Episodit

  • Dando uma pausa nas nossas reflexões sobre as questões teóricas envolvendo o par dicotômico Natureza/Cultura, neste episódio, no formato Antropocast convida, batemos um papo com a designer gráfica Marise De Chirico (@marisedechirico) sobre as relações entre o campo do Design e a Antropologia.

    A partir da sua própria trajetória de vida, e de uma disciplina eletiva que ela ministra (intitulada Design e Ativismo), nossa convidada navega por reflexões pensando o Design como uma ciência social aplicada e sobre como a perspectiva das ciências sociais podem ajudar a enfrentar os desafios (teóricos, metodológicos e práticos) do campo do design.

    As referências citadas no episódio estão no site do Antropocast (fredlucio.net).

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    Agradecimento especial à Christiane Couteux, pela leitura dos poemas de Ryane Leão.

    Referências:

    Pequeno manual antirracista

    Djamila Ribeiro

    Companhia das Letras, 2019

    Emprecariado — Todo mundo é empreendedor. Ninguém está a salvo

    Silvio Lorusso

    Clube do livro do design, 2023

    Descolonizando afetos: Experimentações sobre outras formas de amar

    Geni Núñes

    Paidós, 2023

    Políticas do design: Um guia (não tão) global de comunicação visual

    Ruben Pater

    Ubu, 2022

    Arte e Ativismo: Antologia

    André Mesquita, Charles Esche e Will Bradley

    MASP, 2021

    Links:

    design ativista

    az mina

    revista recorte

    adote uma causa

    podcast lombada

  • Quando se pensa sobre a dicotomia Natureza e Cultura não podemos deixar de pensar na perspectiva mecanicista que passou a vigorar no pensamento científico a partir de René Descartes e Francis Bacon.

    Concebendo a Natureza como uma máquina cujos segredos precisam ser extraídos por meio da ciência, para que sejam colocados à disposição do ser humano, Bacon e Descartes consolidaram a perspectiva utilitarista do conhecimento científico.

    A supremacia dessa forma de racionalidade como estratégia de validação do conhecimento (nessa perspectiva mecanicista e utilitarista) foi uma aliada poderosa da racionalidade econômica do Capitalismo, que eclodiu nesse mesmo momento, tendo seu apogeu na sua forma industrial a partir do século XVIII.

    Esse sistema de pensamento (e ações) relegou outras ontologias, outras formas de pensamento e relacionamento de humanos e não humanos a um lugar de inferioridade e subalternização.

    Um sistema não somente antropocêntrico, mas totalmente "economocêntrico".

    Outras ontologias e outras epistemologias nos ajudam a pensar sobre as consequências que esta perspectiva trouxe para as relações Ser Humano/Natureza.

    Essas são algumas das reflexões que propõe esse episódio.

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    Site com indicações de leituras: fredlucio.net

  • Puuttuva jakso?

    Paina tästä ja päivitä feedi.

  • Sem dúvida alguma, um dos temas mais apaixonantes e mais atuais que está na ordem do dia, de muitas discussões, de muitas conversas, é a nossa relação com o planeta.

    Questões como aquecimento global, nossa relação com o meio ambiente, sustentabilidade, temas ligados à ecologia, o Antropoceno, palavra que passou a ocupar o vocabulário das pessoas nos últimos tempos.

    São temas que despertam paixões e, ao mesmo tempo, trazem questionamentos bem poderosos sobre a atual estrutura social, política e, principalmente, sobre a estrutura econômica.

    Tudo isso fala sobre a nossa concepção do que é a natureza e da nossa relação com aquilo que nós chamamos de natureza.

    Nas últimas décadas, as pesquisas etnográficas com sociedades indígenas na América do Sul têm trazido novas luzes que vem redirecionando as nossas reflexões sobre esse tema.

    Nesse episódio, propomos pensar o lugar do ser humano na natureza, a partir do par de oposição que se construiu no pensamento ocidental, na chamada tradição do pensamento ocidental e que dá título ao episódio: Natureza e Cultura.

