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  • Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo IBGE em setembro de 2020, constatou que dos 162 milhões de brasileiros, acima de 18 anos, 34 milhões perderam 13 dentes ou mais. A melhor solução para essa realidade ainda é a prevenção, ou seja, higiene bucal eficiente desde a infância e consultas regulares ao dentista. Mas, mesmo assim, muitos precisam restaurar os dentes e as causas podem ser várias, ou por cárie, por lascados entre outros. As restaurações são procedimentos que reconstroem a forma, função e estética do dente e precisam de cuidados, tanto do profissional que a faz, como do paciente. Elas também têm tempo de duração, como conta o professor Carlos Eduardo Francci, do Departamento de Biomateriais e Biologia Oral da Faculdade de Odontologia (FO) da USP.

    O professor explica que, além do restauro para eliminar a cárie ou corrigir rachaduras e pedaços quebrados, o restauro também é utilizado em situações mais específicas, como, por exemplo, quando há espaços entre os dentes e eles são pequenos para a arcada dentária. “Esses espaços, chamados diastemas, podem ser preenchidos com um aumento do contorno dos dentes, isso também pode ser chamado de restauração, então restaurar é também para dar a forma mais adequada para a estrutura dental.”

    Sobre os materiais utilizados para as restaurações, o professor diz que, após limpeza é aplicado um ácido no esmalte, seguida de uma colinha na estrutura dental e de uma luz para polimerizar (processo químico) e aquele espaço é preenchido com resina composta em camadas, fazendo nuances estéticas com cores diferentes para ficar o mais natural possível ou colado ali a uma restauração de cerâmica. “Essas são as formas mais comuns, mas também pode ser feita a restauração com cerâmica, em laboratório e fora da boca, com a resina composta também, mas, no geral, são utilizados basicamente esses dois materiais.”

    O tempo de duração de uma restauração com resina composta, diz o professor, é em média de oito anos ou mais. “Com o passar dos anos ela tende a absorver um pouco mais de fluidos e isso vai gerando uma degradação nas suas cadeias poliméricas, ou seja, na estrutura da resina composta, ela pode começar a se pigmentar e deixar marcas.” Já as cerâmicas, segundo Francci, a vida útil estimada é de 15 anos ou mais. “Nem todas as restaurações vão ter essa vida útil. Por questões estéticas, geralmente após um clareamento, o paciente sente necessidade de trocar as restaurações.”

    O professor lembra que é consenso entre os profissionais da odontologia que deve existir um total controle da umidade no ato da restauração, especialmente no momento de aplicar o sistema adesivo, ou seja, a colinha na estrutura dental, pois qualquer contaminação, seja por saliva com sangue ou a própria umidade da respiração, pode comprometer seriamente a colagem dessa restauração ao dente. A seleção do material, seja resina ou cerâmica, também é essencial, segundo Francci. “Um excelente polimento na superfície dessas restaurações, para que tenha o mínimo de acúmulo de placa bacteriana, é essencial para uma boa longevidade dessas restaurações.”

    Já o paciente, diz o professor, em geral precisa fazer aquilo que é básico, uma boa higiene bucal, uma escovação correta e uso do fio dental para sempre manter o menor acúmulo de placa bacteriana sobre estrutura dental. “Cárie não dá na restauração, ela precisa de estrutura dental natural, mas a interface da restauração com o dente é uma região de vulnerabilidade, então precisa ser mantida sempre limpa.”

    Produção e Apresentação Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

  • No episódio de hoje, o professor Fausto Medeiros Mendes, da Faculdade de Odontologia da USP, campus São Paulo, responde dúvidas da ouvinte Daiane Pinheiro, da cidade de Pontal, cidade de cerca de 50 mil habitantes na região metropolitana de Ribeirão Preto. Segundo Daiane, o dentista que atende seu filho de  quatro anos indicou um creme dental sem flúor e ouvinte ficou com dúvidas e quer mais informações sobre o uso deste produto.

    Segundo o professor, existem as pastas e cremes dentes infantis que são indicadas para as crianças, mas na ausência ou na impossibilidade de adquirir uma delas, não há problema em se utilizar a mesma que a família toda utiliza, desde que tenha em sua composição entre 1.000 e 1.500 PPM de flúor. “Essa recomendação é feita desde o aparecimento dos primeiros dentes, pelo menos duas vezes ao dia”.

    O professor alerta que o único efeito colateral para o uso de pasta com flúor pode ser a fluorose, e que os demais efeitos que são comentados na Internet, ou mesmo por alguns profissionais, são fake news. “Mesmo essa fluorose é leve e não causa nenhum efeito estético, além disso os benefícios da pasta com flúor para a prevenção da cárie é comprovado pelos estudos clínicos.”

    Mendes explica que também nas cidades com flúor na água, a recomendação é de uso de pastas de dentes com flúor, pois mesmo aumentando o risco de fluorose, ela não causa nenhum impacto significativo na qualidade de vida da criança. “O que causa impacto negativo é a cárie dentária, que pode levar à dor e problemas funcionais”.

    O professor recomenda que o uso de pasta por crianças deve ser feito em pequenas quantidades, logo após as refeições. “Com o estômago preenchido vai diminuir a absorção do flúor, o que minimiza o risco da fluorose, sem afetar o efeito benéfico do flúor da pasta de dente”.

    Produção e Apresentação Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

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  • Cuidados alimentares e visitas periódicas a profissionais qualificados podem evitar riscos à saúde geral e bucal dessas pessoas

    Além dos problemas odontológicos comuns a todos, as pessoas com síndrome de Down podem ter alguns desses problemas aumentados ou com maior frequência. Para falar sobre a saúde bucal do portador da síndrome de Down, esta semana conversamos com a professora Marina Helena Cury Gallotini, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, especialista em Patologia Bucal, Medicina Oral e Pacientes Especiais. 

    Marina conta que os pacientes com síndrome de Down têm risco aumentado para doença periodontal, alta frequência à má oclusão e tendência de maxila atrésica (estreitamento da arcada superior no sentido transversal), pouco desenvolvida e, assim, à mordida cruzada. E, ainda, diz a professora, esse paciente tem frequência maior de dentes com distúrbios de desenvolvimento como na forma e no tamanho. 

