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  • Neste episódio, Rodrigo Toniol e Soraya Fleischer falam com o antropólogo Gonçalo D. Santos sobre o livro E quando a limonada antropológica azeda? (Editora Zouk, 2023). A ideia deste livro surgiu durante o período de isolamento social decorrente da pandemia COVID-19. Os constrangimentos impostos pelo confinamento levaram a uma reflexão aprofundada sobre os limites do método etnográfico. O livro abre com uma introdução de Toniol e Fleischer e um prefácio de Karina Kuschnir, a que se seguem oito capítulos escritos por diversos autores com histórias de experiências fracassadas de trabalho de campo. O fracasso é uma parte importante da investigação etnográfica, mas não há muito espaço dentro da antropologia para refletir sobre aqueles momentos em que a “limonada antropológica azeda”. O que acontece quando se começa a partilhar experiências destes momentos de azedume? De que forma esta preocupação com o fracasso está ligada às crescentes incertezas e vulnerabilidades do mundo contemporâneo? Será que a metodologia etnográfica de longa duração tem os seus dias contados? O que mudou com a pandemia?

    Autor e Autora em Destaque

    Rodrigo Toniol é professor de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi presidente da Associação de Ciências Sociais da Religião da América Latina. Pesquisador do CNPq. Membro da Academia Brasileira de Ciências. Coordena o grupo Passagens. As suas pesquisas privilegiam questões relacionadas com corpo, saúde, ciência e religião. Entre os seus livros, destacam-se On the Nature Trail: Converting the Rural Into the Ecological Through a State Tourism Policy (Nova Science Publishers, 2015, com Carlos Steil), Do Espírito na Saúde (Ed. LiberArs, 2018) e Espiritualidade Incorporada (Ed. Zouk, 2022).

    Soraya Fleischer é professora de antropologia da Universidade de Brasília e é uma figura pioneira da antropologia da saúde no Brasil. Trabalha sobre questões relacionadas com a saúde, o adoecimento e o sofrimento. Entre os seus muitos livros destacam-se: Descontrolada: uma etnografia dos problemas de pressão (2018) e Parteiras, buchudas e aperreios: Uma etnografia do atendimento obstétrico não oficial em Melgaço, Pará (2011). É bastante ativa como autora, divulgadora científica e podcaster. Faz parte da CASCA – Coletivo de Antropologia e Saúde Coletiva.

    Livro em Destaque:

    Rodrigo Toniol e Soraya Fleischer (orgs) 2023. E quando a limonada antropológica azeda? Porto Alegre: Editora Zouk ISBN: 9786557781227

    Entrevistador

    Gonçalo D. Santos é professor de antropologia social-cultural na Universidade de Coimbra. É também investigador integrado no CIAS – Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, Universidade de Coimbra, onde coordena o Grupo de Investigação “Tecnociência, Sociedade e Ambiente”. É uma figura pioneira da antropologia da China em Portugal. Entre os seus livros destacam-se Chinese Village Life Today (Univ. of Washington Press, 2021) e (como co-editor) Transforming Patriarchy (Univ. of Washington Press, 2017). É o fundador e o diretor da Rede de Pesquisa Internacional Sci-Tech Asia.

  • Neste episódio, a antropóloga Cristina Sá Valentim fala sobre o seu novo livro, Sons do Império, vozes do Cipale: canções cokwe e memórias do trabalho forçado nas Lundas, Angola, publicado em 2022, pela Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN), Luanda. Este livro corresponde à sua tese de doutoramento que em 2020 venceu a 3ª edição do Prémio Internacional de Investigação Histórica «Agostinho Neto», organizado pela FAAN, em conjunto com o Instituto Afro-Brasileiro de Educação Superior (IABES) e a UNESCO. Vários assuntos foram abordados durante a conversa, entre os quais a ideia de “autenticidade africana” e processos de patrimonialização; a questão da reparação histórica e métodos de pesquisa; a produção colonial e contemporânea de música popular cokwe; a complexidade das relações coloniais de poder e as questões da agencialidade e da resistência; e a relevância em estudar arquivos sonoros/musicais enquanto documentos históricos.

