Episodes
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O que você faria por um amigo? Neste episódio do Podcast da Semana, Gama traz a história de uma amizade extraordinária, um amigo que deu a possibilidade da vida ao outro. O ator Thiago Amaral doou um rim para o dramaturgo e músico Vinicius Calderoni.
Calderoni havia sido diagnosticado com uma doença genética que afeta os rins, a síndrome de Alport, que evoluiu para a necessidade de um transplante. Enquanto estava na fila da doação, a doença avançava rápido e dois amigos se dispuseram a doar. Um deles era Amaral, que foi confirmado como doador após todos os testes. O transplante ocorreu há três meses e foi bem sucedido.
Ao Podcast da Semana, eles contam os detalhes dessa história e dizem como passaram a ver as amizades depois desse evento. Antes amigos, os dois, que são filhos únicos, agora se consideram irmãos.
“A noção da amizade como um cultivo deixou de ser uma frase feita e virou uma coisa muito urgente e presente para mim desde então. Olho cada mensagem recebida, cada conversa, cada encontro com o tamanho que isso tem”, afirma Calderoni.
“Os nossos grupos de amizade se juntaram e teve um momento em que cresceram para além da gente — virou uma coisa coletiva, uma sensação muito fortificante”, afirma Amaral.
Agora, o ator e o dramaturgo trabalham juntos em um projeto que conta a história da doação no teatro. Os dois dizem que se tornaram ativistas pela doação de órgãos. “Doar é uma maneira de viver feliz num mundo em desencanto. É uma coisa meio contraintuitiva, porque as pessoas acham que o mundo está em dívida com elas. Ao doar, parece que você está subtraindo uma coisa de você, mas você está se preenchendo”, diz Calderoni.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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Todos nós temos traços narcisistas. Desde a infância, essas características aparecem não imediatamente como parte da personalidade, mas como uma condição para o nosso desenvolvimento psíquico. A psicanalista Ana Suy, entrevistada deste episódio, lembra que na infância somos suscetíveis à necessidade do olhar e da validação do outro – mas que com o tempo, no geral, vamos abandonando essas demandas.
"A gente precisa da validação dos outros, especialmente daqueles que nos são mais caros. Mas se ficamos nessa posição muito pedinte de validação, vamos nos afastando da gente mesmo por essa tentativa de nos encaixar [aos padrões externos]", diz ao Podcast da Semana. Ainda que algumas características narcisistas permaneçam na vida adulta, há casos raros em que esse narcisismo se torna patológico, como ela explica na conversa com Gama.
Ana Suy é psicanalista, escritora, doutora em pesquisa e clínica em psicanálise pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), idealizadora dos estudos "Lendo Freud Hoje" e "Clube de Palavras" e autora dos livros "A Gente Mira no Amor e Acerta da Solidão" (Paidós, 2022) e "Não Pise no Meu Vazio" (Paidós, 2023). E o mais recente, “Eu só Existo no Olhar do Outro” (Planeta, 2025), em parceria com o também psicanalista Christian Dunker.
Neste epissódio ela fala de como o tema do narcisismo está presente na nossa trajetória e nas relações do dia de hoje.
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
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Episodes manquant?
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Você já se deu conta de quanta coisa de plástico tem ao seu redor? E já pensou em como esse plástico chegou até você, de onde ele veio? Pior ainda, o que é que vai acontecer com esses plásticos no futuro? É sobre os plásticos e principalmente o efeitos dos microplásticos à saúde humana que o Podcast da Semana fala com a médica patologista e pesquisadora Thaís Mauad, doutora pela Faculdade de Medicina da USP.
