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Essa semana o LADO BI entrevista a cantora e compositora Aíla, que recentemente lançou seu segundo álbum, "Em Cada Verso Um Contra-Ataque". Paraense radicada em São Paulo, Aíla fala sobre as maneiras que encontrou para unir seu trabalho com a música e seu trabalho como ativista: "quero transmitir mensagens políticas de forma pop, para as pessoas conseguirem cantar junto e compreenderem o que estão cantando." Depois de estrear com um álbum de intérprete ("Trelelê"), a artista gravou suas composições, engajada com temas atuais como o assédio: "Os caras nem querem saber se você é lésbica ou não, o assédio é diário, nas ruas, nas lotações". Ela também celebra a diversidade sexual na faixa "Lesbigay" e combate o racismo com uma faixa de Chico César, "Melanina": "Eu queria muito falar sobre racismo, mas eu sou branca, então não fazia sentido eu escrever sobre isso. Pessoas de todas as raças precisam estar juntos para lutar contra o racismo, assim como não precisa ser gay para lutar contra a homofobia". Ela frisa que política é algo que se faz todos os dias: "Todos nós somos seres políticos. Comprar um pão envolve imposto, envolve várias camadas políticas. Eu tento na minha música fazer microrrevoluções."
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O futebol é o esporte mais popular do Brasil, e sem dúvida também um dos redutos mais resistentes da homofobia nacional. Aos poucos, porém, a comunidade LGBT está começando a minar esse preconceito dentro e fora dos gramados. Essa semana o LADO BI conversa com membros de quatro times de futebol formados apenas por gays: Guilherme Castro, do Unicorns (SP); Carlos Sebrão, do Capivaras Futebol Clube (PR); Vinicius Pellegrino, do Fubeboys (SP); e André Machado, do Bees Cats Soccer Boys (RJ), reunidos para participar da primeira Taça Hornet da Diversidade. Todos comemoram a possibilidade de bater bola sem preocupar-se com preconceitos: "é muito mais legal jogar com pessoas que te aceitam", afirma Pellegrino. Fãs do esporte, a maioria reconhece que parou de jogar futebol quando percebeu-se gay: "na época do colégio eu sofria um bullying, eu me sentia deslocado dentro de campo por causa dos preconceitos", lamenta Castro. Os times gays também querem mudar a cultura do futebol: "hétero briga por causa de lateral; o clima nas nossas partidas é muito mais carinhoso", aponta Machado. E mesmo xingamentos e atitudes homofóbicas não são mais vistas como "naturais" depois que os jogadores gays entraram em campo: "não aceitamos mais esse preconceitos estruturais do futebol", avisa Pellegrino. A paixão nacional agora vai ter que ser mais inclusiva, comemora Machado: "estamos no ano zero do futebol LGBT no Brasil!".
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Relacionar-se com duas, três ou mais pessoas é possível? O escritor Alexandre Venancio acredita que sim, e mostra o caminho no guia "Poliamor e Relacionamento Aberto", já nas livrarias. A partir das próprias experiências e pesquisas, o autor oferece um panorama dos relacionamentos poligâmicos: "as pessoas perguntam se eu não sofro com ciúmes, mas na verdade, depois que se abre o relacionamento, aquela fissura para trair acaba. Acho que a vida com permissão para se envolver com várias pessoas é mais serena". Ele acredita que abrir o relacionamento também pode reduzir os próprios preconceitos: "Você abre seu universo e se abre para novas possibilidades. Às vezes você traz uma pessoa para sua cama que não conheceria de outra maneira." Mas mesmo quem está aberto a esse tipo de experiência pode levar conceitos tradicionalistas para algo tão moderno: "Uma mulher pode ter uma atitude machista, por exemplo - permitir-se um envolvimento com outra mulher, mas se incomodar se seu marido sair com um outro homem." Venancio frisa que abrir o relacionamento não salva casamento ("os problemas do casal vão continuar presentes") e conclui: "apenas amar não é suficiente - é preciso também liberdade".
