Episoder
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Qual a pergunta certa: ‘como é que Trump ganhou’ ou ‘como é que os democratas perderam’? Vamos ter pela frente quatro anos para encontrar a resposta. Numa coisa a eleição do futuro inquilino da Casa Branca foi diferente da anterior: os vencidos aceitaram a derrota sem ranger de dentes nem violência. Na realidade mais comezinha da política nacional, uma deliberação autárquica controversa desencadeou uma sarrafusca interna entre socialistas. Com o regresso a uma animosidade evidentemente, mas não nomeada, entre o anterior e o actual secretários-gerais do PS. Enquanto isso, há duas ministras na corda-bamba. Começa a pairar o fantasma da remodelação governamental, o que já obrigou o primeiro-ministro, em ambos os casos, a vir defendê-las em público. Em Espanha, nem uma tragédia com mais de duzentos mortos fez esquecer a guerrilha política entre o governo socialista e o poder autonómico que reúne a direita tradicional e a extrema-direita.
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Na estante do Governo Sombra, temos esta semana um ensaio de dois professores de Harvard sobre as disfunções da política americana: “A Tirania da Minoria”, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt; uma reflexão, com enquadramento histórico, em que Fareed Zakaria expõe argumentos sobre o momento presente, a que chama “Era de Revoluções”; há ainda um diálogo sobre as crenças religiosas de um dos grandes nomes do cinema contemporâneo: “Conversas sobre a Fé”, entre Martin Scorsese e António Spadaro; e de um especialista italiano na cultura clássica, Dino Baldi, “Mortes Fabulosas dos Antigos”.
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Manglende episoder?
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Na estante do Governo Sombra, esta semana, encontramos um livro decisivo para a chegada do surrealismo a Portugal, que nunca tinha tido tradução portuguesa: "História do Surrealismo", de Maurício Nadeau, as memórias póstumas de um mártir russo: "Patriota", de Alexei Navalny; o romance mais recente de Rachel Cusk: "Desfile", e o catálogo da exposição “Unidos Venceremos! Protesto, Greves e Sindicatos no Marcelismo (1968-1974)”.
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Não é com 'tasers’ que nos protegemos da realidade, evidentemente. Claro que as armas de electro-choques, que faltam à polícia, também não impedirão frases grotescas de dirigentes políticos com assento parlamentar. Declarações que merecem censura generalizada, embora daí a considerá-las crime, como pretende quem se queixa delas em tribunal, vá um passo perigoso que, paradoxalmente, pode vir a conceder uma vitória ao infractor. Para o desconcerto do mundo ser completo, só falta consumar-se o cenário de turbulência política que se adivinha a partir da próxima terça-feira, depois da palavra-chave da semana ter sido “lixo”.
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Sabemos como começam fenómenos destes, não podemos saber como acabam. Um homem morreu numa intervenção da polícia. Ainda antes de qualquer inquérito concluído, a PSP emitiu um comunicado justificando a acção policial. O homem estaria armado com uma faca e o agente da autoridade agiu em legítima defesa perante uma arma branca. Versões posteriores contradizem esta narrativa. A polícia, além de matar, mentiu? Na periferia de Lisboa a dúvida foi pretexto para quatro noites de violência e vandalismo. Foram queimados vários autocarros e há um motorista da Carris internado em estado grave. Perante este quadro que aconselharia prudência e responsabilidade, o líder parlamentar do terceiro maior partido na Assembleia não se coíbe de dizer que “se calhar, se (os polícias) disparassem mais a matar o país estava mais na ordem”. O mundo está perigoso. Perante isto o episódio dos insultos do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros ao Chefe de Estado-Maior da Força Aérea parece uma brincadeira. Mas não é. Como não foi a brincar que o primeiro-ministro desfraldou a bandeira política do combate à disciplina de educação para a cidadania sob uma ovação do congresso do PSD. Quem parece ter sido apanhado na curva foi o ministro da Educação, admitindo que este não é o problema mais importante na área que tutela. São as guerras culturais a que temos direito.
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Esta semana, na estante do Governo Sombra, encontramos uma memória pessoal da ditadura de Enver Hohxa, no livro “Livre”, de Lea Ypi; uma “História de Arte”, assinada por Katy Heller, diferente de todas as outras: “Sem Homens”; as entrevistas de Maria João Avillez a grandes protagonistas políticos portugueses em “Eu Estive Lá”; e um clássico da literatura latina: “Remédios Contra o Amor”, de Ovídio.
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E daqui em diante como viveremos nós sem a novela do orçamento? Ainda há a das gémeas, é certo. Temos agora a do julgamento do caso BES (mas com 18 arguidos, estando em causa 300 crimes e arroladas 700 testemunhas, são tantas as personagens que rapidamente perderemos o fio à meada). E há a corrida à Casa Branca, que promete emoção (e angústia) até ao fim. Enquanto isso, com o orçamento virtualmente aprovado, em breve se verá como evolui a relação de Pedro Nuno Santos com os comentadores socialistas (desalinhados) no seu “pedestal”.