Líder do estudo que identificou fibras e partículas de microplásticos no bulbo olfatório, região do sistema nervoso central responsável por processar odores, Mauad aponta para o risco de problemas cardiovasculares. “Estamos expostos a muitos tipos de plástico em muitas situações. Nossa roupa é de material polimérico, a nossa comida vem embalada em plástico. Mas não dá para saber o quanto tem dentro da gente, no futuro saberemos”, afirma a pesquisadora ao Podcast da Semana
Podemos tentar evitar o uso do plástico principalmente na cozinha porque, além do microplástico, existe um outro problema muito grave que são os aditivos. São 13 mil substâncias que podem ser adicionadas, das quais só 4 mil são estudadas. E 1.500 delas sabe-se que tem efeito cancerígeno ou disruptor endógeno”, afirma.
Mauad é autora de outra pesquisa que já tinha detectado partículas de microplásticos no pulmão humano e conta que sua pesquisa foi um caminho natural do seu ativismo. Há mais de 20 anos estuda poluição e ressalta que os microplásticos estão até no ar.
“Temos que lutar para acabar com o uso de plástico. Quarenta por cento do que está no mar é plástico não essencial”, afirma a pesquisadora que diz que única saída é reduzir consumo.
Na entrevista, Mauad fala sobre as pesquisas que conduz na USP, sobre os efeitos desses materiais na saúde humana, o que podemos fazer para nos proteger e da necessidade de políticas públicas que proíbam a fabricação e a utilização de plásticos não essenciais.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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Autora de "Suíte Tóquio" fala dos medos e prazeres da maternidade, da relação com a mãe depois do nascimento da filha e traz um pouco do tema de seu novo livro, "Batida Só"
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Se você não aguenta mais o volume de trabalho, fazer tantas coisas diferentes ao mesmo tempo, se está se sentindo esgotado, provavelmente não é o único. Olhe ao redor e veja como estão seus familiares e amigos. Quem propõe o exercício é o psicólogo Alessandro Marimpietri, graduado pela Universidade Federal da Bahia, doutor em Ciências da Educação pela Universidad Nacional de Cuyo, na Argentina. É ele o convidado da edição sobre trabalho e saúde mental do Podcast da Semana.
Marimpietri, que também tem formação em neuropsicologia pela USP e prepara um livro, pela editora Vestígio, com reflexões sobre a vida na contemporaneidade, fala que a melhor imagem para nos entender na contemporaneidade é a do malabarista.
“O malabarista é bonito de ver, mas ele é escravo de uma lógica perigosa: tem sempre mais malabar do que mão, não dá conta de segurar tudo e é obrigado ao movimento ininterrupto, ou tudo aquilo desmorona", afirma na entrevista. "Esse é o sujeito da contemporaneidade. Faz alguma beleza? Faz, mas a custa de um esgotamento, de um tipo de vida que definitivamente precisa ser repensado.”
Marimpietri joga luz sobre o fato de ser o ambiente atual que nos impõe esse sistema de trabalho, mas aponta caminhos para nos desviarmos dele. "Temos que achar fissuras, saídas, caminhos, estrias por onde a gente consiga fazer algum tipo de reinvenção da nossa própria vida. O sujeito contemporâneo é muito impelido a reinventar a própria vida, porque é um cenário de muita incerteza, de muita velocidade, de muito trabalho, de muito cansaço e de muita informação", diz na entrevista.
"A grande variável decisiva para a felicidade e saúde é a qualidade de relacionamentos, a gente ter capacidade de estabelecer com as pessoas bons relacionamentos", afirma.
O psicólogo fala sobre a importância de nos darmos tempo e espaço e de impor limites. Comenta ainda as diferenças de visão sobre a vida profissional das diferentes gerações e como é importante falar para as crianças sobre o que fazemos.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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Escritora e enfermeira trata de preconceito com bairros mais distantes da região central e de transformar o entorno em criação literária
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A escrita sobre uma experiência vivida ou sobre seus pensamentos é uma ferramenta importante para a construção da subjetividade. É partindo dessa ideia que a escritora, jornalista e pesquisadora Bianca Santana fala neste episódio do Podcast da Semana sobre a "escrita de si".