    Autora em Destaque

    Cristina Sá Valentim é antropóloga social-cultural e doutora em Sociologia pelo programa “Pós-Colonialismos e Cidadania Global” do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Os seus principais interesses de investigação incluem o colonialismo português tardio, trabalho forçado, música popular angolana, património, ecologia cultural, estratégias identitárias, história da antropologia e humanidades digitais. Atualmente é Investigadora Auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, no Grupo de Investigação Impérios, Colonialismo e Sociedades Pós-Coloniais.

    Entrevistadora

    Sara Morais é doutora em Antropologia Social pela Universidade de Brasília e, atualmente, é pesquisadora de pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do Comitê de Estudos Africanos da Associação Brasileira de Antropologia. Suas pesquisas nos últimos anos têm abordado os seguintes temas: patrimônio cultural imaterial no Brasil e no continente africano; processos de construção da nação em África; expressões musicais e nação; política cultural e processos de patrimonialização; formação e fluxos de grupos chopes em Moçambique e festivais culturais no continente africano.

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  • Neste episódio, o antropólogo António Tomás fala sobre o seu novo livro, “In the Skin of the City: Spatial Transformation in Luanda”, publicado em 2022 pela Duke University Press. Existem planos para a tradução e publicação em português nos próximos anos. Esta é uma inovadora etnografia da cidade de Luanda, a capital de Angola. Conversaram neste podcast sobre o modo como o livro concebe a margem, e o seu importante contributo para questionar a oposição entre centro e periferia; o seu original posicionamento face tanto à clássica escola de Chicago como aos mais recentes urbanismos do Sul; assim como sobre os desafios de fazer uma etnografia espacial sobre a cidade de origem.

    Autor em Destaque

    António Tomás é antropólogo e professor associado na Escola de Arquitectura da Universidade de Joanesburgo, na África do Sul. É autor de O Fazedor de Utopias: Uma Biografia de Amílcar Cabral. É doutorado em Antropologia pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

    Entrevistador

    Tiago Castela é historiador da arquitectura e do urbanismo, e arquitecto. É professor auxiliar convidado e investigador na Universidade de Coimbra. A sua investigação concentra-se em periferias espaciais na transição entre o colonialismo e a independência, no sul de África e em Portugal. Interessa-se também pela política da habitação em Portugal no quadro euro-americano no mesmo período.

  • Neste episódio, o antropólogo Jon Schubert apresenta alguns dos argumentos desenvolvidos no seu mais recente livro Working the System. A Political Ethnography of the New Angola (Cornell University Press 2017) sobre a natureza do domínio político em Angola. A edição portuguesa deste livro está em preparação para tornar o seu conteúdo mais facilmente acessível ao público angolano e ao público lusófono em geral. A discussão neste podcast aborda os desafios de fazer investigação etnográfica num ambiente politicamente muito controlado como Angola, os registos da cultura política angolana que reproduzem o domínio do partido no poder, o MPLA, e o potencial de uma antropologia crítica e engajada para repensar o futuro da África urbana.

    Autor em Destaque

    Jon Schubert é um antropólogo político e económico com uma longa experiência de investigação etnográfica nos meios urbanos em Angola e Moçambique. Os seus interesses de investigação incluem a vida social das infra-estruturas, o impacto das indústrias extractivas nas políticas africanas, políticas autoritárias, urbanismo de classe média no Sul Global, e desenvolvimento urbano sustentável em tempos de crise climática.

    Entrevistadora

    Idalina Baptista é Professora Associada em Antropologia Urbana na Universidade de Oxford. A sua investigação centra-se atualmente nos aspetos sociopolíticos, espaciais e históricos de infraestruturas urbanas em Moçambique.