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  • Entre essas culturas do Mediterrâneo e do Levante houve um momento em que era difícil aseparação das cores púrpura e o tekhelet. Sendo que a primeira cor ficou com ouso restrito a quem pudesse pagar e durante os vários impérios da antiguidade,apenas a alta nobreza e posteriormente o uso fica exclusivo à realeza e aopalácio.

    Na cultura dos hebreus essa cor sofreria algum tipo de especificidade para diferenciar-se dosdemais tons de lilás dos cananeus da famosa cidade de Tiro que aprenderam dos outrospovos do Mediterrâneo a extração de um pigmento de um caracol, o conhecido MurexTrunculus que estava presente por toda a costa mediterrânea. Deste caramujo eraextraída a cor púrpura que logo ficou restrita e relacionada à realeza e ànobreza.

    O processo de separação cultural, linguística, dietética e de elementos políticos dos povoscananeus e dos antigos hebreus envolveu um período de rejeição da culturaoriginal do Levante, adaptação e apropriação com fatores diferenciados dacultura de origem. Nesse processo de apropriação houve a criação de histórias emitologias que justificassem essa separação e distinção dos hebreus de seusvizinhos. Esse processo também envolveu historiografia e historiosofia quepudesse explicar tal distinção. Essa diferença não podia meramente acontecerpor razões humanas, era preciso haver algo divino, fora do comum para que asgerações futuras não se aproximassem dos cananeus.

    No períodopós-exílio quando o texto do Pentateuco foi compilado e organizado, uma dasordenanças da classe sacerdotal, os prováveis redatores da Torá. Os textos daTorá, marcam especificamente várias dessas diferenças dos hebreus com os outrospovos cananeus, e relatam o possível porquê, como ordem divina para estasdistinções. Voltando ao tema de nobreza e elite que nesse tempo eram compostosnecessariamente pela classe sacerdotal e uma elite que coordenava e financiavaa redação dos texto era que os sacerdotes usassem um tecido com uma querepresentasse o azul messiânico.

    Criaram-se várias histórias sobre a origem desse azul messiânico,como a cor preferida do rei Davi, além de ser também a cor do trono do “Din”(julgamento) e simboliza o Shamayim (céus) pois, seria dessa mesma cor o tronode Javé. Os diversos tons de azul, mudam de acordo com cada escola depensamento judaico. Em suma, esse azul messiânico e exclusivo dos hebreus, otekhelet estava associado à realeza e à classe sacerdotal, que no pós-exíliotambém ocupou a função real/política nesse “novo Israel.” Até que chegassem osromanos, e instituíssem que esse azul, agora conhecido como púrpura seriaexclusividade da nobreza romana. Os judeus, agora colonizados, não condiziamcom o status de exclusividade para usar a tal cor. Por volta do século 5 E.C.Apenas o imperador podia usar a cor púrpura, no que ficou conhecido como a leisuntuária, o Sumptuariae leges.

    Textos extra bíblicos como a mishnah, o talmude e reflexões de Maimônides trataram deexplicar alguns dos mandamentos da Torá que apresentam esse azul messiânico.Bem como a sua origem, o mítico animal Hillazon. Como um segredo que perde pela história o Hillazon desapareceu e comele a esperança do cumprimento do estabelecimento do reino sacerdotal com o azulmessiânico e o trono de Javé.

    No final do século 19 um rabino polonês seguiu em sua busca pelo Hillazon e pelo azulmessiânico. Esse rabino chegou a dizer que sem que houvesse as roupassacerdotais com o azul messiânico, tekhelet, o Messias não podia chegar. E elecomo Elias, em sua busca estava preparando o caminho para a construção doterceiro templo e o estabelecimento do reino sacerdotal comandado pelo Messiase seu trono azul, tekhelet.

    Mas o que era o Hillazon? Como todo o segredo antigo a ser decifrado, a busca pelo animal quesupostamente traria o Messias, teve suas controvérsias e milhares de páginasescritas, em livros, dissertações e incansáveis debates entre vários segmentosjudaicos.