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Apesar de ambos lutarem pela igualdade e representatividade, muitas vezes o movimento LGBT e o movimento negro batem cabeça. O cantor Gê de Lima, o produtor Leo Carter e a atriz Fabiana Pimenta discutem essa semana as intersecções entre essas duas identidades no Brasil de hoje. "Representatividade é algo que nos falta muito", considera Lima. "Onde você vê por aí um beijo gay entre dois negros ou duas negras? O beijo gay já é pouco mostrado, e quando ele é mostrado ele vem com um padrão de beleza". Pimenta conta como o racismo, mesmo dissimulado, afetou sua autoestima: "Quando as pessoas não queriam ficar comigo eu pensava que era porque eu era feia. Depois eu descobri que era porque eu sou negra". Os preconceitos acabam sendo internalizados: "Eu vi isso em mim e em muitos amigos, essa dificuldade de ficar com outros negros por não gostar do que vê no espelho", admite Lima. Isso tem efeito além dos relacionamentos românticos, continua Carter: "A gente acaba acreditando que a gente está por baixo mesmo, e isso interfere nosso comportamento, nossas conquistas, as nossas próprias escolhas". O racismo se manifesta com força também dentro do meio LGBT: "Eu já ouvi que ser lésbica não é coisa de negro", espanta-se Pimenta. Lima concorda: "Já me disseram: 'Um negrão desse, viado?'. Fetichizam muito o homem negro - a gente não pode nem ter pau pequeno". Carter conclui: "Se você mede seu interesse por outra pessoa pela cor da pele, você é racista, não tem conversa."
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Esta semana o LADO BI entrevista o deputado Jean Wyllys, único membro abertamente gay da Câmara e escolhido como uma das 50 personalidades que mais trabalham pela diversidade no mundo. Ele comenta sobre a situação política atual: "Durante muito tempo algumas pessoas relutaram em admitir que se tratava de um golpe contra a democracia. Só numa republiqueta de bananas uma presidenta é derrubada com uma peça jurídica chinfrim escrita por uma psicótica." Também não poupa palavras sobre quem ocupou o poder no último ano: "Michel Temer é um corrupto. O PMDB é uma facção de ladrões. Eduardo Cunha aparecia como um homem de bem, atacando os direitos de gays, de mulheres, dos povos de religião de raiz africana. Onde está Cunha hoje? Na prisão, ele é um bandido." Wyllys também critica as reformas que estão correndo pelo legislativo, como a da Previdência: "As mudanças propostas ampliam o tempo de contribuição e elevam a idade com que as pessoas se aposentam. isso é injusto quando a gente tem um país de proporções continentais como o Brasil, em que a expectativa de vida varia não apenas de região para região, como dentro da mesma cidade. Como a gente não vai levar em conta que travestis e mulheres trans, forçadas à prostituição pela transfobia, têm uma expectativa de vida de 35 anos?" O deputado analisa o atual descaso do poder público quanto à epidemia de HIV: "A Aids a princípio estava circunscrita às classes média e alta. Quando uma doença atinge os mais ricos, é óbvio que o Estado faz mais esforços para controlar essa doença. Quando ela se pauperiza, vai para as camadas pobre, e se interioriza, vai para os rincões do Brasil, ela então deixa de ser uma preocupação maior do estado. Os casos de Aids hoje se concentram entre homens pobres, negros e pardos." Também reconhece que mesmo entre LGBTs há aqueles que não o apoiam: "Muitos gays me detestam porque eu não tenho preocupação só com os gays ricos, eu defendo também os gays pobres, negros, vulnerabilizados pela miséria. Dizem 'O Jean Wyllys não me representa'. Só porque defendo também pobre, preto, travesti, transexual? Então que se foda, não defendo mesmo." Por fim, reflete sobre o efeito que sua carreira política teve sobre sua vida pessoal: "Os homens que se relacionariam comigo têm medo da exposição involuntária que acontece com quem se relaciona comigo. Fui uma vez para a sauna e me trataram como se eu fosse um ET. Como se minha função fosse apenas ser inteligente e defender LGBTs na Câmara."
