Episodios

  • #0100 – Muita coisa acontece em vinte anos.

    A juventude chega aos quarenta. O mundo vira do avesso. O colateral ganha destaque. O que foi promessa já não assombra ninguém.

    Nesses vinte anos e oito livros publicados, tendo coordenado oficinas para milhares de escritores, cheguei a aprender algumas coisinhas.

    Não estou falando de macetes de escrita, mas de relações humanas, de ethos autoral, de como podemos fazer melhor ou pior uso das oportunidades que nos chegam – a depender de como encaramos as situações.

    Tem a ver com a confusão muito nefasta entre autoaceitação e autocomplacência; com a arte de habitar certas indefinições, e muito mais.

    Nesta semana, chegamos ao episódio 100 do Prelo, podcast de escrita e processos de criação. O Prelo surgiu em maio de 2020, em plena pandemia, como um modo de estreitar o meu diálogo com você, de apresentar leituras e debates que demandavam uma conversa mais longa.

    Neste episódio de número #100, provei algo distinto: fiz um episódio filmado! Você tem a opção de assistir à conversa no YouTube, como num programa de tevê. Ou pode optar pelo formato tradicional no seu tocador preferido. :)

    Ao fim do encontro, faço uma pergunta, e adoraria que você me dissesse o que pensa.

    Caso queira assistir à versão em video, clique abaixo!

    ​PRELO #100 – O que aprendi – e o que estou aprendendo – YouTube – Episódio Filmado 🔥🔊🫣

  • #099 – Cá entre nós: por que você não desiste de escrever? De publicar? De ser reconhecido? Reconhecido pelo quê, afinal?

    Por que você quer tanto assim esse reconhecimento? Quem foi que disse – além de você para si mesmo – que você merece isso ou aquilo?

    Não seria muito mais fácil não fazer mais nada? Permanecer onde está?

    Por que tanto esforço? Não seria a desistência um sinal de coragem, de lucidez?

    Por que o mero fato de falar de desistência representa uma ameaça, um tabu social? Como o alcoólatra que precisa que todos bebam, por que estamos sempre rodeados de mensagens de otimismo e persistência?

    E por que apesar de não falarmos disso diretamente, estamos sempre indiretamente nos referindo à tentação de desistir?

    Quando reclamamos do trabalho. Quando reclamamos dos colegas. Quando reclamamos da família.

    Por que não assumir a tentação da desistência? E por que não assumir esse desejo do não-desejo como um dos nossos prazeres? Será que a insistência, afinal, não é uma forma de masoquismo? E os nossos desejos, por que não seriam eles os nossos tiranos?

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  • #098 – Você já pensou em morar dentro de um livro que está lendo? Em fazer amizade com os seus personagens, em incorporar certos aspectos de seu estilo de vida?

    Alguns livros asiáticos têm um poder de fascínio por meio do cotidiano. Neles, algo acontece, mas por trás da rotina. São livros que sabem combinar – e justamente por isso, ultrapassam – as dicotomias forma e conteúdo, reflexão e narrativa, tensão e distensão, desafio e leveza, prosa e poesia.

    Com base no conceito de Nagomi, discutimos neste episódio de Prelo alguns elementos e princípios que poderiam inspirar a nossa prosa e a nossa poesia.



    E hoje, quero fazer um convite: entre os dias 5 a 11 de agosto, vou dar uma formação imersiva online gratuita sobre nada menos que o romance, o gênero mais desafiador da prosa, e ao mesmo tempo o mais lido e vendido em todo o mundo.

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  • #097 – O episódio de hoje dá sequência à conversa sobre a Escrita Lenta. Por que você deve escrever num ritmo próprio, fazer menos e priorizar a qualidade na sua produção literária.

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  • #096 – Durante bastante tempo – tempo demais, acredito –, fomos seduzidos por filmes, youtubers e livros de desenvolvimento pessoal a uma cultura da produtividade como sinônimo de felicidade. A ideia central desta cultura consistia na crença de que é possível e necessário desenvolver métodos de comprimir atividades e dilatar o tempo para fazer caber mais – mais trabalho, mais faturamento, mais ambições. A obsessão dos “high achievers” era derivada de uma versão corrompida do já tresloucado fordismo, transferido para os trabalhadores do conhecimento e funcionários de escritório.

