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  • Este é o último episódio do podcast Histórias para ouvir lavando louça, criado em 2021, por Alexandre Simone e Lucas Galdino. O fim do podcast não é o fim do projeto Histórias de ter.a.pia! Fica atento! hahaO podcast contou mais 150 histórias de pessoas de norte ao sul do país, e até mesmo de pessoas fora do Brasil. Foi uma delícia estar com vocês nesses 3 anos! Conheça o serviço de audiolivros da Audible. Através do site ⁠⁠audible.com.br⁠⁠ você tem 30 dias grátis pra testar o serviço ou 3 meses se já for membro Amazon Prime. Assinando você tem acesso a mais de 100.000 audiolivros, pensa quanta história tem pra você conhecer. #publicidade Todas as histórias do ter.a.pia você encontra no site http://historiasdeterapia.com/historias. Acompanhem nosso novo podcast, o Terapia com ex: Edição: Manu QuinalhaRoteiro: Luigi Madormo

  • Desde o primeiro encontro, André e Guilherme compartilharam o sonho de ser pai. Quando fizeram dois anos juntos, eles entraram para a fila da adoção e rapidinho se tornaram pais de três irmãos, na época com 10, 11 e 13 anos.

    Muitas questões atravessavam essa adoção: os questionamentos de pessoas próximas sobre a idade das crianças, o fato de uma delas ser uma menina em uma casa só com homens e o fato de André e Guilherme serem um casal gay - essa última, uma preocupação deles mesmo.

    Desde o primeiro momento, André e Guilherme perguntaram para a assistente social se as crianças sabiam e concordavam em ter dois pais e, sim, elas estavam tranquilas com isso. Mas o medo permeava os dois pais que questionavam sempre os filhos.

    Até que um dia, o Guilherme foi levar o filho mais velho no futebol e deu carona para um coleguinha do filho. No caminho, ele ficou ouvindo o filho falar todo orgulhoso do “pai Guilherme e do pai André”, sem ressalva nenhuma. Seus filhos têm orgulho de ter dois pais.

    Já com os questionamentos sobre adotar 3 crianças mais velhas (em comparação com o perfil dos adotantes no Brasil), André e Guilherme sempre foram muito enfáticos: eles são seus filhos e nada importa.

    Ambos criticam esses questionamentos porque, para eles, as pessoas acham que crianças mais velhas são indignas de ter uma família, já os dois entendem que toda criança tem o direito de ter uma família e a deles está repleta de amor.

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    Edição: Bergamota Filmes

    Roteiro: Tais Cruz

    Voz da vinheta: Cris Crosta, apoiadora na Orelo.

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  • A Rosana cresceu com um pai que a proibia de estudar porque ela era mulher. Apesar disso, ela superou todas as barreiras impostas pelo pai ao decidir contrariá-lo e ir em busca dos seus sonhos.

    Rosana nasceu na zona rural de Itu, cidade do interior de São Paulo, e desde cedo, viu o que era crescer sem estabilidade. Isso porque ela e a família chegaram a morar em terrenos que não tinham estrutura alguma para moradia.

    O pai não acreditava que a educação era uma prioridade para os filhos. Ele, por sua vez, achava que as filhas mulheres não queriam estudar, e sim, namorar no ambiente escolar. Por isso, ele nunca permitiu que a Rosana e a irmã estudassem.

    Ao contrário do que o pai impunha para ela, a Rosana sempre quis estudar. E apesar das barreiras colocadas por ele, ela conseguiu estudar graças ao apoio da mãe.

    Com a ajuda da mãe, ela aprendeu a ler aos 5 anos de idade e seguiu estudando da forma que pôde. Isso ocorreu até os seus 15 anos, quando ela mesma enfrentou o próprio pai para se matricular na escola.

    Aos 16, ela se mudou para a cidade em busca de melhores oportunidades de vida. Neste local, ela trabalhou como faxineira e operadora de caixa para poder começar uma graduação.

    Logo que conseguiu uma estabilidade para fazer a matrícula, ela iniciou a graduação em jornalismo. Apesar da conquista, ela lidou com diversas dificuldades durante esse período, chegando até a passar fome para pagar o curso.

    Embora tenha vivido na pele todos esses obstáculos, a Rosana consegue finalmente olhar pra trás e se sentir aliviada por ter persistido em seus estudos. Há 20 anos, ela terminou a faculdade e se tornou jornalista.

    Ela ainda trabalha no ramo e há 5 anos, decidiu abrir o seu próprio portal de notícias, o @jornaldeitu. Hoje, o Jornal de Itu é um dos grandes veículos da cidade.

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    Edição: Manu Quinalha

    Roteiro: Tais Cruz

    Voz da vinheta: Raquel Lopes, apoiadora na Orelo.

  • Algum encontro inusitado mudou o rumo da sua vida? A Nelma pode dizer que sim! Ela enfrentava uma grande crise de pânico quando encontrou o Ricardo, na época um jovem de 20 anos com síndrome de down, que falou algumas coisas que mudaram a vida da Nelma pra sempre.

    Nelma estava enfrentando há um bom tempo uma crise de pânico tão forte que fazia com que ela se afastasse do marido e dos filhos dentro da própria casa. Ela já cogitava procurar uma clínica psiquiátrica para poder tentar se livrar daquela tormenta, quando ouve uma voz pedindo para ela ir até o trilho do trem no outro dia de manhã.

    Mas como uma pessoa que não conseguia andar dentro da própria casa faria aquilo? Nelma também não sabia, mas uma coragem tomou conta dela na manhã seguinte e lá foi ela um passo de cada vez até o local.

