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  • Perto de cinquenta anos de democracia, que garantiu o direito ao voto livre um ano mais tarde, para a Assembleia Constituinte, os portugueses votam cada vez menos. Muito longe vão os 16% de abstenção de 1976. Se Portugal está no pelotão da frente da abstenção, não é um caso isolado. Cinco em cada dez europeus não votaram nas eleições europeias e três em cada dez não votaram para eleger o seu chefe de Estado ou parlamento. O afastamento dos cidadãos dos atos eleitorais não é um processo uniforme. Ele replica e perpetua as desigualdades existente na sociedade. Em regiões com menores níveis de escolaridade, salários médios mais baixos, ou maiores níveis de desigualdade, a mobilização eleitoral é menor. Num dos poucos espaços onde todos os cidadãos valem rigorosamente o mesmo, onde do CEO ao habitante do bairro social todos têm apenas um voto, são os segmentos sociais com menor capacidade de influência no espaço público quem menos aproveita o voto para fazer valer os seus direitos e os seus interesses. A concentração do voto nas classes médias, especialmente nas mais envelhecidas, afunila as preocupações dos partidos nesses mesmos segmentos e a conduz a governações menos diversas e mais conservadoras.

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  • Depois de uma maratona de debates, que ou são demasiado curtos ou estão concentrados nos efeitos que o confronto tem no grande público, o Perguntar Não Ofende propõe duas conversas com mais tempo sobre os programas dos dois principais partidos. PS e a coligação liderada pelo PSD podem ter de se entender com outros, que seguramente darão os seus contributos ou obrigarão a cedências. Mas, ao que tudo indica, são estes dois programas que corresponderão à coluna vertebral do novo governo. Isto, se o cumprirem, claro. Mas isso é outra conversa. Alexandra Leitão é a coordenadora do programa eleitoral do Partido Socialista. Foi Secretária de Estado Adjunta da Educação e ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública. Militante da JS e do PS desde jovem, é deputada e cabeça de lista em Santarém. É jurista e professora na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. A conversa com António Leitão Amaro está disponível aqui.

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  • Depois de uma maratona de debates, que ou são demasiado curtos ou estão concentrados nos efeitos que o confronto tem no grande público, o Perguntar Não Ofende propõe duas conversas com mais tempo sobre os programas dos dois principais partidos. PS e a coligação liderada pelo PSD podem ter de se entender com outros, que seguramente darão os seus contributos ou obrigarão a cedências. Mas, ao que tudo indica, são estes dois programas que corresponderão à coluna vertebral do novo governo. Isto, se o cumprirem, claro. Mas isso é outra conversa. António Leitão Amaro participou na redação final do programa eleitoral da Aliança Democrática, coligação que junta o PSD, o CDS e o PPM. Foi líder da JSD, e deputado do PSD entre 2009 e 2019, lugar que voltará a ocupar como cabeça de lista da AD por Viseu. É advogado, gestor e professor na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e na Universidade Católica, tem uma pós-graduação em economia. A conversa com Alexandra Leitão está disponível aqui.

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  • Longe dos olhares do mundo, com o acesso jornalístico a Gaza bloqueado por Israel, dois milhões de pessoas passam fome e estão sem hospitais e sem cuidados médicos. Perante a indiferença das grandes nações, tem sido António Guterres a tentar centrar o que está em causa numa região com demasiada história, mas onde o tempo escasseia. A visita de Jorge Moreira da Silva a Gaza, como representante máximo da UNOPS, a agência da ONU para as infraestruturas e gestão de projetos, não passou despercebida. As suas declarações mostram como poucos ficam indiferentes ao ver o que se está a passar neste minúsculo território. Com 6000 funcionários, a UNOPS é a quinta maior agência da ONU e desenvolve mil projetos por ano em mais de 85 países, alguns em situações de rutura como Afeganistão, Iémen, Ucrânia, Moçambique, Somália ou Sudão. Numa conversa centrada em Gaza, mas com paragem noutros conflitos onde a UNOPS marca presença e no próprio papel das Nações Unidas, Daniel Oliveira recebe Jorge Moreira da Silva, subsecretário-geral das Nações Unidas e diretor Executivo da UNOPS

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  • Os trabalhadores da Global Media estão com salários em atraso e o risco de encerramento da TSF, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e vários outros títulos históricos é muito real. Não é uma questão de património histórico que outros títulos venham a substituir. Seria a mais rápida redução de pluralismo num setor em crise profunda e sem o qual, na era da desinformação produzida de forma industrial, nos podemos começar a despedir da democracia. Para falar sobre o que se passa na Global Media e, a partir daí, no jornalismo, recebemos três jornalistas no podcast Perguntar Não Ofende. Filipe Santa-Bárbara, jornalista da TSF e porta-voz da sua comissão de trabalhadores, Luís Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas e jornalista d’A Bola, e Pedro Coelho, presidente da Comissão Organizadora do 5º Congresso dos Jornalistas e jornalista da SIC.

