Episoder

  • Na última página do livro Não Pai de Daniel Blaufuks, está escrito: no way to say goodbye, fazendo referência à morte de Leonard Cohen. Haverá forma de dizer adeus quando ficou por dizer tudo o resto? Daniel Blaufuks, nascido em Lisboa, conta com um portfólio artístico documentado em fotografia, filme e livro. Interessa-se pela relação entre o tempo e o espaço e, também, pela documentação da memória pública e memória privada. Não pai, editado em novembro em 2019, é um livro escrito após a morte do pai do autor, e é um trabalho sobre o abandono, sobre o exílio, sobre a perda e sobre a contínua procura de uma fotografia que não existe: a do seu pai a seu lado. No último parágrafo do livro, Daniel pergunta: será que tudo passa menos o passado? Pode uma ausência ser mais presente do que uma presença? Neste episódio, Ricardo Fernandes conversa com o autor sobre este livro, explorando temas sobre o luto pelo abandono e a importância da memória e da fotografia para integrar as perdas que vivemos ao longo da vida.

  • “Susan Sontag uma vez escreveu: o tempo existe para que não te aconteça tudo de uma só vez e o espaço existe para que não aconteça tudo somente a ti. Talvez uma metáfora para dizer que há dores que são grandes demais para nos chegarem inteiras. E no dor de um luto? Quanto tempo é tempo suficiente e como fica o espaço - dentro e fora de nós - quando perdemos alguém que amamos?

    A clínica do luto tem-se revelado importante para a facilitação da adaptação à perda. No episódio de hoje, Ricardo Fernandes conversa com a Dr.ª Alexandra Coelho sobre o luto enquanto eventual problema de saúde mental, abordando fatores de risco, manifestações de luto e de que forma o processo de luto é tão único quanto a pessoa que o vive.”

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  • Mais do que aquilo que está à nossa frente, o futuro é sempre aquilo que esteve atrás de nós. A humanidade é a continuidade do seu passado.

    A história enquanto disciplina académica, ajuda-nos na compreensão do quão dependente estamos dos outros e da forma como viveram antes de nós. As heranças, deixadas em testamento, são um exemplo claro disto mesmo: o futuro é um sintoma do passado. O legado que deixamos após a nossa morte foi o ponto de partida para pensar o episódio de hoje.

    Neste episódio, Ricardo Fernandes conversa com Miguel Aguiar, para nos ajudar a pensar e a descobrir alguns detalhes e curiosidades sobre os testamentos em Portugal ao longo da Idade Média.

    Miguel Aguiar é doutorado em História pela Universidade do Porto e pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne e especialista em História Medieval. É, desde 2021, membro do Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É investigador contratado no projeto Vincullum – Entailing Perpetuity: Familiy, Power, Identity. The Social Agency of a Corporate Body, liderado por Maria de Lurdes Rosa e financiado pelo European Reasearch Council.

  • Findada a primeira temporada de episódios apoiada pela fundação La Caixa, a Casa de Saúde da Idanha prossegue com este lugar de fala para nos respondermos – e também para nos perguntarmos – porque precisamos dos outros para sermos nós.

    Ricardo Fernandes continuará à conversa com convidados onde a morte, a perda, o luto, os cuidados paliativos e, sobretudo, a vida são o tema central de cada episódio.

  • “A minha mãe foi o meu primeiro país. O primeiro lugar em que vivi. Nayyairah Waheed escreveu este verso onde cabe uma das maiores dores de todas.

    A findar a primeira temporada deste podcast, Inês Meneses retorna ao lugar onde esteve no primeiro episódio. Desta vez, para falar na primeira pessoa sobre o seu processo de luto pela perda da sua mãe. Autora do livro de crónicas “O Coração Ainda Bate”, Inês confessa de forma intimista episódios de uma viagem de regresso a seu país, e à sua geografia que só ela conhece: a sua mãe. Embora não soubesse, algumas destas crónicas foram um caminho que fez para o seu luto. “As mães deviam viver para sempre!”, escreveu numa das suas partilhas no instagram, após a morte da sua. Talvez por isso, diga que “o coração da sua mãe bata agora dentro do seu.” Não é uma metáfora, é o pragmatismo maior da vida: quando se silencia um coração, resta o nosso a bater por ele.

