Episodit

  • A vitória do Paris Saint-Germain (PSG) sobre o Aston Villa por 3 a 1, no jogo de ida das quartas de final da Liga dos Campeões, deixou o time francês em uma posição confortável para avançar à semifinal. No entanto, o treinador da equipe, Luis Enrique, descarta o favoritismo da equipe, apesar da ampla vantagem.

    O jogo da última quarta-feira (9) no estádio Parque dos Príncipes confirmou a boa fase da equipe treinada pelo espanhol.

    Depois de eliminar nas oitavas, de maneira até surpreendente, o Liverpool, na casa do adversário, o PSG tinha pela frente outro time inglês perigoso. Mas com a bola rolando, a estratégia do Aston Villa ficou muito clara desde o início: jogar com um bloco defensivo sólido e apostar nos contra-ataques. E deu certo, pelo menos em um primeiro momento. Com um erro do lateral esquerdo português Nuno Mendes, o Aston Villa puxou um contra-ataque rápido e Rogers abriu o placar.

    Na área VIP das arquibancadas, o príncipe William, que veio de Londres com seu filho mais velho torcer para o time inglês, vibrou muito, cena que viralizou nas redes sociais. Torcedor do Aston Villa, o primeiro na sucessão do trono britânico explicou em entrevistas que fez questão de trazer George, de 11 anos, para viver uma experiência única, longe do país natal, e claro, transmitir sua paixão pelo esporte.

    Mas a alegria do príncipe William, durou pouco. O PSG empatou logo na sequência, com um belo chute do atacante Doué, uma das revelações do time nesta temporada.

    A virada veio no segundo tempo, com um belo chute do georgiano Kvaratskhelia, eleito o melhor em campo. Nos acréscimos, o lateral Nunes Mendes se redimiu e, num belo gol, decretou a goleada.

    O zagueiro, de 22 anos, que tem sido um dos destaques da equipe nesta temporada, celebrou também a força e união do elenco, que já tinha conquistado por antecipação no final de semana o título de campeão francês.

    “É uma equipe jovem, mas cheia de ambição, que dá tudo dentro de campo. Temos um bom coletivo e dá para ver isso dentro de campo. Somos muito unidos”, afirma.

    Outro jogador português da equipe, o meio campista Vitinha, também comentou a boa fase do PSG e destacou a solidariedade da equipe.

    “Temos um grande coletivo. Todos atacam e todos defendem. Assim tudo fica mais fácil. É importante continuarmos assim, pois isso pode nos levar muito longe”.

    A satisfação dos jogadores do PSG contrasta com a frustração do time inglês, que veio a Paris em busca de um resultado e voltou para casa com uma missão agora bem mais difícil.

    Ex-jogador do Paris Saint-Germain, o lateral esquerdo do Aston Villa, o francês Lucas Digne, analisou com muita frieza a partida. Ele reconheceu a superioridade do time adversário, e admitiu que o time inglês veio para se defender e jogar no contra-ataque.

    “Esse era o nosso plano de jogo. No início, conseguimos abrir o placar, o que era praticamente a coisa mais difícil de fazer. Mas, é verdade que enfrentamos uma grande equipe, temos de admitir, e eles tiveram algumas ações brilhantes, como o chute de Désiré Doué, que foi incrível. Agora, cabe a nós revertermos a situação no jogo de volta", declarou Digne.

    Euforia e prudência

    A vitória trouxe euforia para a torcida e para a imprensa esportiva francesa. "Golpe de gênios", foi a manchete escolhida pelo L’Équipe para comentar a vitória conquistada por três golaços.

    Foi uma "noite de artistas, com dribles inspirados e jogadas geniais", principalmente de Desiré Doué e Kvaratskhelia, comemorou o jornal, otimista com o resultado e com a vantagem adquirida com o placar elástico, que deveria, em tese, tranquilizar o clube, já que o time pode perder até com um gol de diferença para se classificar par a semifinal.

    Mas o treinador da equipe, o experiente Luis Enrique, que tem no seu currículo a famosa "remontada" do Barcelona contra o PSG por 6 a 1, quando era técnico do time espanhol, é prudente. Ele evita a todo custo usar o termo favorito, apesar da grande vantagem que o PSG tem diante do adversário na próxima terça-feira, no jogo que será disputado em Birmingham, a casa do Aston Villa.

    “Todos concordamos que o tema do favoritismo não faz muito sentido nesta competição. O que isso significa? Não importa o resultado, não importa se ganhamos, empatamos ou perdemos. Nosso objetivo em Birmingham é claro: tentar ganhar o jogo", diz o treinador.

    Luis Enrique se referia à dura derrota de 2 a 1 do alemão Bayern de Munique, surpreendido em casa pela Inter de Milão, e também pelo resultado sofrido pelo Real Madrid contra o Arsenal, goleada de 3 a 0.

    O vencedor desse confronto entre o time espanhol e a equipe inglesa, irá enfrentar na semifinal o PSG ou o Aston Villa.

    A outra vaga na semi será definida após os confrontos entre a Inter de Milão e o Bayern e Barcelona contra o Borussia Dortmund. Com a vitória de 4 a 0 no jogo de ida, só uma catástrofe em Dortmund tira o Barça da semifinal da Liga dos Campeões. Os jogos serão disputados nas próximas terça (15) e quarta-feira (16).

  • A etapa de Sófia, na Bulgária, abre a temporada da Copa do Mundo de Ginástica Rítmica, reunindo as melhores atletas do circuito mundial. As brasileiras Maria Eduarda Alexandre e Geovanna dos Santos, conhecida como Jojô, participaram da competição como parte da preparação para o Mundial de agosto, que será realizado pela primeira vez no Brasil.

    Durante três dias, de sexta-feira (4) até domingo (6), a capital búlgara foi palco da abertura da temporada da Copa do Mundo de Ginástica Rítmica. Solange Paludo, treinadora de Maria Eduarda, destacou a importância da participação das brasileiras na competição e os treinamentos realizados na Bulgária, país com grande tradição na modalidade.

    "Tenho grande admiração pela escola búlgara por diferentes fatores: o manejo do aparelho, coreografias bem elaboradas, técnica corporal. É um combo de experiências que aprendemos aqui para levar para o nosso dia a dia", destaca.

    Solange também comentou sobre os desafios do início das competições internacionais de alto nível.

    "A primeira competição do ano sempre é mais tensa. Essa Copa do Mundo veio para nos auxiliar em questão de estratégia, de coreografias para nos ajudar para as próximas etapas, pegando força e trabalhando a mente em harmonia para ter bom resultado no Mundial."

    Maria Eduarda Alexandre, catarinense que conquistou quatro medalhas individuais nos Jogos Pan-Americanos de 2024, garantiu seu lugar na final da competição de fita, em Sófia, com o terceiro lugar nas etapas de classificação. Ela destacou os desafios que representam as novas regras e códigos estabelecidos pela Federação Internacional de Ginástica Rítmica.

    A partir deste ciclo, a música ganha mais importância nas apresentações e qualquer falha técnica pode comprometer a pontuação das competidoras. "Com as mudanças e os novos códigos, é uma oportunidade de testarmos as novas coreografias", comentou Maria Eduarda.

    'Estar 110% para o Mundial'

    Além da competição, a equipe brasileira realizou treinamentos com profissionais reconhecidas do circuito mundial, como Mariana Pamukova, treinadora da vice-campeã olímpica Kaleyn Boryana, medalha de prata em Paris 2024.

    "Treinar na Bulgária é muito importante para nossa carreira. É um país de potência e toda vez que a gente vem aqui sai com novos aprendizados e mais experiência", diz Geovanna. Jojô também compartilhou sua preparação visando o Mundial de agosto no Brasil.

    "É uma pressão e a expectativa vai vir de todos os lados, da comissão técnica, de nós mesmas, do público. É um Mundial muito importante, o primeiro dentro de casa. O nosso mental tem que estar 100% firme, forte e focado no que temos que fazer dentro de casa. Estamos muito concentradas para darmos mais de 100%, 110% dentro de quadra. Temos que sair da competição felizes, bem consigo mesmas e alcançarmos os objetivos de nosso país", diz Jojô.

    Gizela das Mercês Batista, treinadora de Jojô, destacou a importância da participação da atleta na primeira etapa da Copa do Mundo. "É a primeira competição da Geovanna. Treinamos para competir neste ciclo pensando em mostrar duas séries novas, com contexto para a arbitragem entender."

    Gigi, como é conhecida pela delegação, também falou sobre o trabalho de longo prazo para o Mundial no Brasil, a principal meta de resultados para a equipe brasileira em 2025.

    "Somos um pouco atrasadas em relação às competições europeias. A gente quer que ela compita bem, porque as notas são diferentes das do ciclo passado e precisamos preencher os critérios para nos prepararmos para o Mundial", argumentou.

    Gizela enfatizou ainda a importância dos estágios e treinos na Bulgária tanto para atletas quanto para a comissão técnica. "Esses estágios são importantes para o desenvolvimento do atleta e do treinador, principalmente nesta primeira etapa de Copa do Mundo, pois estamos em um novo ciclo e desenvolvimento de série. Agregamos para nossos treinos também no Brasil."

    Outras duas etapas da Copa do Mundo de Ginástica Rítmica acontecerão neste mês em Baku, no Azerbaijão, e Tashkent, no Uzbequistão. A final será em julho, em Milão, na Itália. Já o Mundial de Ginástica Rítmica acontece de 20 a 24 de agosto, no Rio de Janeiro.

  • Puuttuva jakso?

    Paina tästä ja päivitä feedi.

  • A decisão da justiça espanhola de revogar a condenação em primeira instância de Daniel Alves tem causado repercussão internacional e impactado a imprensa e a sociedade espanhola nos últimos dias. O jogador, que havia sido considerado culpado de agredir sexualmente uma jovem numa boate em Barcelona no fim de 2022, agora foi oficialmente absolvido.

    Em dois dos principais jornais espanhóis, o assunto ocupou lugar de destaque. Sábado (29), na capa do periódico El País, a manchete ressaltava que a absolvição de Alves se deu porque a denúncia não foi considerada confiável. Já o jornal El Mundo relacionou a decisão da justiça com a “inconsistência” da lei de garantia integral do consentimento sexual, conhecida como “Solo sí es sí”.

    Repercussão política

    Diante da notícia da absolvição do jogador brasileiro, Irene Montero, eurodeputada e ex-ministra da Igualdade da Espanha, além de uma das principais impulsionadoras da lei “Solo sí es sí”, manifestou indignação. Segundo disse em vídeo publicado nas redes sociais, a sentença coloca a responsabilidade sobre a vítima e dá a entender que ela não é confiável.

    “É uma sentença que é um claro exemplo de violência institucional e de justiça patriarcal, que desprotege as vítimas, as revitimiza e mantém, como diz a ONU, a cultura da impunidade dos agressores”, avaliou.

    A ministra espanhola da Igualdade, Ana Redondo, também se pronunciou. Em uma publicação feita no X, lembrou das diversas versões contraditórias apresentadas por Daniel Alves e disse que “de novo se questiona a vítima e, de novo, a palavra de um homem prevalece sobre a de uma mulher”. Redondo afirmou que a sentença lança uma mensagem errada à população e que “as mulheres têm que poder denunciar e saber que sua voz é confiável nos tribunais”.

    María Jesús Montero, secretária-geral do Partido Socialista Operário Espanhol e ministra da Fazenda, aproveitou sua intervenção em um congresso do partido ao qual pertence para expressar que considera a decisão da justiça uma “vergonha”.

    A socialista deixou também uma mensagem de apoio à jovem que acusa Daniel Alves de tê-la violentado. “Estamos com todas aquelas que enfrentam gigantes para reivindicar a dignidade que está na sua palavra, na sua voz, na dignidade de todas nós. E você não está sozinha. Estamos aqui com você”, exclamou Montero.

    Leia tambémJustiça espanhola anula condenação de Daniel Alves por agressão sexual

    Revogação por unanimidade

    Inicialmente condenado por agressão sexual, Daniel Alves foi absolvido na última sexta-feira (28) e todas as medidas cautelares adotadas no caso foram revogadas. A seção de apelações do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha acatou por unanimidade o recurso apresentado pela defesa do jogador, tornando nulos os efeitos da condenação em primeira instância. O Ministério Público espanhol e a acusação particular também tinham recorrido, pedindo o aumento da pena inicial, mas tiveram suas solicitações negadas.

    Agora, como afirmam diferentes meios da imprensa espanhola, Alves deve receber de volta a fiança que pagou em março do ano passado para obter liberdade provisória. 1 milhão de euros, cerca de R$ 6 milhões. Também existe a possibilidade de que o jogador seja indenizado pelo tempo que passou na prisão.

    Possibilidade de recurso

    As partes envolvidas no processo ainda podem recorrer. É o que provavelmente fará a advogada da denunciante, Ester García. Ela falou com a imprensa no dia em que foi anunciada a decisão a e declarou que deve apresentar recurso, mas que, em primeiro lugar, tem que verificar como está o estado mental da sua cliente.

    Além de classificar a nova sentença como um retrocesso que pode desencorajar outras mulheres a denunciar, García falou sobre as gravações feitas na boate, que apresentariam contradições em relação à versão da denunciante, segundo a justiça. Para a jurista, afirmar que o “sentimento de insegurança” não existe, a partir de imagens gravadas em uma zona escura, como a do ambiente de festa, é inconcebível.

    “Me parece um debate que, nos dias de hoje, não deveria nem existir, porque os fatos analisados no processo não são se ela estava dançando ou não antes e sim o que aconteceu dentro de um banheiro”, declarou.

    De acordo com a imprensa espanhola, o Ministério Público ainda estaria investigando a possibilidade de recorrer.

    Reviravolta jurídica

    Entre os motivos para estabelecer a nova decisão, os magistrados da seção de apelações do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha mencionaram lacunas, imprecisões e contradições na análise anterior dos acontecimentos.

