Episodes
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Post-Doctor in Literary Studies from Universidade de São Paulo
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Actress. Reading an extract of "O ovo e a galinha", "The egg and the chicken", in Portuguese
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Missing episodes?
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Professor of Literary Theory at the Pontificia Universidade Católica, São Paulo
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PhD candidate, Princeton University
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Extractos de su ensayo “Una vida que no cesa de inscribirse como exceso entre la letra y el cuerpo de la autora o lo que hace excepción en el ‘caso’ de Clarice Lispector”, In Clarice Lispector. Alguien dirá mi nombre, a cargo de Isabel Mercadé (València: Shangrila, 2020).
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Reading his text on Clarice, Cixous and Paula Rego
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Reading a passage of Água Viva
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Escritora. "Escolhi um trecho do texto de "Brasília", que adoro e acho que vem bem a calhar."
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The Besieged City/ A Cidade Sitiada. Translated by Johnny Lorenz
Johnny Lorenz (Professor, Department of English, Montclair State University), son of Brazilian immigrants, received his doctorate in English from the University of Texas at Austin in 2000. He is a Full Professor at Montclair State University. His translations of Clarice Lispector's A BREATH OF LIFE (2012), finalist for the Best Translated Book Award, and THE BESIEGED CITY (2019), listed as one of the best books of 2019 by Vanity Fair, were published by New Directions.
JOHNNY LORENZ
TEXT
THE BESIEGED CITY / A CIDADE SITIADA
Here all of a sudden is a man, she was thinking. Men had always seemed excessively beautiful to her — that’s what she’d felt when centuries ago, in her parents’ house, in a ball gown, she’d resembled a young tree with few leaves — the memory had made her terribly ironic later.
And you couldn’t tell why the weak had later become her prey. Then, when she’d meet a weak and intelligent man, above all weak because intelligent — she’d devour him roughly, not let him find his balance, make him need her forever — that’s what she’d do, absorbing them, detesting them, supporting them, the ironic mother. Her power had become great. When a defeated
person would approach — she’d understand that person, she’d understand; how well you understand me, Afonso said. An object had always needed to be flawed in order for her to be able to seize it, and through its flaw. She’d buy it cheaper, that way.
What did she want now from this young man? a little excited by the drink, she was saying to herself: just look how ridiculous I’ve become.
The Besieged City
- Clarice Lispector
trans. Johnny Lorenz
New Directions (2019)
Eis de repente um homem, pensava. Os homens sempre lhe haviam parecido demasiadamente belos -- fora o que sentira quando há séculos, na casa dos pais, em vestido de baile, parecera uma árvore nova de poucas folhas -- a lembrança a tornara depois terrivelmente irônica.
E não se saberia por que os fracos haviam-se depois tornado sua presa. Então, quando encontrava um homem fraco e inteligente, sobretudo fraco porque inteligente -- devorava-o duramente, não o deixava equilibrar-se, fazia-o precisar dela para sempre -- era o que fazia, absorvendo-os, detestando-os, apoiando-os, a irônica mãe. Seu poder se tornara grande. Quando uma pessoa vencida se aproximava -- ela a compreendia, compreendia; como você me compreende, disse Afonso. Sempre fora preciso um objeto ser defeituoso para ela poder apoderar-se dele, e através do defeito. Comprava mais barato, assim.
Que desejava agora desse rapaz? um pouco excitada pela bebida, dizia-se: eis-me enfim ridícula.
A cidade sitiada (1949)
- Clarice Lispector
Rocco
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A Breath of Life, excerpt. Translated by Johnny Lorenz
Johnny Lorenz (Professor, Department of English, Montclair State University), son of Brazilian immigrants, received his doctorate in English from the University of Texas at Austin in 2000. He is a Full Professor at Montclair State University. His translations of Clarice Lispector's A BREATH OF LIFE (2012), finalist for the Best Translated Book Award, and THE BESIEGED CITY (2019), listed as one of the best books of 2019 by Vanity Fair, were published by New Directions.
