Episodes
-
Mais-valia é, talvez, um dos conceitos mais interessantes de Marx. É costume dizer que qualquer pessoa que já trabalhou na vida consegue entender Marx facilmente, e realmente, esse conceito de Marx é fruto da materialidade de sua análise. A mais-valia, resumida o máximo possível, é a diferença entre o custo do seu trabalho e o valor que ele gera ao empregador. Ou seja, se você produz para uma empresa um valor X, seu salário é uma fração desse valor. A diferença entre o valor produzido por você, e a porcentagem disso que você realmente recebe é a mais-valia. Numa sociedade onde fossem aplicados os conceitos desenvolvidos por Marx, cada trabalhador receberia um valor referente ao fruto de seu trabalho, ou seja, a lógica de “lucro” ao empregador não existiria. Existem dois tipos de mais-valia. A mais-valia absoluta por meio do aumento das horas de trabalho (mantendo o mesmo salário), e a mais-valia relativa que diminui o valor da força de trabalho. Um exemplo comumente utilizado para descrever a mais-valia é o seguinte: se você produz o necessário para pagar o seu salário em 4 horas de trabalho, tendo uma jornada de 8 horas, as 4 horas a mais são a mais-valia.
-
A globalização do capital é a base do chamado imperialismo, onde estados mais ricos e poderosos, entre aspas, expandem suas operações para outros países mais pobres ou menos poderosos, chamados de países perifericos. Essa expansão pode acontecer a partir da cultura. Por exemplo, o poder imenso que as produções de Hollywood tem pelo mundo inteiro. Tendo muito investimento dos Estados Unidos, esses filmes com grandes orçamentos acabam trazendo uma concorrência desigual para várias produções nacionais de países mais pobres, que não tem tanto capital para investir no próprio cinema. Isso acontece no Brasil. Se te perguntarem quais são seus filmes estado-unidenses favoritos dos últimos 5 anos, você facilmente fará uma lista. Agora, se fizerem a mesma pergunta, porém em relação aos filmes brasileiros, você provavelmente terá dificuldade de citar dois. Esse imperialismo cultural também influencia nosso jeito de ser, já que, através de seus filmes, os Estados Unidos vendem as ideias defendidas pela sua própria burguesia, o estilo de vida que eles acham correto, o famoso “american way of life” e sua própria idealização de como deve ser uma vida próspera, o famoso “American dream”.
Outra forma de imperialismo acontece quando uma grande marca se torna multinacional, e acaba ocasionando a falência de vários negócios menores e nacionais do país que recebeu essa grande marca. Fast foods falindo restaurantes, livrarias gigantes destruindo pequenas, enfim, isso é muito comum atualmente. Muitas vezes, por serem muito ricas, essas marcas grandes podem fazer promoções imbatíveis, vendendo produtos com prejuízo, só para sufocar e promover uma concorrência desigual com as concorrentes menores. Em alguns casos, a empresa maior pode acabar comprando as menores, as engolindo. Após se estabelecer, a empresa pode deixar de fazer as promoções imbatíveis e passar a vender seus produtos em preço normal. Mas, quando chegamos nesse ponto percebemos que é tarde demais, as empresas menores que antes existiam já não existem mais e dificilmente algum pequeno-burguês terá capital suficiente para ter preços competitivos com a grande marca, porque o pequeno-burguês não pode ter o luxo de ter prejuízo.
Outra forma de imperialismo, talvez a principal que vem à cabeça quando se pensa no termo, é a que acontece quando um país ou uma grande empresa de um país se estabelece em outro em busca de mão de obra mais barata, o que precariza a classe trabalhadora local, ou pelos recursos naturais de um país, como petróleo ou ouro, por exemplo. Existem empresas estrangeiras explorando recursos como o ouro atualmente no Brasil, as vezes, inclusive, sem autorização.
-
Missing episodes?
-
Presente em livros como o A Filosofia Alemã e o Manuscritos econômico-filosóficos de 1844, a teoria materialista fala sobre a necessidade de uma análise mais realística e pragmática do mundo ao redor. Social, política, histórica e economicamente. Se baseando nos conhecimentos científicos, por exemplo, ao invés de pensamentos idealizados ou utópicos.
Muitas pessoas acusam o comunismo de ser utópico, porém ele é o contrário disso, pois um bom comunista sempre faz uma análise com a materialidade em mente.