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  • Já teve 17 localizações possíveis, muitos estudos, enormes debates, grandes paixões. Até provou uma crise política entre o atual primeiro-ministro e o recém-eleito líder do Partido Socialista. Há qualquer coisa neste tema que provoca bloqueios que são quase um símbolo do bloqueio nacional. Poderíamos condensar muitos dramas nacionais neste: interesses políticos, académicos, empresariais e especulativos e um Estado tecnicamente impreparado e politicamente pouco corajoso. A que se junta, desde 2012, a privatização de mais um monopólio que retira ao país qualquer capacidade de decidir o seu futuro. Em outubro de 2022, o governo decidiu que fosse criada uma Comissão Técnica Independente para coordenar e realizar uma avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto. Professora catedrática do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa em Planeamento do Urbanismo e Ambiente, Maria do Rosário Partidário é especialista em avaliação ambiental estratégica e coordenou a comissão.

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  • A queda de um governo de maioria absoluta apanhou todos desprevenidos, a começar pelo Partido Socialista. Ainda antes da há muita anunciada candidatura de Pedro Nuno Santos, que o Perguntar Não Ofende também entrevistou, José Luís Carneiro deu o primeiro passo. O arranque da sua candidatura não teve a ajuda de António Costa, que decidiu fazer uma declaração ao país no mesmo dia, em direto nos telejornais. Foi, durante uma década, presidente da Câmara de Baião, duas vezes deputado e antes de chegar a ministro, no ano passado, foi secretário de Estado das Comunidades, desde o início da geringonça. Ou seja, a sua experiência política é sobretudo como autarca. Com pouca notoriedade, tem dois desafios enormes pela frente. Vencer aquele que muitos veem, dentro e fora do PS, como o sucessor inevitável de António Costa e, se isso acontecer, vencer as eleições num dos momentos mais complicados da história do Partido Socialista e da democracia constitucional portuguesa. Talvez a dificuldade explique porque outros não avançaram.

    Ouça aqui a entrevista ao outro candidato, Pedro Nuno Santos.

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  • Saiu do governo há menos de um ano por causa do episódio da indeminização a Alexandra Reis. Não desejava seguramente este calendário, que lhe roubou tempo à travessia no deserto, com lugar na televisão, que lhe permitiria preparar a sua candidatura e deixar para mais distante os episódios que levaram à sua demissão. Mas em política não se fazem planos, apesar de há muito tempo planear este caminho. Pedro Nuno Santos foi um dos principais obreiros dos entendimentos à esquerda, ocupando o lugar central da secretaria de Estado dos assuntos parlamentares, onde se fazia negociação com o Bloco e o PCP, tendo-lhe sido atribuído o talento negocial de manter uma geringonça de pé. Foi catapultado para o Ministério das Infraestruturas onde o esperava um presente envenenado, dificultado pela relação tensa que foi mantendo com António Costa.

    Ouça aqui a entrevista ao outro candidato, José Luís Carneiro.

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  • Hugo Mendes e Frederico Pinheiro escreveram um livro conjunto sobre a viagem mais turbulenta da TAP. No livro editado pela Zigurate, citam Oscar Wilde: “Nunca expliques. Os teus amigos não precisam disso e os teus inimigos, seja como for, não acreditarão em ti.” No entanto, querem explicar a amigos e inimigos o que aconteceu nestes meses e porquê. Tentaremos perceber porquê. O nome do livro, “Patos desalinhados não voam”, nasce da ideia de que para uma política correr bem tem de alinhar um conjunto de elementos, a que carinhosamente chama patos, para que levantem voo. A definição do problema, a informação empírica sobre o problema; a narrativa do problema; os aliados para o resolver; e as medidas tomadas. Segundo os dois autores, faltou a narrativa e faltaram os aliados. Visitaremos a sua narrativa, porque de aliados, regressados às suas vidas, já não precisam. Precisará a TAP, talvez.