    Chegando lá, ela começa a ouvir alguém correr atrás dela mas não ficou com medo. Quando ela olha pra trás vê um rapaz de 20 anos com síndrome de down vindo em sua direção.

    Os dois começaram a conversar e Ricardo. Ricardo comenta que ele ouviu algo que o fez ir para aquele mesmo local. Na conversa, ele pediu para que Nelma olhasse para a vida, e assim ela fez. Uma paz tomou conta dela depois daquela conversa.

    Ricardo foi embora e Nelma ficou com aquela sensação de paz. Aquele encontro fez com que ela fosse atrás do seu tratamento psiquiátrico e conseguisse se desvencilhar da crise de pânico.

    Mas ainda tinha algo que deixava ela curiosa. Quem era aquele garoto que ela encontrou? Ela tentou procurá-lo e só o encontrou meses depois, enquanto passeava com o filho. Ela viu Ricardo entrando em casa, em uma rua próxima à casa dela e saiu correndo para falar com ele.

    Na hora que ela bate à porta, quema atende é o Ricardo, que diz: “Eu sabia que você ia me encontrar”. A partir desse segundo encontro, os dois foram estreitando seus laços e essa amizade dura há 20 anos.

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    Edição: Bergamota Filmes

    Roteiro: Tais Cruz

    Voz da vinheta: Renata Rodrigues, apoiadora na Orelo.

  • Rodrigo é um homem preto, gay, que viveu muitos anos da sua vida tentando reprimir quem era para seguir as regras pentecostais da igreja que ele frequentava. Ele vivia sua fé cristã fervorosamente porque acreditava que assim Deus iria libertá-lo da homossexulidade.

    Era na igreja que ele imaginava que seu caminho para mudar de vida seria traçado. Nascido e criado na periferia de São Paulo, queria ascender na vida por meio dos estudos. Ser alguém respeitado na religião pavimentava muita coisa para ele também.

    Quando foi para a faculdade de teologia, ele começou a ter acesso a outras vertentes daquilo que ele cresceu ouvindo nos púlpitos pentecostais e foi atrás de entender o mundo por si próprio.

    Quando se deu conta, já não fazia mais sentido estar dentro daquele espaço. Enquanto se afastava, foi percebendo que o Rodrigo fervoroso, das vigílias, era apenas uma máscara que ele usava para agradar os outros, e que dava certo.

    Mas essas pessoas o amariam se ele assumisse sua orientação sexual? Ele seria aceito?

    Nesse meio tempo, com mais certeza que deveria se desvincular do pentecostalismo, ele conhece seu atual namorado, que o apresenta ao Candomblé.

    Em um jogo de búzios, Exu se manifesta para Rodrigo e é nesse momento que ele percebe sua ligação com a religião de matriz africana. Ali ele percebe que toda sua potencialidade estava reprimida por medo, por vergonha de si mesmo.

    O caminho da mudança que o pequeno Rodrigo queria traçar para sua vida foi encontrado nos búzios. Aquele garoto que queria ascender na vida, na verdade, precisava encontrar a si antes de poder conquistar suas coisas.

    Hoje Rodrigo é um homem livre, feliz consigo e com uma fé inabalável, que emociona quem o escuta.

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    Edição: Bergamota Filmes

    Roteiro: Tais Cruz

    Voz da vinheta: Renata Reis, apoiadora na Orelo.

  • Bruno, o pai da Assunta, veio da Itália para o Brasil em meados dos anos 1940, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ele era casado e tinha um filho que ficou com a mãe no país por decisão dela.

    Bruno voltou em 1954 para tentar convencê-los, mas a sua esposa não quis vir para o Brasil. Ele então retornou sozinho e algum tempo depois conheceu a mãe da Assunta. Os dois se apaixonaram e começaram um romance, que só não virou casamento de papel passado porque Bruno não havia se divorciado.

    Os dois ficaram juntos por 28 anos e tiveram a Assunta, que cresceu sem saber do meio irmão italiano… até que ela descobriu uma foto dele nas coisas do pai, e o confrontou.

    Descobrir um irmão fez com que ela quisesse encontrá-lo, então, na sua primeira viagem à Itália, em 1973, para conhecer sua família paterna, ela tentou contato com Mario. Mas ele se recusou a receber a irmã mais nova. Ela ficou triste, mas seguiu a vida.

    Em 1983, ela volta para a Itália e tenta contato novamente com o irmão que de novo se recusa a encontrá-la. Isso se repetiu mais uma vez em 1998. Assunta já tinha quase desistido de tentar uma aproximação. Até porque o elo entre eles dois, seu pai, já não existia porque Bruno havia falecido.

    Mas na era das redes sociais, todo mundo é um possível stalker hehe e, em 2013, Assunta foi caçar o perfil do irmão no Facebook e achou! Ela tentou contato com ele e conseguiu. Mario não estava muito a fim de papo, mas foi cedendo aos poucos e quando foi ver, os dois estavam muito entrosados.

    Mario nunca quis encontrar a irmã por mágoa do pai, uma justificativa bastante plausível. Assunta compreendia o irmão, mas sabia que a relação deles poderia crescer independente das questões do pai.

    Dito e feito. Os dois passaram a se falar com bastante frequência por chamadas de vídeo, ligações e mensagens, até que em 2018, Assunta vai novamente para Itália e conhece, finalmente, seu irmão.

    Os dois continuam se falando com bastante frequência e as famílias puderam se unir, finalmente.

  • A Joice perdeu sua filha, Mônica, em uma abordagem policial, na rua de casa. Mônica tinha apenas 23 anos e teve um mal súbito ao ser abordada.

    Mônica havia conseguido um bico como garçonete em um restaurante em sua cidade e foi buscar uma camiseta emprestada com um vizinho.