"Nós costumamos utilizar a escrita como possibilidade de elaboração, mesmo que a gente não perceba. Se alguma coisa me irritou muito, eu não quero falar disso com ninguém, eu escrevo. Eu salvo um rascunho de e-mail, mando uma mensagem de WhatsApp para mim mesma. E, quando a gente estuda essa escrita de si, e colocamos a intenção nela, a coisa fica mais interessante", diz Santana ao Podcast da Semana.
Bianca Santana conta que desde que teve contato com a obra de Sueli Carneiro passou a pensar sobre a escrita de si. Quando passou a dar aulas em oficinas de escrita para mulheres negras, ela entendeu que as memórias dessas mulheres eram também memórias coletivas e entendeu o interesse das histórias pessoais como algo que pode contar a história de uma época e de um lugar.
"A escrita em primeira pessoa de uma mulher negra da periferia da Amazônia é também uma escrita universal porque ela vai mergulhar em temas que dizem respeito às pessoas que vivem em qualquer lugar do mundo. Ao mesmo tempo em que ela vai contar particularidades do seu tempo e da sua região que precisam ser conhecidas por mais pessoas. Tem o poder de identificação, tem o poder também da curiosidade. A gente adora saber da vida dos outros, não é?", provoca.
Autora de livros como “Quando me Descobri Negra” (Fósforo, 2023), “Arruda e Guiné: Resistência negra no Brasil contemporâneo” (Fósforo, 2022) e "Continuo Preta: A vida de Sueli Carneiro" (Companhia das Letras, 2021), ela é parceira da Gama em seu primeiro clube do livro e vai ser a facilitadora dos encontros. Com o nome de Leitura de Si, ela propõe que coletivamente os participantes leiam textos de autores como Conceição Evaristo, Marcelo Rubens Paiva, Abdias Nascimento e Natália Timerman, entre outros.
Doutora em ciência da informação e mestra em educação pela Universidade de São Paulo, Santana estudou jornalismo na Faculdade Cásper Líbero e é colunista da Folha de S.Paulo, comentarista do Jornal da Cultura e professora da Faap.
Nessa edição do Podcast da Semana, além da escrita de si, Santana comenta o fenômeno dos clubes de leitura como uma resposta à solidão e ao mundo acelerado de hoje e conta sobre o novo clube da Gama.
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Um relacionamento não é estático, livre de mudanças. Mas, às vezes, temos medo delas — ou não sabemos como implementá-las. Nesta edição do Podcast da Semana, a psicanalista Cauana Mestre fala sobre a importância das transformações dentro de relacionamentos amorosos e os desafios que enfrentamos ao lidar com elas.
“Não existe um relacionamento que não passe por lutos, por finais, por términos, por separações. Um casal que se uniu há 20 anos atrás certamente não é o mesmo de agora. Essas pessoas não são as mesmas. A lógica não é a mesma”, afirma Mestre na entrevista.
Segundo ela, a resistência à mudança ocorre porque em algum momento internalizamos que aquilo era bom. “Encontrar uma outra forma de fazer parceria amorosa, um outro jeito de amar, requer que a gente abra mão, que a gente suporte perder uma parcela dessa satisfação que a gente encontrava lá atrás no amor.”
Graduada em Psicologia e mestra em Literatura, a psicanalista é conhecida pelas análises que faz de produtos culturais — livros, filmes, séries — nas redes sociais, partindo de personagens do cinema e da literatura para falar de psicanálise. No episódio desta semana, ela fala de séries como “White Lotus”, da Max, “Adolescência” e “Invejosa”, ambos da Netflix.
Este último é usado para ilustrar certas idealizações feitas sobre o relacionamento amoroso. “A idealização que ela faz do que é um casamento é tão grande, é tão consistente, que a impede de ver toda a série de coisas incríveis que estão acontecendo à volta dela. E quando, a partir do trabalho de análise, com muito custo, porque ela é uma paciente muito resistente, a idealização se dissolve um pouco, ela percebe como tudo aquilo que ela imaginou não faz o menor sentido. Como não é isso que, no fim das contas, ela deseja”, afirma.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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A vida de Tati Bernardi é quase toda pública, basta ler seus livros e suas crônicas ou ouvir seus podcasts que logo descobrimos muito sobre ela. Mas o seu livro mais recente, "A Boba da Corte" (Fósforo, 2025), vai mais fundo. Seguindo o gênero da autoficção, tão bem explorado por nomes como Annie Ernaux e Édouard Louis, com esse lançamento o leitor entende de onde veio Tati Bernardi e pra onde ela sempre quis ir. Acontece que ela chegou lá, mas não se sentiu exatamente confortável, como ela conta neste episódio do Podcast da Semana.