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  • Assistente Social com pós-graduação e doutoramento em Estudos Urbanos, António Brito Guterres coordenou projectos com jovens, foi director do Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira e chefe de Projecto da Iniciativa Bairros Críticos do Vale da Amoreira. Trabalho com a Fundação Aga Khan Portugal, coordenando projectos de desenvolvimento local, de expressão artística e cultural. Foi responsável por políticas públicas em territórios como Pendão, Bairro dos Navegadores, Outurela-Portela, Barronhos, Serra das Minas, Algueirão-Mem Martins, Tabaqueira, Alta de Lisboa, Curraleira, Portugal Novo, Eixo Almirante Reis em Lisboa, Quinta do Loureiro, Cabrinha e Liberdade/Serafina. O seu combate é o fortalecimento das organizações da sociedade civil nestes bairros. Conhece os bairros das periferias da região de Lisboa como as palmas da sua mão. Conhece a cidade invisível, para me socorrer do nome do programa em participa semanalmente na Antena 1, dando a conhecer as pessoas que não vemos em Lisboa. Nunca se acomodando a lugares de poder, é habitual vê-lo juntar a sua voz aos que realmente não têm voz nas nossas cidades. O que faremos hoje é uma curta caminhada numa pequena parte da cidade, para falarmos de casos e episódios que nos permitem falar de cidade, participação e democracia. De passeio, encontraremos, se tudo correr bem, alguns dos protagonistas dessa cidade, que o António nos dará a conhecer. O palco, ou melhor, a rua, é deles.

    Pode ver a fotogaleria em Expresso.pt

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  • Pedro Adão e Silva foi o último ministro a ser conhecido no novo elenco governativo. E a maior surpresa. A sua ligação à área não era evidente. Como o próprio disse, por causa de outras polémicas, os ministros são políticos, não são diretores-gerais. Há vantagens. Num setor cheio de capelinhas, que torna, aliás, difícil organizar uma entrevista que não passe por todas elas, ninguém do meio consegue agradar à maioria. E, seja como for, o ministro da Cultura não é suposto ser um ministro dos profissionais da cultura. Num país fortemente marcado pelo corporativismo, isto não é facilmente percebido em vários ministérios. Mas alguns, no setor, viram com bons olhos alguém que está próximo do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, e tem peso político por isso, como uma boa notícia. E a verdade é que o orçamento aumentou. Chegado ao Ministério, deu prioridade ao património, o que não deixa de ser interessante num ministro de um governo de esquerda. Neste episódio, tentamos fazer uma radiografia destes dois anos de mandato, passando pelo teatro, cinema, património, comunicação social e até a tauromaquia. Mas também pela forma como lidamos com a memória.

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  • As alterações climáticas provocadas pelo efeito humano já não são uma discussão científica, dado o consenso existente. Têm de ser política. Os efeitos não são iguais para todos. Vão empobrecer ainda mais o sul global, que quase nada contribuiu para o estado a que chegámos. E a transição energética vai gerar milhões de empregos qualificados, deixando pelo caminho um rasto de destruição de empregos e territórios dependentes das energias fósseis. Como compensar estes efeitos é uma discussão política, que convém ter quanto antes, sem esperar que as populações reconheçam uma suposta generosidade das medidas para descarbonizar o planeta que as deixa pelo caminho. Ou há equidade nas respostas, não sendo aceitável que se permita a proliferação de jatos particulares enquanto se limita o acesso dos carros ao centro das cidades, ou é nas democracias que a derrota desta agenda será mais violenta. Vera Ferreira, mestre em relações internacionais, onde trabalhou sobre "Migrações Climáticas e Segurança Humana", está a concluir o doutoramento em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. A sua tese, “transição energética em Portugal no horizonte 2050”, centra-se na discussão sobre uma transição energética justa em Portugal. É ela a convidada deste episódio.

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  • No momento mais importante das suas vidas desportivas, as mulheres da seleção espanhola de futebol viram o palco ocupado por um homem. Com um beijo na boca de uma jogadora que, para todos os efeitos, era sua subordinada, totalmente despropositado e abusivo em contexto profissional, abriu-se um debate que pode parecer exagerado, pelo momento emocional em que o episódio se deu, mas que é muitíssimo relevante. Porque os pequenos episódios com grande visibilidade são, muitas vezes, os que permitem sublinhar que não é natural o que muitos julgam ser. Nos últimos anos de jornalista, Mariana Cabral acumulou a atividade no Expresso com o treino das equipas de juvenis femininas do Sporting, até se ter dedicado a 100% como treinadora, agora com a equipa sénior feminina do SCP. Mulher, treinadora de futebol e feminista, fala sobre desporto, igualdade e sobre o beijo despropositado e abusivo de Luis Rubiales neste episódio.