    Foi nesse momento em que ela foi abordada e pouca coisa se sabe do momento. Alguns minutos depois, um outro vizinho vai chamar Joice em casa, que estava no banho, para dizer que sua filha estava caída no chão, com policiais à sua volta.

    Todos os fatos sobre a abordagem e a morte da Mônica são nebulosos, e abrem margem para muitos questionamentos.

    Qual o motivo que levou os policiais a abordarem ela? Será que ela foi confundida com uma outra pessoa? O que foi dito ou feito durante a ação? Apenas o susto seria capaz de levar uma jovem de vinte e três anos à morte?

    A história completa você ouve no nosso podcast, Histórias para ouvir lavando louça, disponível no site historiasdeterapia.com/podcast

    Links da pesquisa do episódio

    Processo criminalhttps://www.jusbrasil.com.br/processos/485570367/processo-n-150XXXX-7920218260196-do-tjsp

    Matérias na imprensa

    Número de mortes durante ações da PM em SP em 2021 é o menor dos últimos oito anos https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/04/27/numero-de-mortes-durante-acoes-da-pm-em-sp-em-2021-e-o-menor-dos-ultimos-oito-anos.ghtml

    Polícia de SP está proibida de socorrer vítimas de crimes https://veja.abril.com.br/brasil/policia-de-sp-esta-proibida-de-socorrer-vitimas-de-crimes

    Jovem morre em Franca, SP, após passar mal e ter parada cardíaca em abordagem policial, diz PM https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2021/10/23/jovem-morre-em-franca-sp-apos-passar-mal-e-ter-parada-cardiaca-em-abordagem-policial-diz-pm.ghtml

    Jovem de 23 anos morre ao passar mal com abordagem da PM https://www.srzd.com/brasil/sao-paulo-brasil/sp-jovem-de-23-anos-morre-ao-passar-mal-com-abordagem-da-pm/

    Outros links https://soudapaz.org/o-que-fazemos/conhecer/pesquisas/policia/uso-da-forca/?show=documentos#6374-1https://www.conjur.com.br/2013-jan-08/governo-sp-proibe-policia-socorrer-vitimas-crimes-graves/

    STJ: Busca pessoal baseada em aparência suspeita é ilegalhttps://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm

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    Edição: Bergamota Filmes

    Roteiro: Tais Cruz

    Voz da vinheta: Liliane Rodrigues, apoiadora na Orelo.

  • A Ana Paula sempre quis em ser médica, mas achava que não era capaz. Ela ignorou o sonho até descobrir um câncer de mama, que a impulsionou a não adiar mais o seu sonho.

    A visão distorcida de si mesma fez com que a Ana acreditasse que ela nunca seria capaz de ser médica e a levou para um caminho de autossabotagem.

    Com isso, a Ana Paula tentou seguir outras profissões antes da medicina. Ela chegou a cursar moda e depois fez enfermagem, e apesar de ter amado os dois cursos, ela não estava completa.

    Durante a pandemia, Ana atuou como enfermeira e acompanhou de perto a atuação dos médicos. Estar na linha de frente a fez enfrentar os seus medos e ir atrás da formação em medicina.

    Mãe solo, morando longe da família, ela passou a buscar formas para estudar em casa sozinha. As coisas estavam caminhando quando em outubro de 2022, o mundo dela virou de cabeça para baixo: ela estava com câncer de mama.

    Foi muito difícil encarar a doença. Ana precisou se afastar do trabalho e encarou esse momento de cuiado como uma oportunidade para focar nos estudos.

    A notícia boa veio logo: no mesmo dia em que terminou a última sessão de radioterapia, ela se matriculou na faculdade. 🥳

    Ana passou muito tempo se sabotando por medo, mas quando o maior desafio dela bateu à sua porta, ela entendeu que deixar de viver um sonho é o que pode acontecer de pior na vida dela. Perto disso, o câncer é fichinha.

    Recentemente, Ana recebeu a notícia de que o câncer avançou e se tornou metastático. Embora o obstáculo tenha dobrado de tamanho, ela não se deixará abater. Ana permanece na faculdade e encara esse estágio da doença como um novo desafio, não como o fim.

    Ela segue em tratamento, feliz e realizada por ter seguido os seus sonhos. A doença existe, precisa ser tratada mas ela sabe que tem muita vida pra ser vivida e muito sonho para ser realizado.

    Assista à história da Jussara: https://www.youtube.com/watch?v=7Zjmtp0hHt4

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    Edição: Bergamota Filmes

    Roteiro: Luigi Madormo

    Voz da vinheta: Neuma Coelho, apoiadora na Orelo.

  • Desde muito jovem, Thuanny decidiu que não queria ser avó. Sim, ela não desejava ser avó. Já adulta, ela soube elaborar esse desejo e compreender que, nesse caso, não queria ter filhos e seguir o mesmo caminho que sua avó.

    O ponto aqui não era a admiração que Thuanny sentia por sua avó; pelo contrário, esta era um símbolo de força para a neta. Mas o fato de ter tido tantos filhos, cuidar deles e, ainda por cima, sustentar financeiramente sua casa, afastava Thuanny.

    As coisas pareciam tender para isso: Thuanny cresceria e teria filhos, assim como sua mãe, avó, bisavó e assim por diante. Era um ciclo que todos naturalizavam, mas não era a escolha de Thuanny para sua vida. Ela não queria.

    Thuanny começou então a deixar isso bem claro e nunca foi questionada pela mãe, por exemplo. Já adulta, decidiu, junto ao companheiro, que faria a laqueadura.