Além de escritora, Bernardi é roteirista e colunista da Folha de S. Paulo há mais de uma década. Aos 45 anos, já trabalhou com publicidade, com roteiro na Globo, escreveu livros como “Depois a Louca Sou Eu” (2016) e “Você Nunca Mais Vai Ficar Sozinha” (2020), ambos pela Companhia das Letras. E sua voz e ideias são ouvidas nos podcasts Desculpa Alguma Coisa, Calcinha Larga e Meu Inconsciente Coletivo.
Na conversa com Gama, e em seu novo livro, Bernardi fala da trajetória de sair do Tatuapé, bairro de classe média da Zona Leste de São Paulo, até comprar um apartamento em Higienópolis, região de alto poder aquisitivo da cidade. Com observações afiadas sobre a elite intelectual e econômica que ela passou a frequentar, o livro rende boas risadas e traz as dores de alguém que nunca se sentiu aceita nesse novo lugar e classe social que ocupa, mas que jamais deixou de fazer piada disso.
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
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Médica do esporte e nutróloga fala dos métodos e da importância de construir músculos por meio de atividade física e alimentação adequada, com foco em longevidade e qualidade de vida
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“Eu era o pai de uma senhora de 75 anos, que vivia a fase final de sua vida com uma doença incurável, que se despedia de sua própria imagem no espelho. A minha missão não era tirar aquilo que lhe trazia prazer, mas fazer com que ela pudesse se despedir da vida sendo quem ela sempre foi. Minha grande missão era preservar a identidade dela.”
O depoimento acima é de Fernando Aguzzoli Peres, escritor e comunicador que cuidou da avó, Nilva Aguzzoli desde que foi diagnosticada com Alzheimer até sua morte cinco anos depois, em 2013. O escritor ainda era um adolescente quando o diagnóstico chegou, mas mesmo assim foi quem se responsabilizou por seus cuidados. Esse mergulho naquela nova realidade e na demência, acabou por transformar a vida do jovem para sempre.
Aguzzoli escreveu cinco livros sobre demência e tornou-se uma voz importante para os que têm o Alzheimer na família. É parceiro do Centro Internacional de Longevidade e faz parte do World Young Leaders in Dementia (WYLD), uma organização mundial para a conscientização sobre a demência. Entre seus livros, estão “Quem, Eu?” (Paralela, 2015) e “Alzheimer não é o Fim: Estratégias para familiares e amigos” (Fontanar, 2020), além de títulos voltados para crianças.
Na entrevista ao Podcast da Semana, Aguzzoli fala sobre como é viver com a demência dentro de casa, sobre a invisibilidade do cuidador e como é difícil que encontrem tempo para que consigam cuidar de si também, sobre como as políticas públicas brasileiras que dizem respeito à demência ainda podem melhorar muito e sobre como ter um diagnóstico de Alzheimer na família não é o fim da vida.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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Que tipo de fã é você? Que tipo de fã é o brasileiro, esse que faz de tudo para que seu ídolo brilhe, tenha o maior número de seguidores, vença o álbum do ano e leve a estatueta do Oscar?
"A gente tem uma coisa muito particular, fala apaixonadamente sobre as coisas, como se fosse algo de propriedade nossa", diz o jornalista e crítico de cinema Marcelo Hessel, convidado deste episódio do Podcast da Semana, da Gama. Apesar de toda essa dedicação, o fã brasileiro tem também seu lado obscuro. "Ao mesmo tempo, está sempre à beira de linchar o ator na fila do supermercado porque ele faz um vilão da novela", diz.