Text
A BREATH OF LIFE / UM SOPRO DE VIDA
I know that this book isn’t easy, but it’s easy only for those who believe in the mystery. As I write it I do not know myself, I forget myself. The I who appears in this book is not I. It is not autobiographical, you all know nothing of me. I never have told you and never shall tell you who I am. I am all of yourselves.[...]
Do not read what I write as a reader would do. Unless this reader works, he too, on the soliloquies of the irrational dark.
If this book ever comes out, may the profane recoil from it. Since writing is something sacred where no infidel can enter. I am making a really bad book on purpose in order to drive off the profane who want to “like.” But a small group will see that this “liking” is superficial and will enter inside what I am truly writing, which is neither “bad” nor “good.”
A Breath of Life (Pulsations)
- Clarice Lispector
trans. Johnny Lorenz
New Directions (2012)
Eu sei que este livro não é fácil, mas é fácil apenas para aqueles que acreditam no mistério. Ao escrevê-lo não me conheço, eu me esqueço de mim. Eu que apareço neste livro não sou eu. Não é autobiográfico, vocês não sabem nada de mim. Nunca te disse e nunca te direi quem sou. Eu sou vós mesmos.[...]
Não ler o que escrevo como se fosse um leitor. A menos que esse leitor trabalhasse, ele também, nos solilóquios do escuro irracional.
Se este livro vier jamais a sair, que dele se afastem os profanos. Pois escrever é coisa sagrada onde os infiéis não têm entrada. Estar fazendo de propósito um livro bem ruim para afastar os profanos que querem "gostar". Mas um pequeno grupo verá que esse "gostar" é superficial e entrarão adentro do que verdadeiramente escrevo, e que não é "ruim" nem é "bom".
Um sopro de vida (Pulsações)
- Clarice Lispector
Editora Nova Fronteira (1978)
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CONCRETALMA
Michel Peterson, Ph.D. Professor universitário, psicanalísta, AE, membro da Escola lacaniana de Montreal et do Comitê científico de ALFAPSY
NO MEIO DO CAMINHO HA UMA ALMA
SOPRALMA
ALMAPEDRA DA VIDA
A ALMAPERDA A PEDRA CONCRETA
PEDRA CAVALALMA
Clarice, minha muito bonita, dirijo suas palavras como se fossem espelhos, para que continuem vibrando na máquina do mundo. Seus livros-galáxias trabalham minha alma, eles acompanharam minha jornada de ossos e cinzas por tanto tempo que eu esqueci esse tempo. Eu acho que eles estavam lá antes de eu nascer, quando ainda não os conhecia, desde o arcaico enquanto o Real não estava – antes do antropoceno.
Clarice, você me ensinou tudo isso e agora, posso atravessá-lo « inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar », fazendo parte « daquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro – G.H. – nada tira de ninguém ».
Clarice, eu que sempre busquei o meu caminho, volto quando leio sua abordagem do Gênero Humano : « É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo ».
É por isso que eu devolvo, para mantê-la dentro de mim, sua deslumbrante descoberta do finismundo :
« Só que ter descoberto súbita vida na nudez do quarto me assustara como se eu descobrisse que o quarto morto era na verdade potente. Tudo ali havia secado - mas restara uma barata. Uma barata tão velha que era imemorial. O que sempre me repugnara em baratas é que elas eram obsoletas e no entanto atuais. Saber que elas já estavam na Terra, e iguais a hoje, antes mesmo que tivessem aparecido os primeiros dinossauros, saber que o primeiro homem surgido já as havia encontrado proliferadas e se arrastando vivas, saber que elas haviam testemunhado a formação das grandes jazidas de petróleo e carvão no mundo, e lá estavam durante o grande avanço e depois durante o grande recuo das geleiras - a resistência pacífica. Eu sabia que baratas resistiam a mais de um mês sem alimento ou água. E que até de madeira faziam substância nutritiva aproveitável. E que, mesmo depois de pisadas, descomprimiam-se lentamente e continuavam a andar. Mesmo congeladas, ao degelarem, prosseguiam na marcha... Há trezentos e cinqüenta milhões de anos elas se repetiam sem se transformarem. Quando o mundo era quase nu elas já o cobriam vagarosas. »
MUNDO NU
ALMA NUA
CONCRETANUALMA
ALMA
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Clariceana
("Esse texto nasceu de minha primeira leitura de Água-viva e A hora da estrela, nos anos 1980.")