    Os juízes também destacaram que o depoimento da vítima não poderia ser considerado suficientemente confiável, uma vez que partes da sua versão dos fatos não foram confirmadas por outras provas periciais, ou registros de câmeras de segurança.

    Tendo permanecido mais de um ano em prisão preventiva, Daniel Alves tinha sido sentenciado a 4 anos e 6 meses de reclusão por agressão sexual. Em março de 2024, obteve liberdade provisória após pagar uma fiança milionária. Segundo a decisão inicial, ele ainda teria que cumprir mais de dois anos de prisão.

    No mundo do futebol

    Em entrevista à RFI, o jornalista esportivo Joe Brennan, do Diário AS, disse que vê complicada a possibilidade de que Daniel Alves volte a jogar: “Com a idade que ele tem, com o tempo que ficou fora e com tudo o que envolve o nome dele agora, não sei se haverá um clube que vai querer vincular seu nome ao de Dani Alves”.

    O jornalista ressaltou o forte impacto que as notícias relacionadas ao processo em questão tiveram na sociedade espanhola. Ele conta que, na Espanha, existe uma resposta massiva de apoio à vítima. “Estamos falando de Daniel Alves, mas há uma vítima nisto”.

    Para Brennan, há um “entendimento muito forte na Espanha de que o sistema judicial que temos hoje não é totalmente adequado para proteger a vítima”. Ele cita que há muitos exemplos na opinião popular e, inclusive, de representantes políticos que sustentam essa ideia.

    “E até muita gente do Barça, porque já sabemos como é o mundo do futebol, sempre apoiando os seus, seu clube, seus jogadores e, claro, suas lendas como Dani Alves. Mas, neste caso, a sensação é diferente”, reflete o jornalista.

    Joe Brennan ressalta que, apesar da recente decisão da justiça espanhola, o episódio relacionado à denúncia de agressão sexual marcou a biografia do jogador. "Ele se tornou um ídolo para o Sevilla, para o Barça e para muitos outros times. Para o povo brasileiro também, imagino, com a seleção brasileira. Mas sempre vai existir essa sensação de dificuldade ao reavaliar a vida dele dentro de campo”.

  • Pela primeira vez na história, o Comitê Olímpico Internacional (COI) terá uma mulher no comando da instituição, que tem 130 anos de existência. A ex-nadadora e medalhista olímpica, Kirsty Coventry, do Zimbábue, foi escolhida esta semana para o cargo de presidente em eleição que aconteceu em Costa Navarino, na Grécia.

    Renan Tolentino, da redação da RFI em Paris

    Aos 41 anos, ela também é a mais jovem e a primeira africana a ocupar a posição, sucedendo o alemão Thomas Bach. Em seu discurso, Kirsty ressaltou o peso da representatividade feminina na liderança do COI e agradeceu a outras mulheres que a inspiraram a lançar sua candidatura.

    “Em termos da importância de ser a primeira mulher, de ser a primeira africana, devo dizer que houve mulheres incríveis que vieram antes de mim. Uma delas que está sentada na sala hoje, e que talvez me emocione um pouco, é Anita deFrantz, uma grande inspiração para mim e para muitas mulheres. E fiquei muito orgulhosa por poder deixá-la orgulhosa. Ela foi a primeira mulher a concorrer a esse cargo e, como eu disse, ela me inspirou e tem sido uma grande mentora para mim desde que entrei no movimento olímpico em 2013 [...] mulheres como ela abrem caminho para mulheres como eu, e eu quero abrir caminho para a geração mais jovem, especialmente porque tenho duas filhas pequenas”, celebrou a ex-nadadora.

    "Uma boa notícia para o COI"

    A vitória de Kirsty Coventry foi encarada com certa surpresa no cenário olímpico, não só porque ela não era a favorita entre os sete candidatos, mas também porque ela venceu ainda no primeiro turno, com uma larga margem de 49 votos contra 28 do seu principal rival, Juan Antonio Smaranch Jr. É o que aponta Jean-Loup Chappelet, professor emérito da Universidade de Lausanne, na Suíça, que estuda o movimento olímpico há mais de 50 anos.

    “Foi uma verdadeira surpresa, pois com sete candidatos, todos esperavam mais turnos de votação, e ela venceu no primeiro turno por maioria absoluta, o que é um feito e tanto. E é uma notícia muito boa para o COI”, avalia Chappelet.

    “O britânico Sebastian Coe era outro apontado como favorito, principalmente pela imprensa (em geral) e pela imprensa britânica em particular, porque ele fez uma campanha voltada para os meios de comunicação e para as redes sociais. Mas quem vota não são os jornalistas, não são as pessoas que usam as redes sociais. Quem vota são os membros do COI, e a metade é composta por mulheres. Há também uma incontestável força dos atletas entre os membros e de pessoas mais jovens. Acho que a idade teve um papel importante. No passado, para ser jovem no comando do COI, era preciso ter 60 anos mais ou menos, mas hoje Kirsty se elegeu aos 41”, detalha o acadêmico da Universidade de Lausanne.

    Avanço no cenário olímpico

    Para o professor, a eleição de Kirsty e sua representatividade enquanto mulher e africana podem ser consideradas um avanço para o COI, para os próprios atletas e para o movimento olímpico, em geral.

    “Sim, acredito que depois de muito tempo o COI evolui. Não estamos mais no tempo do Barão de Coubertin, estamos no século XXI, e no século XXI o poder dos atletas é cada vez maior. Kirsty Coventry ganhou sete medalhas (olímpicas), sendo dois ouros. Isso a torna a presidente do COI com mais medalhas”, destaca Chappelet.

    A vez da África?

    Ao longo de seus oito anos de mandato, Kirsty Coventry terá pela frente os Jogos de Los Angeles, nos EUA, em 2028 e de Brisbane, na Austrália, em 2032. Já para as Olimpíadas de 2036, a sede ainda não foi escolhida. Com uma presidência do Zimbábue à frente do COI, seria o momento do maior evento esportivo do planeta desembarcar pela primeira vez no continente africano?

    “Pode acontecer, mas estamos longe de ter uma previsão, já que nenhum país africano lançou sua candidatura até o momento para os Jogos de 2036. Talvez o próximo passo seja justamente termos uma candidatura, por exemplo, da África do Sul, do Marrocos, ou de outros países da África. Mas também temos candidaturas na Ásia. Há uma rotação de continentes, após a Europa, após Paris 2024, será os Estados Unidos com Los Angeles, e depois a Austrália com Brisbane em 2032. Então, depois poderá ser a vez da Ásia ou da África”, avalia o especialista.

    Neste cenário, será interessante observar a relação dos países africanos com Coventry, que há mais de seis anos ocupa o cargo de Ministra da Juventude, dos Esportes, das Artes e do Lazer do governo do Zimbábue, considerado autoritário.

    Além das metas de tornar os Jogos mais acessíveis às novas gerações, ela terá grandes desafios pela frente, como a reintegração dos russos e ucranianos às Olimpíadas, questões de transidentidade e transgênero nas modalidades olímpicas e problemas ambientais ligados aos Jogos de Inverno. Temas com os quais ela terá que lidar a partir de junho, quando toma posse na sede do COI, em Lausanne, na Suíça.

  • O Jiu-Jitsu brasileiro é cada vez mais presente em Portugal. O esporte registrou um crescimento de 20%, segundo a ISBJJA (International Sports Brazilian Jiu-Jitsu Association). E esse interesse deve ser ampliado este ano com a realização da World Cup, a primeira Copa do Mundo de Jiu-Jitsu em Portugal.

    Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa

    “Portugal já é a casa do Jiu-Jitsu brasileiro na Europa”, resume o faixa-preta Oscar Daniotti, presidente da ISBJJA. Segundo ele, a cultura compartilhada, a língua e a presença de muitos brasileiros têm contribuído para o país se tornar um dos maiores centros da modalidade no Velho Continente. “Muitos brasileiros aqui estão dando aula e espalhando a paixão pelo esporte”, acrescenta.

    A realização da World Cup em Cascais, nos dias 19 e 20 de abril, promete atrair mais de mil atletas e movimentar ainda mais a comunidade em torno da modalidade. “Este evento será um marco para o Jiu-Jitsu em Portugal, reforçando nossa posição como epicentro do esporte na Europa", frisa Daniotti.

    A popularidade do Jiu-Jitsu em Portugal também tem sido impulsionada pelo exemplo de atletas como Renan Bernardes, faixa-roxa e atual líder do ranking mundial na sua categoria pela IBJJF. Renan, que vive em Portugal há nove anos e trabalha na área de relações internacionais de uma universidade, afirma que o esporte transformou sua vida.

    "Eu costumo dizer que não procurei o esporte, eu esbarrei com ele. Comecei aos 33 anos e encontrei o grande amor da minha vida. Adoro o Jiu-Jitsu e não falto em treino por nada. Esse esporte me trouxe muito mais do que eu poderia imaginar”, constata.

    Integração cultural

    Além do alto nível competitivo, o Jiu-Jitsu também é uma ferramenta de integração cultural. Oscar Daniotti menciona que campeões do circuito europeu ganham passagens para competir no Brasil e vice-versa, criando uma sólida conexão entre os dois países. Renan completa: "O Jiu-Jitsu tem um componente muito forte de acolhimento e amizade. As pessoas fazem do Jiu-Jitsu algo que vai além do tatame."

    Entretanto, viver da modalidade na Europa ainda é algo desafiador, especialmente para quem chega no Velho Continente sem uma estrutura pré-estabelecida. “Quem chega na Europa não vai conseguir viver do Jiu-Jitsu de imediato”, alerta Daniotti. “Sem uma academia estruturada, é necessário ter um trabalho extra para garantir o sustento." Renan também confirma, dizendo que não consegue viver da prática esportiva. “Trabalho numa universidade e, como atleta, é muito difícil", admite.

    Apesar dos obstáculos, o Jiu-Jitsu continua a crescer, e novas gerações de atletas estão rompendo estigmas antigos. "As cidades estão oferecendo o apoio necessário para que o Jiu-Jitsu esteja cada vez mais presente, e isso é ótimo para nós, brasileiros, pois podemos compartilhar a nossa cultura", afirma o presidente da ISBJJA.

    Fundada em 2022, a ISBJJA é uma extensão da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu Desportivo (CBJJD) na Europa, e tem feito um trabalho significativo na organização de eventos. Com o apoio de grandes equipes brasileiras, a associação já está consolidada e com boa aceitação no continente. "A nossa parceria com a Confederação Brasileira tem sido fundamental. Quando chegamos, trouxemos uma estrutura já reconhecida no Brasil, e isso ajudou muito no nosso sucesso aqui", explica Daniotti.

    Além da World Cup, também estão previstos outros eventos importantes, como o campeonato nacional em Coimbra (19 de junho), Torres Novas (julho), a Eurocamp na Galícia (outubro), e mais eventos em Coimbra em novembro.

  • De uma infância pobre no Brasil até à liderança de um grande projeto de inserção social pelo esporte na França, o percurso de Alessandra Machado foi cheio de obstáculos e superação. Ela conseguiu realizar o sonho de fundar uma associação que ajuda mulheres de diferentes horizontes a conquistar o bem-estar e a emancipação.

    “É minha luta, porque eu cresci com mulheres, não tinha pai, era só mulher em volta de mim. E esse engajamento com as mulheres e o esporte para mim não é indissociável, porque o corpo da mulher é político. O movimento faz parte da emancipação e todo o processo da minha vida foi em volta disso, do movimento do corpo e da identidade de gênero”, disse Alessandra Machado à RFI.

    Filha única de mãe solteira, ela nasceu em Valença, no interior do Rio, e cresceu num ambiente de muita pobreza, mas seguiu o conselho materno de mergulhar nos livros e investir na educação. Em uma viagem à França, encontrou a oportunidade de uma vida melhor para fugir da “miséria econômica”.

    “A França era a minha América, minha oportunidade de quebrar meu destino de ser miserável e pobre”, conta. Ela chegou a trabalhar sem documentação legal, pensando principalmente em enviar dinheiro à sua família e, ao mesmo tempo, economizar para trazer as três filhas que ficaram no Brasil.

    “Eu trabalhei em restaurante, cuidando de crianças, posando como modelo viva para artistas. Trabalhei até 17 horas por dia para mandar dinheiro para o Brasil e melhorar a situação das minhas filhas”, lembra.

    Associação Passer'Elles

    Depois de trabalhar dez anos com o ex-marido em um comércio, Alessandra se separou e encontrou na zumba uma oportunidade de dar aulas de dança em Lille, no norte da França. Era o início de uma trajetória que a levou à Federação Francesa de Esporte e Ginástica, onde conquistou, aos 37 anos, seu primeiro diploma, de educadora esportiva.

    “Minha segunda formação foi num centro social, com mulheres. Eu senti uma coisa potente ali dentro. Essas mulheres de locais precários têm um poder de resiliência que existia na minha comunidade no Brasil. Foi com essa vontade de criar um coletivo de diversidade, através da animação nos bairros, e fazendo laços com minha história pessoal, que o Passer’Elles nasceu.”

    Hoje, já são 45 formações na bagagem, que contribuem para dar a base e sustentação ao projeto Passer'Elles. A iniciativa, criada em 2014, gira em torno de quatro eixos: esporte e vínculo social, esporte e saúde, diversidade inclusiva, e o nomadismo, uma vez que as atividades podem ser realizadas em diferentes locais para atingir um público mais amplo e diversificado.

    Nessas mais de duas décadas de atuação na região de Lille, a Associação Passer’Elles desenvolveu e propõe uma série de atividades: ginástica, zumba, atividades cardiorrespiratórias, pilates, caminhadas e até ciclismo.

    O esporte pode ser emancipador, mas não sistematicamente, na opinião da brasileira. "Se ele é performance, tem primeiro, segundo e terceiro lugar com pódio e pode ser excludente", argumenta. "Então, isso depende do meio, no qual você vai propor o teu projeto pedagógico para acompanhar alguém", afirma Alessandra. "Eu costumo dizer nas minhas aulas que o esporte é um instrumento. Por isso que os elementos fundadores, que são nossos pilares, podem dar segurança ao projeto”, acrescenta.