    No próximo episódio, será feita uma reflexão sobre a virada epistemológica que as pesquisas etnográficas na América do Sul, a partir da perspectiva de pensamento de sociedades indígenas, especialmente com os trabalhos de Philippe Descola e Eduardo Viveiros de Castro.

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    Webpage: fredlucio.net

  • “Cultura ou civilização... é este todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, leis, moral, costumes, e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade” (Tylor 1871:1). Esta, certamente, é uma das mais famosas definições de Cultura na história da Antropologia. E é também a primeira definição científica deste conceito, elaborada por Edward Tylor, em 1871. Já no seu nascedouro, o conceito científico de cultura aparece geminado com o de civilização. Segundo o antropólogo francês Maurice Godelier, os antropólogos raramente usam o termo civilização. Preferem o termo cultura. Ainda de acordo com ele, com a palavra civilização, os antropólogos geralmente se referem a um conjunto de fenômenos maiores do que uma sociedade e que se estendem por um período maior do que uma geração ou várias gerações, sendo o resultado que estes fenômenos são praticamente insuperáveis. Entendida dessa maneira, a civilização é o presente que se forma, mas é também indissoluvelmente o passado, presente, ativamente presente. Este fenômeno profundo e vasto – civilização, cultura – apreendemos intuitivamente; nos localizamos aproximadamente. Portanto, quando falamos de civilização ocidental, estamos a falar de uma série de fenômenos ativos mas recorrentes. Fenômenos tanto no domínio material quanto no domínio mental. Além disso, não distinguimos necessariamente entre material e mental. Esta ideia de Godelier está muito presente num dos maiores clássicos sobre o tema "O processo civilizador", do sociólogo alemão, Norbert Elias. A partir destas ideias e do conceito de Antropologia da Civilização, criado por Darcy Ribeiro, este episódio pretende trazer algumas reflexões sobre as relações entre Cultura e Civilização na fundamentação do pensamento das ciências sociais, com um recorte na Antropologia. Siga-nos no Instagram: @antropocastWebsite: fredlucio.net

  • Para a grande maioria das pessoas, a origem do Dia Internacional da Mulher remonta a um episódio, ocorrido nos Estados Unidos: um incêndio intencional numa fábrica onde operárias estavam em greve. Todas foram mortas incineradas. Esta é a versão prevalente no imaginário popular. Entretanto, nada mais longe da verdade.

    A conversa parte de uma pergunta: o que a história da escolha da data para celebrar o Dia Internacional da Mulher pode nos ensinar a respeito de distorções históricas e do negacionismo, assim como sobre nossa relação com o conhecimento e a memória? A quem interessam estas distorções históricas? O que a Antropologia pode nos ajudar a pensar sobre estas questões, para além das temáticas historiográficas, sociológicas e políticas?

    Neste episódio, conversamos sobre estas e outras questões com a socióloga Maria Lygia Quartim de Moraes (do núcleo e estudos de gênero Pagu, da Unicamp). Como se poderá ver, é uma história muito mal contada e que envolve ocultações, apagamentos, conflitos e criação de fake news.

    Dicas de Leitura:

    Alexandra Kollontai - ⁠La journée internationale des femmes⁠;

    Françoise Picq - ⁠Le mythe du 8 mars L’histoire d’une découverte⁠;

    Wikipedia - ⁠Dia Internacional da Mulher⁠.

    Lucio, Fred. Alteridade e ressignificação memória e história sobre o mito fundador do Dia Internacional da Mulher. In: RAHMEIER, Clarissa Sanfelice; SANTI, Pedro de (orgs.). Existir na cidade 2: memória. São Paulo: Editora Zagodoni, 2020.

    Lucio, Fred. Desconstruindo o mito sobre a origem do Dia Internacional da Mulher. Texto publicado no blog: Planeta Filosofico.

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    Mais detalhes sobre o episódio e dicas de leitura: https://fredlucio.net

  • Falar sobre a história, a origem, a genealogia de uma palavra ou de um conceito, seus sentidos e significados, não é uma mera questão semântica ou linguística. Menos ainda, um exercício de diletantismo.