No Omelete desde 2001, além de crítico e editor, Hessel fez parte da Associação Paulista dos Críticos de Arte, a APCA, e já integrou o quadro de críticos do Guia da Folha. Hoje é também apresentador do OmeleTV. É co-autor de livros como o "Almanaque do Cinema" (Ediouro, 2009).
Na conversa com Gama, ele explica o poder dos fandoms -- esse grupos de fãs com influência nas redes, nos estúdios de Hollywood e na vida de seus ídolos -- trata da presença do conservadorismo nesse meio e traça as principais características do fã brasileiro.
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
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Como é possível engatar um novo relacionamento com alguém se a gente vive a lógica da rapidez das redes e uma crise de atenção generalizada? Ajustar o foco e controlar a própria ansiedade são dois passos importantes, segundo a psicanalista e pesquisadora das relações amorosas Carol Tilian. É ela a entrevistada da edição sobre relacionamento do Podcast da Semana.
“Tente entender menos e criar menos regras, estar mais presente. Preste atenção também se a pessoa é interessada, além de interessante. Vejo que, nesse início de relação, há um encantamento que vem pela construção da fantasia que fazemos a partir dos primeiros encontros e da nossa coleta de dados digitais”, diz na entrevista a Gama. “Nos apaixonamos pela ideia da pessoa e por como a gente se sente por estar ali com ela, sem perceber que talvez ela não esteja interessada na sua vida.”
Na entrevista, Tilkian fala sobre o que se deve e o que não se deve fazer para que uma série de encontros vire um relacionamento. Responde também sobre o desejo de muitos de ter uma “relação leve”.
“As pessoas dizem que querem uma relação leve como quem diz ‘eu não quero problema’, como se relação fosse sinônimo de problema. Na verdade não existe essa leveza que se busca. Parte desse discurso é o que tem causado a gente viver essa epidemia de solidão”, afirma.
Colunista do jornal Folha de S.Paulo, onde responde a perguntas dos leitores numa espécie de consultório amoroso, e comentarista da rádio CBN, ela também dá cursos na Casa do Saber sobre os relacionamentos hoje. Ao Podcast da Semana, falou ainda sobre como continuar apostando no amor mesmo depois de tantas desilusões.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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Um dos criadores do bloco paulistano Acadêmicos do Baixo Augusta, músico fala das transformações da festa e da cidade
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
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Por que brasileiros sem visto se submetem a tanto risco para imigrar para outros países? Para o cientista social Gustavo Dias, professor da Universidade Estadual de Montes Claros, em Minas Gerais, e pesquisador da imigração, a resposta tem a ver com um desmonte dos investimentos em saúde e educação no Brasil, uma desindustrialização do país e uma afinidade à agenda neoliberal.
“Só que isso é uma questão que a gente não discute. A gente foca no sujeito como se o problema fosse aquele imigrante que saiu daqui para trabalhar. Ninguém atravessa o deserto porque gosta”, afirma o convidado da edição sobre imigração do Podcast da Semana.
Para Dias, é importante lembrar que não há um grupo homogêneo de “imigrantes brasileiros”, porque são diferentes os perfis e os tipos de imigração hoje. Na entrevista a Gama, ele recupera um histórico de 40 anos de brasileiros que vão para fora do país em busca de trabalho e uma vida melhor. Explica ainda por que tem imigrante apoiador de Donald Trump com risco de ser deportado e porque o presidente dos Estados Unidos tem transformado deportações em espetáculo.
"Chegamos a esse paradoxo. Eu apoio o governo Trump, por quê? Porque eu parto do pressuposto de que estou indo para os Estados Unidos e vou agir legalmente. É uma ideia de mérito. Como se o Trump estivesse olhando para o João, para o Beltrano, para o fulano. Ele não está olhando para isso, ele está olhando para números. E, no final das contas, você é latino como qualquer outro."