    Na literatura e nos seus irmãos mais mundanos, como o jornalismo e a produção de conteúdo, a moda pegou. A ideia era a de que deveríamos nos forçar a produzir a partir de “sprints” de escrita, de que dava para inventar de modo sequencial e uniforme, de que certos sistemas de organização aumentariam o nosso leitorado. 5000 palavras por hora. Opiniões sobre tudo. Um livro por semestre. Um conteúdo por dia. Nos acostumamos aos reels, aos nuggets, aos drops como modos de transmissão. Tanto o fazer quanto o consumir se atomizaram. É assombroso como essa tendência foi antevista ainda mais cedo, por um outro filósofo, Walter Benjamin, que vai escrever em um dos seus textos clássicos: “Hoje, nada se faz que não possa ser abreviado.”

    A reação não tardou a chegar e foi generalizada. Crises de burnout e depressão em todas as esferas da sociedade, o abuso de álcool e de opioides, e uma espécie de confirmação pela experiência de que uma quantidade maior de horas trabalhadas não correspondia a um aumento da produtividade. Passamos a estudar as aparências, mais do que as coisas: como “se sair bem” numa entrevista, como criar um perfil. O filme foi substituído pelo trailer. A paixão pelas teorias motivacionais. O livro pelo autor.

    Já desde antes da pandemia, assistimos a um outro movimento, uma reação ao primeiro. Ele vai afirmar o contrário do que se dizia. Quer mais? Faça menos. Faça melhor. Seja mais inteligente. Pense grande. Ganhe fôlego. Esvazie-se para que algo novo possa surgir. As 50 horas de trabalho semanais são uma armadilha de subserviência e domesticação. Elas nos tornam repetitivos e apáticos. Se as pessoas tivessem mais tempo livre, elas renderiam mais. O único modo de saber para onde estamos indo é parar.

    Obras como “A única coisa”, de Gary Keller e Jay Papasan, “Essencialismo”, de Greg McKeown ou “Não Faça Nada: a batalha pela economia da atenção”, de Jenny Odell, defendem isso. O fazer, pura e simplesmente, é uma forma de alienação. Fazer por fazer é uma tolice. Escolha aquilo que merece a sua atenção. Aquilo que você sabe fazer, que é reconhecido e que encontra aí a sua paixão. Há muita coisa interessante a depreender destes livros. Nada melhor que limpar a agenda: eliminar o supérfluo; automatizar (pelo hábito ou pela tecnologia) o recorrente; delegar o que não é seu e que outros fazem melhor do que você. Aplicando certa filosofia e orientação, vai caindo a ficha de que a maioria de nós nunca nos ensinou de fato a trabalhar (planejar, pensar atividades, combiná-las de modo integrado aos nossos ritmos internos).

    Na escrita, a equivalência é a da escrita lenta. Nas redes, da produção lenta de conteúdo. Ao invés de pílulas, fragmentos, versões repetidas do que se viu por aí, concentre-se na singularidade. Tome o seu tempo. Não tenha pressa. Abandone de vez a comida processada e o conteúdo ultraprocessados das redes.

    No episódio desta semana de Prelo, falo sobre “A

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  • #095 – Os dias não nascem iguais.

    Alguns começam bem e terminam mal. Uns são de festa, outros de ressaca.

    Tem vezes que a gente acha que conquistou o equilíbrio, até que um pensamento ruim vem roubar o sono, e você passa duas horas para se acalmar e convencer-se de que está tudo bem de novo.

    O budismo chama isso de doença do pensamento: raiva, desejo, insegurança estão sempre agitando as águas da nossa consciência.

    É o amanhã que promete algo. É o amanhã que nos ameaça. É a dor na perna. É a mágoa e o remorso. Remordimento, remoer, morder, estas palavras compartilham a mesma origem: como se dentro de nós um roedor estivesse nos comendo vivos.

    Na era do isolamento digital, perdemos recursos para lidar com estas ondas de humor. Ao que parece, a sociabilidade, por empatia e mímese, nos ensina a lidar com os nossos escrúpulos e neuroses. A alegria do amigo pode atenuar a nossa melancolia. A tristeza do outro ajuda a enxergar as próprias misérias com mais distanciamento.

    Cultivar a paciência e a curiosidade perante a “outridade” do outro, com suas manias e particularidades, faz de nós criaturas melhores.

    No episódio desta semana de Prelo, falo da influência sobre o ato criativo de duas forças aparentemente antagônicas: a autonomia e a sociabilidade.

    Nesses pouco mais de quarenta minutos, vou te mostrar, a partir de experiências e investigações científicas, como que fazer parte de alguma comunidade de autores pode te ajudar a emancipar a sua atividade das oscilações cotidianas. E como cuidar disso que parece exercer tanto efeito sobre como nos apresentamos para o mundo: a confiança em si e no que se faz.