    Mas é, fundamentalmente, refletir sobre a história das ideias.

    Isso porque a evolução de uma palavra e de seu conceito correspondente, não se devem apenas a fatores de ordem linguística.

    Sem dúvida, pode-se afirmar, com o antropólogo Roy Wagner, que o termo Cultura é uma espécie de epicentro de todo o vasto oceano conceitual  da Antropologia.

    Wagner, que é um dos leitores críticos do conceito de cultura, num determinado momento do seu mais conhecido livro que se chama “A invenção da Cultura”, afirma: “O conceito de cultura veio a ser tão completamente associado ao pensamento antropológico que, acaso o desejássemos, poderíamos definir um antropólogo como alguém que usa a palavra “cultura” habitualmente”. E, mais à frente, num tom irônico ele diz “ou alguém que usa a palavra cultura com esperança ou mesmo com fé”.

    Como fenômeno e como conceito, a cultura pode ser vista como produto, como algo concreto; ou como uma faculdade, uma capacidade derivada do intelecto, da racionalidade. Nesse sentido, como algo abstrato. 

    Nomear alguma coisa, como diz o antropólogo francês Denys Cuche, é colocar o problema do fenômeno e, ao mesmo tempo e de uma certa forma, resolvê-lo. O que significa, procurar compreendê-lo.

    Todas as sociedades vivem a cultura, mas nem todas tem uma preocupação em explicar (e menos ainda) definir sua própria cultura. Muito menos pensar uma cultura, num sentido universal do conceito. Menos ainda, transformar a cultura em algo institucional.

    Neste episódio, será feita uma reflexão que levará à exploração do surgimento e da genealogia do conceito de cultura, alguns dos pressupostos filosóficos sobre seus possíveis usos nas ciências sociais e suas relações com o Iluminismo francês.

    Participação especial: Pascoal da Conceição, recitando Mário de Andrade.

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  • Analisar o fenômeno da cultura é um dos maiores desafios quando se pretende uma apresentação sintética e introdutória, como é o propósito do Antropocast.

    Como um fenômeno que, em grande medida, define o ser humano (e, por extensão, a própria Antropologia), ele é altamente complexo e envolve um emaranhado de outros fenômenos e, consequentemente, conceitos. Além de possibilitar uma infinidade de abordagens.

    Na década de 1950, os antropólogos Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn, enfrentaram o enorme desafio de investigar quais as acepções de cultura as pesquisas e teorias antropológicas haviam criado para tratar deste fenômeno. Reuniram e organizaram 164 definições diferentes: descritivas, normativas, psicológicas, estruturais, históricas e tantas outras.

    Hoje, essa tarefa seria ainda muito mais difícil, dada a complexidade das transformações que o mundo vivenciou nas últimas décadas, o que foi acompanhado pelas ciências sociais.

    Para abordar esse complexo fenômeno e os vários conceitos e perspectivas a ele relacionados, inicialmente vamos propor três eixos de reflexão:

    a) A origem etimológica, os vários sentidos da palavra e o debate sobre Cultura e Civilização;

    b) Os binôminos Natureza/Cultura e Humanidade/Animalidade, percorrendo a questão simbólica, os determinismos e as teorias biologizantes sobre a cultura;

    c) Finalmente, uma exposição sobre as vária correntes teóricas (escolas de pensamento) na Antropologia.

    Esses serão alguns dos temas abordados nos próximos episódios para analisarmos - sempre de forma introdutória, mas não superficial - o fenômeno da Cultura.

    Não vai ser uma tarefa fácil. Mas, vamos nessa!

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  • Episódio no formato "Antropocast Convida".

    O que é Decolonialidade como categoria? Quais as diferenças entre decolonialidade e descolonização?

    No formato "Antropocast Convida", este episódio é um bate-papo com o filósofo Marcos Silva e Silva, nosso navegador convidado, sobre algumas questões a respeito da Decolonialidade, a partir de um viés Filosófico.