    Consultas longas podem levar à agitação

    Para a professora, a prevenção é também fundamental para o portador de Down. Porém, deve-se evitar consultas longas que possam fazer esse paciente ficar muito agitado, cansado e que o leve a perder o condicionamento que foi adquirido e que permite que seja atendido em ambulatório periodicamente. A recomendação, diz, é que as crianças de forma geral façam a primeira visita dentro do primeiro ano de vida. A primeira visita deve acontecer antes da erupção do primeiro dente, que ocorre em torno dos seis meses de vida. “Nessa consulta é importante a mãe ou cuidador receber orientações em relação à higiene, alimentação e, ainda, sobre algumas questões que essa criança pode exibir ao longo da vida.”

    A alimentação do paciente com Down também deve receber cuidados especiais; aquelas ricas em açúcares  e carboidratos vão impor uma condição pior de saúde, com maior risco para cárie, por exemplo. “Outra questão que merece atenção são os hábitos de higiene, uma vez incorporados na rotina são realizados com mais tranquilidade e devem ser bem sólidos desde os primeiros momentos.”

    Visitas periódicas a um dentista são importantes. “Hoje em dia existem medidas preventivas e menos invasivas que permitem que a criança tenha doenças, como cárie, doença periodontal ou maloclusão, diagnosticadas precocemente, com isso o tratamento começa mais cedo e com melhores resultados.”

    Escolha do profissional 

    Marina alerta que no atendimento da pessoa com Down é importante que o profissional se preocupe com aspectos gerais e com comorbidades. Dá, como exemplo, alterações importantes como cardiopatia congênita, que tem risco aumentado para endocardite infecciosa, além das condições comportamentais. “Cada caso tem que ser analisado de forma diferenciada.” 

    Outro aspecto, diz a professora, é o risco aumentado de contenção física que eles impõem. “Esse paciente pode ter uma condição chamada instabilidade atlantoaxial, problema ortopédico bem conhecido especialmente nas crianças com síndrome de Down, caracterizado pela frouxidão ligamentar entre a primeira e a segunda vértebra, que aumenta o risco de danos caso uma das vértebras pressione a medula espinhal. Nesse caso movimentos bruscos e contenções são contraindicados.”

    Portanto, o dentista que vai atender o portador de síndrome depende do paciente. “Aquele que tem a síndrome, mas com uma saúde bem controlada, com um comportamento que aceita o tratamento e que exige muitos desafios pode e deve ser atendido por um profissional que se sinta capaz de fazê-lo. Já aqueles com muitas comorbidades, além da síndrome, devem ser atendidos por um profissional com mais experiência, nesse caso, dentistas com formação no atendimento de pacientes especiais, especialidade reconhecida no Brasil.” 

    Produção e Apresentação Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

  • Técnicas e escova de dentes adequadas são essenciais para se evitar a retração gengival, assim como uma boa higienização e consultas regulares ao dentista

    O podscast desta semana fala sobre retração gengival instalada, sugestão do ouvinte Henrique Tutini, da cidade de Catanduva, interior do Estado de São Paulo. O convidado para esclarecer as dúvidas do ouvinte é o professor João Cesar Neto, da Faculdade de Odontologia da USP, capital. Cesar Neto explica que retração gengival é quando acontece um deslocamento da margem da gengiva para a direção contrária à coroa do dente.

    O professor alerta que, muitas vezes, no caso de retração o dentista consegue perceber pequenas mudanças apicais da margem gengival, o que nem sempre é perceptível ao paciente, que só começa a perceber quando tem um degrau entre a coroa e a gengiva ou quando começa a sentir sensibilidade ao frio e ao calor, ou seja, quando o problema já está instalado.

    Sobre as causas da retração  gengival, Cesar Neto diz que as mais comuns são: trauma mecânico, por escovação ou escova inadequadas e, ainda, hábitos de morder palitos, por exemplo. Uma higienização bucal ruim também pode levar à inflamação da parte periodontal, o que pode ocasionar uma reabsorção óssea e, por consequência, a retração gengival. Atualmente, diz o professor, uma das queixas de quem tem retração gengival é a estética, pois os dentes se tornam mais alongados, e, ainda, de sensibilidade, tanto quando toma algo gelado como ao escovar os dentes.

    O tratamento para retração gengival, segundo Cesar Neto, depende do tamanho do problema. Quando as lesões são pequenas, em estágios iniciais, o dentista busca saber a causa e orientar o paciente sobre a melhor forma de escovar os dentes e que tipo de escova utilizar, geralmente as extramacias. Já quando a retração é maior, o profissional observa se há perda de mineral e, nesse caso, trabalha com materiais restauradores. “Como a tendência da retração é aumentar, algumas vezes é necessário fazer tratamento cirúrgico para recriar o tecido em volta do dente.”

    O professor afirma que a melhor maneira de se prevenir retração é ter uma higienização com técnicas e escova adequadas. “Com uma retração gengival instalada pode-se utilizar uma técnica chamada Stillmam, que varre da gengiva em direção ao dente.” Para quem não tem retração, o professor indica a técnica chamada Bass, que consiste em segurar a escova com as pontas dos dedos em movimentos suaves e vibratórios.

    Cesar Neto lembra que, atualmente, com a longevidade cada vez maior é comum o aumento dos casos de retração gengival, por isso é muito importante a proteção das estruturas de suporte dos dentes e também as estruturas minerais, para que num momento mais avançado da vida elas tenham boa resistência.

    Ouça no player acima a entrevista completa do professor João Cesar Neto sobre retração gengival.

    Produção e Apresentação Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

  • As lentes e lâminas vendidas pela internet são feitas de resinas, material que não tem durabilidade, no máximo dois anos, pois sofrem desgastes com produtos abrasivos, como creme dental, por exemplo, e mancham fácil por serem porosos, podem causar irritações e infecções gengivais

    esta semana, o professor Claudio Luiz Sendik, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, alerta sobre os riscos da mais nova moda para se ter um os dentes mais brancos e uniformes. A compra de lentes de contato dentais pela internet.

    O professor lembra que lentes de contato dentais são lâminas de cerâmica muito finas, altamente resistentes, que são colocadas nos dentes e servem para corrigir forma, tamanho e cor.  “Também podem ser feitas em pequenos fragmentos, sempre coladas aos dentes e não mudam de cor. São indicadas para dentes com pequenas variações de cor, quebrados ou com muitas resinas. As lâminas são feitas em laboratório e especificamente para cada paciente. Quando sua espessura é maior, ela  é denominada lâmina. 