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  • Para o mês de agosto, enquanto estamos de férias, escolhemos quatro episódios anteriores à chegada do Perguntar Não Ofende ao Expresso. A qualidade de som não será exatamente a mesma, uma ou outra coisa pode estar ultrapassada. Mas são quatro entrevistas quase que considero exemplares das pessoas que demos a conhecer e dos debates que aqui tivemos. Não são o Presidente da República, o primeiro-ministro, os líderes dos partidos, Dilma Rousseff ou grandes figuras da cultura portuguesa, que por aqui passaram e que pode procurar na secção o Perguntar Não Ofende na página do Expresso. São quatro conversas exemplares dos últimos anos, para ir ouvindo durante as férias. Voltamos em setembro com novas conversas.

    Em outubro de 2019 fomos até ao Montado do Freixo do Meio para uma conversa ao ar livre com Alfredo Cunhal Sendim. Esta herdade é a materialização de um tratado político. Trabalha-se para criar um sistema de produção alimentar e de distribuição capaz de combater as alterações climáticas, contrariando a lógica da produção intensiva. Alfredo recuperou o montado, que permite uma exploração multifuncional, integral e sustentada dos recursos, sem os esgotar. Um bom símbolo para recordar uma coisa que não está na moda: que uma alimentação sustentável é equilibrada e integral. Para compreender como é possível um projeto que parece alternativo e marginal ter ganho a dimensão que tem, foi com ele que falámos há quase quatro anos.

    Neto de um latifundiário de Montemor. Era ele ainda uma criança, as terras foram ocupadas pela Reforma Agrária. Quando a família as recebeu de volta, Alfredo era um jovem universitário em Évora, que vinha de uma vida urbana e despreocupada da Avenida de Roma. Quando as terras lhe caíram no colo, começou por fazer o que sempre se tinha feito. Comprou mais ovelhas, que alimentava com o que vinha de fora, produzia trigo e a cortiça pagava os prejuízos do resto. Foi a aprendizagem através do erro que o fez repensar tudo. E tinha a escala que lhe permitia ser mais ambicioso. Hoje, a Herdade do Freixo é um exemplo incontornável para quem queira pensar alternativas para uma agropecuária sustentável. Recuperou o montado, um sistema agro-silvo-pastoril criado e mantida pelo homem durante oito séculos, para aproveitar de forma sustentada solos pobres e um clima hostil. Um sistema que foi destruído pelo uso industrializado, intensivo e insustentável dos solos.

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  • Para o mês de agosto, enquanto estamos de férias, escolhemos quatro episódios anteriores à chegada do Perguntar Não Ofende ao Expresso. A qualidade de som não será exatamente a mesma, uma ou outra coisa pode estar ultrapassada. Mas são quatro entrevistas quase que considero exemplares das pessoas que demos a conhecer e dos debates que aqui tivemos. Não são o Presidente da República, o primeiro-ministro, os líderes dos partidos, Dilma Rousseff ou grandes figuras da cultura portuguesa, que por aqui passaram e que pode procurar na secção o Perguntar Não Ofende na página do Expresso. São quatro conversas exemplares dos últimos anos, para ir ouvindo durante as férias. Voltamos em setembro com novas conversas.

    Antigo dirigente do Bloco de Esquerda, deputado do Partido Socialista e um dos mais notáveis ativistas dos direitos LGBT, o professor e antropólogo Miguel Vale de Almeida trabalha em questões de género e sexualidade, assim como de raça e pós-colonialismo. Foi com ele que gravamos há quase cinco anos, nos primeiros meses de existência do podcast, em casa.

    Estará a esquerda, com a sua concentração nas políticas de identidade, a desfocar do combate à desigualdade social e económica que poderia mobilizar uma grande maioria? Será que essa estratégia não a atirará para uma derrota histórica que deixará a direita neoliberal e a extrema-direita sozinhas no confronto político fundamental? Sim, é verdade que a luta pelo poder está em todos os aspetos da vida, do Estado à casa, da empresa à cama. Mas é uma verdade politicamente inútil, porque ela balcaniza os atores políticos e as suas causas. E esta esquerda não se limitou a somar minorias de oprimidos, também somou maiorias de opressores. Que somos, de alguma forma e em alguma das nossas identidades, todos nós. E que tem no discurso da culpa a resposta para a superação dessas opressões. O argumento é substituído pelo tabu que torna qualquer debate num campo de minas.