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Na estante desta semana, vamos do excesso de informação a um compêndio de trica política, passando por um belo livro infantil e por uma reflexão sobre os 50 anos da Revolução. Neste caso, António Barreto reúne um conjunto de textos e intervenções no volume ‘Abril’. A respeito do mesmo período, o meio século de democracia, Liliana Valente e Filipe Santos Costa investigaram e reuniram episódios saborosos de pequena política (com um protagonista em destaque: Marcelo Rebelo de Sousa). O ensaísta francês Bruno Patino faz, num ensaio significativamente intitulado ‘Submersos’, um diagnóstico preocupado da sobrecarga de estímulos e informação com que estamos confrontados na sociedade contemporânea. Por fim, para não nos acusarem de sermos (apenas) cínicos, fica a recomendação de um belo livro infantil com mais de meio século e pela primeira vez traduzido e editado em Portugal: ‘Harold e o Lápis Púrpura’, de Crockett Johnson.
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O folhetim do orçamento ainda está para durar. O PS continua sem dizer se viabiliza a proposta do Governo. O Chega já disse tudo e o seu contrário. A palavra “irrevogável” talvez precise, aliás, de um novo verbete nos dicionários. Enquanto isso, a despesa pública corrente está a crescer a um ritmo que já não se via há mais de trinta anos. Em simultâneo com uma promessa de redução das receitas fiscais. Já é Natal e ninguém nos tinha avisado. Para a RTP é que não será: vai deixar de ter publicidade. Com menos 22 milhões por ano, televisão e rádio públicas um dia destes terão de começar a cortar nos auriculares dos repórteres. E depois quem é lhes sopra as perguntas ofegantes de que Montenegro não gosta?
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Na estante do Governo Sombra, arrumamos esta semana o romance “Origami”, de José Gardeazabal, um novo ensaio de Anne Applebaum intitulado “Autocracia, Inc.”, o mais recente volume de poesia do poeta Jorge Sousa Braga, “Flor Cadáver”, e uma história da revolução haitiana, escrita em 1939 e agora redescoberta, com o título “Os Jacobinos Negros”.
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E se de repente fizéssemos este programa com inteligência? (Inteligência artificial, bem entendido, que não estamos aqui para o auto-elogio.) Fomos a um encontro de geeks tecnológicos - que passaram dois dias a discutir as questões legadas à inteligência artificial - e convidámos a Joana. Houve quem lhe chamasse Joana Artificial Dias. Perante os especialista do IDC Directions não se saiu nada mal.
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Quem quer casar com a carochinha orçamental? Pedro Nuno Santos faz finca-pé nas suas linhas vermelhas. Luís Montenegro acusa o líder do PS de radicalismo e inflexibilidade. André Ventura garante que não será “o banana da sala”. Mas sempre acrescenta que tudo fará para evitar uma crise política. Talvez seja desta que o adjectivo “irrevogável” ganha, em definitivo, uma nova acepção no dicionário. Enquanto isso, vacinada (atenção à chalaça) contra políticos profissionais, a maioria dos inquiridos numa sondagem sobre presidenciais está disposta a eleger uma farda. Siga a Marinha. Mais apostado em consolidar o lugar de chefe de turma do que a candidatura a chefe do governo, Pedro Nuno Santos foi visitar o país real afectado pelos incêndios - mas só em autarquias socialistas. Em Lisboa, o presidente da Câmara mandou a polícia municipal começar a fazer detenções. Depois logo se vê o que dizem os pareceres jurídicos sobre o assunto. Ah, xerife!
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Esta semana, na estante do Governo Sombra, ou lá como se chama isto agora, há contos, contos, contos. E física divertida. “Toda a Física Divertida”, de Carlos Fiolhais. Os novos contos de Teresa Veiga em “Vermelho Delicado”. Os novos contos de Luísa Costa Gomes em “Visitar Amigos”. E crónicas autobiográficas de Maria Filomena Mónica reunidas no volume “Sonata de Inverno”.
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Uma tragédia não se discute. Certo. Mas se não se importam vamos ter de debater a resposta política à calamidade. O primeiro-ministro, fazendo voz grossa, acusou os “interesses que sobrevoam” aquilo que aconteceu nesta semana que pôs o país de luto. Importa-se de esclarecer a que interesse se refere? A ministra da administração interna, em parte incerta durante quatro dias, regressou com os fogos a entrarem na fase de rescaldo para ler uma longa “fita do tempo” e para elogiar o nosso “rico povo”; o que terá sido pior: a emenda ou o soneto? Mas nesta “roda em que apodrecemos” (O’Neill) há outras questões que reaparecem a cada momento: voltou o caso judicial na Madeira, voltou a controvérsia em torno dos abusos sexuais na Igreja, voltou a ameaça da queda do Governo e da dissolução do Parlamento. Ó Portugal, se fosses só três sílabas de plástico, que era mais barato!