    Projeto "revolucionário"

    Os perfis das mais de 500 mulheres associadas são muito variados: empresárias, médicas, profissionais liberais, desempregadas e migrantes. “Nós podemos ser gratuitos para refugiados, requerentes de asilo, pessoas em situação irregular, pouco importa. Mas as pessoas que ganham mais, pagam mais. A gente junta no mesmo lugar a multiplicidade de pessoas desse país”, explica Alessandra. Acompanhada de uma equipe de 35 voluntárias e cinco educadoras para ajudá-la na realização, ela considera o projeto “revolucionário”.

    Aos 52 anos, Alessandra Machado pretende expandir o conceito de sua associação e contribuir para outros movimentos que tenham foco na ação social por meio do esporte.

    “Temos várias propostas de modelização com nossa federação e estamos trabalhando para a formação de educadoras inclusivas, que trabalhem o vínculo social, que chamamos de sócio-esporte. Nosso trabalho é focado nessas educadoras", explica a brasileira.

    Experiente, ela leva em conta que tudo é modulável, segundo os meios, a geografia, a história. "Não dá para simplesmente copiar um elemento e achar que ele vai funcionar em todos os lugares. Esse conceito de modelização é uma ideia utópica. Mas certamente alguém deve fazer a mesma coisa em algum lugar”, conclui Alessandra.

  • A Fórmula 1 iniciou oficialmente a temporada 2025 na quarta-feira (26) com os testes de inverno no Bahrein. As 10 equipes e os 20 pilotos estiveram reunidos no circuito de Sakhir para uma bateria de ensaios cruciais antes do primeiro Grande Prêmio do ano, na Austrália. Mas a temporada marca, também, a volta do Brasil ao circuito mundial das corridas, após uma ausência de sete anos, com Gabriel Bortoleto, jovem piloto brasileiro de 20 anos, prestes a estrear na Fórmula 1 pela equipe Sauber.

    Para Eric Mendes, jornalista especializado em Fórmula 1, o brasileiro Gabriel Bortoleto "é um piloto que percebe rapidamente a estratégia e o que ele precisa fazer para dar o seu máximo durante uma corrida".

    E é visível que ele sabe aproveitar [a corrida] e marcar muitos pontos para ser o mais regular, e justamente por isso se tornou campeão há dois anos [na Fórmula 2]. "No ano passado, enfrentou o francês, e não estava exatamente em sua melhor forma. Mas ele se adaptou rapidamente e conseguiu mostrar consistência. Ele tinha regularidade e capacidade de estar presente nos momentos decisivos para marcar os pontos necessários, o que deu a ele a vantagem que permitiu a vitória", lembra o comentarista.

    "Eu acredito que é uma questão de tentar manter essa mesma lógica [agora no circuito principal]. Ele precisa entender o que deve fazer para ter o carro mais rápido possível, o que vai permitir que ele dê o seu melhor ao volante. Mas será difícil, e ele precisará de um tempo de adaptação", sublinha Mendes. "Mesmo assim, ele já mostrou que é capaz, e vai acelerar o suficiente para se destacar. Ele precisa continuar com a mesma vontade de ter sucesso, independentemente do que acontecer", acredita.

    Comparação com Senna

    Sobre possiveis comparações com o estilo de Ayrton Senna, Eric Mendes contemporiza e analisa a performance de Bortoleto sob um outro prisma. "Eu acho que ele tem mais a atitude do piloto moderno, que precisa se impor. Ele não é aquele piloto agressivo ou que tenta ser o mais rápido a todo custo, porque todos os pilotos agressivos acabam se destacando por um tempo, mas muitos se queimam", destaca o especialista.

    "A questão é sempre a consistência. Quando ele chegou, por exemplo, tinha um estilo muito agressivo, o que causou uma boa impressão. Ele continua com essa imagem de piloto agressivo, mas, ao mesmo tempo, tem mostrado que é capaz de se adaptar e ser mais trabalhador. Ele não precisa ser aquele piloto agressivo do tipo 'fazer tudo na força bruta'. Ele precisa mostrar seu valor ao longo da temporada, e é isso que vai determinar seu sucesso", analisa Mendes.

    "Claro, todos falam de Senna, das suas habilidades, especialmente sob condições adversas, como quando estava chovendo. Ele soube lidar com situações complicadas", lembra. "Mas agora, o carro é muito mais importante. A comparação também será feita com seu colega de equipe, [Nico] Hulkenberg, e veremos se Bortoleto consegue estar presente nos momentos de marcar pontos e aproveitar as oportunidades. Ele tem que aproveitar essas chances. As pessoas estão olhando para o Bortoleto com outros olhos agora, e eu tenho certeza de que ele vai aproveitar ao máximo essa oportunidade", acredita o comentarista franco-português.

    O "business" da Fórmula 1

    Perguntando sobre as possíveis razões da ausência prolongada do Brasil no circuito, Eric Mendes faz uma avaliação do contexto atual da Fórmula 1. "Estamos em uma fase onde o dinheiro e os negócios falam mais alto. É difícil para um piloto sem o suporte financeiro necessário conseguir uma vaga. Conseguir um lugar na Fórmula 1, atualmente, é um jogo de dinheiro", pontua.

    "Foi isso que dificultou a vida dos pilotos brasileiros, como o Felipe Massa, por exemplo, que foi campeão e ainda espera por uma nova oportunidade. Para mim, quando um piloto é campeão da Fórmula 2, ele já deveria ter a chance de ir para a Fórmula 1 imediatamente. Antigamente, isso era mais natural. Mas hoje, quem não tem o suporte financeiro ou uma figura por trás, como um pai, fica para trás", sublinha o especialista.

    "O [piloto brasileiro Felipe] Drugovitch, por exemplo, está na equipe reserva e tem essa sorte, pois seu pai está ajudando a garantir seu lugar. Muitos pilotos acabam dependendo desses apoios, e foi o que faltou aos brasileiros. Não se trata de falta de talento, mas de oportunidade. Drugovitch tem demonstrado que pode estar no nível necessário, e agora, com sorte, ele pode finalmente ter a sua chance", afirma Mendes.

    Brasil também entre as promessas do circuito

    O paranaense Felipe Drugovich, de 24 anos, ganhou nas categorias de base do automobilismo, especialmente na Fórmula 2, onde conquistou o título da temporada 2022 pela equipe MP Motorsport. Após seu sucesso na F2, Drugovich passou a integrar o programa de jovens pilotos da Aston Martin na Fórmula 1, atuando como piloto reserva e de testes. Ele participou de algumas sessões de treinos livres e testes de pré-temporada com a equipe, sendo considerado uma promessa para um futuro lugar na F1. Atualmente, ele continua como piloto reserva da Aston Martin e segue buscando uma oportunidade para estrear como titular no circuito.

    Vindo de longa tradição familiar e neto do icônico piloto Emerson Fittipaldi, Pietro Fittipaldi é piloto de testes e reserva da Haas. Ele fez sua estreia na categoria em 2020, substituindo Romain Grosjean no GP de Sakhir e no GP de Abu Dhabi, após o grave acidente do piloto francês no Bahrein. Atualmente, Pietro continua ligado à escuderia Haas como piloto reserva no circuito de 2025.

    Para Eric Mendes, no entanto, ainda deve levar tempo para os brasileiros darem um "susto" em grandes favoritos como Lewis Hamilton. "Ainda é muito cedo para imaginar isso. Acredito que ainda é cedo para dizer que Gabriel Bortoleto esteja na luta pelo título, pois ele ainda está se adaptando, e o carro não é um dos mais competitivos", contextualiza.

    Favoritos

    "Os grandes favoritos, por enquanto, são Max Verstappen e Red Bull, com a McLaren também mostrando boa forma. A Mercedes, com Hamilton, tem se destacado, e é claro que ele continua sendo um grande nome da F1. A McLaren também pode ser uma surpresa, mas no momento a Red Bull parece estar na frente. Max Verstappen é o atual campeão e, sem dúvida, continuará a ser um dos maiores candidatos. Claro, a Ferrari também pode ser uma surpresa, mas o Bortoleto tem um longo caminho pela frente. Quem sabe, com o tempo, ele consiga mostrar seu verdadeiro potencial e surpreender", diz Mendes.

    A Sauber, que se tornará a equipe de fábrica da Audi em 2026, enxerga na contratação de Bortoleto uma oportunidade de incorporar jovens talentos em sua futura formação de pilotos. A chegada do jovem talento marca o retorno de um piloto brasileiro à Fórmula 1 em tempo integral desde 2017, e promete reacender o entusiasmo dos fãs brasileiros pelo esporte.

    Além disso, Bortoleto garantiu o título da Fórmula 2 após terminar em segundo lugar na corrida final em Abu Dhabi, acumulando um total de 214,5 pontos na temporada. Ele se junta a nomes como Oscar Piastri, George Russell e Charles Leclerc ao conquistar títulos consecutivos nas categorias de base.

    Maratona

    As equipes tiveram recentemente um grande desafio pela frente: ajustar seus carros em apenas três dias de testes antes da maratona de 24 corridas ao longo do ano. Embora os layouts dos carros já tenham sido revelados e algumas imagens das novas máquinas em pista tenham circulado, os testes no Bahrein foram essenciais para entender melhor a força de cada equipe em uma temporada que promete ser bastante equilibrada.

    "Acredito que veremos uma continuação do que aconteceu no ano passado, com quatro equipes (McLaren, Ferrari, Red Bull e Mercedes) capazes de vencer corridas e disputar o título. Teremos uma grande batalha pela frente", projetou Frédéric Vasseur, chefe da Ferrari.

    Com 2025 marcando o último ano antes das grandes mudanças regulatórias de 2026, a tendência é que as diferenças entre as equipes sigam diminuindo. As atualizações feitas são importantes, mas muitas escuderias já começam a desviar atenção para o desenvolvimento dos carros do novo regulamento.

    Até lá, o foco se concentrou nos três dias de testes em Sakhir, fundamentais para ajustes antes do GP da Austrália, marcado para o dia 16 de março, em Melbourne.

    A contagem regressiva para a temporada 2025 já começou, resta saber como será o retorno do Brasil de Ayrton Senna às pistas, depois de sete anos de ausência no circuito mundial.

  • A França tem sua campeã mundial de capoeira. Aos 22 anos de idade, Mahrie Corbu fez história como a primeira francesa a conquistar o título mundial de capoeira, em uma competição disputada no início de fevereiro, em Curitiba, no Paraná. A repercussão da conquista deve garantir maior visibilidade para a prática no país e impulsionar projetos da jovem francesa que usa a capoeira para inserção social.

    A vitória na competição europeia, realizada em Madri, garantiu a classificação da francesa para o Mundial no Brasil. Antes disso, ela tinha participado de competições em Munique e Barcelona. Orgulhosa da medalha inédita conquistada na capital paranaense, Mahrie Corbu aproveita a visibilidade conquistada para divulgar os valores da capoeira além dos aspectos esportivos.

    “A competição é muito importante para o desenvolvimento da capoeira, porém, não é o objetivo final, algo que como capoeirista tem que conquistar. Faz parte como esporte, da performance física, mas a capoeira vai além disso, tem muitos valores sociais e culturais”, diz. “A capoeira consegue unir as pessoas, de idades e lugares diferentes. É uma língua que a gente consegue conversar através do corpo. O lado da competição é bom, é importante, mas vai além”, acrescenta.

    No entanto, Mahrie pode creditar a sua conquista também ao seu espírito competidor. Durante o Mundial, ela não se abateu ao levar um golpe que quase a tirou da roda de capoeira. A francesa lembra que teve de superar a dor de uma pancada nas costelas. “Fiquei um minuto com a respiração cortada, fiquei no chão e não conseguia respirar. Quando vi a ambulância chegar, pensei, ‘se eu não consegui levantar a competição, acaba aqui’. Eu me levantei e decidi terminar a competição mesmo com a respiração ruim”, recordou.

    Mais de 20 países foram representados no Mundial. Apesar de não ter a graduação exigida, seu mestre aceitou inscrevê-la na categoria para professoras, já que ela também dá aulas na França. Mahrie era a única estrangeira em uma disputa só com brasileiras. Sem muitas expectativas de subir ao pódio, ela disse ter chegado confiante na competição devido à preparação e ensinamentos adquiridos com seu mentor, o mestre Cacique. “Não pensava que ia ganhar, porém, meu mestre me ensinou muitas coisas, eu acredito muito nos seus ensinamentos e cheguei confiante, pois o trabalho dele é muito bom”, afirma.

    Relação com a capoeira começou na infância

    A relação de Mahrie com a capoeira começou muito cedo, aos 8 anos, e por acaso. Inscrita para praticar boxe, ela abandonou a modalidade devido às ausências seguidas do professor, e como as aulas de capoeira eram no mesmo local, sua mãe a inscreveu mesmo contra sua vontade.

    “Nas primeiras aulas, não gostei e dizia para minha mãe que não tinha coordenação, flexibilidade, nada. Não gostava de cantar, mas minha mãe insistiu”, contou. Depois de dez aulas, Mahrie se convenceu e passou a treinar com regularidade, até mesmo em casa. “Hoje, 14 anos depois, posso falar que a capoeira sempre fez parte da minha vida e hoje é o motor da minha, vida”, afirma.

    Seu nome de capoeira, “matadora arte negra” surgiu quando tocando pandeiro durante uma roda de capoeira, repreendeu um aluno indisciplinado apenas cruzando os braços e lançando um olhar severo. Uma amiga brincou dizendo que ela tinha um “olhar de matadora” e o apelido ficou. Ela agregou "arte negra" em referência ao grupo que surgiu na Bahia e tem uma extensão em Bordeaux, cidade no sudoeste da França, graças ao trabalho do mestre Cacique, como é conhecido o baiano Marcelo Bezerra Pereira. Há mais de 20 anos ele se instalou na cidade para divulgação da capoeira.

