostam - desconcertantemente sério nesta entrevista, em que nem sequer tentou fazer rir o entrevistador. Lisboeta, benfiquista e pai de família, licenciou-se na Universidade Católica Portuguesa, porque "era um percurso natural para quem saía do Colégio São João de Brito. Quanto ao curso de Comunicação Social, escolhi-o por não haver um curso para o que queria fazer. Uma pessoa que quer escrever textos humorísticos, tem de fazer o seu próprio curso, e foi isso que fiz. Tinha uma obsessão por ver o que acontece ao rosto de uma outra pessoa quando se ri". Não esqueceu o estágio feito no Jornal de Letras quando tinha 23 anos, a entrevista a Sophia em que a poetisa lhe ofereceu "chá com bolinhos", mas foi no humor que se encontrou profissionalmente. Gosta do riso "porque faz o tal barulho que me pagam para produzir, e porque é uma espécie de válvula da panela de pressão". Do Gato Fedorento ao Isto é Gozar com quem Trabalha, o humorista tornou-se a oposição alternativa ao estado da governação em Portugal. "Rir e chorar podem ser emoções vizinhas que representam um alívio de tensão", e é isto.

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  • Nasceu em Lisboa a 11 de janeiro de 1963 e é uma das atrizes mais completas da sua geração. Estreou-se no teatro, fez cinema, dobragens de filmes animados, programas de humor, séries televisivas e telenovelas. O seu domínio (quase) perfeito da língua francesa abriu-lhe as portas para a cinematografia de outros países e, embora nunca tinha sido tentada por uma carreira feita fora do país onde nasceu, Rita Blanco é uma das raras atrizes portuguesas que participou num filme galardoado com o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro da Academia de Hollywood (2013) e a Palma de Ouro do Festival de Cannes (2012): "Amour", do realizador austríaco Michael Haneke, é um poema dramático sobre as relações familiares numa casa invadida pela doença de Alzheimer. Humorada, crítica, alegre e profunda, confessa que precisa que gostem dela: "As pessoas têm necessidade de ser gostadas e amadas. Eu tenho, mas não é isso que me faz andar".

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  • Nasceu em Lisboa a 1 de setembro de 1956, entrou no Colégio Moderno no tempo em que a escola ainda era dirigida por João Soares (pai do ex-Presidente Mário Soares), e de lá seguiu para a Faculdade de Letras de Lisboa onde se licenciou em História, para desgosto do avô, que era advogado. A capacidade oratória poderia ter feito dele um bom causídico mas, Henrique Monteiro assustou-se com "o tamanho dos calhamaços de Direito". Igual a si próprio, gosta de uma boa discussão e de dizer coisas politicamente incorretas, foi maoísta na juventude porque era contra a Guerra Colonial, trabalhou na "Voz do Povo" "quando o jornal já não estava ligado à UDP", passou por "O Jornal" e entrou para o Expresso em 1989. Foi nomeado subdiretor em 1995 - no tempo em que o semanário era dirigido por José António Saraiva - e assumiu o cargo de diretor em 2006, função que exerceu (apenas) cinco anos porque defende que "as pessoas não se devem eternizar nos cargos executivos". Encontrou uma espécie de heteronímia no Comendador Marques de Correia com cujas cartas continua a fidelizar leitores no Expresso. Publicou três romances e mais alguns livros, lamenta que Portugal não tenha jornais regionais com dimensão porque gostaria "de ter feito carreira em Viseu". Assume que é maçon porque - segundo ele - na maçonaria debate-se "o aprender a morrer, a ligação entre os homens, a cadeia de união, coisas utópicas e muito maçónicas. Somos homens bons. Há por lá uns vigaristas, mas também não há nada onde não existam".

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  • Nasceu em Lisboa em 1968 e foi nesta cidade que cresceu, estudou, viveu e vive. Filho do escritor Orlando da Costa, cresceu numa casa onde existia uma grande biblioteca e, em criança, conviveu com muitos amigos do pai, que só mais tarde percebeu “a importância e o relevo cultural que tinham”. Aos 21 anos começou a trabalhar no semanário Expresso, num tempo em que se faziam grandes reuniões de redação todas as segundas-feiras e não existiam telemóveis nem internet. O jornalista Ricardo Costa, diretor-geral de informação da SIC, está na estação desde a sua criação, em 1992, com um regresso à direção do Expresso pelo meio: "Regressei quando o jornal começou a vender abaixo dos cem mil exemplares, muita gente estava em estado de choque, era preciso começar a fazer o que agora pomposamente se chama transformação digital. Foi um período muito interessante para se estar no jornal. Agora, a televisão está a passar pelos mesmos problemas que os jornais viveram há uns anos". Tem menos sete anos do que o seu único irmão, o primeiro-ministro António Costa. Se as boas contas fazem os bons amigos - como diz o ditado - as conversas escolhidas constroem boas relações familiares: "Não falo de política com o meu irmão, nem de nada que tenha a ver com a área da comunicação. Quando ele vem à SIC, nunca estou para o receber. Mas convivemos".