Apesar da política republicana ser mais agressiva em relação aos imigrantes, Dias lembra ainda que os democratas da gestão anterior não eram mais brandos, apenas não publicizavam as medidas.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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O que se ganha e o que se perde com a maternidade? Muitas coisas. Mas o interessante é que tudo o que se ganha, e tudo o que se perde vem com alguma dose de nostalgia. Seja porque as fases mais lindas de uma criança passam rápido demais. Seja porque o que você foi antes de ser mãe, também dá saudade. É dessa grande mistura de paixão, alegria, perdas e ganhos que nasce essa experiência intensa de se tornar mãe.
É sobre isso a conversa com Martha Nowill, convidada deste episódio do Podcast da Semana que acaba de lançar um livro sobre a sua experiência com a maternidade, após o nascimento dos gêmeos Ben e Max, de quatro anos.
Nowill é formada em cinema e em teatro, é atriz, roteirista, dramaturga. Já atuou em inúmeras produções audiovisuais, como as séries "Pedaço de Mim" (2024) e "5 x Comédia" (2021). E também nos filmes "Vermelho Russo" (2016) e "Entre Nós" (2013). Além de peças como "Pagú - Até onde ela chega", em que atuou e assinou a dramaturgia. Aos 44 anos, acaba de lançar o livro "Coisas Importantes Também Serão Esquecidas: um diário" (Companhia das Letras, 224 págs), em que conta as belezas e as dificuldades de engravidar, parir e as transformações pela quais ela passou.
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
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“Já estou aí há dois anos nessa jornada menopáusica. Agora eu já consigo rir com isso, me divertir, superar alguns sintomas, mas sigo tentando entender o que está acontecendo.” Foi assim que a apresentadora de TV Fernanda Lima começou a conversa do Podcast da Semana sobre perimenopausa. Apresentadora também do podcast "Zen Vergonha", cuja primeira temporada é dedicada a essa fase da vida da mulher, ela contou um pouco sobre a própria experiência e os caminhos que encontrou depois de ouvir outras mulheres.
Lima entrou na perimenopausa aos 45 anos, em 2022. E a partir daí começou uma investigação sobre o período que antecede a última menstruação e o fim do período fértil feminino. Para ela, o assunto, que sempre foi tratado como tabu, se populariza hoje porque é mais debatido. “Nós, mulheres, estamos em grande transformação, uma semeando na outra essa grande transformação. É assim que a gente quebra os tabus”, afirma.
Ao Podcast da Semana, a apresentadora revela estratégias como reduzir o consumo calórico à noite, como começou a vestir-se como “cebola” para despir-se rapidamente na ocasião de um “fogacho”, e como passou a pesar sua disposição para entrar em discussões que poderiam ser evitadas. Segundo ela, nessa fase da vida, é importante evitar o estresse.
Lima é otimista sobre o envelhecimento e diz que é um período criativo, em que pode-se recalcular rotas e realizar projetos que tem mais a ver com cada uma. “A mulher nessa idade ela está em plena atividade, em plena maturidade, muitas mulheres se sentem muito melhores do quando tinham 20 anos”, afirma.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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Os efeitos do uso de celular nas crianças são um dos assuntos mais quentes do momento. E o que acontece quando não é mais possível utilizá-lo nas escolas de todo o país?
Em janeiro, foi sancionada a Lei Nº 15.100, que diz que "fica proibido o uso, por estudantes, de aparelhos eletrônicos portáteis pessoais durante a aula, o recreio ou intervalos entre as aulas, para todas as etapas da educação básica". Há exceções, como nas situações de "estado de perigo, de necessidade ou caso de força maior"; para garantir direitos fundamentais; para fins estritamente pedagógicos; e para garantir acessibilidade, inclusão, e atender às condições de saúde dos estudantes.
Para a assessora escolar e pedagoga Andrea Nasciutti, convidada do Podcast da Semana, com a nova lei, até os casos de bullying devem cair.
“O fato dos estudantes terem o celular à mão na escola amplia muito a possibilidade de mandarem mensagens durante os intervalos, de filmarem situações indevidas, fotografarem, depois divulgarem”, afirma.