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Essa semana o LADO BI entrevista a senadora Marta Suplicy, autora do PLS 612/2011, que visa alterar o código civil para reconhecer o casamento homoafetivo. Comemorando o avanço de sua proposta no legislativo, Suplicy lembra sua trajetória como sexóloga, prefeita e senadora. "Podia falar tudo e ao mesmo tempo não podia falar nada", conta sobre o tempo em que falava sobre sexo no TV Mulher. "Durante a ditadura, falar sobre virgindade, masturbação e homossexualidade na televisão era uma batalha constante. Meu interesse por LGBTs começou com as cartas de sofrimento e dor que eu recebi no programa." Outro projeto que guarda com carinho foi o de educação sexual nas escolas, desenvolvido com Paulo Freire: "Se hoje, em que a escola não pode 'ter partido' e outras ridiculezas do tipo, já seria ousado falar de sexo com crianças, imagina na época." Ela conta como apoiou o início da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, recorda a participação que teve como relatora do PL 122, que tentou criminalizar a homofobia mas acabou arquivado, e conta seu lado da história sobre o infame anúncio de TV que atacava a sexualidade de Kassab durante a campanha para a prefeitura de São Paulo em 2008: "essa foi a primeira que o João Santana armou para mim. Ele sujou a minha biografia de luta por LGBTs." E dá um recado para seus colegas senadores: "Como eles não falam com seus eleitores sobre a questão LGBT, eles não sabem o que eles pensam. As pessoas não deixam de votar para um candidato por seu apoio a homossexuais, bissexuais e transexuais."
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Essa semana o LADO BI revê, com a ajuda do advogado e ativista Renan Quinalha, organizador do livro "Ditadura e homossexualidades", como a ditadura militar brasileira tratava a cultura LGBT enquanto esteve no poder. "Além de criar um inimigo interno político, a ditadura criou a figura do subversivo, aquela figura indesejável que não reproduz os valores tradicionais da família brasileira: o homem afeminado, a mulher masculinizada, as travestis". A luta contra esse "mal da sociedade" justificava todo tipo de violência contra LGBTs: "a polícia utilizava crimes como 'vadiagem' ou 'atentado ao pudor' para deter homossexuais e travestis, extorqui-los e espancá-los. Muitas travestis quando presas cortavam-se com giletes para que fossem levadas ao hospital e não para a delegacia." Outras maneiras de reprimir a cultura LGBT eram apreender livros ou revistas voltados para LGBTs, fazer devassas contábeis em editoras e autores que produziam esse material, ou fazer vista grossa para atentados a bomba contra quem vendia esse tipo de material. O período de maior repressão à cultura LGBT, aponta Quinalha, foi quando o regime começava a abrandar politicamente: "era uma forma de 'mostrar serviço': a política pode estar passando por uma abertura, mas isso não vai afetar os valores da nossa família". Quinalha vê também paralelos entre 1964 e atual situação política: "certamente não vivemos numa democracia. Nas periferias das grandes cidades, hoje, em um ano desaparecem mais pessoas que em 20 anos de ditadura".
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O primeiro prefeito abertamente gay do Brasil fala de sua trajetória política, conta como concilia sua fé católica e sua homossexualidade e condena o partidarismo extremo: "a causa LGBT deve superar rivalidades políticas".
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Essa semana o LADO BI explora a realidade LGBT do Sudeste Asiático com Gabriel Alves de Faria, fundador da Not Only Voices. Gabriel passou três meses percorrendo países como Singapura, Vietnã, Tailândia e Indonésia, durante os quais ele entrevistou 80 ativistas LGBT. Ele conta que os efeitos das religiões orientais sobre a homossexualidade não são tão distintos quanto o das religiões do nosso lado do mundo: "Eles reconhecem-se como gays, que têm atração por pessoas do mesmo sexo, mas preferem não ter atividade sexual, porque vai contra sua crença islâmica. No budismo, há uma maior aceitação, mas sempre ligado a uma questão cármica, uma questão de punição por algum erro em uma vida passada". Ele pode presenciar como é a vida de LGBTs em países em que a homossexualidade é proibida por lei: "É difícil promover a prevenção do HIV e distribuir camisinha, porque isso é considerado uma 'promoção' da homossexualidade. Gays têm medo de entrar em hotéis com outro homem, pois a polícia pode parar, ver o registro na portaria e invadir o quarto". A cultura LGBT é apagada da mídia: "na Singapura, por exemplo, o casal gay de 'Modern Family' não passa de dois amigos que moram com uma criança em casa - todas as referências ao relacionamento amoroso entre eles são cortadas". Outras tradições, no entanto, fazem com que a transexualidade seja mais bem aceita que a homossexualidade: "Devido a uma cultura milenar de crossdressing, mulheres trans são mais bem aceitas, apesar de não plenamente. Para eles, um homem gay é um desafio maior às estruturas patriarcais."