    Inês Meneses é radialista, escritora e há 15 anos que assina a coautoria do projeto “O Amor é” com o psiquiatra Júlio Machado Vaz. Conduz entrevistas no programa “Fala com Ela”, da Antena1. Neste episódio, Ricardo Fernandes fala com ela sobre a vida e a morte, e o amor que pode acontecer nesse intervalo. O amor, esse substantivo que se pressente nas suas publicações e que está sempre lá quando a espaços fala da perda e do seu luto. Afinal de contas, o amor e a dor da perda, são duas faces da mesma moeda, são duas leituras do mesmo parágrafo.

  • As crianças, que têm todas as perguntas do mundo, lembram-nos que há respostas a menos para explicar o que muitas vezes os adultos não conseguem descrever. No entanto, para onde vão as coisas que perdemos?

    Os adultos tendem a proteger as crianças do impacto da perda de alguém significativo: adia-se a transmissão da má notícia, distorce-se a verdade, veda-se o acesso da criança ao velório ou ao funeral, evita-se chorar perto da criança. Enfim, tenta-se minorar o impacto da circunstância, partindo-se da crença errada de que as crianças não têm capacidade para entender a morte e o morrer, correndo-se o risco de as deixar sozinhas a viver sentimentos e pensamentos muito confusos.

    Para nos ajudar a entender um pouco melhor sobre o luto nas crianças, Sofia Figueiredo conversa com Ricardo Fernandes. É psicóloga clínica e da saúde, especialista em psicoterapia. É psicanalista de adulto e Psicanalista candidata de crianças e adolescentes da Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

  • A nossa última morada. É assim que chamamos ao lugar onde situamos quem morreu: os cemitérios. São lugares de contrastes, intensificados por aquele que é o mais óbvio de todos: a morte observada pelos vivos. São um lugar de respeito, de recordação, de saudades, de lamento, de assombro, mas também de expressão artística e arquitetónica, contendo um espólio e património cultural único. Em todo o caso, contam as histórias das suas aldeias e cidades e, paradoxalmente, da vida das suas pessoas.

    Mas qual a origem do espaço cemiterial e como é que evoluiu ao longo dos tempos até aos dias de hoje? Como serão no futuro? São diferentes nas demais geografias e difentes latitudes?

    Neste episódio, Ricardo Fernandes convidou Rafaela Ferraz para conversar sobre o espaço cemiterial numa perspetiva histórica, legal, estética, e regulamentar. É escritora, investigadora e coautora do livro “Death and Funeral Practices in Portugal”, publicado em 2022. Os seus interesses centram-se nas práticas funerárias portuguesas atuais e emerges e na sua evolução do ponto de vista legal e regulamentar.

  • Imaginemos um encontro entre dois estranhos. O que perguntar quando queremos conhecer alguém? E que resposta daríamos a essa pessoa se nos fizesse essa pergunta? Talvez respondamos o nosso nome, a nossa profissão, onde vivemos, qual a nossa terra natal, quais os nossos sonhos, o que fizemos e o que queremos ou desejamos fazer. Imaginemos, agora, que no encontro entre essas duas pessoas, uma delas vive com uma doença terminal. Mudaríamos a pergunta? Mudaríamos a resposta?Ricardo Fernandes, convida Miguel Julião para uma conversa entre dois conhecidos acerca da dignidade humana na vivência de uma doença terminal.

  • As nossas histórias contam quem somos. Nas narrativas de perda, tendemos a contar o que sentimos, o que vivemos e o que perdemos. Por outro lado, quando as ouvimos, apressamo-nos a consolar o outro, dizendo as nossas boas intenções: o tempo cura tudo; para a frente é que é o caminho; ainda és nova, podes ter outro filho; a vida é assim mesmo; tens que ser forte. Estas frases, embora bem intencionadas, raramente trazem conforto ou compaixão. São chamadas de microagressões e são mais vezes ditas e ouvidas nas formas de luto desautorizado que se refere, sobretudo, a perdas que não podem ser assumidas publicamente. Perdas em contextos de relações homossexuais ou extraconjugais, perdas de animais de estimação, perdas perinatais, ou perdas estigmatizantes, são exemplos de lutos desautorizados. A sua vivência é sempre solitária e em silêncio. Num luto desautorizado, perde-se a oportunidade de se contar a história de perda e de se conhecer a vida dessa pessoa. Porque é a contar as nossas histórias de perda que nos relembramos quem perdemos, ao mesmo tempo que dizemos ao mundo que alguém existiu. No episódio de hoje, Sara Martinho, conta-nos a sua história, dando-nos a oportunidade de conhecer o Manel. É Psicóloga Social e facilitadora em Educação não-formal com forte interesse em intervenção social, activismo e análise política em direitos humanos. Parte do seu trabalho académico incide na conclusão da sua tese de doutoramento que estuda as microagressões em saúde.