    Mestre Cacique não esconde o orgulho ao ver a repercussão da vitória de Mahrie no Campeonato Mundial Muzenza de Capoeira. Segundo ele, imagens da capoeirista podem ser vistas não apenas em sua cidade natal, Carbon-Blanc, mas também em Bordeaux, e por meio de entrevistas ela ganhou muito espaço na mídia.

    "A vitória de Mahrie deu uma visibilidade enorme. Ela está fazendo o que a capoeira pede para fazer. Ela ganhou o campeonato, mas ela está divulgando a capoeira, falando da filosofia. Ela fala da competição, mas não é só isso. Ela não ganhou sozinha, todos os capoeiristas estão ganhando com ela. Ela não tem o espírito da competição, ela tem o espírito da capoeira, e isso é bonito”, comemora Mestre Cacique, que espera nos próximos meses um aumento no interesse pela capoeira e no número de praticantes na região de Bordeaux.

    Trabalho de inserção social

    Com um diploma universitário de Carreira Social, Mahrie trabalhou como diretora de atividades extraescolares com crianças e adolescentes, mas atualmente se dedica integralmente à capoeira por meio de sua associação “Capoeira Iguald’Arte”, onde dá aulas com membros do grupo Arte Negra. “Eu trabalho com crianças, adultos e idosos, e com pessoas com deficiência e dificuldades sociais, por isso chamei Iguald’Arte, que faz referências à igualdade com arte, de Arte Negra” explica.

    Ela encontrou na capoeira uma ferramenta para trabalhar com inserção de populações com dificuldades sociais. “A capoeira tem fundamento, ritual, mas não tem regras fixas, nada escrito. De um grupo para outro, as coisas mudam. É muito fácil a capoeira se adaptar às pessoas, ela é muito inclusiva. Todo mundo pode participar de uma forma ou de outra, se unir através da música, da cultura popular, não é apenas um esporte, mas uma arte de viver e filosofia de vida”, destaca a campeã mundial em um português fluente.

    Além da maior visibilidade que sua conquista vai permitir à capoeira na França, ela acredita que o título mundial vai também dar um recado para os brasileiros, a de que estrangeiros, especialmente europeus, estão cada vez mais integrados em uma prática comumente associada ao Brasil. “Você é visto como gringo da capoeira. Quero mostras por meio dessa medalha que as pessoas da Europa também podem praticar e fazer parte da capoeira. E a competição me permitiu mostrar mais o meu trabalho. A competição não é meu objetivo final, mas uso para divulgar meu trabalho na França”, conclui.

  • O Brasil fez sua participação nos Invictus Games em Vancouver, no Canadá, um evento internacional que reúne militares com deficiência, idealizado pelo príncipe Harry em 2014. A seleção brasileira conquistou o ouro no vôlei sentado ao derrotar a Nigéria na final. A competição, que termina neste domingo (16), envolve um total de 11 modalidades esportivas, sendo seis de inverno e cinco de verão.

    Luciana Quaresma, de Vancouver

    A delegação brasileira é composta por oito atletas que competem nas modalidades de natação e vôlei sentado. Leandro Santos expressou sua satisfação em representar o país. "Esta experiência é significativa. Nunca imaginei estar em um lugar tão bem organizado e acolhedor. A gente vê o espírito de corpo, a camaradagem e isso é maravilhoso. Vemos a garra, a determinação, a coragem, a resiliência e o renascimento", destacou.

    Segundo Santos, o evento é transformador. “Muitos dos participantes enfrentaram desafios como a depressão, acidentes ou sequelas de guerra, e agora os vemos motivados e felizes, compartilhando momentos especiais com suas famílias. Agradecemos muito por estar aqui, a Deus e ao príncipe Harry, por nos proporcionar um evento tão significativo", afirmou o brasileiro, enfatizando o impacto positivo do Invictus Games na vida dos competidores.

    Neste sábado, a equipe brasileira fez sua estreia no vôlei sentado, uma ocasião aguardada com expectativa. O time chegou na final e derrotou a Nigéria por 2 a 0, conquistando a medalha de ouro.

    "Participar dos Invictus Games é um momento que nós, atletas do paradesporto militar, sempre sonhamos. É uma chance de mostrar não apenas nossas habilidades esportivas, mas também nossa determinação em superar desafios", disse Leandro.

    Marcelo de Azevedo, que sofreu um acidente nas Forças Armadas quando um blindado caiu sobre sua perna, também compartilhou sua trajetória. Ele revelou ter enfrentado uma profunda depressão após o acidente, o que impactou sua vida de forma significativa. "Através do esporte e da fé, encontrei uma nova motivação. O que está acontecendo aqui em Vancouver é uma transformação. Já me emocionei várias vezes desde que cheguei. Para nós, isso é mais do que uma competição, é a concretização de um sonho", afirmou Marcelo que, apesar dos desafios, participou do Mundial de vôlei sentado em 2014, onde conquistou a medalha de prata para o Brasil. Segundo ele, existe muita dificuldade de encontrar militares com algum tipo de deficiência. “O Brasil é um país de paz e não de guerra, mas ao longo desses dez anos conseguimos formar uma equipe boa e hoje esse sonho se tornou realidade”, explica.

    Impacto para o futuro do paradesporto militar

    Alex Witkovski, que obteve a sexta posição nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, também se prepara para atuar novamente nas quadras. "Voltar a competir neste nível é gratificante. As experiências que vivemos aqui, entre atletas com histórias semelhantes, nos fortalecem. É uma experiência única. Mesmo já tendo participado de outros eventos internacionais, o coração sempre acelera, friozinho na barriga e ainda nem competimos ainda, mas está sendo uma experiência bacana, para vida!”, comenta.

    “O Invictus Games é um evento muito importante para o Brasil. Estamos entrando para a história, abrindo portas para novos militares que estão se inspirando na gente. Temos uma responsabilidade grande. A nossa missão não é uma tarefa fácil’, conclui Witkovski.

    A seleção dos atletas foi baseada em critérios rigorosos que consideraram suas habilidades esportivas e o desejo de superação pessoal. A preparação incluiu treinos regulares com a orientação de profissionais especializados, visando garantir que os competidores estejam prontos para enfrentar os desafios.

    Luis Fernando Cavalli, diretor do Programa Militar Paralímpico do Comitê Paralímpico Brasileiro, pontuou a importância histórica da participação do Brasil nos Invictus Games. "Esse evento pioneiro traz um impacto significativo para o esporte paralímpico no Brasil, especialmente para os militares. Recebemos muitos contatos de militares com deficiência que estão animados com as novas oportunidades abertas por essa participação", explicou.

    Cavalli complementou: "Estar aqui representa um avanço importante não só para os atletas, mas também para toda a estrutura do esporte paralímpico no país. Este momento é uma oportunidade para que muitos possam vislumbrar a chance de competir e se destacar em eventos internacionais."

    A participação do Brasil nos jogos representa um passo estratégico para abrir novas oportunidades no futuro, fortalecendo a representatividade dos atletas militares com deficiência no cenário esportivo internacional e inspirando uma nova geração a abraçar o esporte como uma ferramenta de superação.

    Com bom humor e determinação, o time Brasil já está de olho na próxima edição dos Invictus Games que será em Birmingham, na Inglaterra, em 2027. “Se não convidarem para a próxima edição, nós vamos invadir! O Brasil é um povo alegre e feliz, e queremos ter a honra de participar com muita glória desse evento fantástico. Brasil acima de tudo!”

    Inspirado pelo Warrior Games dos Estados Unidos, o príncipe Harry criou os Invictus Games como um evento internacional que utiliza o poder do esporte para ajudar na recuperação e reabilitação de veteranos. Além de proporcionar uma plataforma para o desenvolvimento de habilidades atléticas, assim como os Warriors Games, os Invictus Games buscam fortalecer laços entre os participantes e inspirá-los a superar desafios físicos e emocionais, ressaltando a importância da camaradagem e do apoio mútuo na jornada de recuperação. A primeira edição aconteceu em Londres, no Reino Unido, em 2014, e se expandiu para incluir cidades como Orlando, Toronto e Sydney.

  • Em sua passagem recente pela França, onde disputou a Copa Davis pelo Brasil, o tenista João Fonseca revelou uma de suas armas para o bom desempenho nas quadras. O carioca que vem sendo considerado um dos nomes mais promissores do tênis internacional na atualidade é praticante de yoga, e relata os benefícios antes das partidas. A RFI Brasil entrevistou profissionais da área e esportistas e revela como essa prática milenar tem se mostrado uma ferramenta eficaz no mundo dos esportes.

    Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

    A rotina de exercícios, respirações e meditação complementa os treinos, com bons resultados dentro e fora das competições.

    O yoga é uma filosofia de vida milenar surgida na Índia há cerca de 5 mil anos e sua prática está relacionada à saúde, bem-estar e melhoria na qualidade de vida. A cada ano, cresce também o número de atletas e times que o utilizam para aperfeiçoar seu desempenho, em especial, para aumento da concentração, autoconfiança e capacidade de realização de objetivos.

    "Desde que eu era pequeno, o meu pai fazia yoga com o mestre Orlando Cani, que trabalhou com Rickson Gracie do jiujitsu", conta João Fonseca, que decidiu incluir o yoga em seus treinamentos. "Eu conheci ele desde novo, mas nunca fui tão interessado", diz. "Quando fui crescendo mais no tênis, eu fui praticando nos jogos mais difíceis, em que eu sentia mais pressão. Fui criando rotina de meditação e respirações. Atualmente, antes de todos os jogos, eu procuro fazer respirações para me manter mais calmo", afirma.

    Jogadora da Seleção Brasileira de rugby, Aline Furtado também é adepta do yoga. Aos 29 anos, a atleta olímpica conta "os efeitos terapêuticos" que diz sentir com a prática. "Eu comecei no yoga através da meditação. Assim que eu entrei no alto rendimento do rugby, foi um momento meio conturbado, muita ansiedade pré-jogo e eu usava a meditação como uma forma de me tranquilizar, tirar o nervosismo, voltar para o momento presente, tirar os pensamentos do futuro. Aos poucos, eu fui indo para as posturas, junto com a respiração, e foi muito importante", revela.

    "Hoje eu tento praticar yoga nos finais de semana. Isso me ajuda a fazer mobilidade ativa, pois o rugby deixa o corpo muito tensionado e rígido", diz. "Isso me ajuda a ter atenção plena no que estou vivendo", conclui.

    Benefícios comprovados

    Disciplina milenar, até então praticada por pessoas consideradas “zen”, o yoga agora é reconhecido pela ciência. Os pranayamas – a respiração – e os asanas – as posturas – que fazem parte da raiz do yoga foram incorporados a inúmeras vertentes da prática.

    A primeira pesquisa que comprovou os benefícios do yoga para a saúde como um todo foi publicada em 1924. Na época, os indianos queriam provar aos ingleses a eficácia dessa ciência milenar. Atualmente, mais de quatro mil estudos científicos evidenciam os benefícios da prática.

    Instrutora de yoga há mais de 20 anos, Letícia Portella explica que "a prática proporciona o desenvolvimento físico, emocional e mental do atleta". Ela desenvolveu um método usando técnicas que beneficiam esportistas para terem um maior rendimento em competições, citando como benefícios "o alongamento, tônus muscular, concentração, capacidade pulmonar, resistência corporal e qualidade de vida de modo geral".

    No caso específico de esportistas de alto rendimento, o yoga "reduz a ocorrência de câimbras e lesões, melhora a consciência corporal, auxilia nos reflexos e na tolerância à dor, melhora a capacidade cardiorrespiratória e o fôlego, além do ganho de elasticidade e mais flexibilidade nos movimentos", garante a professora. "E isso não é só para o corpo, mas também para a mente", completa.

    De olho nessa tendência, Portella implementou um projeto de yoga voltado para cavaleiros na Sociedade Hípica Brasileira, no Rio de Janeiro, onde morou antes de se mudar para a Holanda, país em que continua atuando na área. Entre alguns nomes que conheceram o yoga através de suas aulas estão os cavaleiros Fábio Leivas, Doda Miranda, Marlon Zonatelli e Luiz Felipe Azevedo, que fez uma consultoria com Letícia em seu haras, na Bélgica, para conquistar autonomia na prática.

    No caso específico do hipismo, ela explica que "quando o atleta está nervoso, estressado, ele passa tudo isso para o cavalo", que também terá a sua performance afetada. "Eu tenho muitos atletas de hipismo que fizeram aula comigo e contam como que eles usam as técnicas de respiração, de meditação. Quando você sente que está com a respiração agitada, tem uma respiração que você faz na hora que já desacelera, já reduz o seu ritmo cardíaco", ensina. "Os atletas que fazem yoga não divulgam muito. Isso é um trunfo, é um diferencial, porque eu percebo que é um segredinho deles", brinca a professora, com certificado em "gerenciamento da felicidade" pela Harvard Business School.

    O surfista de ondas grandes Eraldo Gueiros treinou com a professora em duas pré-temporadas para competições no Havaí, em 2005 e 2006.

    As atletas do remo do Brasil Fabiana Beltrame, Kissya Cataldo e Luana Bartholo também se beneficiaram do método de yoga oferecido por ela como complemento de treinamento antes dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

    Outros esportistas que praticaram com Letícia foram o lutador Rodrigo Minotauro e o jogador de futebol Rodrigo Juliano. Também conhecido como Rodrigo Beckham por sua semelhança ao ídolo do futebol inglês, o ex-atleta, que já atuou em clubes como Botafogo, Vasco da Gama, Santos e Corinthians, contou à RFI que começou a praticar yoga para se recuperar após uma cirurgia no joelho.