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Na próxima segunda-feira estreia a novela "A força do querer", que entre seus personagens terá um homem trans. Antes de Gloria Perez dominar o imaginário nacional, o LADO BI traz ao estúdio três homens trans para conhecer suas realidades: Miguel Ângelo de Simone, 19 anos, estudante; João Henrique Machado, 25, estudante; Lam Matos, 34, diretor do Ibrat (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades). Matos acredita que a exposição em rede nacional fará com que mais homens trans tenham a coragem de tornarem sua existência pública, "e isso vai incomodar muita gente, principalmente quem gosta de dizer que 'homem é homem e mulher é mulher'." Simone torce para que a representação fuja do ideal que tentam impor para os homens trans: "querem que sejamos todos gostosos, sarados, com a barriga chapada". Os três sentem que a maneira como são tratados se transformou depois que passaram a serem percebidos como homem: "agora eu vou na padaria e me chamam de grande. Eu tenho 1,65m!", repara Simone. "Agora eu levo o carro para o mecânico e ele acredita no que eu digo. Antes eu era ignorado porque 'mulher não entende de carro'", constata Matos. "Por eu ser negro, muitos começaram a me ver como alguém perigoso, a polícia passa bem devagar por mim na rua", lamenta Machado. Sua história de vida lhes dá um ponto de observação único sobre o comportamento masculino ("Há muita pressão entre os homens cis para se contar vantagem sobre o que se fez com as mulheres", aponta Machado) e sua fixação com o pênis: "as pessoas querem homem ou pinto pra namorar? Porque, se for pinto, na sex shop tem um monte", ironiza Matos.
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A fé muçulmana é constantemente retratada de maneira negativa por nossa cultura cristã ocidental, principalmente quanto à maneira como trata LGBTs. Mas quais são as verdadeiras filosofias do Islã quanto à homossexualidade e a transgeneridade? A professora Francirosy Barbosa, coordenadora do Grupo de Antropologia de Contextos Islâmicos e Árabes da USP Ribeirão Preto, é a convidada do programa dessa semana. Ela explica que a visão da maior religião do mundo não é tão diferente daquelas que a precederam: "a homossexualidade no Islã, assim como no judaísmo e no cristianismo, é considerada interdito, 'haram'". A sexualidade de todas as pessoas, nessa cultura, é considerada algo de cunho privado: "No Islã, se você não publiciza sua homossexualidade, ninguém tem o direito de interferir na sua vida". Esse ainda é um assunto muito recente na história de todas as religiões, ela afirma: "não acredito que a homossexualidade vai deixar de ser considerada haram, mas certamente o que vai mudar é como os muçulmanos vão lidar com isso". Ela frisa que o Islã tem, por princípio, não discriminar jamais qualquer pessoa: "Um muçulmano temente a deus jamais vai discriminar quaisquer seres humanos, e jamais pode dizer que alguém não é muçulmano por qualquer razão." A necessidade de estabelecer um binarismo em tudo no mundo é responsável pelo fenômeno das cirurgias de mudança de sexo no Irã, que recebem apoio do Estado: "Não se pode ter nada 'intermediário': ou você é homem ou você é mulher. O Irã instituiu que o ser humano tem que definir sua orientação sexual - nesse caso, com a cirurgia." Barbosa também desmistifica a questão do uso do hijab, o véu das mulheres muçulmanas: "O lenço da mulher muçulmana é uma obrigação alcorânica, mas vinda de Deus. Nenhum homem pode obrigá-la a usar o lenço". E aponta o preconceito dos brasileiros: "o grande problema das mulheres muçulmanas no Brasil, na verdade, é que aquelas que querem usar hijab não conseguem emprego."