    Decidir pelo procedimento fez com que ela descobrisse que, até 2022, muitos obstáculos eram colocados para que as mulheres não pudessem seguir com seu desejo de esterilização voluntária.

    Até então, mulheres sem filhos e com menos de 25 anos só poderiam fazer a cirurgia com autorização do companheiro, o que, para Thuanny, era um absurdo que privava o direito de escolha de tantas mulheres jovens que não desejavam ter filhos, assim como ela.

    A laqueadura de Thuanny ocorreu após a mudança das regras, mas não sem ela passar por algum estresse. Seu procedimento foi realizado pelo SUS e todo o atendimento foi conduzido com muito cuidado por outras mulheres.

    No entanto, devido à pandemia, foi adiado. Quando ela retornou ao hospital para dar continuidade, foi atendida por um médico homem, que a questionava: “Você tem certeza disso?”.

    E não foi só isso. Os olhares de reprovação de quem não aceita uma mulher optar por não ser mãe a acompanhavam sempre que ela expressava isso.

    Não querer ser mãe, para muitas pessoas, ainda significa que a mulher é sem coração, egoísta ou até mesmo promíscua. O que muitos não entendem é que, às vezes, a mulher não quer ser mãe porque tem outras prioridades em sua vida.

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    Edição: Bergamota Filmes

    Roteiro: Luigi Madormo

    Voz da vinheta: Celia Melo, apoiadora na Orelo.

  • Saindo do hospital com sua mãe, o Thiago acabou batendo contra outro carro na estrada. No acidente, sua mãe faleceu e ele acabou ficando preso nas ferragens e bastante machucado. Desde então, ele teve que se reconstruir basicamente do zero.

    A história começa em 2018: na época, ele estava recém-separado e se mudou para Portugal para experimentar novos ares, mas não demorou muito ele voltou ao Brasil porque descobriu que os pais, já idosos, estavam com alguns problemas de saúde.

    Voltar a morar com os pais aos 36 anos fez com que ele enxergasse os dois para além do papel de mãe e pai, e isso transformou sua perspectiva.

    Na virada de 2022 para 2023, tanto a mãe, quanto o pai do Thiago, pegaram covid. Os dois ficaram internados e a mãe se recuperou antes do pai.

    Na saída do hospital, rolou o acidente que levou a mãe do @thiagovicente.me e o deixou por muito tempo internado.

    Uma semana depois do acidente, Thiago recebe alta e outra péssima notícia: seu pai, que continuava internado, também faleceu. Digerir as duas perdas tão repentinas foi extremamente difícil.

    O processo foi longo, mas com a ajuda de amigos e outros familiares, ele foi se reconstruindo aos poucos. Ele ainda está se recuperando do acidente e nesse caminho todo, encontrou uma nova paixão: escrever livros para colorir.

    Hoje o Thiago acredita que renasceu após isso tudo e que colorir seja o seu propósito de vida.

    Apesar de todos esses pesares, ele pensa que "quando alguém se vai, aquela pessoa observa o mundo pelos nossos olhos." Por isso, ele resolveu encarar a vida com muita cor, tudo para manter os seus familiares vivos dentro dele.

  • Mãe e filha grávidas ao mesmo tempo! Essa é a história da Nice e da Milena que deixaram o laço de amizade e amor entre as duas ainda mais forte com a chegada do Noah e do Loui.

    Vamos voltar lá pro começo pra contextualizar tudo: a Nice engravidou da Milena aos 19 anos de idade. Mais tarde, ela também teve outra filha chamada Isabelle.

    A Milena e a Nice são muito ligadas uma na outra. As coincidências nas vidas delas já começam pela data de nascimento das duas: a Nice faz aniversário no dia 11 de abril, e a Milena, no dia 12.

    Elas não vivem uma sem a outra. A família é muito unida, mas a conexão entre a Milena e a Nice sempre foi inexplicável.

    A Milena não planejou a gestação. Na época, ela estava prestes a terminar a faculdade e planejando seu casamento, mas acabou engravidando aos 23 anos.

    Logo que descobriu a gravidez, Milena ligou para a mãe para contar a novidade. De primeira, a Nice ficou surpresa e deu uma lição de moral na filha. Preocupação de mãe, né? ​

    Mas mal sabia a Nice que, enquanto ela se preocupava com a gestação da Milena, ela também estava grávida! 😂

    Nice descobriu a gravidez 5 dias depois da filha. Ela, que estava com sintomas de climatério, estava fazendo acompanhamento médico, decidiu fazer um teste de farmácia só por fazer… e descobriu a gravidez.

    A surpresa foi enorme! Elas passaram a fazer todo o acompanhamento médico juntas e viveram intensamente todos os momentos das suas gestações.

    Como nem tudo são flores, elas ouviram algumas pessoas dizendo que elas "estavam fazendo aquilo para chamar a atenção."

    Apesar dos comentários desagradáveis, as duas seguiram juntas e decidiram tentar ter os seus filhos no mesmo dia. Os médicos não sabiam se seria possível, pois as duas gestações eram de alto risco, mas elas decidiram tentar.

    No final, deu tudo certo! Os bebês nasceram com poucas horas de diferença um do outro e as duas assistiram ao parto uma da outra. De lá pra cá, o vínculo entre elas aumentou ainda mais e o amor se multiplicou nessa família!

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    Edição: Bergamota FilmesRoteiro: Luigi MadormoVoz da vinheta: Renato Ber, apoiadora na Orelo.

  • A Adrieli cresceu sem saber quem era o seu pai. Aos 33 anos, ela decidiu questionar a mãe sobre a identidade dele e finalmente teve a resposta que esperava. Porém, quando foi atrás dele, nenhuma das suas investidas foram bem recebidas por ele ou pela família dele.