    O professor diz que são coladas com cimentos específicos usados em odontologia e é necessário a atuação do dentista. “As lentes para serem coladas precisam da superfície do dente tratada e isolada para não ter umidade e todo cimento, que possa ter entre os dentes ou no espaço da gengiva, tem que ter removido para que ele não funcione como um tártaro, o que pode provocar grandes irritações ou até mesmo infecções gengivais.”

    Com as lentes adquiridas na internet não é possível ter todos esses cuidados. “As lentes e lâminas vendidas pela internet são feitas de resinas, material que não tem durabilidade, no máximo dois anos, pois sofrem desgastes com produtos abrasivos, como creme dental, por exemplo, e mancham fácil por serem porosos. Com isso, os riscos são vários, elas se soltam, sofrem infiltrações, os contornos podem ficam com excesso, o que com a escovação ou ao passar fio dental podem levar à sangramento, o que vai causar mais dano do que beneficio.

    O professor ressalta que para se ter sempre os dentes branquinhos e uniformes é importante manter a higienização e visitar o cirurgião-dentista de 6 em 6 meses, seguindo todas as orientações do profissional.

    Produção e Apresentação Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

  • Com isso, o professor Giuseppe Alexandre Romito, da Faculdade de Odontologia da USP, acredita que o melhor é levar à população um parâmetro para o tempo de utilização do instrumento

    No episódio anterior, o professor Giuseppe Alexandre Romito, da disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia (FO) da USP em São Paulo, falou da importância da substituição da escova de dente de preferência todo mês. Essa afirmação causou reações em alguns ouvintes, que questionaram a falta de evidência científica para essa afirmação. Em resposta o professor Romito esclarece que não existe na literatura científica dados robustos que indiquem com qual frequência deve-se trocar uma escova de dentes. “As poucas informações disponíveis estão baseadas em dados de estudos realizados pela indústria o que, na maioria, carece de uma avaliação independente.”O professor diz, ainda, que “o parâmetro mais frequentemente utilizado para indicar a troca de uma escova de dentes é baseado na deformação das cerdas das escovas, ou seja, a partir do momento em que as cerdas se “abrem”. “Teoricamente as escovam perderiam a sua efetividade em remover o biofilme bacteriano (placa bacteriana), porém, mesmo assim não temos evidências científicas que comprovem esta afirmação.”Romito lembra que “infelizmente, muitas vezes não há evidência científica para todas as questões, talvez a melhor indicação de troca de uma escova de dentes seja quando ela apresente as cerdas deformadas (pouco, muito, também não sabemos) e/ou quando não seja mais possível ter as cerdas livres de mofos ou resíduos”.Entretanto, questiona Romito, “é melhor darmos para a população um parâmetro mais objetivo ou ficarmos com um mais subjetivo, porém que leve à utilização de um instrumento que pode não estar sendo efetivo?”

    Produção: Rosemeire Talamone

    Apresentação: Robert Siqueira

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

  • E a escova para a higiene bucal deve ser macia e com as cerdas todas na mesma altura, segundo professor da Faculdade de Odontologia da USP

    Esta semana, o professor Giuseppe Alexandre Romito, da disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia (FO) da USP em São Paulo, fala sobre a escolha da escova dental para a nossa higiene bucal, qual o melhor produto e quanto tempo dura. 

    O professor informa que a melhor escova de dente tem características básicas, como boa empunhadura, que mantenha firmeza e não escorregue, com a cabeça pequena e as cerdas na mesma altura e sempre macias, nunca as duras ou médias, mesmo elas existindo no mercado. “Nada de escovas com cerdas com diferenças na altura ou tridimensionais.”

    Segundo Romito, não existe uma específica que é a melhor do mercado, mas sim aquela que a pessoa mais se adapta e que remova a placa bacteriana. Sobre a troca da escova, a professor diz que ela deve ser feita de preferência a cada mês, no máximo a cada dois meses.

    Produção: Rosemeire Talamone

    Apresentação: Robert Siqueira

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

  • Traumas dentais também podem causar escurecimento da coroa dental, portanto é importante sempre procurar um cirurgião-dentista para avaliar o caso

    No podcast desta semana a professora Mary Caroline Skelton-Macedo, mais conhecida como professora Maine, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP em São Paulo responde ao questionamento de um ouvinte. O ouvinte conta que fez um tratamento de canal, ou seja, endodôntico, e o dente tratado ficou escuro e ele quer saber o motivo disso. 

    Segundo a professora Maine, isso ocorre porque algumas substâncias utilizadas para o tratamento de canal pode escurecer a coroa do dente, mas alerta que atualmente existem substâncias que não têm mais esse efeito. Sobre a possibilidade do dente voltar a ficar na cor original ou próximo disso, o paciente precisa fazer um tratamento de clareamento dental, com supervisão do cirurgião dentista. “Se for mesmo o tratamento endodôntico o causador desse escurecimento, o cirurgião dentista terá que fazer esse tratamento também dentro da coroa.”

    Outra dúvida levantada pelo ouvinte é se o dente fica mais fraco com o clareamento e a professora informa que estrutura dental fraca é resultado do comprometimento do dente por cárie, da remoção do tecido careado e da restauração. “Na verdade o clareamento só vai ser estabelecido se houver estrutura para clarear que justifique, e isso não será um causador de fratura.”

    Maine, volta a dizer que existem agentes metálicos que causam escurecimento, assim como agentes orgânicos e outros componentes de substâncias químicas. “Procure sempre um bom cirurgião-dentista que possa orientar sobre todos os aspectos relacionados ao dente específico e lembre-se que  trauma dental também pode escurecer a coroa e ser um facilitador de problema endodôntico, por isso é necessário ficar atento sobre a causa do  escurecimento, portanto dependendo dela, o tratamento será diferente.”

    Produção: Rosemeire Talamone

    Apresentação: Robert Siqueira

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

  • Com o avanço da implantodontia no Brasil, cada vez mais pessoas que perderam um ou mais dentes optam pelo procedimento. Com isso, surgem dúvidas sobre quem pode se submeter ao implante, a durabilidade e até do que é feito o dente ou dentes de um implante. Para responder essas e outras questões enviadas por um ouvinte, o Momento Odontologia desta semana conversou com o professor Marcelo Munhóes Romano, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, em São Paulo.