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Na semana em que a floresta ardeu, a estante-sombra registou a chegada de um livro que faz o elogio dos passeios na Natureza: “Devaneios do Caminhante Solitário”, de Jean-Jacques Rousseau; também folheámos, evocando um dos temas centrais da política norte-americana em tempo de eleições, o último livro do recentemente desaparecido Paul Auster: “Banho de Sangue Americano”; entretivemo-nos com mangá nos três volumes de “Sunny”, de Taiyo Matsumoto; e evocámos duas exposições evocativas dos 50 anos do 25 de Abril, a partir dos respectivos catálogos: uma do cartoonista António, a outra em torno da figura de Amílcar Cabral: “Cabral Ka Mori”.
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Não há cão nem gato que não tenha comentado o debate presidencial norte-americano. Ao nível do meme Trump perdeu, aliás, ganhou. Foi dele o protagonismo total. Que efeito terá isso no resultado eleitoral, é a pergunta para um milhão de memes. Enquanto na América se discute o futuro de todos nós, entre nós faz-se a dança da discussão orçamental. Com muita acrobacia política e mais retórica do que matemática. Também está em equação o perfil de quem vai tomar conta do Ministério Público e a restrição dos telemóveis nas escolas.
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A tribo da leitura juntou-se no Museu do Oriente. A segunda edição do encontro Book 2.0, iniciativa da APEL, convocou especialistas, nacionais e internacionais, e vários altos dignitários: do Presidente da República ao ministro dos negócios estrangeiros. Mas também baixos dignitários: um ministro das badanas, um ministro das estantes e um ministro das estrelas (daquelas com que se avaliam livros no pouco espaço que ainda lhes é dedicado na imprensa). Leitores de todo o mundo, uni-vos (mas em silêncio para não incomodarem quem está a ler).
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Jogar com uma tripla nem sempre é garantia de que se acerta. Montenegro entrou na nova temporada política a distribuir promessa. Em três sectores: saúde, transportes e pensões. Haverá eleições no horizonte? Por vezes, se toda a gente esticar a corda ao mesmo tempo, ela acaba por partir. O que torna desafiadora esta rentrée é a quantidade de incógnitas com que nos deparamos: as guerras trágicas na Ucrânia e no Médio Oriente, as dramáticas eleições americanas e algumas comédias caseiras, como os folhetins em torno do orçamento para 2025 e das presidenciais de 2026.
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São já consideradas as eleições mais relevantes dos últimos anos, por isso Germano Almeida, na nova rubrica da SIC Notícias, 'Decisão América', analisa os principais acontecimentos nas campanhas dos democratas e dos republicanos. Esta semana em foco a semana de Kamala Harris e os vários discursos inspiradores e mobilizadores de Michelle e Barack Obama, Bill Clinton e da apresentadora e produtora de televisão Oprah Winfrey, que apareceu de surpresa. "Kamala Harris confirmou que é alguém que está bem preparada, bem formada, rigorosa, mas sem o brilho retórico de Barack Obama ou de Michelle Obama".
O convidado especial desta semana é João Vieira Borges, Major-General do Exército, presidente da Comissão Portuguesa de História Militar e coordenador do Observatório de Segurança e Defesa da SEDES.
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A 15 de setembro de 2023, no dia em que Cavaco Silva lançou o livro “O Primeiro-ministro e a Arte de Governar”, o autor poderia ter sido o único protagonista. E, mesmo que a divisão do palco não seja o forte do homem que, a seguir a António de Oliveira Salazar, mais anos esteve no centro do poder, naquele dia, Cavaco partilhou as honrarias com uma antiga criação sua, José Manuel Durão Barroso.
Há 48 referências a José Manuel Durão Barroso na agenda de Ricardo Salgado. Na maioria delas, o, à época, presidente da Comissão Europeia é apresentado, apenas, pelas iniciais – JMDB.
Quatro dezenas das referências ao nome de Durão Barroso na agenda de Ricardo Salgado correspondem a reuniões ou a notas que o banqueiro ia escrevendo. Em algumas delas, Salgado convocava Barroso para lhe dar conselhos, noutras pré-anunciava pedidos de ajuda muito concretos.
Oiça aqui o terceiro episódio da Agenda de Ricardo Salgado, um podcast sobre 2268 dias de vida do velho banqueiro, originalmente publicado a 21 de maio de 2024.
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