Episodit
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Nuno Silas (MZ, 1980) é um artista multidisciplinar que desenvolve o seu trabalho entre Portugal, a Alemanha e Moçambique, de onde é natural. Questiona os princípios de identidade, reparação, exploração, num conjunto de propostas artísticas onde se incluem e enquadram diferentes tecnologias, que vão do uso de recursos endógenos ao som, passando pela performance. Por estes dias em residências artística em Vila Nova de Cerveira, falamos sobre o passado, o presente o futuro, sobre a sua formação na ESAD das Caldas da Rainha, sobre os projetos na Alemanha e sobre como Moçambique está sempre no inconsciente de tudo o que produz. Falamos de racismo, de descriminação e do papel da arte para a construção de uma sociedade mais reflexiva, livre, igual. Conheçam o Nuno Silas e visitem, até 24 de fevereiro de 2024, a exposição que tem patente em Vila Nova de Cerveira.
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Marta Bernardes (PT, 1983) é atualmente responsável pelo departamento transversal de educação e mediação cultural dos museus e bibliotecas da Câmara Municipal do Porto, do Museu da Cidade. O seu trabalho e perfil já me tinham sido elogiados mas só, muito recentemente, nos cruzamos. Não tive dúvidas de estar perante uma daquelas pessoas que vai mudar o mundo, que o tornará num lugar melhor para todos nós. A sua formação inicial é em Belas Artes mas os estudos levam-na em viagens por outras paragens, descobrindo os livros, a escrita e outras áreas de interesse em que se vai dividindo em papéis, mantendo o propósito. Esta foi uma conversa sobre uma história de vida capaz de nos inspirar e sobre alguém com quem seríamos capazes de conversas horas a fio.
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Puuttuva jakso?
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O "Baluarte_exposição de arte urbana" revelou-me alguns nomes femininos, muito relevantes, da arte urbana portuense. RAFI die Erste (ou Teresa Rafael) foi um desses casos, tendo um papel determinante no desenvolvimento desta expressão artística no Porto e no país, considerando que era sua a primeira loja de grafiti que a cidade do Porto teve. Estudou ballet e arquitetura mas foi na arte urbana que encontrou o seu espaço de expressão. A sua pintura recupera da memória o sentido, revestindo de semiótica, sendo um exemplo de autorrepresentação e da dupla exposição que esse facto traz ao espaço público enquanto cenário. Descubram-na e, estou certa, passarão a descobri-la nas paredes e muros da cidade.
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MURA, pseudónimo de Giuliana Yoshimura (BR, 1998), é outra das artistas que protagoniza o "Baluarte: exposição de arte urbana" que, por estes dias, é assunto no antigo Quartel de Monte Pedral, no Porto. Natural de São Paulo e descendente de família italiana e japonesa, foi na cidade grande que começou a ocupar o espaço público com as suas pinturas, incentivada pela mãe que é uma das mulheres da família que a inspira. Depois de se formar em Arquitetura no Brasil, vem para Portugal continuar estudos Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, acabando por, facilmente, se integrar na comunidade de artistas urbanos da invicta. Hoje, as suas pinturas de inspiração floral são já uma marca da cidade. Nesta conversa fala-nos dos desafios de ser mulher e artista urbana e leva-nos, através da música, numa viagem até ao seu Brasil.
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Hazul Luzah (PT, 1981) é um dos protagonista da cena artística urbana da cidade do Porto, com os seus murais de figuras isotéricas a preencherem diferentes espaços da cidade invicta. Dono de um alfabeto pictórico inconfundível, o artista desperta para a cultura urbana ainda em finais da década de 1990 através do hip hop que cedo o faz descobrir a sua própria forma de expressão: a pintura.
Atualmente é também consultor da Ágora, estrutura da Câmara Municipal do Porto responsável por grande parte da programação cultural e de evento, e foi nessa condição que nos reencontramos no âmbito do "Baluarte, exposição de arte urbana" , iniciativa sobre a qual também falamos neste episódio que vos convidamos a ouvir.
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João Alexandrino Silva (PT, 1981), conhecido como JAS, desperta para as artes plásticas e visuais na emergência de mudar o mundo e de se conectar com tudo aquilo que está para lá da tragédia e da banalidade do quotidiano. Com formação inicial em design, acaba por encontrar nas expressões artísticas underground a sua primeira essência, passando depois para as experiências coletivas e para práticas em que o desenho e o gesto são a base do desenvolvimento de formas e narrativas. A obra de JAS não se descreve pela utilização de apenas um suporte, pela pluralidade, influenciado pelas viagens, pela natureza e pelo amor. Uma entrevista que é retrato de um experiência de vida e dedicação total à Arte.