    Ao responder do que é feito um implante, o professor diz que é importante lembrar que, assim como os dentes naturais, os dentes implantados são divididos em parte coronária e parte radiculária, ou seja, a raiz e a coroa. A coroa é aquela parte que se enxerga na boca e a raiz onde fica a sustentação do dente. “No implante a raiz é feita do metal titânio em formato de um parafuso, já a parte coronária, quer dizer, a prótese sobre o implante pode ser feita de diversos materiais, como por exemplo,  cerâmicas e a zircônia.  Atualmente a novidade são as resinas impressas em impressora 3D. 

    O professor afirma que toda ausência dentária pode ser substituída por implantes, o que vai trazer a vantagem de não precisar unir o dente substituto aos dentes vizinhos ou não precisar desgastar os dentes vizinhos. “Os implantes são alternativas ao tratamento mais conservador e também trazem uma vantagem grande dos dentes ficarem isolados para higienização.” 

    Os cuidados com os implantes são basicamente os mesmos que se tem com os dentes normais. A prevenção, nesse caso, diz o professor, é a manutenção das condições bucais saudáveis, por isso uma boa higienização, utilizando as mesmas técnicas feitas com os dentes normais é muito importante, além das visitas regulares ao dentista. 

    Os implantes são planejados para não serem substituídos, para eles durarem, todavia, o que pode levar a uma possível substituição, são fatores relacionados à questão biomecânica, desgastes, por exemplo, questões biológicas, que não estão, lógico, no nosso planejamento, ou questões relacionadas a prótese, que nesse caso são retratáveis sem perder os implantes. 

    De acordo com o professor Romano, colocar implante não está relacionado à idade e sim a questão numérica.  “É claro que com a idade, a nossa reparação tecidual é mais lenta, o que deve ser levado em consideração na estratégia do tratamento, mas, não é uma contraindicação e sim um cuidado.”

    Produção: Rosemeire Talamone

    Apresentação: Robert Siqueira

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição: Rádio USP Ribeirão

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  • Esses adornos podem gerar diferentes tipos de problema, a depender do local onde são colocados. Na língua, por exemplo, além de uma chance maior de infecção ou dano local, eles estão associados às fraturas dos dentes, informa especialista

    O podcast desta semana recebeu a professora Mariana Minatel Braga Fraga da Faculdade de Odontologia (FO) da USP para falar sobre o uso de piercing na região da boca, como dentes, lábios e língua, e os possíveis prejuízos que eles podem causar para a região bucal, principalmente, se não receberem cuidado adequado. Por isso, em alguns países, como os Estados Unidos, o uso de piercing nesta região é contraindicado.

    Conta a professora que “os piercings podem gerar diferentes tipos de problema, a depender do local onde são colocados”. Na língua, por exemplo, além de uma chance maior de infecção ou dano local, eles estão associados às fraturas dos dentes. Na região dos lábios, os piercings estão associados com retrações gengivais, em função do trauma que acontece repetidamente entre o piercing e o tecido gengival. Já os que são colocados nos dentes se tornam um grande empecilho para a higiene do local.

    Além desses possíveis problemas, os piercings podem estar associados a problemas na fala, mastigação e em todas as funções orais. “Como ele é um objeto estranho e não usual, é possível que o corpo não se adapte. Caso isso ocorra e dure um longo período, “a recomendação é que se remova o piercing”.

    Produção e Apresentação: Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição Sonora: Gabriel Soares

    Edição Geral: Cinderela Caldeira

  • Ana Lídia Ciamponi conta que o uso de chupetas “está associado a uma série de problemas para o desenvolvimento da criança”, como má-oclusão, crescimento ósseo inadequado e funções orais comprometidas

    O uso da chupeta é bem comum entre as crianças e é visto pela família como uma das formas mais efetivas de acalmar os bebês. Mas a chupeta pode colaborar no desenvolvimento de alguns problemas para a saúde bucal, e não é recomendada por nenhum profissional, principalmente após os dois anos idade. Os possíveis prejuízos desse hábito e as melhores formas de retirá-lo das crianças é o tema desta semana.

    Professora da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, Ana Lídia Ciamponi conta que o uso de chupetas “está associado a uma série de problemas para o desenvolvimento da criança”, como má-oclusão, crescimento ósseo inadequado e funções orais comprometidas.

    “Sempre é possível retirar a chupeta, já que quem oferece é a mãe”, ressalta Ana Lídia. É possível, também, amenizar os prejuízos provocados na saúde bucal da criança. Para isso, é recomendado o uso moderado da chupeta, que deve ser utilizada quando a criança for dormir ou quando estiver estressada ou agitada.  

    A professora diz que, para retirar o hábito, a família deve observar pontos importantes e, principalmente, não utilizar métodos punitivos, como colocar substâncias amargas na chupeta ou retirá-la sem a aprovação da criança. “É preciso que os pais trabalhem com um reforço positivo e com muita conversa, para que elas entendam a importância de deixar a chupeta”, finaliza.

    Produção e Apresentação: Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição Sonora: Gabriel Soares

    Edição Geral: Cinderela Caldeira

  • Hoje recebemos a professora Neide Pena Coto, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, para falar sobre reabilitação protética em algumas das principais cirurgias feitas na face, como maxilectomia, mandibulectomia e glossectomia.

    Apesar dos nomes complicados, os procedimentos são bem comuns na odontologia. A maxilectomia é a retirada de parte ou de toda maxila “por um tipo de câncer ou lesão causada, por exemplo, por tiro ou arma branca”, enquanto a mandibulectomia corresponde à cirurgia de retirada total ou parcial da mandíbula e a glossectomia é a remoção parcial ou total da língua.

    Os procedimentos podem trazer alguns prejuízos para os pacientes, mas, apesar disso, Neide garante que é possível a reabilitação do paciente em todos esses casos, com a implantação de próteses, que “vão melhorar a sua qualidade de vida”. Além disso, a participação de fonoaudiólogos e psicólogos é essencial durante o processo.

    Produção e Apresentação: Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição Sonora: Gabriel Soares

    Edição Geral: Cinderela Caldeira

  • Especialista explica como o cirurgião-dentista pode ajudar as vítimas ao perceber sinais de violência doméstica durante um tratamento odontológico

    A violência doméstica é considerada um grande problema de saúde pública no Brasil. O problema é ainda mais grave para mulheres, crianças, adolescentes e idosos, que fazem parte do grupo mais vulnerável nessa questão, que atinge todas as classes sociais.