  • הָאֱלֹהִים אֶל-בְּנוֹת הָאָדָם, וְיָלְדוּ לָהֶם: הֵמָּההַגִּבֹּרִים אֲשֶׁר מֵעוֹלָם, אַנְשֵׁי הַשֵּׁם. {פ}

    (Bíblia Hebraica – Texto Massorético)

    “Os Nephilim estavam sobre a terra e aconteceu que osfilhos de Deus [Elohim] deitaram-se com as filhas do homem e geraram filhos:eles são os herois, homens de renome.”

    tradução de Gênesis 6:4 de Robert Alter. (versão em português, tradução livre)

    Estamos no episódio 4 de nossa série Monstros Bíblicos. No episódio de hoje falaremos sobre os Nephilim. No mundo antigo em diversas culturas haviauma história sobre um dilúvio que inundou o mundo conhecido. A criação dehistórias e mitos, na maioria das vezes serve como um recurso linguístico para explicaruma narrativa, e lidar com o imaginário de povos e culturas distintas.

    A construção de histórias precisa de sustentação narrativa e também de justificavas para entrar no mundoda oralidade, onde verossimilidade poderia ser apenas um simples detalhe. Nomundo do folclore/mitologia dos antigos hebreus também era assim. A história dodilúvio precisa encontrar um mote que fizesse sentido à audiência hebreia,permeada naquele momento pela idealização moral de uma desordem cósmica queapenas Javé, e Javé somente, era capaz de reordenar.

    Não entraremos nos motivos teológicos do dilúvio (campo dogmático), mas apenas no recurso narrativo,folclórico onde uma das justificativas para tal evento cataclísmico seria aunião sexual entre um grupo de seres celestes e mulheres. Os B’nei Elohim, traduzidocomo “anjos” em algumas versões, são seres que podem habitar o mundo dosdeuses, não necessariamente anjos, no sentido em que entendemos hoje em dia.

    A história dos Nephilim é contadae recontada com mais propriedade na literatura apócrifa do período queconhecemos como judaísmo do segundo templo. Essa religião do segundo temploabsorveu com mais ênfase aspectos do pensamento persa, egípcio e o própriofolclore hebreu/cananeu antigo é retomado e revisto. A relação causa e efeitoagora torna-se uma constante na explicação de fenômenos históricos, onde ometafisico entra no mundo físico. Numa área conhecida, como historiosofia,aquilo que está por trás das histórias contadas.

    Os livros de Enoque (1Enoque) e o Livro do Jubileu sãoliteraturas que mencionam a possível origem dos Nephilim. Na literaturaenoquita está escrito que 200 seres celestes, chamados de sentinelas coabitaramcom mulheres e geraram os Nephilim. Esses seres, sentinelas, também ensinaramàs mulheres a mística, encantamentos e como usar plantas e raízes para a cura,além da arte das pinturas, adereços e cosmética. O livro canônico de Daniel tambémapresenta a palavra sentinela para referir-se a uma classificação de serangelical. O livro de Enoque relata ainda que os sentinelas foram punidos,aprisionados em correntes num abismo e no Dia do Messias, serão julgados econdenados.

    No Livro dos jubileus é relatada a suposta origem, caráter e julgamento dos nephilim. No dia do juízo final. O desenvolvimento da história narrada no livro diz que os espíritos deles transformaram-se em demônios. O Livro dojubileu também confirma a tese que a presença da maldade dos nephilim causou umdesiquilíbrio cósmico na criação e Javé não teve uma alternativa a não ser odilúvio que destruiria o avanço dessas criaturas. A presença dos Nephilim nomundo traria a maldade e segredos que os humanos não poderiam saber.

    Na narrativa bíblica parece existir descendentes dos nefilim ainda em terras cananeias a serem conquistadas,na contação de história do êxodo e os habitantes de Canaã e até no mítico embatedo jovem Davi e o famoso gigante Golias. Seriam os nefilim, gigantes ou apenashomens sanguinários? De todos os modos, estamos vendo nessa série que algunsdos monstros relatados nas histórias do imaginário hebreu são mais humanos que bestiais.

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  • Ziz (זיז‎) (Salmos50:11)

    יאיָדַעְתִּי כָּל־ע֣וֹף הָרִ֑ים וְזִ֥יז שָֹ֜דַ֗י עִמָּדִֽ

    “Eu conheçotodas as aves das montanhas e as Ziz dos campos [são] minhas.” (tradução minha)

    Estamos em nosso terceiro episódio da série monstros bíblicos e hoje vamos falar de umdos pets de Javé menos conhecidos, a ave Ziz.