    Marcos Silva e Silva é graduado em Filosofia e Psicologia, com mestrado em Filosofia pela PUC-SP. Tem doutorado em Educação pela PUC-SP (com foco no ensino de Filosofia). Fez especialização no nível de pós-graduação lato sensu em Ensino de Filosofia pela UNESP. E, finalmente, fez estágio pós-doutoral em Psicologia Social pela UERJ.

    Música Introdutória: Lejos, Kenny Arkana (trecho extraído do Spotify). Para ouvir a faixa integral, clique aqui.

    Keny Arkana é uma rapper franco-argentina que atua nos movimentos de antiglobalização e desobediência civil. Em 2004 fundou um coletivo musical chamado La Rage du peuple (traduzindo livremente: A raiva do povo), no bairro de Noailles, Marselha (França).

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    Visite a página do episódio no Website para as leituras sugeridas: https://fredlucio.net

  • Tal como formulado pelos boasianos, o relativismo cultural abrange vários axiomas. Primeiro, diz-se que cada cultura constitui um mundo social total que se reproduz através do processo qual valores, disposições emocionais, e os comportamentos incorporados são transmitidos de de geração em geração aos membros de uma dada sociedade. Esses valores e práticas são geralmente percebidos por seus membros de forma quase sempre superior às outras – daí a universalidade do etnocentrismo (como visto no último episódio).

    O relativismo cultural, perspectiva teórica originada na Antropologia Cultural Americana, tem pelo menos dois componentes: o primeiro componente é fatual: julgamentos sobre o mundo e os julgamentos de valor variam amplamente de cultura para cultura. O o segundo componente é filosófico: avaliação de afirmações sobre o mundo e sobre a moralidade também depende da cultura, ou seja: não existem verdades ou princípios morais que transcendem à esfera da cultura.

    Mas, quais os limites e problemas da postura relativista?

    Para pensar sobre esta questão, o episódio parte do caso da prática da Mutilação Genital Feminina (MGF) a partir da história da ex-top model e atual ativista pelos direitos humanos e embaixadora da ONU para combater a prática nos mais de 30 países em que ela ainda existe, a somali Waris Dirie.

    Agradecimentos especiais à Wilma dos Santos pela gravação da dublagem do discurso de Waris Dirie, áudio extraído do filme "Flor do Deserto".

    As referências utilizadas no episódio estão na página oficial do Antropocast:

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  • O etnocentrismo pode ser entendido como a disposição de nós enxergarmos o mundo a partir do esquema conceitual e de valores do nosso próprio grupo.
    Em linhas gerais, é uma postura que interpreta o mundo e a realidade tomando como ponto de partida a ideia de que a cultura e o lugar do observador como sendo a referência.

    Consequentemente, a tendência é tomá-la como superior à realidade cultural que está sendo observada e todas as demais são classificadas como estranhas, bizarras, esquisitas.

    Segundo o antropólogo britânico Edmund Leach, o etnocentrismo é uma extensão, no plano coletivo, do mecanismo de construção do egocentrismo, que opera no plano individual. E, segundo o antropólogo brasileiro Everardo Rocha, o etnocentrismo opera num duplo plano de nossas relações: no plano intelectual (formando e consolidando valores de referência para nosso comportamento) e no plano emocional, quando esses valores despertam em nós sentimentos em relação ao "outro".

    Pode-se compreender o etnocentrismo como um modo de ver e se relacionar com o “outro”, com o diferente. Por isso, está diretamente ligado ao conceito de Alteridade.

    Neste episódio é feita uma reflexão sobre os fundamentos do Etnocentrismo, problematizando o radical "ethnos" que forma a palavra e tecendo algumas considerações preliminares sobre o conceito de cultura.