    Além disso, a pandemia de covid-19, que levou à necessidade de isolamento social, tem contribuído para um aumento no número de casos. Dados mais recentes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos mostram que o Brasil teve mais de 105 mil denúncias de violência contra a mulher em 2020. 

    Em entrevista ao podcast ,o professor Rodolfo Francisco Haltenhoff Melani, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, explicou que “o cirurgião-dentista tem um papel importante na detecção de uma das pontas do problema, as lesões físicas”. Isso porque, durante as consultas de tratamento odontológico, “é possível observar o comportamento e os sinais físicos decorrentes da violência”.

    Mas nem sempre é simples identificar esses sinais, pois muitas vezes, diz o professor, o próprio agressor impõe uma série de barreiras de acesso à vítima, “acompanhando-a em todas as consultas, respondendo perguntas dirigidas a ela, simulando situações para a agressão, coagindo a vítima para que ela se cale ou minta sobre o que aconteceu ou alegando um acidente doméstico”.

    “Sinais como hematomas, contusões ou lacerações na face, na cavidade oral, chamados ferimentos orofaciais, podem ser considerados sinais relacionados à violência”, diz. Além deles, lesões mais específicas, lábios machucados interna ou externamente, mobilidade ou fratura de dentes decorrente de trauma, a língua apresentando lacerações, “também podem ser considerados fortes sinais da violência”.

    Em casos de violência doméstica, conta Melani, o primeiro passo é o acolhimento da vítima. Por conta da sensação de impotência, que é bastante comum nesses casos, é preciso ter cuidado durante a abordagem profissional, até mesmo para pensar no melhor tratamento a ser implementado, principalmente porque em casos como esses a cabeça e a face são bastante atingidas.

    “O encaminhamento para outros profissionais é outro passo importante”, destaca. “Temos como consequência o transtorno de estresse pós-traumático, que deve ser acompanhado”, reforça o professor, que ainda complementa, ressaltando a importância de um aconselhamento psicológico, suporte socioassistencial e jurídico, além de denunciar os fatos, para inibir e punir o agressor.

    Conta Melani que, para fazer a denúncia, a ferramenta oficial utilizada pelos profissionais da saúde é a notificação compulsória, produzida pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), que deve ser preenchida pelo profissional, identificando as lesões, e encaminhada às autoridades competentes.

    “A notificação da violência doméstica vai contribuir para o dimensionamento da questão, evitando novos traumas físicos, psicológicos e até mesmo a morte das vítimas”, destaca. Além disso, para o professor, é importante que o tema seja cada vez mais discutido durante a graduação, “para que os futuros profissionais tenham um maior conhecimento do assunto”.

    Para denunciar um caso de violência doméstica, a vítima, ou alguém próximo a ela, que saiba da situação, pode ligar no Disque 100, no Ligue 180 ou, então, para o 190.

    Produção e Apresentação: Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição Sonora: Gabriel Soares

    Edição Geral: Cinderela Caldeira

  • A orientação para esse uso faz parte do protocolo de diversas associações odontológicas e agências de saúde e ainda não há evidência para respaldar a recomendação de uso dos enxaguatórios para evitar a contaminação pelo novo coronavírus

    Como já abordamos no podcast Momento Odontologia, os enxaguatórios bucais são importantes instrumentos para a complementação da higiene bucal. Mas poucos sabem que esses produtos também são essenciais no atendimento odontológico. Quem explica os motivos dessa importância no Momento Odontologia desta semana é o professor Cláudio Mendes Pannuti, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP. 

    Segundo Panutti, para explicar o motivo, é importante comentar que uma das vias de contaminação cruzada no consultório odontológico é pelo aerossol. O aerossol é gerado pelo spray da caneta de alta rotação, o popular “motorzinho”, e pelo ultrassom, entre outros aparelhos. O spray desses aparelhos pode se misturar à saliva, sangue e outras secreções bucais do paciente, que contêm vírus e bactérias, assim, o aerossol gerado, frequentemente, contém micro-organismos, que ficam suspensos no ar por horas. “Esses micro-organismos suspensos podem ser aspirados ou entrar em contato com a mucosa dos olhos, podendo causar infecção nos pacientes e na equipe odontológica.”

    Por isso, afirma o professor, há evidência de que bochechar com enxaguatório antes de um procedimento reduz a quantidade de micro-organismos na boca e a chance de contaminação cruzada no consultório dental, além de reduzir também o risco de uma infecção no local, por exemplo, após uma cirurgia bucal. O professor lembra que o uso do enxaguatório faz parte do protocolo de diversas associações odontológicas e agências de saúde, como o Centers for Disease Control and Prevention (CDC). 

    Ambiente hospitalar

    Já no ambiente hospitalar, o professor diz que há estudos que mostram que certos antissépticos bucais, como clorexidina, por exemplo, reduzem o risco de pneumonia hospitalar, relacionada à ventilação mecânica. Nessa situação, o antisséptico é aplicado por profissionais, que usam escovas de dente, gaze ou swabs para passar o produto nos dentes e mucosas bucais. “Isso ocorre porque o uso de clorexidina reduz a quantidade de bactérias na boca, que de outra maneira poderiam ser aspiradas.”

    Sobre os enxaguatórios mais indicados no consultório, Pannuti diz que existem diversos princípios ativos. Clorexidina, cloreto de cetilpiridínio e óleos essenciais que são indicados para bochechos pré-procedimento, ou seja, antes do atendimento odontológico. “Já no ambiente hospitalar, a substância com maior evidência de eficácia para reduzir o risco de pneumonia hospitalar é a clorexidina.”

    O professor encerra afirmando que alguns estudos de enxaguatório pré-procedimento são da década de 1960 e 1970, mas que não existe nenhuma evidência para respaldar a recomendação de uso dos enxaguatórios para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.

    Produção e Apresentação: Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição Sonora: Gabriel Soares

    Edição Geral: Cinderela Caldeira

  • No Dia Mundial da Saúde Bucal (20/3), a professora Ana Estela Haddad, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, faz um balanço sobre o avanço da saúde bucal do brasileiro e da odontologia no Brasil, país com maior número de dentistas no mundo.