  • O vestuário de luto estabelece uma fronteira entre a expressão de uma dor privada e o anúncio público de que perdemos alguém que amamos. As regras sociais ditam o que devemos ou não vestir e, através da roupa, podemos dizer como nos sentimos através das cores que usamos. Nesta perspetiva, o preto realça-nos a morte, a perda, a tristeza, o pesar. Mas, para além da cor, que outras regras e tradições existem para o que vestimos quando enlutamos? É um hábito em desuso? Que mudanças foram acontecendo ao longo dos tempos? E que diferenças e semelhanças existem nas diferentes geografias?

    Neste episódio, Ricardo Fernandes convida Pedro Augusto para uma conversa onde se pretende enquadrar historicamente o vestuário de luto e as diferentes perspetivas sociais sobre a ritualização do luto.

    Pedro Augusto é doutorando em Filosofia na Universidade Nova de Lisboa e o seu trabalho de investigação centra-se no vestuário em Portugal no século XIX, incluindo as expressões de luto. Foi curador das coleções do traje e têxteis do Museu de Etnologia e Arte Popular desde 2006 a 2018 e centra parte do seu interesse na etnografia dos hábitos e costumes da vivência humana do luto.

  • Lucília Nunes é Enfermeira, é doutorada em Filosofia com agregação em Filosofia na especialidade de Ética, e foi vice-presidente do Conselho Nacional de Ética e Ciências para a Vida durante o 5º mandato (2015-2020). Coordena o departamento de Enfermagem da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, tendo um percurso profissional de relevância ímpar para a Enfermagem em Portugal. “E se eu não puder decidir” é o título do seu último ensaio que nos interroga acerca de vários aspetos éticos associados aos conceitos ao fim de vida. Neste episódio, Ricardo Fernandes e Lucília Nunes conversam sobre a vida em contraponto com a morte e sobre as perspetivas filosófica e bioética associadas. Abordam-se os extremos distnásia/eutanásia e os pressupostos que residem algures no intermédio, e que se referem aos cuidados paliativos.

  • Hugo Van der Ding, autor de “Vamos todos morrer”, habituou-nos às suas partilhas regulares de personagens que criou e que gozam com o absurdo do quotidiano. Neste episódio, conversamos com ele acerca de como é falar da morte no espaço público, usando o humor para relembrar os feitos daqueles que já cá não estão. Refletimos sobre a importância de cuidar da saúde mental e quais os desafios associados à procura de ajuda neste âmbito.

    NOTA: neste episódio, fala-se sobre o suicídio. Se tiver pensamentos suicídas ou conhecer alguém nesta circunstância, contacte um serviço de saúde. Disponibilizamos, também, os contactos da linha telefónica SOS Voz Amiga - linha de apoio emocional e prevenção ao suicídio: 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660.

  • Inês Meneses conversa com Ricardo Fernandes & Silvia Noné - dinamizadores do Projeto de Intervenção Precoce e Apoio no Luto - sobre o seu trabalho em cuidados paliativos. Abordam-se os desafios em trabalhar com pessoas em sofrimento, com a proximidade da morte, com as perdas anunciadas e destaca-se a importância de honrar a vida, celebrando-a.

  • Apresentado por Ricardo Fernandes, PORQUE PRECISAMOS DOS OUTROS PARA SERMOS NÓS é um lugar de diálogo que pretende gerar reflexões e perspetivas sobre temas como a morte, a doença, a perda e o luto, em contraponto com as diversas dimensões que a vida contém.

    É um podcast que está inscrito no Projeto de Intervenção Precoce e Apoio no Luto, desenvolvido pelas Irmãs Hospitaleiras | Casa de Saúde da Idanha, com o apoio da Fundação La Caixa no âmbito do Concurso de Projetos Inovadores de Intervenção em Cuidados Paliativos.