    As referências bibliográficas utilizadas neste episódio estão na página do Antropocast: https://fredlucio.net/antropocast

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  • Continuando a reflexão sobre a Alteridade, este episódio problematiza a Antropologia como seu próprio “outro”. Fazendo um recorte na chamada “Teoria Pós-colonial” (ou estudos pós-coloniais; ou, simplesmente, pós colonialismo), a ideia é repensar o lugar de sujeito que os antropólogos tradicionalmente se colocaram, reposicionando-os como objeto de investigação daqueles que eram colocados como objeto e que passam a ser sujeitos na produção do conhecimento antropológico.

    Assim, centro e periferia assumem lugares fluidos numa relação dialética, na medida em que não são mais vistos com a ilusão proporcionada pela essencialização maniqueísta.

    Pensado a partir do que chamamos de “leituras críticas sobre a alteridade”, entre outros recortes possíveis, a proposta aqui é pensar o chamado pós-colonialismo como uma revolução epistemológica na Antropologia proporcionando, entre outras coisas, a chamada virada ontológica.

    Ouça em qualquer distribuidor de podcast.

    As referências bibliográficas utilizadas neste episódio estão na página do Antropocast: https://fredlucio.net/antropocast

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  • Segundo Lília Schwarcz, as identidades são construções sociais, poderosos marcadores sociais de diferença que operam sempre de maneira relacional e nunca absoluta. Ou seja, identidades são definidas por contraste, apresentando-se por oposição a outras categorias de referência.

    Esta ideia, originária do pioneirismo de Frederik Barth, é o fio condutor desta reflexão.

    Aqui, a proposta é não somente trazer e problematizar esta perspectiva relacional, mas adicionar a ela uma leitura das identidades como sistema semiótico (no sentido dado por Roland Barthes aos mitos), na medida em que, conforme Kwame Appiah, elas se valem de rótulos (palavras) para existirem. Também, tomando a ideia de "comunidades imaginadas", de Benedit Anderson, proponho uma leitura das identidades estreitamente vinculadas ao imaginário, fato que lhes confere consistência e força.

    As referências bibliográficas utilizadas neste episódio estão na página do Antropocast: https://fredlucio.net/antropocast

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  • A ilha da Alteridade é um território relativamente vasto e complexo. Em se tratando de um dos mais importantes fundamentos da Antropologia, vale a pena explorarmos algumas trilhas específicas. 
    Vamos propor, então, trabalhar este conceito em três momentos diferentes. 
    Num primeiro momento, percorrendo uma trilha numa floresta densa, vamos iniciar a reflexão sobre este conceito a partir da etimologia da palavra e de algumas abordagens na filosofia. 
    Depois, admirando uma grande queda d´água, vamos conversar sobre alguns dos desdobramentos do conceito de alteridade na Antropologia. 
    Finalmente, já na trilha que nos conduzirá de volta ao nosso barco, vamos explorar o universo crítico da antropologia decolonialista e do movimento de virada ontológica da Antropologia para trazermos uma leitura crítica deste conceito.
    Neste episódio, vamos explorar as raízes etimológicas do conceito de Alteridade, explorando alguns de seus fundamentos no campo da filosofia. Com destaque as elaborações de René Descartes, no período da consolidação da Modernidade; a dialética da alteridade e a dialética da identidade. 

    Referências: 
    Joana Overing. "Alterity". In: Social and cultural anthropology: the key concepts. 
    Gayatri Chakravorti Spivak. Who claims alterity. 
    Peter Skafisch. Thinking Alterity, Reprise: An Introduction
    Janet M. Paterson. Pensando a alteridade hoje. (Entrevista concedida por Janet M. Paterson a Sandra Regina Goulart Almeida). 
    Nicola Abagnano. "Outro"; "Alteridade". In: Dicionário de Filosofia. 

  • Na nova temporada, a proposta do Antropocast é explorar o vasto repertório conceitual da Antropologia em pequenos episódios (chamados drops - termo da língua inglesa que significa "gota" e, por extensão, "pequenas doses").

    Neste episódio introdutório, a reflexão levanta alguns pontos a serem considerados a respeito do repertório conceitual em uma determinada área de conhecimento.