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Essa semana o LADO BI entrevista Amanda Nunes, campeã da categoria peso-galo do UFC. A lutadora consolidou sua posição entre as grandes atletas do MMA quando, em dezembro, nocauteou a ex-campeã Ronda Rousey em menos de 50 segundos. E, em seguida, comemorou a vitória com sua namorada, Nina, no ringue. "Eu nunca escondi de ninguém que sou lésbica", afirma. "Mesmo antes dessa luta, eu já mostrava no Instagram que estamos juntas." Ela afirma que sente a maneira como a mídia e o UFC dão mais projeção a Rousey, por seguir um padrão de beleza padrão, mas resiste a tentar enveredar pelo mesmo caminho: "Eu sabia que seria campeã do jeito que sou, independente do que o UFC quer fazer com a divisão". Nunes conta sua trajetória até conquistar o cinturão do UFC: "eu dormia na academia para não gastar com transporte. Mesmo depois de conseguir ir para os Estados Unidos treinar, continuava focada. Quando surgiu a oportunidade de lutar por lá, três meses depois, estava preparada". Acostumada a treinar com homens, lembra-se que já surpreendeu vários machos incautos: "o jiu-jitsu é um esporte que usa bastante a técnica. Eles pensavam que é só questão de força, mas, como treino a mais tempo, tenho a técnica mais refinada e acabava finalizando". No futuro, quer ajudar outras garotas a seguirem a trajetória de sucesso que traçou: "penso em abrir uma academia para o público feminino, ajudar as meninas a chegarem lá mais rápido e darem porrada".
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"O machismo é o medo que os homens têm das mulheres sem medo". Essa frase de Eduardo Galeano orienta o trabalho da convidada do LADO BI dessa semana, a professora Lola Aronovich, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do "Escreva, Lola, Escreva", um dos principais blogs feministas do Brasil. Aronovich analisa os efeitos da misoginia em nossa cultura, especialmente sobre a vida de LGBTs. "Eu nunca vi uma pessoa misógina que não fosse homofóbica", aponta. Mas lembra que pessoas LGBT também podem ser misóginas: "A gente vê muita misoginia por parte de gays, que dizem que têm nojo da vagina, etc. Também há muito caso de violência doméstica entre lésbicas." A homofobia, acredita, é essencialmente ligada à misoginia: "A gente vive numa sociedade que não olha bem as mulhereres. Termos como "mulherzinha" são constantemente usados para diminuir os homens; o gay é atacado por ser visto como feminino." A professora conta dos ataques feitos contra seu blog e as ameaças vindas de machistas com as quais convive há anos: "Para esses caras, feministas, que são mulheres que defendem outras mulheres, são alvo de ódio em dobro." Aronovich também analisa o efeito que a misoginia teve na política: "A última eleição foi o duelo entre o 'homem de bem' contra a 'mulher leviana'. Dilma sempre foi criticada por ser mulher! Uma coisa é você criticar o governa da pessoa, outra é atacar a pessoa por ser mulher. Quantas vezes a hashtag #queremosdilmanaplayboy foi parar nos trending topics?". Os homens hétero e cis também poderiam se beneficiar com o fim do machismo e da misoginia, finaliza: "o homem hétero tem que provar o tempo todo que é homem com H, homem macho. Imagina que maravilha se os homens pudessem viver sem ter que reforçar o tempo todo sua masculinidade?".
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Fazer com que pessoas dos mais variados históricos se conheçam e apreciem (e valorizem!) suas diferenças é a chave para uma sociedade melhor. Essa é a crença dos organizadores do Boteco da Diversidade, evento que está acontecendo mensalmente no SESC Pompeia, em São Paulo. Três envolvidos com essa iniciativa são os convidados do LADO BI dessa semana: a cartunista Laerte Coutinho, a psicóloga Elaine Bortolanza, integrante da Daspu, e Larissa Meneses, Supervisora do Núcleo Socioeducativo do Sesc Pompeia. Bortolanza aponta os novos rumos que a compreensão da identidade de gênero está tomando: "antes a transexualidade era vista como uma patologia, hoje está mais ligada a uma expressão cultural". Laerte elogia as novas maneiras de se manifestar a transexualidade que brotaram nos últimos anos: "forma-se uma discussão mais densa e mais produtiva sobre o que é gênero, expressão de gênero, e as diferentes entre isso e orientação sexual". Bortolanza aponta como outros grupos estão entrando na consciência dos direitos das minorias: "estamos começando a dar mais atenção para outros grupos que estão nessa posição do não-direito, como os refugiados". Laerte termina por apontar a importância que promover a diversidade tem para todas as pessoas: "os direitos humanos dizem respeito a todas as pessoas cidadãs do país, beneficiam a todos".