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Conheci-o antes de o conhecer, pessoalmente, e, talvez, antes de me saber a mim mesma na plenitude deste exercício da curadoria que me apaixona. Uma amiga comum ofereceu-me uma obra dele como prenda de casamento. Esse casamento, o primeiro, já lá foi, mas fiquei com a obra até aos dias de hoje e teria que esperar pela minha chegada à zet gallery para trabalharmos juntos. José Augusto Castro (PT, 1962) desenha, pinta, porque não há como fazer evitar. O atelier é parte da casa e o ato de criar é parte dele. O quotidiano é uma fonte de inspiração. Os objetos que ocupam os espaços da casa, a música que é a primeira decisão do tempo de atelier. Depois acontece a experiência transcendental do desenho, do gesto, da cor, de celebrar no suporte a experiência do que é a Arte, encontro pessoal e utópico consigo mesmo.
José Augusto Castro divide o tempo com a atividade docente que é uma das suas causas e, atualmente, vive a experiência de a filha também ter escolhido carreira artística. Tantas gentes num homem só e o tudo que se traduz na pintura e que, em parte, nos permitiu descobrir nesta conversa.
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Sandra Baía (PT, 1968) explora, nas suas criações, os limites da perfeição e do erro, da beleza absoluta e da falha, da cicatriz. Trabalhando, fundamentalmente, com materiais de génese industrial, a artista, que começou na pintura, produz objetos de base escultórica em que a cor ocupa um lugar de poesia. Sandra Baía inicia o seu percurso profissional na moda, chegando depois à prática artística. Mas está tudo ligado e, nesta conversa franca e sincera, conta-nos muito sobre os pontos aparentemente soltos de uma história de vida que, juntos, fazem dela a enorme artista que é hoje.
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Conheço o trabalho da Ana Vidigal (PT, 1960) talvez desde o primeiro dia de descobrir que era no mundo dos museus, das exposições, da arte contemporânea que queria ser feliz. Ana Vidigal está entre as artistas premiadas nas primeiras edições da Bienal Internacional de Arte de Cerveira e sobre ela, sobre a sua obra, escrevi algumas vezes. Conhecê-la foi como conhecer um ídolo, alguém que faz parte do nosso imaginário. Nesta conversa viajamos até às suas memórias e referenciais, até aos primeiros dias iluminados dos bons professores e das avós que têm arquivos que contam estórias. Poderíamos ter conversado horas a fio, sendo esta a síntese possível de um encontro face a face tantas palavras depois.
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Lígia Fernandes (PT, 1985), Mariana Santos (PT, 1995) e Nicole Sánchez (PT, 1978) cruzaram-se tendo em comum a forma como o exercício da memória é a base dos seus processos criativos. Trabalharam juntas numa residência artística, partilhando e discordando de visões mas, sobretudo, acreditando no poder da intervenção artística para a transformação dos territórios. Fica agora a segunda parte da conversa, mais focada no LEPAC, projeto que aconteceu no Bairro da Tabaqueira, em Sintra.
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Lígia Fernandes (PT, 1985), Mariana Santos (PT, 1995) e Nicole Sánchez (PT, 1978) cruzaram-se tendo em comum a forma como o exercício da memória é a base dos seus processos criativos. Trabalharam juntas numa residência artística, partilhando e discordando de visões mas, sobretudo, acreditando no poder da intervenção artística para a transformação dos territórios. Escutem aqui a primeira parte de uma conversa com estas três incríveis artistas.
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Joana Rego (PT, 1970) fez-se como artista com uma formação que passou pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, mas também por um mestrado em São Francisco (EUA). Muito cedo a sua visão do mundo alargou-se, ampliou-se. Isso fez toda a diferença e, ao longo de toda a sua carreira, tem também exercido funções como docente no ensino superior. O seu trabalho gosta da palavra e das suas mensagens, explora os limites do desenho e respeita a cor e os seus modos. Nesta conversa, viajamos juntas. Deixo-vos com mais uma enorme artista!
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Ricardo de Campos (1977) é natural de Monção, município raiano do Alto Minho e é a partir dessa geografia que traça um percurso de resiliência por uma carreira artística, não resistindo ao que lhe é intrínseco. A sua obra trabalha nos limiares da figuração e da expressão, mantendo detalhes do que observa, focando-se em temas que, ao longo dos anos, vão da religiosidade ao papel da mulher, passando pelos ambientes em construção/demolição. As artes foram o primeiro instinto mas não a primeira escolha. Contudo, depois de uma formação plural, conclui mestrado em Arte Contemporânea - Criação e Investigação na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Vigo (Pontevedra).