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  • Para o mês de agosto, enquanto estamos de férias, escolhemos quatro episódios anteriores à chegada do Perguntar Não Ofende ao Expresso. A qualidade de som não será exatamente a mesma, uma ou outra coisa pode estar ultrapassada. Mas são quatro entrevistas quase que considero exemplares das pessoas que demos a conhecer e dos debates que aqui tivemos. Não são o Presidente da República, o primeiro-ministro, os líderes dos partidos, Dilma Rousseff ou grandes figuras da cultura portuguesa, que por aqui passaram e que pode procurar na secção o Perguntar Não Ofende na página do Expresso. São quatro conversas exemplares dos últimos anos, para ir ouvindo durante as férias. Voltamos em setembro com novas conversas.

    Há quatro anos, fomos até ao Porto conversar com Maria Gil, também conhecida como Maria da Fronteira. Mulher, cigana, feminista e ativista antirracista. A sua história de ativismo e luta é longa e teve muitas frentes. Passou por trabalho social dirigido a todas as comunidades, pela representação da comunidade cigana e pelo teatro. Este é o segundo episódio antigo que recuperamos este mês, gravado durante a primeira temporada do podcast, ainda sem estúdio fixo e com outros meios.

    A exclusão dos ciganos tem um lastro histórico. Foram quinhentos anos de perseguição, com açoitamentos públicos, sedentarizações forçadas, institucionalização de crianças para instrução e proibição do uso da sua língua, dos seus trajes e das suas celebrações. Só em 1822 lhes foi atribuída a cidadania portuguesa e, mesmo assim, uma portaria de 1848 exigiu que usassem passaporte. Mesmo depois do 25 de abril, no final dos anos 90, houve uma autarquia que decretou a sua expulsão do concelho. E estamos apenas a falar de racismo explícito e institucional. O outro, disseminado por toda a sociedade, dura quase intocado até hoje. O Holocausto Judeu marcou para sempre a forma como lidamos com o antissemitismo. Estranhamente, o Holocausto cigano foi apagado da memória, permitindo que se perpetuasse a perseguição, a exclusão e o preconceito. É raro que os próprios ciganos sejam chamados a um debate que lhes diz antes de todos respeito. E é por isso que neste episódio falamos com Maria Gil, mulher, cigana, feminista e ativista antirracista. A sua história de ativismo e luta é longa e teve muitas frentes. Passou por trabalho social dirigido a todas as comunidades, pela representação da comunidade cigana e pelo teatro. Filha de pai e mãe ciganos, crescida dentro da comunidade, vive com um pé dentro e outro fora. Por isso a conhecem como Maria da Fronteira.

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  • Para o mês de agosto, enquanto estamos de férias, escolhemos quatro episódios anteriores à chegada do Perguntar Não Ofende ao Expresso. A qualidade de som não será exatamente a mesma, uma ou outra coisa pode estar ultrapassada. Mas são quatro entrevistas quase que considero exemplares das pessoas que demos a conhecer e dos debates que aqui tivemos. Não são o Presidente da República, o primeiro-ministro, os líderes dos partidos, Dilma Rousseff ou grandes figuras da cultura portuguesa, que por aqui passaram e que pode procurar na secção o Perguntar Não Ofende na página do Expresso. São quatro conversas exemplares dos últimos anos, para ir ouvindo durante as férias. Voltamos em setembro com novas conversas.

    Há mais de dois anos, ainda durante a pandemia, fomos até Setúbal conversar com o padre Constantino Alves.

    Na paróquia de Nossa Senhora da Conceição há um restaurante social, uma clínica social dentária e até um espaço ecuménico de culto. Os pobres estão no centro da ação pastoral, como é suposto que aconteça para qualquer cristão. Com a pandemia, aumentou a procura de apoio social, sobretudo de imigrantes, num contexto onde há muitos bairros sociais. O padre Constantino Alves, convidado deste episódio de 17 de março de 2021, não é apenas o motor de uma rede que garante apoio alimentar e médico a partir da sua paróquia. Ele é, muitas vezes, a voz dos que vivem em bairros clandestinos e resistem à demolição das suas casas. Já como padre, foi operário e sindicalista. E, antes do 25 de abril, esteve envolvido na resistência à ditadura e na solidariedade com os presos políticos. A sua história é longa, inesperada e extraordinária.