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  • #094 – Existe uma mitologia do intelectual, do criador, do inventor, certamente derivada do deus monoteísta, fundador do céu e da terra, um homem enorme, de barbas brancas, onipotente e onipresente, que pressupõe um sujeito sério, sisudo, mal humorado.

    É curioso contrapor esta imagem a das pesquisas que têm saído nos últimos anos, e que afirmam: o bom humor estimula a nossa criatividade, o impulso de fazer, a riqueza associativa. Com ânimo (com alma), as palavras se sentem convidadas a participar do jogo, e temos mais disponibilidade de experiências e repertório simbólico.

    Este episódio discute isso: como fazer frente a esta força inercial do desânimo, da confusão, do sentimento de "para quê", de que nada vale a pena.

    E quais os recursos temos à disposição para estimular este humor, para tornarmo-nos dispostos e despertos para inventar e sonhar?

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    Abaixo, listo as referências bibliográficas utilizadas no livro:

    Isen, A. M., Daubman, K. A. and Nowicki, G. P. (1987). Positive affect facilitates creative problem solving. Journal of Personality and Social Psychology, 52(6), 1122-1131.

    Fredrickson, B. L. and Branigan, C. (2005). Positive emotions broaden the scope of attention and thought-action repertoires. Cognition & Emotion, 19(3), 313-332.

    Lyubomirsky, S., King, L. and Diener, E. (2005). The benefits of frequent positive affect: does happiness lead to success? Psychological Bulletin, 131(6), 803-855.

    Tegano, D. W., Sawyers, J. K. and Moran, J. D. (1989). Problem-finding and solving in play: the teacher's role. Childhood Education, 66(2), 92-97.

    Ali Abdaal. Feel Good Productivity: How to Do More of What Matters to You

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  • #093 – Qual é a relação entre uma ordem monástica grega, seu modo de relacionar-se com a sociedade e a psicologia das emoções positivas para a criação literária?

    Como negociar e encontrar um tempo livre para a escrita de seu livro?

    Como transformar um obstáculo para a escrita em um ponto de reflexão e inflexão do trabalho?

    Obras mencionadas:

    Roland Barthes. Como Viver Junto. Editora Martins Fontes.

    Barbara L. Fredrickson. The Role of Positive Emotions in Positive Psychology. Am Psychology. 2001 Mar: 56(3); 218-226.

    Edgar Cabanas e Eva Illouz. Happycracia: fabricando cidadãos felizes. Editora Ubu.

    Alex Soojung-Kim Pang. Rest: why you get more done when you work less. Basic Books.

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  • #092 – Certa vez, durante uma entrevista para a televisão, perguntaram ao consagrado diretor de filmes de suspense Alfred Hitchcock qual era a sua definição de felicidade.

    "Um horizonte cristalino", foi o que respondeu. Nada costuma ser mais desimpedido e cristalino do que um ambiente apaziguado, tranquilo, onde você possa realizar aquilo que te estimula, que te desafia. Aquilo a que se propôs.

    Em uma rotina criativa, o sono, a comida, a sociabilidade, a escrita, a música, conversam e colaboram entre si. Uma rotina criativa é aquela que encontra caminhos para a calma e o cuidado, incorporando, inclusive, ansiedades e frustrações que podem desestabilizar ou até mesmo interromper a recorrência necessária da escrita.

    No novo episódio de Prelo, converso sobre a rotina ideal e a possível, e como escrever para si uma que seja adequada para você.

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  • #091 – Vamos conversar sobre O Trabalho Criativo do Romance.

    1) Em primeiro lugar, vamos discutir a razão pela qual o romance, desde suas origens, têm fascinado o leitor moderno; o que caracteriza o romance, os seus atributos singulares e por que você deve considerar tornar-se romancista;

    2) Em seguida, vou analisar o percurso autoral para compreender o que nos ajuda a crescer dentro deste percurso, quais os saltos que um autor pode dar e o que você deve fazer para realizar-se neste caminho;

    3) Como encontrar tempo e disciplina – nesta primeira aula, vamos começar a discutir a ideia de disponibilidade e paixão, como você pode fazer para mobilizar o seu desejo sem interrupções ou titubeios.

    4) Por onde começar: se você está à procura de ideias e quer começar agora a escrever, como encontrar o caminho e o que você precisa saber para que o medo e a resistência não dominem o processo.