Hoje acordei com vontade de rasgar a minha boca em tiras. Porém tenho medo que o meu caráter regenerativo faça-me nascer de cada uma dessas tiras e esse desejo seja estendido e que todas as outras minhas bocas tenham o mesmo desejo que eu – o de se rasgar também em tiras.
Atiro a escrita em mim e me atiro na escrita sem saber se sou eu dentro de minha escrita ou se é a minha escrita dentro de mim. Vou juntando letra atrás de letra, me escrevendo em linhas. Virando novelo de lã a ser desalinhado, tentando causar desalinho – bola de lã a ser brincada e estapeada pelo gato.
E a escrita é a mulher que brota a cada instante de dentro de mim. Minha escrita grave, grávida de mim 24 horas por dia, 365 dias por ano. É como se eu dentro da minha escrita estivesse pronta a brotar de dentro dela pra fora. Brotar do ôco. Da boca. Do útero. Do onde. E eu sou o onde. A boca ôca. Onde-útero. Onde-da-palavra. Sou ôca. Palavra a ser preenchida. Palavra ôca, preenchida por minha escrita ôca.
Ouço o tic-tac da minha escrita dentro de mim, e a qualquer hora é hora. Saberei-me explosiva. Explodida. Gero a escrita e ela me gera. A trago dentro da minha barriga grávida de nove meses. Grávida de mim. Grave de mim. Quem quiser me saber, saber de mim-minha-escrita basta encostar a boca na minha enorme barriga ôca e me ouvir no meu próprio útero. De forma que o meu ôco encontre o ôco de outro eu exterior. Eu-palavra somos uterinas. Interiores. Ulteriores. Somos o dentro. O dentro da outra. Gerativas. Ocas, se não nos geramos juntas. Cocomitantemente.
Vivaldo Andrade dos Santos é poeta e autor dos livros infanto-juvenis O rato que roeu a roupa do rei e Meskwaki and the President. Desde os anos 90, vive nos Estados Unidos, e é professor de literatura e cultura brasileira na Georgetown University, em Washington DC.
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“Algo salvaje, primario y enervado se yergue de mis pantanos”: una lectura de Agua Viva.
Oriele Benavides es estudiante doctoral del Departamento de Español y Portugués de la Universidad de Princeton.
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Descripción del audio "Carta a las niñas de Clarice":
Esta es una carta que le escribo, o más bien le grabo, a Clarice Lispector, en concreto a sus narradoras y personajes de niñas pequeñas. Me interesan sus crianças, porque no son precisamente infantiles: ellas saben aceptar la síntesis de lo horrible y lo hermoso, de describir la unión de la ferocidad y el amor, y tienen una capacidad inaudita de mirar, de observar con atención esta unión. En esto, creo, insisten concretamente dos cuentos: Os desastres de Sofia y A legião estrangeira. De ahí provienen las citas en portugués que incluyo en mi carta grabada.
Bio:
Yo soy Xita Rubert. Nací en Barcelona y me licencié en Filosofía. He escrito cuentos y una obra de teatro. Ahora soy doctoranda de Literatura Comparada en la Universidad de Princeton, mientras continúo desarrollando la escritura.
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My piece is a play on the title of Clarice's "Agua Viva". It is a series of interlaced facts about the medusa and corresponding passages in Agua Viva that I believe embody the qualities of this phenomenal creature.
I am a first year PhD student in the Comparative Literature department at Princeton. I am originally from Tijuana, Mexico. My interests include psychoanalysis, poetry and poetics, and gender and race studies.
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Tributo a Clarice Lispector y ejercicio de reconocimiento técnico de A paixão segundo G.H (1964) en forma de microcuento.