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Esta semana o LADO BI descobre o que é o processo de coaching e como ele pode ser feito especificamente para a população LGBT. A convidada é Flavia Adura, fundadora da empresa Buttlerfly Coaching. Especializada em ajudar lésbicas a desenvolverem seu potencial, Adura explica qual é a vantagem de se trabalhar com um coach que também é LGBT: "quando você está com uma pessoa que passou pelos mesmos problemas e dificuldades, você tem um atendimento focado nos seus problemas". Grande parte do trabalho que faz com suas clientes, conta Adura, é ajudá-las a sair do armário: "se alguém tem que viver escondendo quem é, estará fragilizada. Isso prejudica a vida profissional e pessoal." Mas declarar-se homossexual não é tudo: a coach também aponta a necessidade de se livrar de crenças limitantes quanto à homossexualidade e a homofobia internalizada: "Só porque você se assumiu não quer dizer que você está bem com tudo o que sofreu e o que lhe foi ensinado na infância". Isso pode levar a um comportamento de supercompensação: "Há pessoas que pensam: 'se é errado, eu preciso ser muito melhor em tudo, para que ninguém tenha nada de ruim para falar de mim'," conclui.
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Esta semana o Lado Bi traz ao estúdio Rico Dalasam, o primeiro rapper brasileiro abertamente gay. Ele conta como foi crescer na periferia, lidando com o conflito entre sua sexualidade e a cultura com que se identificava: "Eu não tinha muito desejo de ir nas festas gays, porque eu não me via lá. Eu ia nas festas de rap, onde eu não pegava ninguém, mas era onde eu me via nas pessoas." Hoje, ele abriu caminho em uma carreira bem-sucedida no rap, e, acredita, está mudando a maneira como o rap enxerga LGBTs: "Os orixás do rap respeitam o que eu faço: Mano Brown, Criolo, Emicida. Eu já fiz coisas com os maiores nomes, existe uma reciprocidade. Quando esses caras se veem em mim de algum jeito, isso quebra alguns conceitos que eles tinham em sua visão de mundo". Dalasam critica a maneira como a indústria se apropria da cultura da periferia, sem lhe dar nada em troca: "O que bate aqui da periferia, quando bate, é alguma manifestação cultural que o hype aceita, alguma coisa da nossa imagem que o mundo branco aceita e acha válido se apropriar. Mas isso não dá retorno nenhum pra gente. A favela não recebe royalties de nada". O rapper explica como usa sua imagem como arma: "A imagem para mim tem esse papel: se eu falar ninguém vai ouvir, então vou usar meu corpo como estandarte pra dizer que eu não me adequo. Quando todo dia morre alguém por ter atitude, isso passa além da mera atitude". Ciente de seu papel como referência para jovens negros LGBT, ele celebra as identidades que se encontram em sua pessoa: "Ser uma bicha adolescente preta é uma glória, é uma borboleta rara, é um bicho bonito, uma flor rara. Hoje ter uma bicha preta pra ser ver na vida de um menino gay preto é algo mágico. Hoje eu me vejo neles e penso "caralho, eu não vivi os 14 anos".
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Essa semana já têm início as festas de pré-Carnaval! São Paulo está com um Carnaval de rua cada vez maior, e o LADO BI chamou ao estúdio os organizadores de alguns dos principais blocos de rua LGBT para comemorar esse mês de festa: Fernando Magrin e Will Medeiros, do Minhoqueens; Mauricio Lima, do Bloco da Catuaba; Salete Campari, do Bloco da Salete Campari; Miky Ruta, do bloco Sai Hétero; e . Todos frisam a importância da existência dos blocos voltados ao público LGBT: "são blocos em que não há nenhum tipo de preconceito - você vai montado, desmontado... Não importa se você é hétero, é gay, é trans, vindo com respeito e glitter, vai se divertir". Os blocos também são uma forma importante de expressão de ideias e valores: "Quando a gente coloca um bloco na rua, a gente quer expressar o que queremos ver por aí", explica Campari. "Queremos levar ao carnaval o movimento que queremos defender. No meu caso, é a causa das travestis, que são discriminadas na rua." A alegria e a tolerância acaba criando uma festa em que a solidariedade dá o tom, acredita Lima: "eu vejo que, nos blocos, a galera fica muito próxima: ajuda quem passa mal, coloca no facebook que encontrou algo perdido. O povo está curtindo, mas também está se cuidando."