    “Aconteceu uma vez que umviajante em sua embarcação viu um pássaro. Quando essa ave se levantou das águas,as águas cobriam apenas suas pernas e sua cabeça tocava o céu. Os que a virampensaram que as águas não eram profundas naquele ponto e pensaram que podiam sebanharem ali. O pássaro que os viajantes viram, não era outro, se não o Ziz.Suas asas são tão grandes que podem encobrir a luz do sol. Elas (asas) protegema terra contra os ventos do sul; sem a ajuda das asas de Ziz a terra não seriacapaz de resistir aos ventos que sopram do sul. O fluido delas uma vez inundousessenta cidades e o seu revoar destruiu trezentos cedros”.

    ( Haggadot judaica-Traduçãolivre)

    Ziz é um animal grifo da mitologia judaica, é dito que com suas asas é capaz de cobrir a luz dosol. É uma das bestas primevas criadas por Javé e domina sobre os céus e seusdois consortes Leviatã e Behemoth governam sobre as águas e a terrarespectivamente.

    Ziz foi também criado no quinto dia, juntamente com as outras bestas primevas. Ziz era quemdominava os céus. Pode ter tido influência das histórias sumério-acadianas,assírias, e até mesmo dos persas. Em histórias como a de Lamassu, que era umadivindade feminina protetora, representada em amuletos, portais e palavras deencantamento.

    Na mitologia suméria havia uma divindade híbrida homem-pássaro chamada Anzu, que pode tambémter dado origem a Ziz. Anzu era o guardião dos céus e a personificação dosventos do sul. Anzu causava medo e terror em muitos deuses e apenas o poderosodeus Marduk foi capaz de derrotar a grande ave. Anzu aparece em embates naEpopéia de Gilgamesh. Anzu pode ter sido a narrativa influenciadora para afênix grega bem como de Ziz, na mitologia hebreia.

    A figura bíblica/hebraica dos querubim também podem ter tido influência na língua acadiana-suméria, apalavra que deu origem pode significar: portador de bençãos, e tinham um papelprotetor, tais como os leões chineses presentes até os dias de hoje em várioslugares na China nas entradas de cidades e locais importantes.

    As histórias contadas da mitologia sumério-acadiana espalharam-se desde o crescente fértil,à península arábica e chegaram até ao levante mediterrâneo.

    Na sua função linguística mitológica em um determinado momento Ziz, simbolizou o impériopersa e a sua religião, o zoroastrismo. A religião persa, assim como ashistórias do império acadiano, influenciou vários povos, inclusive mitologiashindus como a ave mitológica garuda, símbolo de países como a Indonésia, nosdias de hoje.

    Ziz assim como Leviatã e Behemoth estará presente no Dia do Messias, será parte do banqueteservido aos justos por Javé. Diferentemente de Leviatã e Behemoth a Ziz foimantida a capacidade de procriação. É dito que Ziz punha ovos e uma vez um deseus ovos quebrou e com o líquido desse ovo, sessenta cidades foram destruídas.A extensão das asas de Ziz era tão grande que podia cobrir toda a terra eencobrir a luz do sol.

    Ziz controla os ventos, as aves dos céus e causa tempestades. Controlando elementos da naturezae destruindo cidades inteiras com um simples revoar de suas asas.

  • Episódio 2 - Leviatã
    Leviatã (לִוְיָתָן)– É um animal mitológico que aparece em 6 passagens na Bíblia Hebraica (Antigo Testamento) Jó
    3:8; 41:1; Isaías 27:1, 51:9 (dragão); Salmos 74:14; 104:26.

    Alusões a esse animal também aparecem em Amós, Ezequiel e no Novo Testamento em Apocalipse.
     