    Como todos sabem, uma boa saúde bucal é essencial para a saúde como um todo. Para evitar problemas de saúde dos mais simples até os mais graves, manter uma boa higiene bucal também é primordial.  E foi pensando nisso que a Federação Dentária Internacional (FDI) instituiu, em 2007, o Dia Mundial da Saúde Bucal, comemorado no dia 20 deste mês.

    No relatório final de conferência paralela a outro evento que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, ficou estabelecido que a saúde bucal é parte integrante da saúde geral do indivíduo e está diretamente relacionada às condições de alimentação, moradia, trabalho, renda, meio-ambiente, como também ao acesso aos serviços de saúde e à informação, sendo responsabilidade e dever do Estado a sua manutenção.

    Como anda a saúde bucal do brasileiro depois dessas iniciativas? Para responder a essa pergunta, o Momento Odontologia desta semana convidou a professora Ana Estela Haddad, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP. Para a professora, temos o que comemorar no Dia Mundial da Saúde Bucal.  Ana Estela relembra que dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostraram que em 1998 aproximadamente 19% da população brasileira nunca tinha ido ao dentista. Já em 2008, dez anos depois, esse porcentual caiu para 11%, “com a inclusão de 22 milhões de brasileiros com acesso ao atendimento odontológico”. 

    Além disso, segundo dados de 2018 do Conselho Federal de Odontologia (CFO), o Brasil é o país com maior número de dentistas no mundo, com mais de 312,4 mil profissionais da área. “A odontologia brasileira é mundialmente reconhecida”, destaca a professora, que ainda recorda que o Brasil alcançou a 2° colocação em produção científica mundial, relacionada à área de odontologia.

    Ações de saúde bucal na atenção básica 

    O Brasil ainda implantou, em 2004, a Política Nacional de Saúde Bucal, que envolveu a ampliação do acesso às ações e serviços de saúde bucal na atenção básica, com a inclusão das equipes de saúde bucal na estratégia de saúde da família e a criação dos centros de especialidade odontológica. Números mais atuais mostram que são, aproximadamente, 24 mil equipes de saúde bucal e 1.120 centros de especialidade odontológica no País. “Sem dúvida, a criação do acesso impactou positivamente os indicadores de saúde bucal.”

    Dados do IBGE de 2019 mostram que 34 milhões de brasileiros, com mais de 18 anos, perderam 13 dentes ou mais, e 14 milhões de pessoas perderam todos os dentes. Na mesma pesquisa, o IBGE apontou que menos da metade dos brasileiros consultou um dentista nos 12 meses anteriores ao levantamento.

    A professora reconhece que a oportunidade de fazer com que todo conhecimento e evidências científicas produzidos no Brasil sejam revertidos em impacto positivo e relevância social “está na adoção do modelo de atenção à saúde do SUS e na inclusão da saúde bucal neste modelo”. Conta a professora que a abordagem populacional, o fortalecimento das ações de saúde bucal na atenção básica e a atuação a partir da demanda populacional “é o que pode conduzir o País à melhora da saúde bucal da população”.

    Nesse caso, as políticas de prevenção à cárie podem ajudar o País a mudar esse cenário, já que “se tem evidências que possamos agir, no nível individual e coletivo e de políticas públicas, para que cada criança cresça sem cárie”, afirma Ana Estela. A professora conta que diversas pesquisas comprovam que o açúcar de adição representa um fator de risco comum, tanto para cárie quanto para doenças crônicas não transm

  • A gravidez é um momento de muitas dúvidas por parte da gestante, tanto com ela quanto para o bebê. Cuidar da saúde em geral é fundamental para a mãe e para a criança, e a saúde bucal, especialmente, é muito importante neste momento. 

    Os cuidados com a saúde bucal da mulher grávida são os mesmos de qualquer pessoa, mas é preciso se atentar a algumas questões específicas. Quem garante é a professora Mariana Minatel Braga Fraga, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, convidada do programa Momento Odontologia desta semana.

    “É preciso focar no controle da higiene bucal, para evitar a cárie e a doença periodontal, doenças comuns durante a gestação, e,ainda, no controle da dieta”, explica a professora. Essas doenças são comuns na gravidez, porque as gestantes costumam se alimentar mais, principalmente alimentos doces. Mariana ainda alerta que “é importante cuidar para que isso não se exceda ao longo do dia”.

    Os dentes durante a gravidez

    É comum que os dentes da mulher sofram algumas alterações durante o período de gestação, mas a professora ressalta que esses problemas não têm relação com a gravidez em si. Segundo Mariana, os dentes estão sempre passando pela desmineralização e remineralização, processo que ocorre naturalmente e não em função da gravidez. “Um desequilíbrio nesse processo, causado pelo biofilme presente sobre a superfície dos dentes, leva a alterações. Na gravidez, isso acontece porque a grávida come mais vezes, especialmente alimentos açucarados.”

    Diferente do que muitos pensam, a gravidez não enfraquece os dentes, garante Mariana. Essa história “não passa de um mito”, ressalta. Ela ainda destaca que “o bebê não rouba o cálcio ou os minerais do dente da mãe”. A explicação, diz a professora, é a gestante ter cárie pela alteração nos hábitos alimentares e o consequente processo de desmineralização e remineralização.

    Riscos para o bebê

    A cárie dentária durante a gravidez não prejudica diretamente o bebê, mas pode estar relacionada a algumas questões que precisam ser acompanhadas por um profissional. A cárie pode liberar substâncias na corrente sanguínea, que são capazes de alterar a contração uterina e induzir a um parto prematuro. “O mesmo acontece com doenças periodontais, portanto, é necessário o acompanhamento, mesmo antes do período de gravidez.”

     Mau hálito

    Segundo a professora, a gravidez não tem relação direta com o mau hálito, mas algumas situações que a mulher enfrenta, sim. Entre as condições estão a xerostomia, mais conhecida como boca seca, a ingestão frequente de alimentos, especialmente os adoçados, e falta de higienização correta. Mariana ainda explica que, por conta do forte enjoo, muitas grávidas não conseguem fazer a higienização da língua, o que também pode favorecer o mau hálito.

    Anestesia

    Muito se fala que a grávida não pode tomar anestesia, mas, se necessário, “ela deve tomar anestesia”, destaca Mariana. “Se a grávida precisar de algum procedimento que possa gerar dor é preciso anestesiar, porque é muito mais danoso para ela sentir dor do que tomar anestesia.”