    "Os esportes fazem com que você tenha um caminho muito solitário, onde você precisa aprender a ter disciplina, competir contra você mesmo, desenvolver uma gestão emocional, e um dos maiores fantasmas dos esportes são as lesões que a gente enfrenta", diz. "E como desde cedo eu enfrentei algumas lesões, aos poucos eu vim tendo a oportunidade de conhecer ferramentas que nos davam oportunidade de ter uma concentração maior, um foco maior, e foi aí que o yoga entrou na minha vida", revela.

    Após os resultados positivos, em 2008 ele levou o método para seus companheiros de time, na época o Boa Vista, do Rio de Janeiro. "A gente fez um trabalho para conectar cada jogador com ele mesmo e com o grupo, de forma coletiva. E apesar de ser uma ferramenta nova, que então não era muito usada no Brasil, funcionou muito bem e a gente conseguiu resultados excepcionais", conta. "Na alta performance, o yoga consegue fazer com que você una as suas faculdades dentro do esporte para ter um melhor desempenho, pois você começa a ver as coisas com mais clareza, além de ter mais concentração para tomar decisões", observa.

    Atualmente, Rodrigo Juliano mantém o yoga em sua rotina. "É um benefício invisível. Eu procuro praticar de manhã para começar o dia em paz, com exercícios para conectar a parte muscular com a respiração, para sair de um estado perturbado para um estado consciente", conclui.

    Seja qual for a modalidade de yoga, as experiências relatadas mostram que a prática nascida no Oriente tem sido uma aliada para a saúde global e bom desempenho de atletas em todo o mundo.

  • As equipes masculinas de tênis do Brasil e da França voltam a se enfrentar neste domingo (2) em Orléans, no sudoeste de Paris, pela primeira rodada dos qualifiers da Copa Davis 2025, a competição por países do tênis mundial. No sábado (1), o time brasileiro saiu atrás no placar, depois que João Fonseca perdeu para Ugo Humbert por 7/5 6/3 e Thiago Wild foi superado por Arthur Fils, por 6/1 6/4.

    Maria Paula Carvalho, enviada especial da RFI a Orléans

    Com o Brasil em desvantagem por 2 a 0 na série, o confronto segue na quadra dura e coberta, a partir das 14h pelo horário local, 10h pelo horário de Brasília, no Palais des Sports, com capacidade para 3.000 espectadores. O segundo dia de competição será aberto por uma partida de duplas: os brasileiros Rafael Matos e Marcelo Melo enfrentam os franceses Benjamin Bonzi e Pierre Herbert.

    Na sequência, Wild joga contra o top 15 do ranking mundial Ugo Humbert e se houver empate entre as equipes, João Fonseca disputa a quinta e decisiva partida contra Fils.

    Com um time robusto e altamente qualificado, a seleção francesa busca ampliar a sua tradição no torneio e continuar em sua busca pelo título.

    Promessa brasileira

    Uma das esperanças do Brasil na competição tem apenas 18 anos. João Fonseca vive um ótimo momento na carreira. O carioca nascido em Ipanema é considerado um dos tenistas mais promissores do mundo atualmente.

    Embalado pela conquista do troféu de campeão do Next Generation ATP Finals, no final de 2024, em Jeddah, e do Challenger de Canberra no início do ano, João derrotou três adversários no torneio classificatório para entrar na chave principal do Aberto da Austrália. E logo na estreia derrotou o número 9 do ranking, o russo Andrey Rublev por 3 sets a 0 (parciais de 7-6, 6-3 e 7-6).

    Suas façanhas recentes levaram os grandes astros do tênis a se renderam à evidência: o brasileiro fez uma entrada espetacular no circuito profissional.

    Em Orléans, onde faz sua segunda participação na Copa Davis, João Fonseca fala sobre manter a humildade. "Minha cabeça é me manter igual, seguir trabalhando", analisa. "Está sendo uma oportunidade estar aqui com o time. Não acabou ainda, é o primeiro dia, a gente não sabe ainda o que vai acontecer", continua. "Seguir torcendo para o Thiago, para a dupla, vamos ver como vai ser, não tem nada acabado ainda, a gente pode sim acreditar, pode acontecer", promete.

    O jovem tenista sabe muito bem onde quer chegar. "Eu almejo o topo, espero jogar chave de Grand Slam, jogar a chave dos torneios grandes, trabalhar, talvez ganhar títulos, é o que eu quero fazer", diz "O meu sonho sempre foi chegar a numero 1 do mundo e ganhar Grand Slams é o que eu almejo", completa. O jogador fala de seus pontos fortes: "Acho que o meu jogo é um jogo agressivo, gosto de ir para bola e tenho coragem nos momentos importantes, isso é o meu diferencial, eu gosto dos momentos difíceis", avalia.

    Para alcançar seus objetivos, conta que incluiu o yôga em seus treinamentos. "Desde que eu era pequeno, o meu pai fazia yôga com o mestre Orlando Cani, que trabalhou com Rickson Gracie do jiujitsu eu conheci ele desde novo, mas nunca fui tão interessado", diz. "Quando fui crescendo mais no tênis, eu fui praticando nos jogos mais difíceis, onde eu sentia mais pressão, fui criando rotina de meditação e respirações. Atualmente, antes de todos os jogos, procuro fazer respirações para me manter mais calmo", explica.

    Além dele e dos jogadores de duplas, a equipe brasileira é formada por Matheus Pucinelli e Thiago Wild, número 76 do mundo. Após a derrota para Arthur Fils, o paranaense voltou a reclamar da arbitragem no jogo de sábado, quando o juiz marcou um toque na raquete do brasileiro em uma bola fora. "O que aconteceu hoje foi um erro gravíssimo, foi um erro que mudou o curso do jogo", analisa. "Eu poderia ter virado o jogo, poderia ter feito alguma coisa diferente. Erros acontecem, todo mundo erra, árbitros erram, mas dessa vez mudou o curso do jogo", lamenta.

    "Com certeza não era o resultado que a gente queria, tampouco foi a minha performance esperada. Eu entrei bastante motivado, com bastante vontade de jogar, acho que isso ficou nítido na melhora do segundo set", continua Wild. "Mas numa quadra rápida como essa, qualquer detalhe acaba mudando o jogo, principalmente neste nível tão alto", diz. "Esse confronto ainda está longe de acabar. A gente tem time para virar este confronto", promete.

    Novo formato

    Nesta temporada, a Copa Davis passa por uma mudança de formato, com a extinção da fase de grupos. As duas primeiras rodadas são disputadas em forma de qualificatória e as etapas finais decisivas em sistema de mata-mata, até a definição dos campeões.

    Este primeiro tour reúne 26 seleções e as 13 nações vitoriosas passam para a segunda etapa, que será disputada em setembro.

    Caso supere a França, adversária definida por sorteio da Federação Internacional de Tênis (ITF na sigla em inglês), o Brasil terá pela frente na segunda rodada o vencedor do confronto entre Croácia e Eslováquia. A última etapa do torneio acontecerá em novembro.

    Este é o sexto duelo entre os dois países, com vantagem para os franceses por 3 a 2.

    O último confronto entre Brasil e França aconteceu em 2000 e foi vencido pela equipe brasileira, formada por Gustavo Kuerten e Fernando Meligeni nas disputas de simples. Nas duplas, Guga jogou com Jaime Oncins, atualmente capitão da equipe brasileira. "São situações diferentes. Eu acho que Davis é uma coisa que eu sempre gostei de jogar e agora estou como capitão. Todo o confronto de Davis é sempre uma história nova, uma emoção nova, mas ainda falta um pouco para acabar esse confronto e a gente ainda está na briga", disse Oncins à RFI.

    Na edição de 2024 da Copa Davis, a equipe brasileira contou com os tenistas Thiago Monteiro, João Fonseca, Felipe Meligeni, além dos duplistas Rafael Matos e Marcelo Melo. A formação, já comandada pelo capitão Jaime Oncins, foi eliminada ainda na fase de grupos.

  • Verdadeira instituição para os fãs de futebol de várias gerações, o álbum de figurinhas Panini celebrou os 50 anos da publicação dedicada ao campeonato francês com uma edição comemorativa e uma festa que reuniu em Paris grandes nomes que atuaram nos gramados do país, entre eles, o ex-jogador brasileiro Sonny Anderson.

    Elcio Ramalho e Annie Gasnier, de Paris

    Todo ano, desde 1975, milhares de torcedores de futebol na França aguardam ansiosos a publicação do álbum de figurinhas da Ligue 1, como é chamado o campeonato francês. A fórmula repete o sucesso de cinco décadas, com páginas dedicas ao elenco de todos os times de futebol da temporada. Para marcar a data comemorativa, uma edição especial foi lançada.

    São 104 páginas com os times da temporada 2025/2026, mas também enriquecido com um retrospecto dos 50 anos do campeonato e seus momentos mais marcantes. No total, são 530 figurinhas.

    Para celebrar o sucesso da publicação, a empresa Panini reuniu e homenageou ex-craques que brilharam nos gramados para o lançamento da edição comemorativa. Entre eles os franceses Robert Pirès (Meetz e OM), Luc Sonor (Metz e Mônaco) e Frédéric Piquionne (Saint-Étienne e Lyon), o português Pedro Miguel Pauleta (Bordeaux e PSG) e o brasileiro Sonny Anderson (Olympique de Marselha e Lyon).

    O ex-jogador Robert Pirès, campeão mundial com a França em 1998, cresceu colecionando as figurinhas do álbum Panini. A descoberta foi com os colegas de escola, aos sete anos de idade. Pires lembrou da época e dos jogadores que o inspiraram e que fazia questão de ter em seu álbum de figurinhas.

    “O jogador que eu queria ter absolutamente era o Alain Giresse. A geração de 84 me fez sonhar, sempre se fala do Michel Platini, o que é normal, porque era o melhor jogador francês. Mas jogadores como Giresse, Tigana, Fernandes, foram jogadores que me fizeram sonhar, que me inspiraram", declarou.

    Robert Pirès, assim como outros ex-jogadores convidados para o lançamento da edição comemorativa, ganhou de presente um quadro com sua imagem no álbum Panini. Uma homenagem que o fez viajar no tempo.

    “Quando comecei no futebol, tinha 7 anos. Era meu sonho, mas nunca tinha imaginado estar um dia no álbum Panini e nem jogar um dia pela seleção francesa. Quando eu vi minha primeira figurinha no álbum Panini, obviamente fiquei extremamente orgulhoso do que tinha conseguido realizar", diz o ex-jogador.

    Sonny Anderson: “É uma honra estar no álbum de figurinhas”

    O ex-jogador de futebol brasileiro, Sonny Anderson, que desembarcou em 1993 no Olympique de Marselha e depois fez história no futebol francês como campeão com o Mônaco (1997) e o Lyon (2002, 2003), também foi homenageado durante o lançamento da edição especial de aniversário do álbum de figurinhas Panini.

    Atualmente consultor esportivo para canais de televisão da França, Sonny Anderson, contou à jornalista da RFI Annie Gasnier como foi sua descoberta do famoso álbum de figurinhas Panini quando chegou à França e sua reação ao ver sua imagem na publicação.

    “Cheguei no Olympique de Marselha na metade do campeonato e por isso minha figurinha foi de uma ação de um jogo. Só no Mônaco, em 1994, descobri que tinha que se preparar, fazer a barba, cortar o cabelo para a figurinha”, lembrou. “Isso fica para a vida toda. Até hoje assino coleções de álbuns de figurinhas da época que joguei no Mônaco e no Lyon”,

    Para Sonny Anderson, fazer parte do álbum é um sinal de reconhecimento para um jogador de futebol.

    “É uma honra participar da Panini, que fez parte da nossa carreira de jogador, e saber que as pessoas que colecionam participaram da nossa carreira em algum momento de minha passagem pelo campeonato francês”, diz Sonny Anderson.

    O presidente da empresa Panini, Alain Guerrini, lembrou que na época de seu lançamento, em 1975, as imagens não eram autocolantes, mas a publicação soube se adaptar às evoluções tecnológicas e ao público. "Se há cinco décadas, a média de idade dos colecionadores era entre 10 e 15 anos, atualmente, se situa entre 5 e 10 anos de idade", afirma. Segundo ele, apesar da sociedade estar cada vez mais voltada para o mundo digital, a paixão pela coleção das figurinhas se mantém intacta.

    "Estamos em um mundo digital, mas ter uma posse física, ter a imagem, é um pouco como as imagens religiosas de antigamente. Você pode colocar no bolso, sobre o coração, é algo que reconforta. Nossos colecionadores estão no mundo moderno, mas também num mundo de sonhos. Acho que isso cria um bom equilíbrio. Além disso, é intergeracional, é maravilhoso", afirma.

  • O brasileiro João Fonseca seduziu as arquibancadas do Aberto da Austrália, arrancou elogios de grandes astros do esporte e, aos 18 anos, se confirma como a nova esperança para o tênis brasileiro voltar a brilhar no circuito mundial.

    João Fonseca vinha de uma sequência impressionante de 14 vitórias consecutivas, só interrompida na última quinta-feira (15), quando o carioca caiu diante do italiano Lorenzo Sonego, na segunda rodada do torneio australiano, que ficará na sua história como o primeiro Grand Slam disputado da carreira na chave principal.

    Embalado pela conquista do troféu de campeão do Next Generation ATP Finals, no final de 2024, em Jeddah, e do Challenger de Canberra no início do ano, João derrotou três adversários no torneio classificatório para entrar na chave principal do Aberto da Austrália.

    E logo na estreia, mostrou porque se tornou a grande sensação do tênis atual: derrotou nada menos que o número 9 do ranking, o russo Andrey Rublev por 3 sets a 0 (parciais de 7-6, 6-3 e 7-6).

    Suas façanhas recentes e as imagens da vitória contra Rublev viralizaram nas redes sociais, e os grandes astros do tênis se renderam à evidência: o brasileiro fez uma entrada gigante e estrondosa no circuito profissional.