    Para manter a proposta de episódios curtos (drops), no nosso percurso, diante da complexidade das diferentes abordagens teóricas e metodológicas, vários conceitos deverão ser explorados em mais de um episódios, que serão como trilhas percorridas na mesma ilha em que pararmos. Isso acontecerá com exemplos clássicos, como o conceito de Cultura, Estrutura, Alteridade, para citar alguns.

    Uma outra discussão feita aqui neste episódio é particularmente importante para estudantes da graduação, especialmente aqueles que estão elaborando seus TCCs. É muito comum acontecer nesses trabalhos de graduação a utilização completamente inadequada de conceitos porque não dialogam com o objeto, com a abordagem ou mesmo com a perspectiva teórica e metodológica do trabalho. Além disso, um mesmo conceito abordado por diferentes campos científicos, tem concepções e empregos bem distintos. Exemplos clássicos são os conceitos de Estrutura (que é usado na Física, na Economia, na Matemática, na Biologia) e Inconsciente (com sentidos diferentes na Psicnálise, na Antropologia e na Sociologia), por exemplo.

    Usar bem um conceito é prestar atenção a esta adequação, o que vai revelar que você, de fato, domina determinado campo de conhecimento.

    Em certa medida bem modesta, o Antropocast pretende te ajudar nisso. 

    Siga-nos no Instagram: @antropocast. Visite nosso Website. (Produção: Fred Lucio) 

  • Com este episódio, encerraremos a primeira temporada e indicaremos os próximos passos. Vamos recuperar alguns pontos importantes e acrescentar algumas reflexões ainda sobre o fazer antropológico. 

    Nos três últimos episódios, ao refletirmos sobre as aplicações da Antropologia, recuperamos vários pontos abordados ao longo de toda a primeira temporada. Aproveitamos pra falar um pouco mais sobre a relação dos Antropólogos com comunidades em projetos de desenvolvimento econômico a partir da chamada Antropologia do Desenvolvimento. (Campo muito forte da Antropologia na América Hispânica.)

    Na sequência, vamos indicar quais os próximos passos estão sendo pensados para esse manual sonoro de introdução à Antropologia. Pretendemos elaborar alguns conceitos fundamentais da nossa ciência, como Etnocentrismo, Cultura, Raça e Racismo Científico, Alteridade entre tantos outros. Procuraremos também, fazer uma síntese das principais correntes do pensamento antropológico e quais as diferenças metodológicas e conceituais entre essas abordagens. 

    Aproveitamos esse episódio de encerramento de um ciclo para agradecer o enorme e receptividade que temos recebido, manifesta na nossa página no Instagram (@antropocast). Destacamos também o agradecimento aos criadores e mantenedores da grande rede de podcasts de Antropologia surgida durante o período de isolamento social da pandemia do novo coronavírus: a Rádio Kere-Kere. 

  • Continuando nossa reflexão sobre o fazer antropológico, neste episódio, conversamos sobre a chamada Antropologia Aplicada ou Antropologia Prática (como são chamadas, por exemplo, nos Estados Unidos). 

    Seguindo a tradição antropológica, adotamos uma perspectiva propriamente etnográfica ou seja, trazer a fala da própria antropologia a esse respeito. E de que maneira isso foi feito: parafraseando o título de um livro da grande antropóloga Mary Douglas, deixamos falar as próprias instituições que representam os interesses dos pesquisadores e demais profissionais em antropologia, por meio de seus sites institucionais. Fomos atrás do quê esses sites falam a respeito da prática da antropologia, do exercício profissional e da carreira para antropólogos e antropólogas. Este foi o recorte adotado, entre tantos outros possíveis, o que já está presente em várias publicações e discussões. 

    Aqui no Brasil, um ponto importante que merece nossa atenção é a menção a um Projeto de Lei, que tramita na Câmara dos Deputados, de autoria do Deputado Federal pelo PSB do Amapá, Camilo Capiberibe, e que propõe a regulamentação da profissão de Antropólogo/a no Brasil. 