    Os babilônios acreditavam que o mito cosmogônico da origem dos céus
    e da terra (Babilônia) foi a luta entre o jovem deus Marduk vence ao dragão marinho
    que habita nas profundezas das águas do mar, Tiamat. Tiamat era uma besta marinha
    que simboliza a desordem, o caos e criava deuses maus o que causava um desiquilíbrio
    na ordem cósmica. Marduk vence a Tiamat e partir de seus restos mortais cria os
    céus e a terra (Babilônia).
    Os cananeus em sua visão de criação também possuem uma luta cósmica
    de Yam e Baal. Baal num acesso de raiva e ciúmes pela predileção de El a Yam.
    Baal convence sua mãe a deusa Asherah e com o apoio do deus artesão/fazedor-de-armas
    Kothar que com suas armas mágicas o ajuda derrotar Yam, o monstro marinho que simbolizava
    o caos e a desordem. Baal derrota Yam, ocupando a posição de controle e poder,
    mais tarde usurpando um lugar de destaque no panteão ugarítico.
     
     
    Apesar de serem histórias e cosmogonias distintas, a visão de mundo
    dos povos mesopotâmios, cananeus e posteriormente hebreus compartilham alguns paralelos
    de que o mundo das profundezas das águas representa o caos, a desordem algo a
    ser vencido. No campo dos estudos das religiões esse tema de luta cósmica como
    o Chaoskampf dentro da área de estudos dos povos do Antigo Oriente Próximo
    (ANE), ou Sudoeste Asiático.
     
    O pensamento da antiga religião dos hebreus pode ter sido
    influenciado por outros mitos fundacionais e utilizando-se de historiosofia para
    explicar a sua origem, mas também um conceito que se desenvolveria ao passar do
    tempo, o fim da história. A linguagem apocalíptica, apresenta uma série de cataclismos
    atribuídos novamente a embates entre forças dessa vez políticas, com vendetas aos
    inimigos dos povos hebreus e recompensas aos justos e injustiçados hebreus,
    seguidores do deus combativo Javé.
    Leviatã é um desses inimigos símbolos do mal, do caos, do incontrolável,
    desconhecido que no pensamento hebreu foi criado no quinto dia da criação por
    Javé, junto com outros animais. Com um corpo extremamente brilhante,
    especialmente seus olhos, Leviatã tem o poder de “iluminar” as densas
    profundezas do mar. Foi criado junto com a sua contraparte Behemoth, e ambos
    foram esterilizados para não procriarem e assim não causarem dano à criação de
    Javé. Javé os mantém sob controle e nos Dias do Messias haverá uma outra luta cósmica
    onde os justos praticarão o esporte de caça a Leviatã e esse será o passatempo
    dos justos.
    O anjo Gabriel será empregado da tarefa de exterminar a Leviatã, mas
    dada a sua menor força diante da besta marinha, Javé usará sua espada e extirpará
    a Leviatã. Javé usará a pele de Leviatã para construir uma tenda para que os
    justos usem no banquete que significará o início do reinado do Messias. A carne
    de Leviatã abastacerá os mercados de Jerusalém. Com a pela da besta derrotada,
    Javé fará adornos e roupas para os justos e a pele que sobrar será estendida no
    muro da cidade de Jerusalém e o brilho dessa pele iluminará o mundo inteiro,
    como um testemunho do governo de Javé e seu Messias.  Essa história está descrita no Livro de Enoque
    e no livro de 2 Esdras 6:49, além do livro de orações judaicas, o Siddur.
    Leviatã é um dos pets de Javé. Ao mesmo tempo que representa o caos, a tirania e o poder político
    dos inimigos dos hebreus. É um impedimento ao reinado do Messias, com suas
    muitas cabeças. A serpente tortuosa, astuta e poderosa que pode comprometer a
    harmonia dos justos. Representa o começo e o fim da história, no mundo mitológico
    dos monstros bíblicos. No Apocalipse do Novo testamento, o dragão, é derrotado inaugurando
    o reino sem fim do Messias e dos justos.
     
     
     

     
     
     
     

  • Série Monstros Bíblicos

    Episódio 1 - Behemoth

    Behemoth (בהמות) – É um animal mitológico queaparece no livro de Jó 40:15-24. Pesquisadores tentam encontrar paralelos forados textos bíblicos sobre esse animal mitológico relacionando-o com umhipopótamo, uma espécie de mamute-elefante, ou até mesmo um dinossauro. Era desconhecido do público ocidental até porvolta do século 18 quando os textos bíblicos começaram a ser lidos de maneiramais crítica.