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  • 31 anos desde que 28 mil portugueses assinaram uma petição contra um cartoon em que António enfiou o nariz de João Paulo II num preservativo, oito anos desde que milhões de europeus disseram “Je suis Charlie", poucas vezes se deve ter falado tanto de cartoons em Portugal como no último mês. É sobre ele, mas também sobre indignação, tentativas de censura e as redes sociais que conversamos com a sua autora Cristina Sampaio, André Carrilho, António e Nuno Saraiva. Quatro dos melhores cartunistas portugueses. Cristina Sampaio começou a ilustrar livros infantis e a fazer ilustração e cartoons na imprensa em meados dos anos 80, com presença regular no Independente, Expresso e Público e, a nível internacional, no Boston Globe, Washington Post, Wall Street Journal e New York Times. Com ilustrações e cartoons publicados no Diário de Notícias, o grosso do trabalho de André Carrilho tem sido editado internacionalmente, na The New Yorker, Vanity Fair, The New Statesman, The New Republic ou Harper's Magazine. Publicou livros de ilustração e infantis. Nuno Saraiva concebeu, com Júlio Pinto, a Filosofia de Ponta, publicada semanalmente no Independente e posteriormente editada em livro. É ilustrador regular em jornais como o Público e o Expresso e autor de várias capas ou ilustrações para livros. O nome de António confunde-se com o do Expresso, onde publica regularmente há 49 anos, e com a própria democracia portuguesa. Colaborou com o Diário de Notícias, A Capital e a Vida Mundial, sendo publicado de forma regular por algumas das mais destacadas publicações internacionais.

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  • Ter um tempo no dia em que os telemóveis estão inacessíveis é a melhor forma de ensinar a gerir a frustração e a ansiedade. Inevitavelmente descobrirão outras formas de divertimento, interagindo entre si, expressando emoções, reforçado lanços empatia. Também vai ensinar os adultos a interromper o obsessivo controlo sobre os seus filhos. Cada pai e mãe decidirá como gerir o acesso dos seus filhos a telemóveis. Só que a escola é um espaço comunitário onde cada criança é individualmente educada, mas também se educa uma geração. E isso diz-nos respeito a todos. É por isso que um grupo de pais lançou uma petição pública para restringir o uso do telemóvel nas escolas. Neste episódio contamos com Mónica Pereira, uma das primeiras peticionárias. É professora de yoga para crianças, formada em ciências de comunicação e tem uma filha que vai entrar agora para o segundo ciclo, na escola pública. Uma das inspirações para esta petição foi a única escola pública que baniu os telemóveis no recreio, coisa que vários colégios privados já faziam: a EB 2/3 da Lourosa. Foi há seis anos e já é possível fazer um balanço. Nesta conversa também temos Mónica Almeida, diretora do agrupamento António Alves Amorim, em Lourosa, e professora de matemática. Por fim, para debatermos os efeitos da omnipresença destes aparelhos na vida de jovens e adolescentes, participa Laura Sanches, psicóloga clínica e autora de vários livros sobre parentalidade positiva. Dedica-se, entre outras coisas, ao desenvolvimento infantil e aconselhamento parental.

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  • As ideias feitas que temos do autismo vêm, quase todas, dos filmes de Hollywood, que refletem e perpetuam simplificações, estabelecendo uma associação automática do autismo com comportamentos violentos de pessoas presas nelas próprias, agarradas aos mesmos gestos mecanicamente repetidos até à exaustão e incapazes de cultivar relações humanas ou viver autonomamente. Uma imagem que afasta as pessoas, legitimando comportamentos violentos contra as pessoas com transtorno do espectro do autismo. O desconhecimento e as ideias formadas sobre o tema agravam os problemas de integração nas escolas e no mercado de trabalho, onde o estigma criado associa o desempenho cerebral das pessoas com autismo a trabalhos ligados às tecnologias de informação. Sara Rocha é licenciada em Análises Clínicas e Saúde Pública, e mestre em Gestão e Economia dos Serviços de Saúde. Vive no Reino Unido, onde trabalha como gestora de dados em investigação médica, na área cardiovascular, para a Universidade de Cambridge. Preside à Associação Portuguesa a Voz do Autista, uma organização composta exclusivamente por pessoas com autismo, numa autorrepresentação de quem se sente excluído do discurso público sobre a realidade que vivem quotidianamente. Com ela, tentamos perceber um pouco mais sobre a forma como vive uma pessoa com autismo. Que dificuldades sente, que apoios tem, como é que escolas, empresas e sociedade respondem à diferença quando a têm ao seu lado.

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