    Produção e Apresentação: Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição Sonora: Gabriel Soares

    Edição Geral: Cinderela Caldeira

    E-mail: [email protected]

  • Além de pacientes internados, no ambiente hospitalar podem ser atendidos aqueles com problemas comportamentais ou graves de saúde, que não podem ser atendidos em consultórios odontológicos convencionais, ou que possam precisar de algum outro auxílio mais urgente

    A chamada odontologia hospitalar, como o próprio nome diz, é a prática odontológica dentro do âmbito hospitalar, seja ele um hospital ou uma clínica, como as de oncologia, por exemplo. E ela pode aparecer em diversas situações no nosso cotidiano, como explica a professora Karem Lopes Ortega, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, no podcast Momento Odontologia desta semana. 

    “A prática da odontologia hospitalar pode ser feita em pacientes com problemas comportamentais ou graves de saúde, que não podem ser atendidos em consultórios odontológicos convencionais, ou que possam precisar de algum outro auxílio mais urgente”, explica a professora. 

    Odontologia hospitalar em UTI

    Pacientes em UTI ou CTI, que apresentem quadros de urgência odontológica ou pessoas que se envolveram em graves acidentes físicos ou que apresentam uma infecção bucal, também podem receber o auxílio de um cirurgião-dentista dentro do hospital. 

    A professora ressalta que o atendimento ou o tratamento odontológico pode ser feito em qualquer ambiente, mas requer algumas mudanças, já que o local não conta com todos os equipamentos de um consultório dentário convencional. “O maior diferencial para atender o paciente na UTI é o cirurgião-dentista, que tem que estar capacitado para esse atendimento.”

    Qualidade de vida do paciente internado

    Karem destaca que o cirurgião-dentista pode praticar qualquer tipo de atendimento, seja no hospital ou na clínica, tudo dependerá do ambiente em que o profissional está inserido. Então, “se o dentista estiver em um hospital de oncologia, o foco está voltado para melhorar a qualidade de vida do paciente”, mas, de uma forma geral, o profissional deve intervir “em qualquer situação de dor ou infecção”. 

    Para a professora, “existe sempre a necessidade de ter atendimento odontológico em um hospital, já que o paciente não pode sair do local”. Segundo ela, se o paciente sentir dor ou tiver uma infecção, ele precisa ser tratado, pensando na sua qualidade de vida, já abalada por uma internação. 

    A professora contou como é o trabalho e a rotina de um cirurgião-dentista que atua dentro do ambiente hospitalar e que não há especializações nessa área, mas “cursos de habilitação para esses profissionais”.

    Produção e Apresentação: Rosemeire Talamone

    CoProdução: Alexandra Mussolino de Queiroz (FORP), Letícia Acquaviva (FO), Paula Marques e Tiago Rodella (FOB)

    Edição Sonora: Gabriel Soares

    Edição Geral: Cinderela Caldeira

  • Período de quarentena pode ter ligação com problemas bucais, como cáries e até mesmo perda de dentes.

    A pandemia de covid-19 nos impôs uma série de restrições e medidas preventivas contra a doença. Mas além de se cuidar contra o vírus, manter uma boa higiene bucal também se tornou uma tarefa essencial. É que a covid-19 pode ter relação com doenças bucais, como explicou a professora Marinella Holzhausen Caldeira, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, no programa desta semana. 

    Segundo Marinella, “a cavidade bucal e a superfície da língua são importantes reservatórios para o novo coronavírus”, o que torna a higiene bucal ainda mais necessária para pacientes saudáveis ou com covid-19, para, pelo menos, “diminuir a carga viral, a quantidade de vírus presente na boca”. 

    Entre os principais problemas bucais que podem aparecer por conta da pandemia de covid-19 estão a cárie dental, a doença periodontal e a perda de dentes. Estes problemas estão ligados a alguns fatores, como o estresse, o medo e a preocupação com a saúde. 

    As mudanças de rotina, as alterações nos padrões de sono, higiene e alimentação, além de um possível aumento de consumo de cigarros e bebidas alcoólicas, também contribuem para isso. “Todos esses fatores podem prejudicar a saúde geral das pessoas e afetar a saúde oral.” 

    Evitar problemas como esses pode não ser tarefa fácil. Para isso, é preciso “tentar manter uma rotina mais semelhante à rotina normal”, o que significa ter horários regulares para alimentação, sono e exercícios, e uma higienização correta da boca. Também é preciso evitar alimentos ricos em açúcar e a ingestão de grande quantidade de bebidas alcoólicas, além de priorizar uma alimentação mais saudável. 

    Pacientes infectados pelo novo coronavírus devem tomar cuidados especiais, principalmente, para proteger as pessoas mais próximas. “Não se deve colocar escovas dentais dos membros da família em um mesmo recipiente nem utilizar o mesmo tubo de pasta dental entre eles”, alerta a professora. Além disso, pacientes com covid-19 devem trocar a escova dental ao término da infecção, já que o vírus pode permanecer vivo em superfícies por até 72 horas. 

  • Entre os sintomas presentes na DTM estão a dor na face, ou na região da articulação temporomandibular, que faz a conexão da mandíbula com a cabeça; dificuldade e dor na abertura da boca; crepitação, que é a sensação de ter areia nessa articulação; dores na lateral da cabeça frequentes e a dificuldade na mastigação. Nem toda pessoa que tem bruxismo tem DTM

    A Disfunção Temporomandibular, também conhecida como DTM, não é muito comum ao público em geral, mas pode trazer uma série de problemas na região mandibular, aquela que fica na face e é uma das responsáveis pelo movimento da nossa boca. 

    Além disso, a pandemia de covid-19 pode ter uma ligação direta com essa condição, além de prejudicar e trazer problemas para os movimentos da mandíbula. É o que conta o pesquisador Fernando Rodrigues de Carvalho, do Laboratório Especial de Laser em Odontologia (Lelo) da Faculdade de Odontologia (FO) da USP, no Momento Odontologia desta semana.

    “A DTM tem forte associação com estresse e, neste momento de pandemia, em que estamos sob forte estresse, seja por medo ou por insegurança quanto ao contágio, ou até mesmo por questões sociais, com perda de emprego e renda, isso pode ocasionar um aumento na tensão muscular, na região da face, ocasionando a dor”, destaca Carvalho. 