    O substantivo masculino plural (o dito plural majestoso) Behemoth em hebraico, pode sertraduzido como algum tipo de animal bovino. O sufixo (moth) indica gêneromasculino ao substantivo em sua forma plural. Esse substantivo/nome não apareceem nenhuma outra literatura antiga, a não ser os textos bíblicos em seu gêneroliterário, mitologia-poética.

    Behemoth não tem paralelo direto com o Touro Celeste que aparece no Épico de Gilgamesh e nem com os “Homens-touro”da Mesopotâmia (Assíria). O paralelo mais próximo é com Atik-Ars(h), o Bezerrode El. São mitologias distintas, mas os seres apresentam algum paralelo.

    O textougarítico diz: (Tradução livre)

    “Eu derrubo aserpente tortuosa, a poderosa com sete cabeças. (41:42)

    Eu derruboArs(h), o amado de El. Eu destruí Atik, bezerro de El. (43-44)

    Eu derruboFogo, cão de El. Eu aniquilo Chama, filha de El.” (45-47)

    KTU 1.3 III.41-47

    Ainda no textougarítico KTU também está escrito:

    KTU 1.6

    50: No marestão Ars(h) e o dragão,

    51: QueKothar-ha-Hasis os afugente.

    52: QueKothar-há-Hasis os despedace.

    KTU 1.6 – Ugarit – Museu do Louvre.

    Behemot é o par masculino de outro ser que falaremos no próximo episódio: Leviatã. Behemot naliteratura apocalíptica judaica é descrito como um animal caótico. Javé,impediu que o mesmo procriasse com Leviatã, pois o fruto desse acasalamentoseria a destruição da criação de Javé.

    No livro de 1 Enoque Behemoth foi o primeiro animal a caminhar sobre a terra recém criada.Ainda no livro de Enoque é descrito que Behemoth habita num deserto invisível aleste do Jardim do Éden, o deserto de Dendayen.

    “ E naquele dia,se separarão dois monstros; uma fêmea chamada Leviatã, que habita nasprofundezas das águas, acima das fontes das águas; E um macho chamado Behemoth;que com seus peitos, ocupará um deserto invisível, chamado Dendayen ao leste do jardim, onde os justos e eleitoshabitarão...”

    (Livro de 1 Enoque 58:7-9) – Tradução Minha

    O Livro de orações judaicas o Siddur, trazuma oração/profecia para o Dia de Javé.

    “Leviatã e Behemoth se engancharão com osseus chifres... Seu Criador se aproximará e com a sua espada poderosa matará aambos. Assim, do lindo couro de Leviatã Javé construirá as tendas para abrigaro justo, que comerá da carne de Leviatã e Behemoth com alegria e regojizo em umenorme banquete que será dado aos justos e eleitos”.

    (Siddur,P.719) Tradução Livre

    Behemoth nas lendas antigas de cosmogonias é um par mítico de Leviatã que simboliza o caosdas águas. Behemoth, simboliza um caos na terra, na natureza. Uma força que sedescontrola trazendo destruição, derramamento de sangue e extinção de outrasespécies. Dada sua agressividade vive fora do convívio da humanidade, numdeserto mítico enorme. Faz parte da categoria dos pets de Javé.

    Na cultura pop Behemoth é descrito através de jogos de vídeo-game, de bandas de rock e deconfrontos bestiais como no épico embate com Godzilla. Behemoth tornou-setambém um adjetivo que significa algo enorme, de proporções monstruosas.

    Referências Bibliográficas

    Introdução àteologia do templo – Margaret Baker

    O profetaperdido: O livro de Enoque e sua influência sobre o cristianismo – Margaret Baker

    Introdução aomisticismo do templo – Margaret Baker

    King of theJews: Temple Theology in John’s Gospel – MargaretBaker

    Livro de Enoque – Fonte Editorial

    Sidur completo – Tradução e Transliteração – Sêfer Editora

    The Ugaritic BaalCycle – Mark Smith

  • Por Wellington Barbosa*

    As histórias que nos contam remontam um tempo analógico onde o imaginário
    ditava os limites do consciente daquilo que era humano e não-humano. Nesse episódio
    introdutório falamos sobre o mundo que detalharemos na Série Monstros Bíblicos.
    Contudo, antes de entrar no mundo bíblico em si, faz-se necessário remontar ao
    mundo da contação de histórias que permeiam nossas culturas desde os tempos mais
    remotos e que influenciaram diversos gêneros literários desde o passado até os
    dias de hoje.
     