    Lá atrás, a mãe da Adrieli engravidou de forma não-planejada e assim que descobriu, contou ao parceiro. Na época, ele não demonstrou muita reação, o que deu a entender que ele não queria essa filha e a mãe decidiu seguir com a gravidez sozinha.

    Depois disso, a mãe escondeu a gestação da própria família e guardou a identidade do pai a sete chaves: ela nunca contou para ninguém quem era o pai da criança.

    Embora tenha vivido uma vida feliz, a curiosidade sobre quem era o seu pai sempre a perseguiu. Ela nunca confrontava a mãe sobre o assunto por medo, mas chegou a perguntar sobre a identidade do pai para outras pessoas e ninguém sabia a resposta.

    Conforme foi amadurecendo, a Adrieli deixou o assunto de lado. Ela casou-se, teve filhos, e os próprios filhos começaram a questionar sobre quem era o avô.

    Por isso, aos seus 33 anos, a Adrieli finalmente decidiu confrontar a mãe para saber quem é o seu pai. Para a sua surpresa, a mãe começou a revelar alguns detalhes sobre ele e ela decidiu aproveitar a abertura para perguntar tudo o que sempre quis saber.

    Passaram-se alguns meses até a Adrieli conseguir superar o choque e decidir o que faria com todas aquelas informações. Então, ela resolveu procurá-lo no dia do aniversário dele.

    Ao ligar para ele, a esposa atual atendeu e poucos instantes depois, desligou o telefone na cara da Adrieli após ela não ter dito o assunto que gostaria de tratar.

    Adrieli retornou a ligação e disse que iria até a residência do casal para conversar com ele. Lá, ela foi mal recebida por uma de suas irmãs e a família exigiu um exame de DNA.

    A resposta veio 10 dias depois: o resultado era positivo. Mas mesmo assim, o pai mal conversou com ela e a Adrieli esperou que ele a procurasse por dois anos.

    Depois desses dois anos, a Adrieli o procurou novamente para incluir o nome dele em seus documentos. Ela pagou por todo o processo, porém ainda assim, nada mudou. Ele não respondeu às tentativas de aproximação da filha e ela carrega somente o nome dele.

    Apesar de ser uma história frustrante, a Adrieli não carrega nenhum peso vindo dela. Conviver com a dúvida teria sido muito mais doloroso e como ela mesma diz: "a vida real não é uma novela."

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  • A Patrícia foi casada com um homem por 21 anos, mas tudo mudou após ela ter tido um sonho que envolvia uma amiga. A partir desse momento, ela entendeu que a sua sexualidade poderia ser mais ampla do que ela pensava.

    Ela é nordestina, saiu de sua cidade natal aos 7 anos de idade com a família e nunca tinha tido contato com alguém que não fosse heterossexual. Por isso, ela nunca teve referências de afeto que estivessem fora da caixinha da heterossexualidade.

    Aos 15, ela deu o seu primeiro beijo em uma menina. Porém, o beijo aconteceu em uma brincadeira entre adolescentes e logo depois, ela conheceu o seu ex-marido.

    Com isso, ela já engatou um relacionamento com ele, casou-se e teve filhos mais tarde. Ser mãe era um dos seus desejos, mas aos poucos, os problemas no casamento começaram a aparecer.

    Assim como muitas outras mulheres, ela passou por várias traições dentro do casamento. Devido a falta de independência financeira e a pressão das pessoas à sua volta, ela teve que permanecer em uma relação que não a satisfazia.

    Se pararmos para analisar toda a trajetória da Patrícia, perceberemos que tudo aconteceu muito rápido: afinal, ela mal teve tempo de explorar a própria sexualidade, logo conheceu o seu ex-marido e se casou.

    Porém, os indícios de que ela poderia gostar de mulheres sempre estiveram ali. Tudo mudou quando, em uma noite, ela sonhou que estava mantendo relações sexuais com uma amiga.

    Ao acordar, ela se assustou ao se lembrar do que havia sonhado. A partir disso, ela entrou em uma crise existencial consigo mesma.

    Depois de passar um mês reflexiva, a Patrícia começou a compreender que talvez a sexualidade dela não estivesse voltada para homens, como ela sempre havia acreditado.

    A aceitação foi difícil. Ela enfrentou milhares de questionamentos internos, mas dividir tudo o que estava acontecendo com os seus filhos facilitou um pouco o caminho.

    A jornada para se assumir como uma mulher lésbica foi um tanto longa, mas hoje ela finalmente pode dizer que se aceitou. Aos 43 anos, ela se sente mais feliz do que nunca consigo mesma e com a própria sexualidade.

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    Edição: Bergamota Filmes

    Roteiro: Taís Cruz

    Voz da vinheta: Cris Crosta, apoiadora na Orelo.

  • A Ingrid e a sua esposa decidiram ser mães. Mas elas não tinham condições financeiras para bancar uma inseminação artificial e decidiram fazer uma inseminação caseira para realizar esse sonho.

    Em 2013, a Ingrid conhece e a Cecília, se apaixona, e a partir daí tudo acontece muito rápido: firmaram um compromisso, começaram a morar juntas… e essa brincadeira já dura 10 anos.

    A vontade de ser mãe veio da Ingrid e ficou mais forte em 2015. Mas como um casal de lésbicas realizaria esse sonho?

    Foi aí que surgiu a ideia de fazer uma inseminação caseira. Este procedimento é feito sem a ajuda de médicos e consiste na coleta do sêmen do doador, que é colocado em um recipiente, e logo após, inserido no útero.

    A prática não é legalizada no Brasil, mas também não é ilegal. Vale ressaltar que a história da Ingrid relata apenas uma realidade que ocorre no país inteiro.