    O espanhol Carlos Alcaraz, atual número 3 mundial, declarou: "O que posso dizer? Simplesmente incrível. A maneira como ele jogou sua primeira partida de Grand Slam contra seu primeiro adversário do top 10 é incrível", disse. "A forma como ele abordou o jogo, como administrou tudo, os nervos, o jogo em geral, foi fantástico", acrescentou Alcaraz. "Vamos colocar o nome de João Fonseca na lista dos melhores do mundo em breve”, previu.

    Novak Djokovic admitiu que tem acompanhado o início dessa carreira promissora. "Tenho acompanhado seu crescimento e gosto como ele joga os pontos importantes. Corajoso, bate bem na bola, cobre toda a quadra. Acho que o Brasil não tem um jogador desse calibre desde Guga Kuerten”, afirmou o tenista campeão de conquistas de Grand Slams.

    Na quinta-feira, João Fonseca lutou muito, foram mais de três horas de uma maratona intensa na quadra até ser eliminado por Lorenzo Sonego por 3 sets a 2 (parciais de 7-6, 3-6,1-6, 6-3, 3-6). Ao final da partida, ele justificou a derrota pelo nervosismo desde o começo do jogo e pela falta de experiência.

    “Estava nervoso desde o começo do jogo, segunda rodada, expectativas altas. Eu não era o favorito, mas tinha chances de ganhar o jogo. O nervosismo não me deixou jogar. Não consegui jogar meu melhor tênis, jogar solto. Mas fiquei feliz com a forma que lutei e com a minha postura”, avaliou.

    Com muitos holofotes voltados para seu desempenho, o brasileiro, listado pela própria ATP como um dos cinco nomes a serem observados durante o torneio australiano, passou a viver sob a pressão de ser uma nova promessa mundial do tênis, condição que ele diz estar aprendendo a conviver, graças a todo suporte que tem dentro e fora das quadras.

    “É uma coisa difícil (a pressão), mas acho que a vida vai te ensinando. Acho que no tênis, em qualquer esporte, você tem que se tem a responsabilidade. Você crescendo no ranking, vai criando mais. É visibilidade. Graças a Deus eu tenho uma família muito boa, treinadores que me ajudam a ter a cabeça firme com essa mídia toda, com essa expectativa, seguir fazendo meu trabalho, minha rotina, quietinho. É sem pensar muito no que as pessoas estão falando e, sim manter a cabeça firme. Mas é difícil, né? Acho que qualquer pessoa sente pressão, e o mais importante é saber lidar com ela”, afirmou.

    João Fonseca teve nas arquibancadas de Melbourne o apoio constante de uma torcida vibrante. Brasileiros com camisetas da Seleção e agitando bandeiras davam forças para a nova sensação do tênis do país.

    “Só tenho que agradecer, de verdade. Até arrepiava quando a torcida ia à loucura. Ser brasileiro é uma coisa sensacional. Eu sou, de verdade, muito grato de representar esse país, é maravilhoso. De coração mesmo, é só agradecer a torcida por ter comparecido, por dado suporte e agora é seguir trabalhando para cada vez mais representar melhor o nosso país”, afirmou na entrevista coletiva após a derrota.

    O tenista prodígio, atualmente no 112 colocação do ranking, se tornou também um fenômeno fora das quadras, já que suas vitórias e desempenho se traduziram também na conquista de milhares de fãs em poucas semanas. Só no Instagram, sua conta acumula agora 685 mil seguidores e a tendência, é crescer.

    O próximo desafio de João Fonseca é integrar a equipe brasileira que vai enfrentar os franceses pela Copa Davis.

    * Colaboração de Arthur Frand, de Melbourne.

  • A dupla formada pelo navegador brasileiro Cadu Sachs e o piloto português Gonçalo Guerreiro tem se destacado no Rally Dakar 2025, ocupando a segunda posição na classificação geral da categoria Challenger após cinco etapas. A primeira metade da competição foi marcada por consistência, estratégia e superação de desafios, incluindo condições exigentes de navegação e imprevistos no percurso.

    Com uma estratégia focada em regularidade e preservação do veículo, a dupla conseguiu se manter entre os líderes da competição, mesmo enfrentando contratempos como furos de pneus e momentos de tensão nas dunas sauditas. Após um dia de descanso, na sexta-feira (10), eles voltaram para a segunda metade do rally, que promete ainda mais desafios nas areias do deserto saudita.

    Para o navegador brasileiro Cadu Sachs, 28 anos, que participa de seu quarto Dakar, o desempenho consistente da equipe até agora é fruto de uma combinação de estratégia e entrosamento. “Estamos fazendo uma prova muito regular. Nos primeiros dias, mais de estrada, conseguimos impor um bom ritmo, largando de uma posição favorável devido à classificação do prólogo. Fizemos etapas limpas, e isso foi essencial para nos mantermos no pelotão da frente”, explicou o navegador na entrevista à RFI.

    Cadu Sachs também destacou a maturidade de seu parceiro, o piloto português Gonçalo Guerreiro, 25 anos, estreante na competição. “Apesar de jovem, Gonçalo tem uma cabeça muito boa para esse tipo de prova. Ele sabe poupar o carro e entender os momentos de forçar, o que faz toda a diferença em um rally como o Dakar.”

    A navegação, segundo Cadu, tem sido especialmente desafiadora nesta edição do rally considerado mais difícil do mundo.

    “Praticamente todos os dias encontramos trechos que geram dúvidas, pontos onde precisamos procurar o caminho certo. Mas, no geral, estamos saindo bem, com boas escolhas e um bom entrosamento no carro.”

    Momentos críticos

    Um dos momentos mais críticos para a dupla da Red Bull Off-Road Jr Team ocorreu no segundo dia, no início da longa etapa de 48 horas, que começou em Bisha, quando um pneu destalonou, ou seja, saiu da roda. “Chegamos um pouco rápido em uma duna cortada e acabamos aterrissando em outra. Isso destalonou um pneu. Foi o momento mais tenso e desafiador. Mas tivemos sorte, não houve danos ao carro. Fizemos uma troca boa e seguimos a etapa”, explicou.

    No dia de descanso, na sexta-feira, a prioridade foi recarregar as energias e revisar o carro com os técnicos da equipe. “Conseguimos descansar bem, dormir e tomar um banho decente após noites frias na etapa maratona. Enquanto isso, os mecânicos estão fazendo um trabalho excelente, trocando peças e revisando o carro. Estamos acompanhando tudo e já nos preparando para os próximos dias”, contou.

    Sobre a segunda metade do rally, que começou a partir deste sábado com 605 km de especial, entre Hail e al-Duwadimi, Cadu enfatizou a importância de manter a mesma estratégia. “Queremos fazer uma prova com cabeça, colocando um bom ritmo, mas poupando o carro. Ainda temos oito etapas pela frente, com muita areia, que será o grande desafio dessa semana.”

    Pressão "boa"

    Desde o início do rally, Cadu Sachs destacou a importância de estar nas primeiras posições para conseguirem terminar a prova no pódio. Mesmo na vice-liderança, conquistada nesta etapa inicial do rally, o brasileiro vê a posição como uma forma de pressão positiva.

    “É uma pressão boa. Estamos no topo desde o início, e a ideia é manter isso. O importante é estarmos tranquilos dentro do carro e fazer nossa parte, e a equipe também. Tem um pouquinho mais de pressão nessas primeiras posições, mas isso é bom.”

    Apesar da concentração no desempenho na prova, Cadu adotou o hábito de postar regularmente imagens da competição, mencionando a importância das redes sociais para manter os fãs informados, já que “o público no Brasil acompanha bastante". "Tento atualizar sempre que possível, apesar das dificuldades com a internet nos acampamentos. É uma forma de compartilhar o que está acontecendo e sentir o apoio da torcida, que é muito bem-vindo.”

  • Foi dada a largada na última sexta-feira (3) do Rally Dakar 2025, a 47ª edição do rally raid mais difícil e badalado do mundo, e que abre a temporada do campeonato Mundial. São mais 800 competidores no total, representando 70 países. Nesta lista, há apenas cinco brasileiros: os três pilotos; Marcos Moraes e seu filho Lucas, e Marcelo Gastaldi, além de dois navegadores; Maykel Justo e Cadu Sachs.

    Neste sexto ano consecutivo do Dakar na Arábia Saudita, os organizadores prepararam um percurso de quase 8 mil quilômetros pelo deserto saudita (7.753km) sendo 12 etapas, além do prólogo, realizado na sexta-feira, que não contou pontos, mas definiu as posições de largada dos competidores.

    Pela primeira vez, o Brasil tem um nome entre os favoritos. Lucas Moraes, de 35 anos, na categoria Ultimate T1+, para carros. Líder da equipe Toyota Gazoo Racing (TGR), Lucas Moraes pode surpreender, e quem sabe, erguer um título que o Brasil nunca conquistou.

    Na sua primeira participação, em 2023, ele ficou em terceiro lugar, causando boa impressão e apenas atrás do campeão Nasser al-Attiyah, do Catar, e o francês Sébastien Loeb, duas referências no rally mundial.

    Na edição passada, um problema mecânico na penúltima etapa o afastou do pódio, mas o resultado da estreia e os últimos resultados de 2024, que o fizeram terminar em 3° lugar no mundial de rally, o credenciam como um dos favoritos nesta edição.

    Pela segunda vez, Lucas Moraes tem navegador o espanhol Armand Monleón como parceiro. A dupla terminou o prólogo na oitava posição.

    Outros brasileiros também competem na categoria Ultimate, considerada a “Fórmula 1 do rally”, na categoria. O piloto Marcelo Gastaldi, que tem como navegador o francês Adrien Metge, da equipe Century Racing, ficou em 20° no prólogo. Um pouco depois na 33 ª posição ficou a dupla 100% brasileira da Marcos Moraes e o navegador Maykel Justo, Overdriving Racing.

    Outro navegador brasileiro no Dakar este ano é o paulista Cadu Sachs, de 28 anos. Campeão do Rally dos Sertões em 2023 e segundo no ano passado, ao lado do piloto Marcelo Gastaldi, o piracicabano migrou para a equipe da Red Bull OFF-Road Junior Team e este ano compete na categoria Challenger, de veículos leves, ao lado de outro talento recrutado pela equipe, o português Gonçalo Guerreiro, de 24 anos.

    Os dois se conheceram no Marrocos e engataram uma parceria para o Dakar onde competem com um Taurus T3 MAX. No prólogo, terminaram na segunda posição, com apenas 4 segundos de diferença de outra dupla da Red Bull OFF Road, Corbin Leaverton e Taye Perry.

    Cadu Sachs tem um histórico positivo no Dakar, foi o sétimo na competição passada, por isso, se considera muito mais confiante no deserto saudita nesta edição e otimista com o novo companheiro de equipe. “Nosso objetivo é dar o nosso melhor e temos condições de fazer um belo Dakar, tanto em termos de navegação quanto em termos de pilotagem. O conjunto é bom e a meta é disputar as primeiras posições”.

    O piloto também comentou da participação dos brasileiros na competição, que ainda buscam um título inédito para o país no rally mais famoso do mundo.

    “O histórico do Brasil no Dakar tem sido muito positivo. O caminho começou lá atrás e nos últimos oito anos as participações foram muito expressivas em várias categorias, com muitos pilotos ganhando várias etapas. É muito legal ver os brasileiros se destacando”, afirma.

    O Rally Dakar 2025 termina no próximo dia 17 de janeiro com a chegada da 12ª etapa na cidade de Shubaytah.

  • Cenários de tirar o fôlego, quebra de recordes, polêmicas e uma animação contagiante e inesperada por parte do público francês. A Olimpíada de Paris foi aclamada como o evento esportivo mais espetacular de todos os tempos. E ficou dentro do orçamento de € 4,5 bilhões, segundo o balanço divulgado pelo presidente do Comitê Organizador, Tony Estanguet.

    Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

    "Foi um grande desafio levantar todo esse dinheiro graças a 84 empresas que financiaram 95% do projeto, além da bilheteria, pois batemos um recorde histórico do número de espectadores, o que permitiu arrecadar muitos recursos e ainda sobrou dinheiro para investir no esporte: cerca de € 27 milhões", disse Estanguet.

    De acordo com os organizadores, Paris 2024 registrou o recorde histórico de 9,5 milhões de ingressos vendidos, quebrando a marca estabelecida em Atlanta 1996, de 8,3 milhões de ingressos. A arrecadação da bilheteria alcançou € 1 bilhão 333 milhões, muito mais do que o esperado.

    Tudo começou com uma façanha: o inédito desfile de delegações no rio Sena, debaixo de chuva. Cerca de 7 mil atletas participaram da primeira cerimônia de abertura fora de um estádio. A bordo de 85 barcos, eles percorreram a capital francesa ao longo de seis quilômetros, diante de 320 mil espectadores.

    A cerimônia itinerante organizada pelo diretor artístico Thomas Jolly durou quase quatro horas e valorizou o patrimônio francês. O espetáculo foi visto por mais de um bilhão de espectadores que acompanharam pela TV, em todo o mundo, e contou com estrelas do pop mundial, como Lady Gaga e a francesa Aya Nakamura.

    Do alto da Torre Eiffel, iluminada por milhares de luzes e ostentando os anéis olímpicos, a cantora canadense Céline Dion interpretou O "Hino ao Amor", de Édith Piaf.

    Pira olímpica sem fogo

    A pira olímpica de Paris foi acesa nos Jardins das Tuilleries, no centro da capital francesa e virou ponto de visitação. No formato inovador de um balão, a pira de 30 metros de altura permaneceu acesa 24 horas por dia durante os Jogos Olímpicos graças a outra novidade: a chama, na verdade um efeito de luz em contato com vapor d'água. A cada anoitecer, ela subia aos céus de Paris para um “voo" de quatro horas, ao lado do Museu do Louvre.

    Dar destaque aos monumentos parisienses foi um objetivo alcançado com sucesso. A exemplo da arena, aos pés da Torre Eiffel, cenário perfeito para coroar as brasileiras Duda e Ana Patrícia, campeãs olímpicas do vôlei de praia.