Atualmente, conta com dezenas de exposições, individuais e coletivas, em Portugal e além-fronteiras, prémios e outras vitórias. Trabalha também como programador e curador, sendo um dos ativistas de uma nova geração de agentes culturais descentralizados. Conheçam-nos nesta conversa :)
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Lauren Maganete (PT, 1970) é natural de Bragança e começou por se licenciar em Gestão e Administração de Empresas, no Porto. A fotografia não foi o primeiro impulso mas terá sido o tal amor para a vida toda. Começou por fotografar eventos e, muito concretamente, espetáculos e todas as artes do palco. É na capacidade de captar o instante de cada expressão e/ou movimento, que se descobre como artista. Começa a expor e, desde então, são já dezenas as exposições individuais e coletivas, como também já acumula prémios e um reconhecimento por parte de críticos, curadores e colecionadores. Mas, acima de tudo, Lauren Maganete é, para mim, uma velha amiga, uma amiga verdadeira e alguém com quem partilho uma parte considerável da minha própria história. Nesta conversa falamos sem regras, sem urgência de futuro. A música contou o que as palavras esconderam.
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Francisco Vidal (PT, 1978) nasceu em Oeiras, tendo ascendência Angolana e Cabo Verdiana. A sua obra tem, simultaneamente, a energia e o horizonte africano, sendo simultaneamente de um expressionismo e cosmopolitismo ocidental. Artista marcado pelas viagens e experiências internacionais, com passagens por Berlim ou Nova Iorque, domina o desenho, a essência da palavra e codifica o trabalho com os números e, sobretudo, as suas utopias. Nesta conversa, falamos sobre a sua "Escola Utópica", sobre as experiências de projetos de comunidade como os que dinamizou em Timor e, mais recentemente, em Vila Nova de Cerveira, com portadores de deficiência. Questionamos a normalidade e afirmamos o poder da arte, com a música sempre presente, os sons do rio Minho e a memória presente registada pelo pincel.
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Luís Canário Rocha (PT, 1986) nasceu em Guimarães e é na cidade berço que tem ateliê e desenvolve a sua larga atividade associativa. É, de resto, alguém que se revê nas dinâmicas do coletivo e que entende que a união faz a força. Formado na Faculdade de Belas Artes do Porto, é a pintura que primeiro o encontra e, com a descoberta do palco, as suas obras expandem-se para a terceira dimensão: esculturas, instalações, espaço público. Artista da palavra, da acumulação e da reutilização, Luís Canário Rocha está em clara ascensão, na afirmação de uma linguagem que tem já um alfabeto, uma paleta e, sobretudo, uma intenção.
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Manuela Pimentel (PT, 1979) é um caso raro de talento combinado com sorriso, genuinidade e uma entrega absoluta à Arte. No espaço único do seu atelier, em Matosinhos, conversamos sobre o caminho, sobre as viagens e os encontros e de como a rua invadiu o atelier e se tornou no motivo do trabalho. Voamos até Moçambique, ao Brasil e a muitos sonhos, já concretizados e por concretizar, no que defino como um dos momentos bonitos que vivemos com a Arte.
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Marta Mestre (PT, 1980) é diretora artística do Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG). Francisco Neves (PT, 1984) é Diretor de Educação e Mediação Cultural d' A Oficina. Juntaram-se numa conversa sobre os desafios dos museus de arte contemporânea e, nomeadamente, sobre o CIAJG. Marta Mestre, que trabalha entre Portugal e o Brasil, trouxe-nos as suas referências, falando-nos de escalas, públicos, curadoria e de como tudo se cruza com pensar o território e agir sobre ele. Deixamo-nos levar pelo embalo, nesta que foi uma partilha rica e feliz. Não percam!
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Sofia Beça (PT, 1972) conhece o barro melhor, sabe os segredos da cerâmica e, das suas mãos, sai a magia inteira da transformação da matéria em Arte, da terra em artifício belo. Em 1992, concluiu o Curso Técnico-Profissional de Cerâmica da Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis. Fez uma especialização em escultura e murais cerâmicos com Arcadio Blasco, tendo trabalhado no seu atelier. Desde 1998 que apresenta com regularidade exposições individuais e coletivas, dentro e fora do país. Desde 2003 que é convidada a representar Portugal em simpósios internacionais no Japão, Argentina, Grécia, China, Tunísia, Egipto, Turquia, Coreia do Sul, Espanha, Áustria. As suas fazem parte das coleções de museus e instituições públicas e privadas, tendo recebido já diversos prémios de relevo. O currículo é extenso mas, nesta conversa, interessaram-nos os motivos das coisas, as estórias que as obras não contam e, sobretudo, compreender este amor à arte e esta dedicação à cerâmica, tecnologia primeira e ancestral, hoje das Artes em pleno, facto para o qual muito contribuiu Sofia Beça.
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Ana Pais Oliveira (PT, 1982) divide-se entre paixões e tem na Arte uma forma de viver. Com um percurso profissional e académica brilhantes, onde se inclui a conclusão de um doutoramento na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, prémios e menções internacionais, a artista divide-se entre a pintura e a dança. Não abdicou de nada e é mãe de duas crianças. Trabalha todos os dias no atelier mas admite que é duro e mais difícil quando se é mulher. Fala-nos, nesta conversa, da sua visão do mundo, dos seus sonhos e da urgência que temos de hinos e de coletivo. Uma grande mulher, uma extraordinária artista.
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