“O cyberbullying é mais cruel e devastador do que o bullying presencial, justamente pelo alcance. Uma das características do bullying é que ele seja repetitivo. O cyberbullying precisa ser repetitivo, pois pela própria característica ele se propaga de forma muitas vezes incontrolável. E com alcance gigantesco. Então é uma medida de contenção de bullying e cyberbullying com toda certeza.”
Com 20 anos de experiência em educação, Nasciutti é também psicopedagoga e integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Moral da UNICAMP/UNESP e do Laboratório de Educação em Valores e Socioemocional da USP. Ao Podcast da Semana, ela afirma acreditar que a transição vai ser intensa e rápida, com os maiores efeitos já no primeiro semestre deste ano.
Na entrevista, ela fala sobre possíveis crises de abstinência das crianças e adolescentes e como lidar com elas, sobre a complexidade que envolve a situação de alunos com menos conectividade, e frisa que os efeitos positivos devem superar os negativos, com mais sociabilidade e menos problemas no aprendizado.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
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Historicamente, são as religiões de matriz africana as que mais sofrem com a intolerância religiosa, muitas vezes de maneira explícita, como é o caso dos inúmeros ataques à terreiros noticiados nos últimos anos, até as falas preconceituosas de políticos, de líderes religiosos e até de artistas.
Só em 2024, o Disque 100, canal criado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para atender casos de intolerância religiosa, registrou 2.472 denúncias. Foi um aumento de quase 70% em relação ao ano anterior. "O problema do racismo religioso é que ele é um tipo de intolerância que mata, que destrói, que segrega famílias, comunidades inteiras, que obriga pessoas a deslocamentos geográficos", diz o professor e babalorixá Sidnei Barreto Nogueira, entrevistado deste episódio do Podcast da Semana.
Mestre e doutor em semiótica e linguística pela Universidade de São Paulo (Usp), Nogueira é autor de livros como "Intolerância Religiosa" (Pólen Livros, 2020), que faz parte da coleção Feminismos Plurais, editada por Djamila Ribeiro e finalista do Prêmio Jabuti, em 2021. É ainda coordenador do Instituto ILÈ ARÁ - Instituto Livre de Estudos Avançados em Religiões Afro-brasileiras.
Na conversa com Gama, Nogueira define o racismo religioso, discute por que as mulheres são as mais prejudicadas nesse cenário, trata da Lei nº 10.639, que obriga o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, traz ensinamentos do terreiro e termina o papo com dois provérbios que ele deixa especialmente para os ouvintes do podcast.
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Você já pensou em abrir seu próprio negócio? Para muita gente, ser empreendedor não é uma escolha, mas a única opção disponível. Há quem veja no empreendedorismo a chance de ter flexibilidade de horário ou a possibilidade de novos ganhos. Mas o que a entrevistada deste episódio, Natália Rodrigues, mais conhecida como Nath Finanças, sugere, é não romantizar. "Empreender é trabalhar 24 horas por dia. Como CLT, você tem horário de entrada e de saída", diz.
Ela acaba de lançar “Precisa dar Certo: um guia para empreendedores reais” (Instrínseca, 2024), em que traz os fundamentos básicos para a administração de uma empresa, como se organizar financeiramente, preficificar o que você tem a oferecer.
Seu perfil no Instagram, o Nath Finanças, surgiu com a proposta de auxiliar especialmente a população de baixa renda a organizar as finanças, investir, ter uma reserva de emergência. Hoje ela conta com mais de 850 mil seguidores. Aos 26 anos, é especialista em gestão financeira pela Fundação Getúlio Vargas e criadora da edtech Nath Play, uma plataforma de streaming sobre o tema.
Na conversa com Gama, fala da importância de identificar seu público-alvo, das principais dificuldades de abrir uma empresa, traz caminhos possíveis e discute as diferenças entre o emprego informal e o empreendedorismo
Roteiro e apresentação: Luara Calvi Anic
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