    Em nossa série sobre monstros bíblicos falaremos de homens que cruzaram
    a barreira dessas histórias onde o não-humano, invade o mundo humano,
    conhecido. Onde a mitologia transpassa o limite do imaginário, e homens saíram
    de suas vilas, cidades, templos e jardins para o mundo das criaturas, deuses,
    heróis, vilões, anjos e demônios.
    Vamos juntos nessa viagem ao mundo bíblico e encontrar monstros e
    criaturas que permearam a fé, as histórias, a ideologia e a cosmologia do livro
    mais vendido do mundo.
     
    Espero você nessa jornada. É bom estar de volta.
     
     
     
    Referências Bibliográficas:
     
    Tratado da História das Religiões – Mircea Eliade
    O Sagrado e o Profano: A essência das religiões – Mircea Eliade
    História das crenças e das ideias religiosas: Volume 1: Da idade da pedra aos
    mistérios de Elêusis – Mircea Eliade
    Introdução à teologia do templo – Margaret Baker
    O profeta perdido: O livro de Enoque e sua
    influência sobre o cristianismo – Margaret Baker
    Introdução ao misticismo do templo – Margaret Baker
    King of the Jews: Temple Theology in John’s Gospel – Margaret Baker
    Progress, Apocalypse and completition of
    history and life after death of the human person in the world religionss: 4 – Peter Koslowski (Editor)
     
     
    Wellington Barbosa é filólogo, linguista e teólogo. Licenciado
    em letras: Português/Inglês.  Graduado em
    teologia. Mestre em Linguística Aplicada. É pesquisador na área da
    linguagem e o ambiente mitológico/religioso/político. Sua pesquisa mais recente
    é concentrada na área de Teologia do Domínio, fundamentalismos missionários e
    de como grupos evangélicos utilizam a linguagem e o campo do imaginário para exercerem
    controle politico/social. É professor de idiomas, e reside em Valência-Espanha.

     

  • No nosso segundo episódio conversaremos sobre o messianismo tecnológico e uma analogia à figura messiânica de Neo no filme Matrix e a jornada do herói descrita pelo antropólogo e mitólogo Joseph Campbell. Explicaremos um pouco sobre as etapas dessa jornada do monomito e faremos alguns paralelos ao campo religioso/mitológico/narrativo. 

    Obrigado por ouvir o Podcast Calango Sagrado

  • Olá! Você está no Podcast Calango Sagrado. Aqui falaremos sobre religiões antigas, mitologia na antiguidade e no mundo bíblico, linguagem e dicas de filmes, séries e livros que estejam relacionados à linguagem religiosa. 
    No nosso primeiro episódio vamos falar sobre a religião que pode ter influenciado o mundo mitológico/religioso desenhado por George Lucas, na franquia Star Wars. Falaremos sobre o maniqueísmo, religião criada pelo profeta Mani (216-270 Era Comum).
    O maniqueísmo era uma religião camaleônica, que podia ser considerada um versão de cripto-cristianismo e cripto-budismo. Altamente influenciada por ideias zoroastristas e pensamento monástico budista. 
    Escute esse primeiro episódio e desde já muito obrigado. 

    Um abraço.


  • Áudio da Live Multiversos e o Mundo Bíblico que foi ao ar no dia 29.04.2022. Um bate papo informal sobre linguagem mitológica/teológica e os vários multiversos presentes na cosmologia dos textos da Bíblia Hebraica e algumas porções do Novo Testamento. 

    Wellington & Angela são teólogos, filólogos e ambos linguistas.

    Disclaimer: A abordagem aos textos e narrativas bíblicas não estão baseadas nas lentes doutrinárias e/ou dogmáticas e nem de fé. São leituras de eventos baseados nas narrativa como instrumento comunicativo, seus discursos, personagens e relação ou não-relação com a realidade/contexto histórico de seu momento de escrita.

  • Você está no Calango Sagrado, um espaço que falaremos de cultura, religiões, linguagem dos mundos antigos e do chamado “mundo bíblico”. Além disso falaremos sobre livros, séries e filmes que contenham linguagem religiosa e/ou histórica. Sou o Wellington Barbosa, linguista e pesquisador em estudos da religião.