    Entre os sintomas presentes na DTM estão a dor na face, ou na região da articulação temporomandibular, que faz a conexão da mandíbula com a cabeça; dificuldade e dor na abertura da boca; crepitação, que é a sensação de ter areia nessa articulação; dores na lateral da cabeça frequentes e a dificuldade na mastigação. 

    O professor ressalta que “existem vários fatores que ocasionam a disfunção temporomandibular”. Um dos motivos seria um trauma direto na região da articulação. Fatores emocionais, como estresse, ou sistêmicos, como uma artrite reumatoide, também podem ocasionar o problema. Além disso, o professor ressalta como possível fator hábitos parafuncionais, como o bruxismo. Mas ele alerta que uma doença é diferente da outra. “A pessoa que tem bruxismo não necessariamente tem DTM”, frisa. 

    A DTM pode trazer algumas consequências para o paciente, como a diminuição na capacidade de realizar atividades, como mastigação, deglutição e fonação. “Mas, além disso, ela ainda prejudica na qualidade do sono, diminui a capacidade laboral, ocasionando um quadro depressivo, diminuindo a qualidade de vida”, alerta Carvalho. 

    Para evitar a doença, o professor destaca que o importante é ter uma vida saudável, controlando o estresse e tendo hábitos saudáveis de alimentação, além de praticar exercícios físicos e ter boa qualidade e tempo de sono. 

    Por ter vários fatores que podem ocasionar o problema, também existem vários tipos de tratamento, “isso vai depender do tipo da Disfunção Temporomandibular que o paciente apresenta”, ressalta o professor. Entre os tratamentos mais populares estão o uso de relaxantes musculares, a terapia comportamental cognitiva, que ajuda a diminuir o estresse, o uso de placas interoclusais, que são placas que ficam entre os dentes, e a terapia a laser. 

    Para Patrícia Moreira de Freitas, professora do Departamento de Dentística e coresponsável pelo Laboratório Especial de Laser em Odontologia (Lelo) da FO-USP, o uso de laser é um dos mais recomendados. É que, “com essa fonte de luz, nós conseguimos realizar a terapia de fotobiomodulação, capaz de promover analgesia, modulação de processo inflamatório e acelerar o processo de cicatrização”, destaca ela. Por conta disso, o paciente apresenta menos dor e também aumenta e melhora a amplitude dos movimentos de mandíbula. 

    A terapia por laser é oferecida tanto no serviço público quanto no privado, mas a professora destaca que “é importante entender que ela não pode ser feita de forma

  • Especialista fala sobre os benefícios e cuidados que pacientes precisam ter, além de destacar que, com o aumento da expectativa de vida, somado ao estilo de vida mais ativo das pessoas na terceira idade, a busca pelo tratamento ortodôntico nessa faixa etária tem aumentado bastante nos consultórios

    É comum escutar que os tratamentos ortodônticos, como a fixação de aparelhos, por exemplo, devem ser realizados durante a infância ou adolescência, já que se tem a impressão que, quanto mais velho a pessoa fica, há menos chances de o tratamento dar certo. Mas isso não é verdade.

    “É possível, sim, colocar aparelho ortodôntico em qualquer idade”, diz a professora Lylian Kazumi Kanashiro, da Faculdade de Odontologia (FO) da USP. O aparelho ortodôntico no adulto pode ser indicado em muitas situações, seja para melhorar a estética, nos casos em que o paciente perdeu um dente, ou então para buscar uma mordida mais equilibrada.

    A professora explica que existem algumas diferenças no tratamento ortodôntico de um adulto para o de uma criança ou adolescente. A primeira diz respeito à complexidade do problema, já que, “na criança, a oclusão ainda está em desenvolvimento, então, ela tende a ser menos complexa”. 

    Já a segunda diferença acontece nas situações em que o desvio da mordida não está relacionado somente à posição errada dos dentes. Às vezes, o problema pode estar em uma ou nas duas bases ósseas que seguram os dentes, que são a maxila e a mandíbula. “Em adultos, não é possível contar com o crescimento. Então, se for preciso corrigir a maxila ou a mandíbula, terá que ser feito por meio de cirurgia ortognática”, explica a professora. 

    Lylian destaca que, para que o paciente adulto inicie um tratamento ortodôntico, é fundamental que a gengiva e o osso que seguram os dentes estejam saudáveis, porque “não se deve realizar movimentos dentários enquanto existir uma doença periodontal ativa”. 

    Além disso, ressalta que o tempo de uso do aparelho é praticamente o mesmo, independentemente da faixa etária. “Os principais fatores que interferem no tempo do tratamento são a complexidade do caso, o objetivo do tratamento e a colaboração do paciente”, destaca Lylian, que ainda acrescenta que quebras e perdas do aparelho, faltas às consultas e o uso inadequado de elásticos também são fatores que alteram diretamente o tempo do tratamento. 

    Os cuidados que o paciente adulto deve ter durante o tratamento ortodôntico são os mesmos das crianças e adolescentes. No caso dos dentes, o objetivo tem que ser a prevenção de cáries, manchas permanentes no esmalte dos dentes e de perdas ósseas. O paciente também deve evitar alimentos e bebidas com açúcar e carboidratos entre as refeições principais. Quanto aos cuidados com o aparelho, o objetivo deve ser evitar a quebra dos aparelhos fixos. “Para isso, o paciente deve evitar alimentos com consistência dura, colocar os alimentos na boca em porções pequenas e criar o hábito de comer devagar, para que a força mastigatória não exerça uma pressão excessiva e quebre os bráquetes”, destaca a professora. 

    Outra questão abordada é se a falta de dente impede a colocação de um aparelho ortodôntico. Lylian afirma que não e que a ortodontia pode influenciar positivamente esses pacientes. “No caso em que foram perdidos um ou mais dentes, pode-se planejar o fechamento total do espaço existente ou regularizar os espaços para a recolocação mais adequada de uma prótese ou implante”, explica a professora. Ela ainda diz que os planejamentos dos casos com perdas dentárias são realizados em conjunto com dentistas de outras especialidades. 

    Pacientes idosos também podem realizar tratamento ortodôntico. “Com o aumento da expectativa de vida, somada ao estilo de vida mais ativo das pessoas na terceira idade, a busca pelo tratamento ortodôntico tem aumentado bastante nos consultórios”, destaca Lylian. É que como e