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O Lado Bi começa 2017 entrevistando a Pabllo Vittar, a drag queen que canta na banda do programa "Amor e Sexo", que acabou de lançar seu primeiro disco, "Vai passar mal". Na onda do sucesso de "Open Bar", seu primeiro sucesso, Vittar decidiu fazer um álbum dançante que cultiva a autoestima de seus fãs: "acho que as pessoas que começaram a ouvir minha música estavam no mesmo momento que eu. Eu precisava ouvir uma mensagem de eu não estava sozinha, tudo vai melhorar... Eu recebo muita mensagem de fãs dizendo: 'eu pensava em me suicidar, mas no dia que eu ouvi sua música, tudo passou a fazer sentido pra mim'." Ela conta que se sente responsável por ter a plataforma da Rede Globo para representar as drag queens brasileiras: "Eu recebo muita mensagem de drag iniciante, e eu ajudo no que eu posso, numa dica, numa sugestão de vídeo... quero que haja muitas outras drags depois de mim!". Sua projeção também lhe rendeu muitos haters, para os quais ela diz apenas: "Eu amo cada um deles porque eles me dão mídia grátis. Meu álbum está no topo das paradas." Emocionada com o início de seu sucesso, ela afirma: "Eu tenho certeza que eu nasci pra cantar e pra subir num palco batendo cabelo".
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Que 2016 foi um ano difícil ninguém contesta. Mas houve acontecimentos que salvaram o ano, e o LADO BI, com a ajuda de Vicente Carvalho, um dos fundadores do site Razões para Acreditar, decidiu fazer uma RETROSPECTIVA POSITIVA do ano. Também vieram lembrar o que 2016 teve de bom para oferecer o ativista Gustavo Bonfiglioli, do movimento Revolta da Lâmpada: "O que fica de bom para 2017 é a necessidade de resistir pela nossa sobrevivência. Quanto mais lâmpada, mais rua!"; Assucena Assucena, do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira: "Foi o ano da construção de uma cena, mesmo. A gente encontrou Rico Dalasam, Liniker, Tássia Reis, e começamos a construir uma identidade, não apenas pelo discurso de identidade de gênero, mas também pelo discurso da mulher"; Néon Cunha, diretora de arte que teve sucesso em sua ação de identidade de gênero: "Foi a primeira vez que a constituição foi usada a favor de uma pessoa trans"; e Todd Tomorrow, um dos candidatos LGBT a vereador em 2016: "As LGBTs estão se organizando mais, o que fez diferença para que a gente colocasse mais candidatos na disputa. A própria eleição de David Miranda no Rio de Janeiro vai ser um mandato para a gente acompanhar".
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Finalmente 2016 está chegando ao fim, e o LADO BI começa a virar essa página de nossa história revendo como músicos que exibem sua identidade LGBT com orgulho tomaram conta da MPB nesse ano. Lineker e Zé Ed, dois cantores e compositores que lançaram álbuns agora no final do ano, compartilham suas impressões sobre como é fazer e viver de música em 2016. "Estamos criando uma rede. Eu acho que o trabalho de um fortalece o trabalho de outro, desenvolve parcerias", acredita Lineker. As dificuldades políticas de 2016 afetaram o trabalho dos músicos, lembra Zé Ed: "Minhas letras falam de amor, de alegria. É um desafio falar disso nesse momento". Lineker concorda: "todas essas tensões que a gente vem vivendo acabam gerando essa situação em que a música se torna um espaço para a gente extravasar e se alimentar de coisas boas". Os dois fazem questão de frisar como a MPB clássica alimenta a MPB que se faz hoje: "Eu não teria chegado aonde cheguei sem essas referências", afirma Lineker. Zé Ed resume o sentimento de 2016: "ser MPB já é militância!".
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