    Seguem alguns links importantes e que são mencionados no episódio: 

    Projeto de Lei 4385/2020 de autoria do Deputado Federal Camilo Capiberibe (e outros), que dispõe sobre a Profissão de Antropólogo e dá outras providências. 

    Site da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). 

    Site do World Council of Anthropological Association. 

    Site da The World Anthropological Union (WAU)

    Site da International Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES)

    Site da American Anthropological Association (AAA)

    Site da Society for Applied Anthropology (SfAA)

    Site da National Association for the Practice of Anthropology (NAPA)

    Site do Consortium of Practicing & Applied Anthropologists (COPAA)

    Miriam Pillar Grossi, Antonella Tassinari, Carmen Rial. Ensino de Antropologia no Brasil: Formação, práticas disciplinares e além-fronteiras. Associação Brasileira de Antropologia. 2006. 

    FLEISCHER, Soraya.  Onde uma antropóloga pode trabalhar? Relato de uma disciplina de graduação sobre Antropologia e mercado de trabalho. In: Áltera – Revista de Antropologia, João Pessoa, v. 1, n. 4, p. 42-61, jan. / jun. 2017

    TAVARES, F.; CAROSO, C.; GUEDES, S.L. (Orgs.). Experiências de ensino e prática em Antropologia no Brasil. Brasília: Ícone Gráfica e Editora, 2010, p. 80-88

    Podcast Conversas da Kata: EP #8 - Procura-se antropóloga: o misterioso mercado de trabalho da Antropologia

  • Inaugurando uma nova série de episódios esporádicos e aleatórios, o Antropocast Convida será em formato de bate papo com especialistas em diversas áreas direta ou indiretamente ligadas à Antropologia.

    Nosso primeiro navegante convidado é Pedro Jaime Coêlho, Doutor em Antropologia Social pela USP e em Sociologia e Antropologia pela Université Lumière Lyon 2. Sua tese de doutorado - defendida na FFLCH/USP - foi vencedora do Prêmio Tese Destaque USP 2013 na Categoria Ciências Humanas. Pedro fez mestrado em Antropologia Social na UNICAMP (tendo sido um dos pesquisadores do Projeto Temático Fapesp "Culturas Empresariais Brasileiras". Graduou-se em Administração pela UFBA.

    Atualmente é professor do Departamento de Administração do Centro Universitário FEI, em São Paulo, lecionando no Programa de Mestrado e Doutorado em Administração e na Graduação em Administração; e dos cursos de Graduação em Comunicação Social da ESPM.

    É autor dos livros Executivos negros: racismo e diversidade no mundo empresarial (Edusp, 2016), contemplado em 2017 com o Prêmio Jabuti na categoria Economia, Administração e Negócios, e com o Prêmio ABEU (Associação Brasileira das Editoras Universitárias) na categoria Ciências Humanas; e Sociologia das organizações: conceitos, relatos e casos (Cengage, 2017), em parceria com Fred Lúcio.

    No bate papo, conversamos sobre os desdobramentos da Antropologia Aplicada a partir dos estudos da chamada Antropologia Empresarial e da Antropologia das Organizações no mundo contemporâneo.

  • Neste episódio e no seguinte, vamos falar sobre as Aplicações e as Implicações da Antropologia. 

    Neste primeiro, o foco cairá sobre as relações entre Teoria e Prática no fazer científico e como isso se coloca na Antropologia. Este é o primeiro passo para entendermos melhor esta área bem forte em alguns países, mas muito pouco pensada ou elaborada no Brasil. Frequentemente tida como uma espécie de "patinho feito" da Antropologia, esses dois episódios pretendem lançar algumas reflexões críticas a esse respeito. (Siga o Antropocast no Instagram: @Antropocast). 

    Obs.: A título de exemplo, são transcritos dois trechos de uma entrevista da professora Nathalie Puex, da FLACSO/Buenos Aires a respeito do tema. Estes trechos foram reproduzidos do podcast "Antropodcast Latam", produzido na cidade de Monterey, California (USA). 

    Outras Referências: 

    Bastide, Roger. Antropologia Aplicada. São Paulo: Perspectiva. 1979. 