    Com o tempo, alguns amigos souberam que o casal estava tentando e se ofereceram como doadores. A Ingrid até engravidou nas tentativas, mas acabou perdendo o bebê.

    Ela se culpava muito pela situação, mas não queria desistir de tentar.

    Só que a busca por um doador também é complicada. Sem o processo clínico adequado, a inseminação caseira pode acarretar em problemas de saúde para a mulher e também para o bebê.

    Quando finalmente encontrou um doador, a Ingrid fez exames de IST's e, vendo que tava tudo certo, prosseguiram com o processo. A Ingrid ficava no banheiro esperando a coleta e o doador entregava o recipiente para a esposa dela.

    Mais uma tentativa foi feita e a Ingrid engravidou. Ela e o doador entraram num consenso de que ele não teria nenhuma responsabilidade com a criança.

    Mas vale lembrar, mais uma vez, que não há nenhum respaldo legal nesses acordos. Falamos disso mais profundamente no episódio completo.

    Essa tentativa deu certo e a Ingrid teve o Yan. Foram 4 longos anos neste processo e apesar dela ter recorrido a um método incomum, seu filho é um menino saudável e eles formam uma família muito feliz.

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    Edição: Bergamota Filmes

    Roteiro: Luigi Madormo

    Voz da vinheta: Giannandrea Darques, apoiadora na Orelo.

  • A Tais sempre sonhou em ser mãe, mas descobriu, depois de muito sofrimento, que não poderia ter filhos biológicos. O caminho da adoção se fez a partir daí e ela decidiu não sofrer com adoção como sofreu tentando gestar.

    Tais passou muitos anos indo a médicos que diziam que ela poderia engravidar com alguns tratamentos, mas esses mesmos profissionais a culpavam, dizendo que ela não conseguia por ser gorda e por estar ansiosa.

    Aos 35 anos ela tem, finalmente, o diagnóstico de que ela não poderia mesmo engravidar. É claro que a notícia a abalou a princípio, mas ela logo sacudiu a poeira.

    O desejo de formar uma família permaneceu vivo e ela e o marido entenderam que queriam ter filhos, não importava se eram biológicos ou não.

    Eles decidiram entrar na fila de adoção praticamente no mês seguinte e nisso, uma outra chave virou na cabeça deles: o casal compreendeu que a espera não precisa ser dolorosa e frustrante. Ao contrário, ela pode ser feliz e ser vivida da melhor forma possível.

    A espera na adoção também é uma gestação. As famílias se preparam para a chegada da criança, arrumam a casa e fazem tudo o que qualquer outra família faria.

    Não saber quando essa espera termina é a principal diferença em relação a uma gestação biológica. Mas nesse caso, a Tais e o marido até contam com o apoio de uma doula de adoção para que eles possam receber essa criança da melhor forma possível.

    Ainda que a Tais e o marido tenham escolhido ter um olhar positivo sobre essa espera, não é fácil lidar com a ansiedade ou com o preconceito que existe de algumas pessoas. Mesmo assim, todo esse processo tem sido fundamental para o amadurecimento do casal.

    Embora as crianças ainda não estejam presencialmente na vida na Tais, ela sente o amor de mãe pulsando mais a cada dia que passa. E é esse amor que movimenta e que é maior do que qualquer preconceito ou negligência médica que ela tenha lidado ao longo da vida.

    >> Episódio 'Adoção não é caridade': https://open.spotify.com/episode/6zMQ0jpNPaHLFi2nTWXos6?si=7ca8aaf4d9594ae1

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    Edição: Manu Quinalha

    Roteiro: Taís Cruz

    Voz da vinheta: Renata Rodrigues, apoiadora na Orelo.

  • O Lucas perdeu o pai quando tinha somente 3 anos de idade. Geralmente, os adultos acreditam que as crianças muito pequenas não entendem a morte, mas neste episódio, o Lucas reflete como a perda foi sentida instantaneamente e como a ausência o afetou ao longo dos anos.

    Os pais do Lucas são de Caicó, uma cidade no interior do Rio Grande do Norte. Ao terem a intenção de construírem uma vida juntos, os dois se mudaram para a capital em busca de novas oportunidades.

    Eles trabalhavam como comerciantes na capital, vendendo pastéis e alguns outros produtos regionais do interior. O pai do Lucas sempre fazia viagens ao interior para buscar suplementos e, em uma dessas viagens, ele sofreu um acidente fatal de trânsito.

    O carro em que ele estava colidiu com outro veículo e o pai faleceu quando estava no hospital. A morte do pai do Lucas foi repentina e extremamente sentida por todos os seus familiares.

    Com o passar dos anos, o Lucas passou a ter alguns comportamentos que eram considerados "estranhos" por algumas pessoas. Por exemplo, ele procurava estar sempre próximo da mãe e chorava com muita intensidade quando ela não estava por perto.

    A angústia que ele sentia era muito forte e o acompanhava em qualquer lugar. Ou seja, apesar dele não ter conseguido colocar em palavras todo o desespero que sentia, ele externou todo esse sentimento muitas e muitas vezes.

    Para o Lucas criança, a perda do pai também trouxe a possibilidade de perder a mãe em qualquer momento.

    Embora tenha lidado com muita angústia, ao crescer, o Lucas encontrou na escrita uma maneira de colocar a sua dor para fora. Ele escreve poemas, crônicas e livros infantis.

    No ano passado, a mãe do Lucas também faleceu. Com a partida dela, ele foi obrigado a confrontar todos os medos que sentiu ao longo da vida.