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  • #090 – O cérebro humano é um verdadeiro milagre. Tessitura de fibras orgânicas, circuito elétrico por onde passam imagens, ideias, pensamentos, memórias visíveis e invisíveis, ele tem também o incrível poder de acobertar aquilo que não podemos ver. Um exemplo fascinante é o do nervo ótico: temos dois pontinhos nos olhos a partir dos quais não conseguimos enxergar, que é por onde passam os nervos óticos.

    Mas não vemos esses pontinhos! Por quê? O cérebro "edita" a visão, e substitui a mancha, que poderia nos distrair, por uma ilusão de visibilidade. É por isso que o chamamos pontos cegos.

    Dentre as instâncias psíquicas, o ego faz a mesma coisa. O ego é um dos responsáveis pela nossa autoimagem constante, por sentirmos que somos o tempo todo a mesma pessoa. É também o ego que cuida de nós, que busca a preservação de uma integridade identitária. O ego quer nos ver bem. Ele acolhe um conceito sempre particular de dignidade, de preservação. Ele quer o melhor para nós.

    O problema é que para isso, ele incorre em alguns lapsos. É por conta do ego que temos – eu, você, todo mundo – dificuldade de reconhecermos um equívoco. O ego não admite erros, porque isso fere a integridade subjetiva que construímos com tanto cuidado, e que nos parece tão frágil de vez em quando.

    Em alguns momentos, isso se torna uma complicação. Na hora de fazer ciência, por exemplo, ou de participar de um debate, ou de lidar com frustrações na vida amorosa. E também quando decidimos escrever um livro.

    Neste episódio de Prelo, falo sobre os pontos cegos mais comuns de escritores iniciantes – e como superá-los.


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  • #089 – Ano que vem, vai fazer vinte anos que publico livros. Mesmo assim, e depois de oito livros autorais, eu aprendi muita coisa neste último ano de 2023.

    Este é o tema deste episódio: o que o passado pode nos ensinar – o poder do pensamento retrospectivo na arte da tomada de decisões – e o que aprendi no ano que termina sobre a escrita, a publicação, o diálogo com os leitores e com editores, a promoção autoral nas redes, dentre outros temas.

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  • #088 – Chegou o momento do ano, aquele em que temos um tempinho para ler um livro instigante, o tempo para dar e receber livros de presente. O tempo de fazer uma retrospectiva daquilo que foi proveitoso, de onde se incluem as nossas boas leituras e aprendizados.

    Sempre que quero saber como será o meu futuro e quais serão os meus próximos passos, não vou a uma cartomante, mas a uma livraria. Livros são professores, amigos e ótimas companhias. Os livros são também um alongamento mental em uma era de impaciência e atrofia da atenção.

    Neste episódio de Prelo, converso sobre cada uma de minhas melhores leituras do ano, divididas em duas categorias: a ficção e a não-ficção. Alguns dos livros talvez você conheça; outros podem ser novidades completas e excelentes surpresas.

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  • #087 – Há alguns meses a escritora Tina Vieira me convidou para escrever a quarta capa do seu segundo romance. Eu sabia que o livro estava bem encaminhado. Tina e eu tínhamos nos encontrado em um dos bares à margem do rio na cidade do Porto em julho deste ano, em minha passagem pela cidade. Na ocasião, me contara que este livro tivera uma agente literária como representante, e que ela o tinha vendido para uma grande editora internacional com planos de se estabelecer de forma mais sólida no Brasil.

    O seu “Maboque”, publicado pela Quelônio, tinha sido finalista como melhor romance do ano pelo prêmio Jabuti em 2021, um feito enorme, considerando que se tratava de sua obra de estreia. Eu mesmo tinha muito carinho por esse livro, porque o acompanhara desde o seu estado embrionário. A Tina o escrevera durante o período de um ano de duração de minha formação, “A Preparação do Romance”, que ela cursara por indicação da Joselia Aguiar, jornalista, ex-diretora da biblioteca Mário de Andrade e curadora da Flip durante dois anos.


    A leitura deste seu segundo romance foi uma alegria para mim. E logo, pensei em convidá-la para uma conversa aberta para o Prelo.


    Eu tinha várias perguntas a fazer para a Tina, e que poderia interessar a você, que acompanha o podcast: Qual a diferença entre escrever um primeiro e um segundo romance? Como foi trabalhar com uma agente literária? Qual o seu processo criativo, e como faz para, preparando-se para lançar esse segundo livro em 2024, ela já esteja escrevendo um terceiro? E, evidentemente, queria que conversássemos sobre os temas abordados no livro, temas fortes e que ela trata de modo muito franco e corajoso: o autismo na infância e a demência na velhice.


    A conversa passou voando. Estou certo de que ela também vai passar assim para você.