Jonathan A. Romero realizó sus estudios de pregrado en el Instituto de Filología Inglesa y el Instituto Peter-Szondi de Literaturas Comparadas en Freie Universitaet Berlin. Actualmente cursa un doctorado en literatura moderna latinoamericana en el Departamento de Español y Portugués en Princeton University.
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"I select portions from Água Viva and (re)arrange them to create a passage/prose/poem that foregrounds ‘writing’ in Clarice’s terms."
"I translate Clarice into Hindi, my mother-tongue."
Nikhil Ninguém Pandhi
Fiction writer and Graduate Student, Department of Anthropology, Princeton University
‘What is it like to write, Clarice?’ Could this question be posed in terms of an aesthetic quandry directed to Clarice Lispector? Could it be posed in terms of what does it mean to write like Clarice? Or in terms of what form writing takes in Clarice and her oeuvre? As a writer of fiction inspired indelibly by Clarice Lispector I take the first question – and its many playful derivatives – as an incitement to compose Clarice from her own writing. An incitement to both search for Clarice’s reflections about writing in her own words, and to write from them something that she may be directing our attention to especially in Água Viva (1973), which I read as, among other things, Clarice’s manifesto for writing. With the desire to pose the aforementioned questions to Clarice, here, I select portions from Água Viva and (re)arrange them to create a passage/prose/poem that foregrounds ‘writing’ in Clarice’s terms. It is a tract on writing assembled from the bricolage of Clarice’s wor(l)ds in the text.
I also further ask, what is it like to listen to Clarice in a language in which she didn’t write? For this, I translate Clarice into Hindi, my mother-tongue (note: the figure of the ‘mother’ and it’s resonance in Clarice, in terms of her mother as a liminal/absent/dead figure; mother as the symbol of a language, indeed Clarice’s own maternity…). What does Clarice sound like in Hindi, a language in which she has never been translated, and a language in which translating her requires a definitive attribution of her gender (a female writer) which the english ‘I’ and ‘you’ definitively obscure? Even if we don’t understand the translated language, in what ways can we re-cover the voice of Clarice from what reverberates in our ears? Perhaps we could even use this to ask ‘what is like to listen (to) Clarice?’
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Extracts from the Passion According to GH and from Los Infiernos Analógicos by Julia Kornberg. "It's a bit of a Sci-Fi Clarice, following the post-humanist and queering lenses."
Julia Kornberg is a writer and a PhD Student at Princeton University. Her book Los Infiernos Analógicos was published by María Susana Editora in 2019 and her first novel will come out by Club Hem in the summer of 2020. She was born in Buenos Aires, Argentina, and currently lives in New York.
Texts:
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Clarice, The Visitor. Three poems. Each poem begins with a quote from Lispector's letters to Fernando Sabino. The poems were written while Novey was translating The Passion According to G.H.
Idra Novey is an American novelist, poet, and translator. She translates from Portuguese, Spanish, and Persian. She is the translator of The Passion According to G.H. by Clarice Lispector, On Elegance While Sleeping by Viscount Lascano Tegui, Birds for a Demolition by Manoel de Barros, and The Clean Shirt of It. She is the author of the novels Those Who Knew (2018) and Ways to Disappear (2016).Her fiction and poetry have been translated into ten languages. She has received awards from Poets & Writers, the Poetry Foundation, the Brooklyn Eagles Literary Prize, and the National Endowment of the Arts.
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The Passion According to G.H. (pgs. 121 and 46) read by Lispector's translator Idra Novey. Idra Novey is an American novelist, poet, and translator. She translates from Portuguese, Spanish, and Persian. She is the translator of The Passion According to G.H. by Clarice Lispector, On Elegance While Sleeping by Viscount Lascano Tegui, Birds for a Demolition by Manoel de Barros, and The Clean Shirt of It. She is the author of the novels Those Who Knew (2018) and Ways to Disappear (2016).Her fiction and poetry have been translated into ten languages. She has received awards from Poets & Writers, the Poetry Foundation, the Brooklyn Eagles Literary Prize, and the National Endowment of the Arts.
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