    "Eu acho que a gente ainda não sabe nem o que a gente está sentindo. É muita coisa ao mesmo tempo, só estamos sentido o peso no pescoço. Eu brinquei com a Duda que é o peso do trabalho que dá para ganhar uma medalha", disse Ana Patrícia, em entrevista à RFI. Já Duda falou sobre a rivalidade com a dupla do Canadá. "Todas as nossas finais importantíssimas foram contra o Canadá e que destino, né? Não sei o que descrever, mas deu certo", comemora.

    Também foi diante da torre Eiffel, que o brasileiro Caio Bonfim conquistou a prata inédita para o país na prova da marcha atlética de 20 km.

    A Esplanada dos Inválidos sediou as disputas de tiro com arco e a chegada da maratona. Outro marco do evento foi a enorme estrutura com diversas arenas montadas no entorno do milenar obelisco de Luxor, que agradou aos milhares de espectadores dos esportes radicais, na praça da Concordia.

    Foi lá que a maranhense Rayssa Leal, a Fadinha, conquistou a medalha de bronze no skate street feminino. E Augusto Akio, o "Japinha", faturou o bronze no skate park.

    Enquanto não longe dali, no Campo de Marte, o Brasil fazia história com o ouro na categoria peso pesado do judô para a brasileira Beatriz Souza. "É inexplicável, um sentimento que não têm palavras, eu estou extremamente feliz com tudo o que eu fiz no dia de hoje, é inexplicável", disse.

    Heróis franceses

    No mesmo dia, na mesma arena, o judoca francês Teddy Riner conquistou o seu terceiro título olímpico individual. Escolhido para acender a pira olímpica em Paris, ao lado da corredora Marrie-José Pérec, Riner foi um dos heróis nacionais desta edição dos Jogos Olímpicos.

    Além dele, outro nome fez os franceses voltarem a sonhar. O nadador Léon Marchand, apontado como sucessor de Michael Phelps e novo ídolo do esporte nacional, conquistou quatro medalhas de ouro e uma de bronze na piscina da Arena La Defense.

    Depois de muitas críticas, na fase de preparação, o entusiasmo inesperado dos torcedores franceses com os Jogos Olímpicos surpreendeu atletas e organizadores, ajudando a esquecer o momento político difícil que o país enfrentava, a espera da indicação de um primeiro-ministro, o que só aconteceu depois da "trégua olímpica", imposta pelo presidente.

    Rebeca, rainha

    Em Paris, o Brasil conheceu sua rainha. O time feminino de ginástica artística disputou a prestigiosa final por equipes dos Jogos Olímpicos, conquistando um terceiro lugar inédito por equipe.

    Mas um nome entraria para a história: Rebeca Andrade, 25 anos, quatro medalhas em Paris, homenageada no pódio por ninguém menos do que a americana multicampeã Simone Billes, que voltou a competir após uma temporada afastada.

    Biles e sua compatriota Jordan Chiles se curvaram no pódio diante de Rebeca Andrade que, com uma apresentação brilhante, levou o tão esperado ouro no solo. "Eu estou muito feliz e orgulhosa de todas as minhas apresentações, de todos os dias. Eu estou muito feliz de estar voltando para o Brasil com o ouro que os brasileiros mereciam muito e eu queria muito também", disse Rebeca à RFI.

    Com uma técnica impecável, ela se tornou a atleta que mais conquistou medalhas olímpicas para o Brasil em todos os tempos, somando seis condecorações. "Realmente, o esporte é muito difícil, mas para você ser a melhor você tem que trabalhar muito. Então, que bom que é difícil porque quando você sobe no pódio, não tem alegria maior do que levantar essa medalha e mostrar para todos vocês o orgulho que eu estou sentindo de representar todo o meu país, representar os meus treinadores e me representar também. Foi uma honra gigantesca", conclui Rebeca.

    Sena banhável

    Após um adiamento por nível de poluição acima do limite, as provas de triatlo finalmente foram realizadas no rio Sena. Na maratona aquática, a brasileira Ana Marcela lutou até o fim, terminando em quarto lugar.

    Outro destaque foi Isaquias Queiroz, que conquistou sua quinta medalha olímpica ao ficar com a prata na categoria C1 1000m da canoagem de velocidade.

    Para tornar o rio Sena, que atravessa Paris, e o seu maior afluente, o Marne, banháveis para os Jogos Olímpicos, e posteriormente, para o público, os governos francês e da região Île-de-France investiram o equivalente a R$ 8,4 bilhões. Mais um legado para a capital francesa.

    Ao longo do evento, os jornais destacaram os sucessos alcançados, principalmente a segurança durante os dias de competições e o funcionamento dos transportes públicos, que estavam entre os maiores temores dos franceses antes das Olimpíadas começarem.

    No quadro de medalhas, o Brasil ficou em 20° lugar, com 20 medalhas conquistadas: três ouros, sete pratas e dez bronzes. Os Estados Unidos lideraram o placar, com 126 medalhas, seguidos por China e Japão.

    Jogos Paralímpicos

    Após um intervalo de duas semanas, os Agitos, posicionados no Arco do Triunfo, simbolizavam o início dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, uma oportunidade para pôr em evidência a falta de acessibilidade da capital francesa, como a falta de elevadores nas antigas estações de metrô.

    A cerimônia de abertura aconteceu na Praça da Concórdia, com desfile de 164 delegações e mais de 4 mil atletas, em um espetáculo sobre a inclusão. A começar pelos artistas convidados, como o francês Lucky Love, nascido sem o braço esquerdo.

    O Brasil teve representantes em quase todas as modalidades, com a maior delegação desde a Rio 2016.

    Gabrielzinho foi destaque brasileiro

    Gabriel Araújo, o Gabrielzinho da natação, foi um dos porta-bandeiras e desde a sua chegada a Paris conquistou muitos admiradores. Com 1,21 m de altura, mas um gigante na raia, ele foi um dos principais destaques da competição, conquistando três ouros, e fazendo o hino brasileiro ser ouvido na piscina.

    O mineiro, que nasceu com má formação nos braços e pernas foi destaque da imprensa internacional. Em entrevista à RFI, ele celebrou esse momento. "Muito tranquilo, muito feliz sempre, sorriso no rosto, levando alegria onde passa, e aqui na França eu vi que estou no caminho certo, que é transmitir alegria para todo mundo, que contagiou toda essa galera. Então, fico muito feliz e é uma honra para mim toda essa energia positiva", disse.

    Dobradinha no atletismo

    O Brasil também brilhou no atletismo, conquistando, logo na estreia, uma dobradinha no pódio dos 5000 m masculino na categoria T 11, para atletas com deficiência visual no Stade de France, em Saint-Denis, subúrbio norte de Paris.

    O mato-grossense Yeltsin Jacques, um dos favoritos na modalidade, ficou com o bronze e o paulista Júlio César Agripino quebrou o recorde mundial da prova. "Para mim foi sensacional. Eu fiquei muito agradecido a toda a minha equipe porque foi um título inédito, foi um recorde sensacional que a gente precisava e a gente trabalhou muito", disse à RFI Brasil.

    Quatro dias depois, Júlio César Agripino e Yeltsin Jacques disputaram novamente juntos os 1500m da classe T11 para deficientes visuais e alcançaram mais uma vitória, só que desta vez trocaram de lugar no pódio. Agripino levou o bronze e Yeltsin ficou com o ouro, batendo o próprio recorde mundial. "Levar um pedacinho da torre Eiffel para o Brasil, levar um pedacinho da torre para a gente. Estou muito feliz de estar levando esta medalha e levar esse orgulho para o Brasil", disse.

    A equipe brasileira de goalball bem que tentou. O ouro não veio, mas a equipe ficou com o bronze em Paris, neste esporte paralímpico baseado na percepção tátil e auditiva, em que os jogadores utilizam uma venda nos olhos.

    Outro ponto alto dos Jogos Paralímpicos para o Brasil foi o ouro da paulista Alana Maldonado, na final para mulheres até 70 kg do judô. "Só gratidão, primeiramente a Deus, é muita emoção estar vivendo isso novamente, muito obrigada a todos os envolvidos, é um time muito grande por trás disso e essa medalha não é só minha", disse em entrevista à RFI.

    O Brasil obteve 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes, em um total de 89 pódios nos Jogos Paralímpicos de Paris, o melhor desempenho na história da competição.

    Foi a primeira vez que o país ficou no Top-5 no quadro de medalhas, atrás apenas da China, Estados Unidos, Reino Unido e da Holanda.

    Além de lembranças memoráveis, as competições deixaram várias lições entre os torcedores, que saíram transformados dessa experiência. "Me impressiona o fato de eles terem algumas deficiências e não se deixarem levar por isso, sempre buscarem a excelência, um esforço a mais, coisa que a gente, às vezes no dia a dia, não faz. Eu tiro o chapéu e saio daqui com uma lição aprendida. Eles me deram uma lição importante para a vida", disse um torcedor.

    Encontro marcado, então, daqui há quatro anos em Los Angeles.

  • O Brasil voltou ao topo do futebol mundial com a escolha de Vinícius Jr. como o melhor jogador de futebol da temporada. O troféu foi um dos mais aguardados na cerimônia The Best da Fifa, realizada na última terça-feira (17) em Doha, no Catar. Muitos outros prêmios foram distribuídos em várias categorias, entre eles, os de melhores treinadores, melhor jogadora, goleiro e goleira, gols mais bonitos da temporada 2023/2024 e até torcedor do ano.

    Os holofotes estiveram todos voltados para Vinícius Jr., anunciado como vencedor do cobiçado troféu por Gianni Infantino, presidente da Fifa. Foi ele quem acolheu o atacante do Real Madrid e da seleção brasileira no palco.

    "Não sei nem por onde começar. Era tão distante que parecia impossível chegar até aqui. Eu era uma criança que só jogava bola descalço nas ruas de São Gonçalo, perto da pobreza e do crime. Chegar aqui é muito importante para mim. Estou fazendo por muitas crianças que acham que tudo é impossível e que acham não podem chegar até aqui. Tenho de agradecer a todo mundo que votou em mim, todos os jogadores, treinadores, jornalistas e meus fãs. (...) Agradecer a todos os jogadores da Seleção Brasileira e ao meu país, que vem torcendo por mim e me dando muita força para seguir na minha luta", disse Vinícius Jr.

    Fim do jejum

    Vinícius Jr. tinha apenas sete anos, quando o último brasileiro antes dele, Kaká, levantou o troféu de melhor do mundo, em 2007. Antes de Kaká, já tinham conquistado o prêmio Ronaldinho Gaúcho (2005 e 2004), Ronaldo “Fenômeno” (2002, 1997, 1996), Rivaldo (1999) e Romário (1994).

    Vini Jr. quebrou um longo jejum, de 17 anos, e agora vê recompensado o trabalho realizado ao longo de uma temporada em que foi fundamental para a conquista de vários títulos com Real Madrid: além de campeão da Liga espanhola, o clube merengue venceu a Super Copa da Espanha e ergueu o troféu da Liga dos Campeões, competição na qual Vini Jr. foi o eleito o melhor jogador. Os números dele com a camisa 7 impressionam: foram 37 participações decisivas em gols, tendo anotado 26 e feito 11 assistências.

    Na sua sexta temporada no clube madrilenho, o brasileiro brilhou dentro de campo, mas não foi suficiente para conquistar outro troféu de prestígio, a Bola de Ouro, da revista francesa France Football. A premiação, em outubro, foi vencida pelo espanhol Rodri do Manchester City, figura-chave da conquista da Eurocopa pela Espanha. O segundo lugar do brasileiro revoltou a direção do Real Madrid, que boicotou a cerimônia da Bola de Ouro em Paris, e desencadeou uma avalanche de críticas mundo afora.

    O prêmio da Fifa, escolhido por votos de torcedores, jornalistas e treinadores e capitães de equipes nacionais, inverteu a ordem. Rodri ficou em segundo, à frente de Bellingham do Real Madrid, e Vinícius Jr. foi consagrado o vencedor.

    Por isso, muitos especialistas, como o comentarista do programa Rádio Foot Internacional da RFI, Nahïm Moniolle, consideram que o prêmio The Best da Fifa corrigiu uma grande injustiça. “Ele deveria ter ganhado o Bola de Ouro este ano e Rodri deveria ter ganhado no ano passado. O prêmio a Vini Jr. é lógico e recompensa a temporada dele com o Real Madrid assim como Ancelotti e outros. Certamente equilibra com o Bola de Ouro que deveria ter ido para ele. Mas tenho muito pouca afeição por esse tipo de premiação.”

    Outras premiações

    Nos últimos anos, prêmios como The Best da Fifa e o Bola de Ouro têm levantado muitos questionamentos em relação aos critérios de escolha e a atribuição aos vencedores, que muitas vezes geram polêmicas e contestação.

    Por outro lado, as recompensas também procuram se adaptar à evolução do futebol. Este ano, a Fifa introduziu no The Best o troféu Marta, em homenagem à alagoana de 38 anos, seis vezes eleita a melhor do mundo. O prêmio de estreia atribuído ao gol mais bonito feito por jogadoras, foi vencido pela própria atleta por um gol marcado com a seleção brasileira contra a Jamaica na Arena Pernambuco. Marta não esteve presente, mas enviou um vídeo de agradecimento.

    Na cerimônia em Doha, outros representantes do Brasil foram homenageados. O jogador do Internacional Thiago Maia recebeu o troféu de Fair Play, oferecido pela Fifa por atitudes exemplares dentro ou fora de campo. O volante foi recompensado por sua atuação voluntária na ajuda às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, em abril e maio deste ano.

    Já o vascaíno Guilherme Gandra, de 10 anos, que sofre de uma doença genética rara que fragiliza pele, foi eleito o melhor torcedor do ano.