    Ainda assim, o Lucas acredita que teve a chance de lidar com o luto de uma forma diferente. Como ele mesmo disse reflete em suas poesias, a dor da ausência nunca passa, mas o amor que sentimos por aqueles que partiram os mantém vivos em nossas memórias e dentro do nosso peito.

    >> Livro O dia em que o passarinho não cantou: https://amzn.to/3SAwJMz

    >> EP. Falando de morte com as crianças https://open.spotify.com/episode/0PC5cNYzgCHdGrisIZJqze?si=bf3f898f0f864aaf

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    Edição: Manu Quinalha

    Roteiro: Taís Cruz

    Voz da vinheta: Raquel Lopes, apoiadora na Orelo.

  • Durante a infância, a Muryhelen foi vítima de diversos abusos sexuais cometidos pelo seu ex-padrasto. Ela, que era somente uma criança, o tratava como pai e só percebeu que algo estava errado conforme foi crescendo.

    A infância da Muryhelen foi marcada por algumas dificuldades. A mãe dela era uma mulher jovem, tinha cinco filhos e a família toda chegou a passar algumas necessidades.

    Mas apesar disso, até os seus 6 anos, a Muryhelen teve uma infância normal. Quando ela tinha em torno de 8 anos de idade, a mãe conheceu o seu ex-padrasto.

    A relação entre eles também era considerada normal e o homem era bastante carinhoso com todos os filhos. As coisas começaram a mudar quando a mãe teve que ficar internada por alguns dias após ter enfrentado uma pré-eclâmpsia no parto do primeiro filho dos dois.

    A mãe acreditava que o padrasto tomaria conta dos seus outros filhos. Contudo, o padrasto agiu de má fé e aproveitou a ausência da mãe para tirar vantagem da Muryhelen.

    Os abusos começaram de forma sutil, mas foram se tornando cada vez mais explícitos com o passar dos anos.

    De certa forma, a Muryhelen externou o incômodo que sentia. Ela foi uma criança que tinha ataques constantes de raiva e que cresceu acreditando que não merecia ser amada.

    Quando se tornou adulta, ela se casou e entrou em um relacionamento abusivo. Por conta de tudo isso, a Muryhelen também enfrentou a depressão e a ansiedade logo depois do nascimento do primeiro filho.

    A gota que transbordou o copo foi quando ela foi agredida enquanto estava grávida do segundo filho. Nisso, ela decidiu terminar esse relacionamento e viveu uma fase bastante complicada.

    Ela estava desempregada, sem moradia e lidando com o abuso de substâncias. Nisso, ela começou a aceitar qualquer tipo de trabalho para fugir da fome.

    A vulnerabilidade social a levou a aceitar um trabalho pontual como animadora de eventos. Porém, a Muryhelen nos conta que as 4h que ela passou trabalhando nessa festa foram as mais felizes que ela viveu em muito tempo.

    O afeto e a felicidade das crianças a trouxe de volta pra si mesma. A partir dali, ela decidiu construir a sua carreira na área e mais tarde, ela criou a @ZM, a sua própria empresa de eventos.

    Hoje, aos 31 anos, a Muryhelen pode dizer que encontrou novos caminhos para ser feliz. Embora as marcas do trauma ainda existam, ela diz que encontrou a cura da sua criança interior ao se tornar animadora de eventos.

    UNICEF - Panorama da violência letal e sexual contra crianças e adolescentes no Brasil: https://www.unicef.org/brazil/media/16421/file/panorama-violencia-letal-sexual-contra-criancas-adolescentes-no-brasil.pdf

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    Edição: Manu Quinalha

    Roteiro: Taís Cruz

    Voz da vinheta: Neuma Coelho, apoiadora na Orelo.

  • O Léo é um homem trans que passou por uma gestação recentemente. Ele é casado com um outro homem, o Alexandre, e juntos, planejaram essa gravidez para que eles pudessem formar uma família.

    Aos 19 anos, o Léo passou pela transição de gênero. Isso significa que ele nasceu com um corpo que é lido como feminino pela sociedade, mas que apesar disso, ele sempre soube que era um homem.

    Ele se sentia mal com o corpo que tinha e para que a sociedade pudesse o ver assim como ele já se identificava, o Léo optou por fazer a transição de gênero. Para isso, ele passou por um acompanhamento médico que proporcionou mudanças em seu corpo.

    Com o tratamento, a voz dele engrossou, ele passou a ter pêlos pelo corpo, retirou as suas mamas, mas o seu sistema reprodutor permaneceu o mesmo. Dessa forma, ele tinha a possibilidade de engravidar mesmo sendo um homem. E foi isso que aconteceu.

    Os anos se passaram e, mais tarde, ele conheceu o Alexandre. Os dois se apaixonaram e logo engataram um relacionamento.

    O Léo conta que já tinha tido vontade de engravidar, mas que essa expectativa tinha diminuído depois de ter ficado solteiro novamente. O desejo de engravidar voltou à tona quando o Alexandre surgiu e, com o tempo, se tornou um plano do casal.

    Embora a gravidez tenha sido planejada, ela calhou de acontecer em um momento de fragilidade da vida do Léo. Nisso, o Alexandre procurou ficar ainda mais presente pro Léo para que eles pudessem criar essa criança.

    A notícia da gravidez trouxe vários receios para o casal, principalmente para o Léo. Ele não sabia como as pessoas iriam reagir com o fato de um homem estar grávido.

    Para o alívio deles, a equipe hospitalar não foi transfóbica e os tratou muito bem durante todo o processo. A filha deles, Yumi, nasceu rodeada de apoio e amor.

    O Léo questiona o porquê de tantas pessoas ainda terem preconceito. Ele diz que a gestação transmasculina é um acontecimento humano, ou seja, se há o desejo de ser pai e há a chance do corpo gerar uma criança, por que essa vontade deveria ser reprimida?