    Bertoli, Laura. Antropologia Aplicada: Historia y perspectivas des América Latina. Quito: Abya-Yala. 2002. 

    Kottak, Conrad Phillip. Antropología Cultural. Ciudad de Mexico: McGrall Hill. 2011. 

    Kedia, Satish, and Willigen J. Van (2005). Applied Anthropology: Domains of Application. Praeger. Westport, Bergin and Garvey. 2005

    Malinowski, Bronislaw. Practical Anthropology. Africa: Journal of the International African Institute, Vol. 2, No. 1 (Jan., 1929), pp.22-38. 

    Willigen, John Van. Applied Anthropology: an introduction. Westport: Bergin and Garvey. 2002

  • Essa vai ser a nossa última etapa percorrendo as várias faces da Antropologia como ciência, explorando aquilo que alguns autores chamam de “seus sub campos”. Depois de termos refletido sobre a Antropologia Física (ou Biológica), a Antropologia Arqueológica e a Antropologia Linguística, chegamos ao cerne do tipo de Antropologia que é mais popular e conhecido: antropologia social ou antropologia cultural. (Ou, Como prefere uma parte considerável dos antropólogos, antropologia sócio-cultural.) Esta seria uma quarta identidade da Antropologia, que pensa a produção humana a partir de duas realidades que são irmãs-gêmeas: a sociedade e a cultura.
    Para entender a distinção entre esses duas expressões, o episódio começa com uma reflexão sobre as relações entre as palavras e as coisas. Depois, seguimos pensando sobre as relações entre cultura e sociedade, entre o social e o cultural.

    Referências bibliográficas: 
    Roberto DaMatta. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Ed. Vozes. 
    Felix Keessing. Antropologia Cultura. Fundo de Cultura. 
    Edward Evans-Pritchard. Antropologia Social. Edicões 70. 
    Lucy Mair. Introdução à antropologia social. Zahar Editores. 
    Tim Ingold. Companion Encyclopedia of anthropology. 
    Alan Barnard. Encyclopedia of Social ando Cultural Anthropology. Routledge. 
    Alan Barnard. History and Theory in Anthropology. 
    Thomas Hylland Eriksen, Finn Sivert Nielsen. A History of Anthropology. 
    Thomas Hylland Eriksen. What is Anthropology. 

  • Continuando a explorar as várias faces da Antropologia, este episódio mergulha em  mais um de seus fascinantes subcampos: a Antropologia Linguística. Sua criação, vinculada à tradição da disciplina nos Estados Unidos no final do século XIX, está inserida na perspectiva de amplo extermínio das populações indígenas naquele país. Os antropólogos vinculados à tradição culturaliste de Franz Boas defendiam o amplo estudo científico das línguas indígenas antes de seu completo desaparecimento. 

    Passando por alguns pressupostos básicos da ciência Linguística (cujo pai fundador, o suíço Ferdinand de Saussure é o primeiro autor a formular uma diferença substantiva entre Língua e Linguagem), o episódio percorre, de maneira introdutória, seus conceitos e as ideias básicas que consolidaram esta que é hoje uma área bastante importante da nossa disciplina, inclusive aqui no Brasil. 

    Referências: 

    Ferdinand de Saussure. Curso de Linguística Geral. 

    Alessandro Duranti. Linguistic Anthropology; History of Linguistic Anthropology; A Companion to Linguistics Anthropology (2004)

    Dell Hathaway Hymes. Essays in the history of linguistic anthropology; Foundations in sociolinguistcs. 

    Christine Jourdan, Kevin Tuite. Language, Culture, and Society: Key Topics in Linguistic Anthropology. 

    Claude Lévi-Strauss. Análise estrutural em linguística e antropologia; Linguagem e sociedade; Linguística e Antropologia. (Capítulos de Antropologia Estrutural)

    Aryon Rodrigues. Línguas Brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. 

    Aryon Rodrigues: Biblioteca Virtual Curt Nimuendaju - Etnolinguística.org