  • O Centro Interpretativo do Canhão da Nazaré, localizado no icônico Forte de S. Miguel Arcanjo, que testemunha as maiores ondas do planeta, recebeu uma importante contribuição para seu acervo: a prancha utilizada pelo brasileiro Ian Cosenza em algumas de suas memoráveis descidas na Praia do Norte, conhecida pelas ondas gigantescas.

    Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal

    A inclusão da prancha do surfista carioca representa um marco significativo, consolidando a crescente influência brasileira no universo do surfe de ondas excepcionais. “É uma honra pra qualquer surfista estar ali no museu, ter sua prancha, ter seu nome gravado num lugar tão importante para o cenário do Big Surf. Poder representar o Brasil nessas ondas grandes é um prazer enorme", declarou Cosenza em entrevista exclusiva à RFI.

    A escolha da prancha de Ian Cosenza não simboliza apenas conquistas individuais, mas também a crescente força do surfe brasileiro no cenário internacional. A peça escolhida para o museu foi utilizada em momentos cruciais de sua trajetória em Nazaré, onde ondas colossais, ultrapassando os 30 metros de altura, desafiam os limites da coragem e a habilidade dos atletas.

    Para Cosenza, o impacto vai além do reconhecimento pessoal. "Sei que os brasileiros são apaixonados por surfe, independente do tamanho da onda. A galera lá no Brasil gosta muito de estar surfando. Dificilmente, você vai ver um pico quebrando sozinho, sem ter ninguém dentro d’água”, destaca o carioca. Essa paixão, segundo ele, é um elemento fundamental que impulsiona a cena brasileira do surfe e a coloca em destaque em todo o mundo. A doação da prancha para o museu, inclusive, ficou marcada como um momento especial. "Eles me ligaram e falaram que eu tinha pego uma das maiores ondas do mundo com uma prancha de madeira e gostariam muito que aquela prancha fosse exposta no farol”, recorda o atleta.

    Nazaré: a busca pela perfeição

    A Praia do Norte, em Nazaré, é um teste de resistência física e mental. As ondas gigantescas exigem uma preparação impecável, que envolve condicionamento físico extremo, estratégia e, acima de tudo, coragem inabalável. Cosenza descreve a experiência como um processo holístico. "Nazaré não é um lugar para principiantes, e ao longo dos anos a gente vai descobrindo isso", observa o surfista.

    Desafiar os paredões de água com equilíbrio exige muito trabalho físico, mental e dedicação, tanto com a equipe quanto com os equipamentos. "Costumo dizer que para você surfar em Nazaré, é preciso estar com todas as suas engrenagens em perfeita harmonia: físico, mental, equipe, equipamento e talento”, explica Cosenza.

    Essa busca pela perfeição, pela sincronia entre o atleta, seu equipamento e sua equipe, é um dos fatores que definem o sucesso em Nazaré e que a prancha de Cosenza no Museu do Surfe representa de forma tão contundente. Um dia específico, em outubro de 2020, permanece na memória de Cosenza como um marco na sua carreira. Uma ligação inesperada o avisou sobre um swell gigantesco, resultando em momentos inesquecíveis, descritos por ele como "um swell do século, com as maiores ondas já vistas em Nazaré, com condições incríveis", recorda.

    Um olhar para o futuro do surfe

    O “Surfer Wall”, como é conhecida a parede que abriga as pranchas dentro do Forte de S. Miguel Arcanjo, hoje abriga 35 pranchas, mas tudo começou com a doação de uma prancha do surfista brasileiro Pedro Scooby. O espaço fascinante, que celebra a rica história do surfe e a profunda conexão da comunidade local com o mar, foi inaugurado em 2014 para homenagear a tradição pesqueira e os esportes aquáticos da região. Além de suas exposições permanentes, que enfatizam a cultura do surfe em ondas gigantescas, o museu promove eventos e palestras voltados para a segurança no mar e a preservação ambiental, tornando-se um ponto de referência para surfistas e amantes da cultura marítima em todo o mundo.

    Walter Chicharro, ex-presidente do município da Nazaré, destacou que a ideia de homenagear os surfistas que enfrentam as ondas da Praia do Norte surgiu como uma forma de “reconhecer e celebrar os atletas que, em um verdadeiro coliseu natural, buscam a maior onda de suas vidas”. Segundo ele, a homenagem não só ressalta a coragem e o talento desses desportistas de alto rendimento, mas também posiciona Nazaré como um símbolo global do surfe de ondas grandes, atraindo atenção internacional e consolidando o local como um marco no cenário esportivo mundial.

    O museu abriga uma coleção impressionante, incluindo a célebre prancha do surfista brasileiro conhecido como Alemão de Maresias, exposta desde 2019. O paranaense é um dos pilotos de segurança aquática mais reconhecidos do mundo por suas performances destemidas em Nazaré, e não esconde a felicidade pelo amigo Cosenza.

    “Eu vejo essa conquista do Ian com muita alegria. Eu acho que ele é um atleta que se dedicou muito ao esporte e nos últimos anos tem se dedicado especialmente às ondas da Nazaré. Fico muito feliz. Acho que e’ uma conquista muito positiva, muito bacana não só para o Ian mas também para o surfe brasileiro”, comenta o experiente surfista e piloto de tow-in, que conhece as ondas de Nazaré como poucos.

    A homenagem ao carioca é uma declaração de excelência do surfe brasileiro e uma inspiração para as futuras gerações de atletas. O museu já tem expostas peças de outros grandes nomes brasileiros, como Maya Gabeira, que fez história ao se tornar a primeira mulher a surfar uma onda de 20,5 metros, conquistando um recorde no Guinness em 2020. Sua trajetória não apenas a elevou como atleta, mas também a transformou em uma inspiração para muitas mulheres que aspiram a surfar ondas gigantescas.

    Outra prancha memorável em exposição é a de Rodrigo Koxa, que surfou uma impressionante onda de 24,4 metros em 2017, quebrando o recorde mundial e garantindo seu lugar no Guinness World Records.

    Carlos Burle, um dos pioneiros do surfe de ondas grandes no Brasil, também tem sua prancha no museu. Em 2001, Burle surfou uma onda de 20,3 metros que o colocou nas páginas da história do surfe em Nazaré.

    Além dos icones brasileiros do big surfe, o museu também exibe pranchas de lendas internacionais, como o havaiano Garrett McNamara e o californiano Gary Linden, reforçando seu papel fundamental na preservação da história e cultura do esporte.

    A prancha de Ian Cosenza, agora imortalizada em Nazaré, demonstra a superação de limites e o constante esforço em busca da perfeição que definem o espírito competitivo e apaixonado dos surfistas de elite.

    O Museu do Forte de S. Miguel Arcanjo abre diariamente de 10h às 20h (última entrada às 19h30).

  • O documentário "O Instante Decisivo", dirigido por André Bushatsky, estreia no próximo dia 12 de dezembro. A obra, que teve apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro, será apresentada durante a premiação dos melhores atletas paralímpicos do ano em uma cerimônia em São Paulo. O filme retrata a jornada de paratletas brasileiros rumo aos Jogos de Paris 2024, explorando não apenas o esforço dos competidores, mas também o trabalho de equipes técnicas e gestores envolvidos no ciclo paralímpico. O documentário busca também inspirar pessoas com e sem deficiência a descobrir o poder transformador do esporte.

    O documentário de 74 minutos é um mergulho nos bastidores do alto rendimento de atletas paralímpicos. Treinadores, gestores, fisiologistas e nutricionistas, entre outros profissionais, foram ouvidos para explicar em detalhes todos os cuidados e planejamento feitos com os atletas que buscam a excelência.

    "São quatro anos de muito comprometimento, abdicando de muitos desejos, para ser realizado em segundos, para saber se deu certo aquele ciclo paralímpico. É muito treino e tem muita gente por trás para eles chegarem nos objetivos deles e que muita gente nem imagina”, explica o diretor.

    O título do filme, O Instante Decisivo, reflete os momentos cruciais da competição. "São quatro anos de preparação para segundos que definem tudo. Essa frase, que aparece no documentário, sintetiza bem o espírito do esporte de alto rendimento", explica Bushatsky.

    A seleção dos protagonistas

    A escolha dos personagens foi um desafio à parte. André buscou mostrar a diversidade regional do Brasil e a pluralidade das modalidades paralímpicas com atletas que teriam chances de subir ao pódio. No final, a seleção focou em sete protagonistas: a lançadora Beth Gomes, do interior de São Paulo, o velocista paraibano Petrucio Ferreira, a lançadora baiana Taíssa Machado, a nadadora pernambucana Carol Santiago, o nadador Gabriel Araújo (Gabrielzinho), de Minas Gerais, a mesa-tenista catarinense Bruna Alexandre e o jogador de futebol de cegos baiano Cássio Lopes dos Reis.

    "Queríamos representar diferentes histórias e regiões. Tínhamos muitas histórias boas, mas também escolhemos quem poderia funcionar bem no roteiro do filme. Muitos tinham realmente chances de medalhas, mas tivemos que fechar para quem estava batendo recordes e com marcas para subir no pódio”, destaca Bushatsky.

    O documentário termina com a Paralimpíada de Paris 2024, onde o Brasil brilhou, ficando em 5° na classificação no quadro final de medalhas com um recorde de 89 pódios, sendo 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes.

    O desempenho da delegação brasileira paralímpica dá um impulso para o documentário, que ao revelar os bastidores e preparativos de atletas paralímpicos de alto rendimento, certamente vai contribuir para inspirar muitas gerações de crianças, jovens e adultos, segundo o diretor.

    “O documentário é um produto de entretenimento, mas, ao mesmo tempo, serve para marcar um período histórico. O fato de Paris 2024 ter sido um recorde, a gente já vê mais pessoas jogando holofotes no esporte”, afirma Bushatsky.

    Depois da estreia no Sport TV no dia 12 de dezembro, o filme deve ser disponibilizado no canal GloboPlay. André Bushatsky pretende fazer uma caravana e levar o documentário para escolas e instituições que promovam a prática esportiva.

    “O filme vai passar em vários lugares e com isso eu espero que ele inspire muitas pessoas a praticar esporte, com deficiência ou sem. O legal é mostrar a importância do esporte na vida das pessoas. E histórias inspiradoras é que não faltam”, conclui o diretor.

  • Clube do norte da França preparou grande festa para festejar 80 anos. A celebração foi com uma vitória de 1 a 0 sobre o Rennes pela 12 rodada do campeonato francês na presença jogadores e ex-atletas que fizeram história com o time.

    Com Marco Martins, enviado especial a Lille

    Em oito décadas de existência, o Lille tem uma lista de conquistas nacionais e europeias. Foram quatro títulos de campeão francês, 6 Copas da França, 1 troféu dos Campeões e cinco vezes campeão da 2ª divisão, além de um título da antiga Copa Intertoto da Uefa.

    Vários jogadores brasileiros contribuíram para essa trajetória de um dos times mais populares do norte da França. O primeiro a desembarcar foi o atacante Walquir Mota, em 1992, quando o time ainda buscava um lugar na elite do futebol francês. Em seguida, outro atacante, Neném, ficou alguns meses no Lille antes da chegada do primeiro zagueiro, Rafael Schimtz.

    O catarinense de Blumenau foi um dos brasileiros que mais defendeu a camisa vermelha do clube. Rafael chegou em 2001, quando a equipe voltava à 1ª divisão, e atuou como zagueiro por quase seis anos na equipe, até 2007. “O Lille foi ao Brasil me ver jogar e uma semana depois eu já estava na França. Foi muito rápido”, recorda. “Não foi nada fácil no começo, mas tinha o objetivo de ter uma carreira brilhante. O Lille foi e é o meu time do coração”, afirma.

    Presente na festa dos 80 anos no estádio, Rafael Schimtz, já aposentado dos gramados, falou também da emoção de rever ex-companheiros e amigos que deixou no clube. “Recebi o convite e não poderia deixar de vir. Alguns jogadores fazia 20 anos que a gente não se via. E hoje, ver a potência que o clube se tornou é muito gratificante", afirma.

    Assim como Rafael, Túlio de Melo foi um dos maiores nomes do Brasil no Lille, onde ficou por seis temporadas. Ele conquistou com o Lille um campeonato francês e uma Copa da França na temporada de 2010/2011 e se tornou um dos artilheiros com 40 gols em 136 jogos.

    Atualmente, dois brasileiros vestem a camisa vermelha dos “dogues”, como são conhecidos os jogadores que atuam no time. O zagueiro central Alex Sandro, que chegou em 2022 e o zagueiro Ismaily. Depois de oito temporadas no Chaktior Donestk da Ucrânia, o lateral esquerdo Ismaily chegou ao Lille em 2022, tornando-se o décimo sexto brasileiro a atuar no time. Ismaily, que voltou recentemente aos treinos após se recuperar de uma lesão no joelho direito no final de agosto, também participou da celebração e comentou a boa fase do time.

    Atualmente, o Lille é o quarto colocado no campeonato francês e faz bonito na Liga dos Campeões, e está na 12 colocação, com um empate, uma derrota e três vitórias, entre elas contra Real Madrid, interrompendo uma sequência de 36 jogos invictos do atual campeão da competição.

    “Pode surpreender muita gente, mas isso é resultado do nosso trabalho diariamente. Estamos convencidos de que temos uma equipe forte e competitiva”, afirma.

    Capitão histórico do Lille

    Entre os ex-jogadores presentes na festa dos 80 anos, o português José Fontes tem seu lugar na lista de um dos maiores nomes da história do clube. Foram 196 jogos em cinco temporadas, dois títulos nacionais, sendo o último deles, em 2021, com a faixa de capitão.

    Aos 39 anos e atuando na Casa Pia, de Portugal, José Fontes se emocionou no reencontro com a cidade e o ex-clube. “Sempre é especial regressar, receber todo esse carinho e ver as pessoas querendo falar contigo. É uma cidade e um clube que eu adoro e que me marcou bastante”, afirmou.