    Vale lembrar que também contamos outra história parecida há algumas semanas: nela, falamos do Thales, que é um homem trans e que engravidou do seu parceiro, o Lukas.

    Assim como eles, o Léo e o Alexandre confrontam o preconceito que existe na sociedade e estão felizes juntos da Yumi.

    Assista a história do Thales e do Lucas lá no nosso canal: https://www.youtube.com/watch?v=Zu_Yx24CKoQ

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    Edição: Manu Quinalha

    Roteiro: Taís Cruz

    Voz da vinheta: Patrícia Ferreira, apoiadora na Orelo.

  • A Simone cresceu em um lar evangélico, mas ao contrário do que prega a religião, não era um ambiente de respeito, harmonia e paz. Ao longo da vida, ela vivenciou alguns ciclos de violência e abusos, até conseguir pedir ajuda. Hoje, ela ajuda outras mulheres a identificarem e saírem de ciclos de violência doméstica.

    Antes de viver na pele a violência doméstica dentro de um casamento, a Simone passou por situações abusivas em casa com a sua própria mãe.

    Ela foi fruto de uma gravidez indesejada e isso fez com que a relação entre as duas fosse bastante difícil. Em paralelo, a mãe da Simone também havia passado por diversos traumas e nunca obteve a assistência necessária para tratá-los.

    Apesar de também ser uma mulher religiosa, a Simone se tornava cada vez mais questionadora conforme o tempo passava e a família a via como uma pessoa rebelde. Para escapar da violência vivida dentro da própria casa, ela decidiu buscar um casamento.

    Simone se casou aos 27 anos e quando achou que finalmente teria um lar tranquilo e amoroso, ela se viu novamente em um ciclo de violência doméstica.

    Logo após o primeiro ano de casamento, o ex-marido passou a consumir álcool em excesso, a traí-la e a agredí-la fisicamente e psicologicamente. Além de tudo isso, ele também agredia os filhos do casal.

    Foram anos de agressões até ela conseguir dar um basta. Depois de inúmeras tentativas de colocar um ponto final na relação, ela conseguiu sair de casa com a filha caçula e foi dormir no chão da casa da mãe dela.

    Os capítulos seguintes foram ainda mais difíceis: ela estava desempregada, passando por uma depressão e enfrentou muito preconceito dentro da igreja por ter se divorciado do marido.

    Já existem algumas pesquisas sobre a relação entre as igrejas evangélicas e a violência doméstica, mas a interpretação bíblica de submissão da mulher dificulta que mais denúncias sejam feitas.

    Vale lembrar que tivemos um caso recente de violência doméstica contra uma figura pública: Ana Hickmann denunciou o seu ex-marido após ter sido agredida e relatou ter sofrido vários abusos durante o seu casamento.

    Sair de um relacionamento abusivo é extremamente difícil, especialmente quando não há rede de apoio. No caso da Simone, ela se uniu a outras mulheres de uma comunidade de pescadores, enquanto ainda estava dentro do relacionamento, para se reerguer.

    Hoje, a Simone é pastora e possui um projeto chamado @projetolibertaparamulheres, que ajuda outras mulheres a saírem de relacionamentos abusivos.

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    Roteiro: Taís Cruz

    Voz da vinheta: Nayara Solano, apoiadora na Orelo.

  • A irmã da Andressa nunca pôde ter filhos. Já a Andressa, por outro lado, era mãe e por diversas coincidências do destino, acabou permitindo que a sua filha fosse criada pela irmã.

    A irmã da Andressa sempre sonhou em ser mãe e enquanto isso não acontecia, ela se fazia bastante presente na gravidez da Andressa.

    Dessa forma, a irmã foi a maior parte da rede de apoio da Andressa, sempre auxiliando e cuidando da sobrinha, a Rafaela.

    A chegada da Rafaela também conectou toda a família de modo geral, especialmente porque ela tinha um pai ausente. Então, a família se uniu para criá-la.

    Apesar de muitas pessoas não acharem natural, para elas, as coisas sempre fluíram para que a Rafaela tivesse duas mães.

    A Rafa se acostumou com essa rede de apoio, era comum ter a tia, que acabou se tornando madrinha também, sempre presente. Ela ia todo fim de semana e passava as férias na casa da irmã da Andressa.

    Um dia, a Andressa passou em um concurso público e seu trabalho era longe da escola da filha. Pensando no bem-estar da Rafaela, ela passou a deixá-la na casa da irmã durante a semana.

    A Rafaela tinha 10 anos e encarou aquela mudança com tranquilidade. Ela amava ficar na casa da tia aos fins de semana e nas férias. Morar lá não seria problema algum.

    Pensar na qualidade de vida da filha e permitir que ela passasse a morar com a tia foi um divisor de águas e, consequentemente, a Rafaela passou a ter duas mães.

    A história da Andressa nos faz questionar alguns pontos, afinal, para elas, o processo aconteceu naturalmente. Ainda assim, elas foram muito julgadas. “Que mãe não cria sua filha?”

    Por isso, fica aqui o nosso questionamento: por que a nossa sociedade normaliza pais ausentes e estranha uma maternidade compartilhada?

    A Andressa se casou novamente, teve uma outra filha e mesmo assim, nunca perdeu a conexão com a Rafaela, que hoje tem 22 anos e ainda mora com a tia.

    Pelo contrário, ainda que elas não morem juntas, as duas participam ativamente uma da vida da outra.

    O laço de amor entre a Andressa, a Rafaela, a tia é eterno. Além do amor, há uma generosidade muito grande de todos os lados para compartilharem a vida da Rafaela.

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