Para Marx não há um ser sem ideologia, pois todo mundo tem suas próprias visões de mundo e opiniões sobre a sociedade, esse “véu” que cobre nossa visão de mundo e faz ele parecer do jeitinho que a gente acha que é, é a ideologia. Por ser baseada na materialidade, a teoria marxista é acurada.
Uma falácia derrotada através do materialismo é a de que há um “determinismo geográfico”. Essa falácia tenta afirmar que a pobreza de certos indivíduos tem a ver com a sua localização no globo ou o clima de seu país. Com o conhecimento da existência das classes e de seu antagonismo, fica claro que a pobreza, seja do país que for, vem da desigualdade gerada pela classe burguesa em relação à classe trabalhadora.
-
A propaganda é algo muito importante para os marxistas. Espalhar o conhecimento da teoria é algo muito necessário e uma importante camada dos partidos marxistas, os chamados partidos de vanguarda. Eles são chamados assim porque estão na vanguarda de uma revolução. Portanto, seu objetivo não é necessariamente ganhar as eleições burguesas (ou seja, as eleições entre aspas democráticas existentes num contexto socialista) e sim propagar as ideias e preparar uma revolução socialista. Todo partido marxista exige o chamado “trabalho de base” que envolve a propaganda local e outras atividades práticas para a colaboração com o partido. Esse trabalho de base em massa é importante para desmentir e combater a propaganda anti-comunista, fortemente financiada pelos capitalistas, a se disseminar ainda mais.
-
Luta de classes é o termo utilizado para descrever o antagonismo, insolucionável numa sociedade capitalista, entre a burguesia (detentora do capital e dos meios de produção) e o proletariado (a chamada classe trabalhadora). Existe a falácia de que burguês é a pessoa com certa qualidade de vida elevada. Ou seja, o considerado “rico”, a pessoa que ganha 10 ou mais salários mínimos, por exemplo. Mas não, ser rico não significa ser burguês, burguês é aquele que possui os meios de produção, ou seja, fábricas, latifúndios, etc…
Muitos podem recorrer a uma subclassificação chamada pequena-burguesia, para quando uma pessoa é dona de um negócio que emprega outras pessoas, mas é um dos trabalhadores diários de seu próprio negócio. Porém, quem precisa trabalhar para se manter, é proletário.
Muitos definem proletário como aquele que vive de seu próprio salário. Portanto, até seu gerente, que pode ter poder sobre você, e recebe um salário muito maior que o seu, não é burguês. Ele pode representar os interesses do burguês mas, no final do mês, ele ainda recebe salário. Já o burguês, não precisa trabalhar para se manter, pois vive do lucro e paga salários para que outras pessoas façam a gerência de cada uma das funções necessárias para que sua empresa funcione sem ele.
Por isso, os marxistas chamam a classe burguesa de classe sanguessuga.
-
Primeiramente, socialismo e comunismo não são a mesma coisa
O socialismo é a fase que antecede o comunismo. No socialismo, há estado, mas já não há uma classe burguesa. Existe um governo para garantir a perpetuação do socialismo. No socialismo, o que era propriedade privada é desapropriada e vira patrimônio geral da classe trabalhadora, ou seja, de todos, pois já não existe burguesia. O governo, gerido pelo proletariado tem a força do poder do estado para demandar seus próprios interesses. Na sociedade capitalista, esse poder é usado para demandar e defender os interesses da classe burguesa, pois ela está no poder, mesmo se o governo foi de esquerda, pois a burguesia utiliza do poder monetário, que move o mundo capitalista, para cooptar políticos a defenderem suas pautas. Essa prática é chamada de lobby, no Brasil ela é ilegal no papel, mas acontece, já nos Estados Unidos, ela é legalizada e reconhecida como comum pela maioria do povo.
O socialismo é alcançado através da revolução armada da classe trabalhadora. Muitos podem se assustar com isso, mas já foi percebido que a burguesia não vai abdicar de seu poder e de seu dinheiro de maneira pacífica e/ou gradual. Isso acaba obrigando a classe trabalhadora a tomar medidas drásticas para fazer valer sua vontade. Uma tentativa de tentar transicionar para o socialismo através do voto foi tentada no Chile, por Salvador Allende, no início da década de 70. Infelizmente, o resultado disso foi um bombardeio no Palácio de La Moneda, residência presidencial chilena, patrocinada pelos Estados Unidos. Esse bombardeio causou a morte de Allende e a instauração da famosa e sanguinária ditadura do Pinochet.