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  • Nasceu a 30 de janeiro de 1981, em Lisboa, filho de pais demasiado jovens e toxicodependentes. O avô amenizou-lhe a infância, deu-lhe muitos conselhos - ainda continua a dá-los - e é um pilar fundador no percurso do rapaz trabalhador e determinado que começou a colaborar com a SIC quando tinha apenas 16 anos. Um quarto de século depois, Daniel Oliveira é Diretor-Geral da área de Entretenimento e Produção de Conteúdos da marca SIC. Pelo caminho passou pela RTP, criou e pôs em marcha dezenas de formatos de que destaca a novela: "Portugal produz muitas novelas, alguns dos melhores técnicos que trabalham a nível internacional em séries e filmes nasceram nas novelas, que dão um grande traquejo aos técnicos, atores e guionistas. As novelas representam uma fatia de audiências muito relevante". O programa de entrevistas 'Alta Definição' é outro marco importante no percurso profissional de Daniel Oliveira. Está há 13 anos no ar, tem quase 600 edições e o entrevistador está grato pelo muito que lhe dão os seus entrevistados. A SIC assinala 30 anos de vida a 6 de outubro de 2022.

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  • Nasceu no Porto a 20 de janeiro de 1971 e, por opção própria - alheia a qualquer tipo de dificuldades financeiras - deixou de estudar, e entrou no "mundo dos negócios muito cedo". Aos 19 anos já fazia parte do Conselho de Administração da holding familiar. Paula Amorim é a mais velha das três filhas do empresário Américo Amorim, orgulha-se de pertencer "à quarta geração de um grupo familiar que nasceu em 1870, e que o pai transformou". Mãe de três filhos, o mais novo por gravidez de substituição, teve uma educação "baseada nos princípios do trabalho, na importância do legado para a geração seguinte e na criação de valor". Podia ter-se acomodado a gerir os negócios do pai mas, aos 32 anos, decidiu tentar uma carreira na área do turismo e da moda: "O meu pai não ficou muito contente, mas eu tinha vontade de ter a minha independência. A relação com o meu pai melhorou depois de fazer o meu grupo. Evoluímos para além da moda, somos muito fortes na restauração contemporânea, com espaços grandes que podem estar em qualquer parte do mundo". Sobre o seu trabalho como presidente da Galp diz que o encerramento da refinaria de Matosinhos foi a decisão mais difícil que tomou: "Foi uma decisão muito dura, mexeu com famílias, com postos de trabalho, mas foi importante para a transição energética".

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  • Nasceu no Porto a 22 de maio de 1941 e cresceu na zona oriental da cidade, "o Porto menos desenvolvido". Filho de um advogado da oposição ao regime do Estado Novo, Artur Santos Silva conta que o pai o matriculou no colégio onde os primos andavam para "não ter de pertencer à Mocidade Portuguesa" - que, à época, era obrigatória no ensino público. O banqueiro que durante muitos anos foi o rosto do BPI - Banco Português de Investimento recorda o seu professor de Francês, Manuel Francisco Rodrigues, que escreveu o livro "Tarrafal, Aldeia da Morte", fala da sua vida na Faculdade de Direito de Coimbra onde se licenciou e foi assistente, dos primeiros anos do BPI, da sua curta passagem pelo PPD (hoje PSD) quando o partido foi criado, e do brinde que fez em casa de Francisco Sá Carneiro no dia 25 de Abril de 1974 com um "champanhe que ele tinha guardado para esta ocasião". Aos 81 anos está à frente da Fundação "La Caixa", cujo trabalho social inclui a criação de uma "rede de cuidados paliativos, porque o sistema de saúde português não estava a funcionar bem nesta área". Foi presidente da Fundação Calouste Gulbenkian (2011-2017) e da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, e secretário de Estado do Tesouro no VI Governo Provisório (1975-1976).

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  • Nasceu em Lisboa a 7 de maio de 1955 conservando uma grata memória do tempo da sua adolescência no Barreiro e das sessões culturais organizadas pelo cantor (e então padre) Francisco Fanhais no colégio Francisco Manuel de Mello.

    Ambientalista por convicção, Carlos Pimenta, aderiu ao PPD/PSD em 1974 e quatro anos depois foi Presidente da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico. Na década seguinte foi eleito deputado do PSD à Assembleia da República e, posteriormente, nomeado Secretário de Estado do Ambiente (1983-1984) e Secretário de Estado das Pescas (1985). Foi posteriormente deputado no Parlamento Europeu onde manteve o empenho na área do ambiente. Atualmente trabalha numa empresa sedeada no Luxemburgo dividindo igualmente o seu tempo com Portugal e a Austrália, onde nasceu a sua mulher.

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