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  • #086 –Esse episódio é para você que está flertando com a escrita, contemplando um horizonte possível de construção ficcional e se pergunta: por onde começar a escrever?

    Neste episódio de Prelo, percorremos os fundamentos da escrita criativa para que você possa desenvolver personagens, estabelecer cenários e levantar o alicerce necessário para seguir com a narrativa que deseja escrever.

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  • #085 – O que você faria se eu te dissesse que, dependendo do modo como você trata a sua atenção, o seu tempo, os estímulos que você recebe, você pode se tornar duas pessoas completamente diferentes?

    Se eu te dissesse que certos estímulos e sob certas condições, você pode revelar o seu lado criativo, calmo, profundo?

    E que a sua outra face é o contrário disso? Uma pessoa impaciente, míope, incapaz de perceber os sinais e as sutilezas à volta, e por conseguinte, pouco criativa e inapta a pressentir as possibilidades e riquezas das pessoas a sua volta e das situações em que se encontra.

    E mais: se eu te dissesse que tudo a sua volta está te estimulando a ser esta segunda pessoa?

    No primeiro episódio da quarta temporada do Prelo, vamos mergulhar em como a mente funciona a partir de duas perspectivas completamente distintas.

    E vamos discutir um terceiro elemento: o sono, e como este estado de inconsciência ativa pode te estimular a criar, a sonhar, a escrever.

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  • #084 – Existe na vida e na obra de Van Gogh uma tensão entre o amor ao redor do qual ele orbita – o pai, o irmão – e as cores do mundo.

    A cor talvez fosse o amor que Van Gogh podia oferecer.

    Era porque Van Gogh não conseguia amar diretamente, ou receber o amor diretamente, que ele buscava cores mais perto de onde estavam os pais, o tio, o irmão.

    A França era o país de Theo, e foi neste amor onde ele mais reconheceu a vida das cores, e também ali ele sofreu mais, ali estavam os corvos à espreita.

    A obsessão do artista pode ser lida como um sinal de seu desespero. É porque dentro dele uma tempestade se agita, que ele se agarra com mais intensidade às cores do mundo, às bisnagas que ele devora, à calejada paleta, à beleza lancinante do mundo da natureza.

    Mas mais uma vez: não podemos reduzir esta arte à loucura. Os quadros do pintor são sim uma espécie de transe religioso.

    Van Gogh era um xamã solitário, um xamã em busca de sua tribo perdida.

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  • #083 – Não é muito curioso que um tempo de multiplicação de novidades literárias e de expansão do mercado editorial seja o mesmo que assiste à debilitação crescente de nossos recursos cognitivos de atenção e concentração?

    Neste episódio de Prelo, converso sobre algumas das razões da nossa cultura de desatenção patogênica – um ambiente no qual a concentração elevada e sustentada torna-se extremamente difícil, onde é preciso esforçar-se muito para obtê-la – e de como podemos resistir a isso.

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  • #082 – Hoje, temos um encontro especial com presença da escritora Virginia Ferreira. Ela participou do curso A Preparação do Romance. Em poucas semanas, a autora irá publicar o seu romance, Chumbo, pela excelente editora Quelônio.
    Neste episódio de Prelo, Virginia irá conversar sobre o seu processo de criação. Como foi o curso para ela, como conseguiu encontrar a sua voz, a disciplina de criação, como fez a revisão do texto e o processo de publicação.

    Virgínia Ferreira é doutora em Antropologia pela UFRJ e servidora pública atuante no Ministério da Cultura. Publicou os contos “Algum livro” na antologia “Conto a Gotas” (Dedalus, 2021) e “A brincadeira” na coleção Férias Macabras (e-book Amazon Kindle, 2023). Durante a pandemia, criou a live Vinho e Escrita, quando conversa com outros escritores, e conduziu o grupo de leitura Conto no Grupo. Foi leitora crítica em curso de escrita, tem atuado como editora de contos e mentora para a escrita de livros.

    https://virginiaferreira.com.br/
    https://www.instagram.com/umlivroaqui

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  • #081 – Neste episódio, converso um pouco sobre o método de escrita que desenvolvo em meus cursos, o método Festina Lente, uma forma de escrita tai chi, confluência-fluência entre a escrita rápida e devagar, ponderação entre o tempo da narrativa e o tempo do narrar, o tempo físico e o tempo mental.

    É a escrita que faz encontrar a forja e a espontaneidade, o tempo ponderado e o tempo veloz, a combinação do meticuloso Hefesto com o alegre Hermes.

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