Episódios

  • No episódio, Ana Frazão entrevista Eduardo Magalhães, Professor da Universidade Federal do ABC, sobre o poder corporativo no Brasil. O entrevistado inicia tratando da importância de se identificar o controle empresarial, bem como da relação entre o poder econômico e o poder político. Adentrando no exame da realidade brasileira, o professor Eduardo trata dos indicadores do poder econômico (grau de saída, grau de saída ponderado e centralidade de intermediação), mostrando como os grupos privados se estruturam no Brasil e os setores da economia que são mais influenciados por tais agentes. Especial atenção é dada ao setor de saúde privada, em relação ao qual o professor Eduardo explica a atuação e o papel das sete empresas que formam o oligopólio na área e cujo poder transcende o segmento e acaba abrangendo toda a economia brasileira. Também são explorados os temas das implicações concorrenciais da atual estrutura do setor de saúde, as repercussões para o SUS e as deficiências da atuação de autoridades, como a ANS e o CADE.

    O artigo que deu suporte à entrevista pode ser acesso pelo presente link (Vista do Quem está no comando? Poder entre grupos econômicos hegemônicos no Brasil), assim como o artigo jornalístico do professor Ladislau Dowbor no qual se inspirou o entrevistado para realizar o estudo pode ser acessado pelo presente link O poder corporativo mundial

    Apresentação: Ana Frazão

    Produção: ⁠⁠⁠José Jance Marques

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Vinícius Centeno, Fernando Fellows e Eduardo Mantoan sobre a financeirizaçao das empresas no Brasil, especialmente partir do artigo que escreveram com o mesmo título no livro Financeirização. Crise, Estagnação e Desigualdade, organizado por Lena Lavinas, Norberto Martins, Guilherme Gonçalves e Elisa Van Waeyenberge.

    Os autores explicam o que é a financeirização das empresas, quando começa esse processo e quais são as suas principais características e mecanismos, dentre os quais o crescimento do endividamento, o aumento das incorporações hostis e aquisições alavancadas, a expansão da distribuição de dividendos, a recompra de ações, a terceirização de atividades produtivas e a redução do investimento na empresa. Também tratam do papel da teoria da maximização do valor do acionista e do chamado short-termism para a mudança na governança das empresas, assim como exploram as principais consequências do processo de financeirização de setores produtivos, incluindo o feito fuga (crowd out) do investimento.

    Especial atenção é dada às consequências da financeirização no Brasil e em países em desenvolvimento.

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  • No episódio, Ana Frazão conversa com Daniel de Pinho Barreiros, Professor do Instituto de Economia da UFRJ e autor do livro “Estabilidade e crescimento. A elite intelectual moderno burguesa no ocaso do desenvolvimentismo (1960-69)”

    O livro trata da “elite intelectual moderno-burguesa”, cuja presença foi marcante no debate econômico brasileiro durante a década de 60 e seguintes, além de ter participado diretamente das reformas implementadas após o golpe militar de 1964. Dentre os seus principais nomes, o livro destaca Eugênio Gudin, Otávio Gouvea de Bulhões, Roberto Campos, Delfim Netto e Mario Henrique Simonsen.

    Na conversa, o professor Daniel explica o fio condutor que unia tais economistas, ressaltando o papel do pragmatismo, da ética utilitarista e da retórica na aplicação de teorias. Partindo da premissa de que se tratava de um grupo funcional, são explorados o papel da ideologia, das escolhas teóricas e da formação das elites intelectuais, os critérios de acesso, o exercício funcional dos intelectuais no debate econômico e as possibilidades e os limites do projeto retórico.

    O professor explica também como se estruturou o ataque da elite intelectual moderno-burguesa ao desenvolvimentismo, assim como a importância do princípio da utilidade na luta contra o projeto desenvolvimentista, na própria compreensão de desenvolvimento econômico e na redefinição do tamanho e do papel do Estado e da burocracia, assim como do gasto público. Especial atenção é dada à importância da austeridade e mesmo do sacrifício da população em nome do crescimento econômico.

    Apresentação: Ana Frazão

    Produção: ⁠⁠⁠José Jance Marques

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Norberto Martins, Professor do Instituto de Economia da UFRJ, sobre o fenômeno da financeirização e de como a lógica financeira passa a ser internalizada no lócus da produção e da valorização dos capitais. O Professor explica as razões e os meios pelos quais a financeirização pode ser vista como resultado de mudanças institucionais que tomaram corpo a partir da década de 80, com o protagonismo crescente do neoliberalismo financeiro ou capitalismo gestor do dinheiro.

    Um dos focos da entrevista diz respeito aos principais impactos da financeirização, incluindo o crescente papel das instituições financeiras e investidores institucionais, notadamente fundos de investimento e fundos de pensão, que trazem mudanças na gestão empresarial, dentre as quais a priorização do desempenho de curto prazo. O professor também aborda as principais consequências da financeirização no Brasil, tratando da desestruturação de setores como a filantropia, as saúde (pública e privada, a agricultura, a economia dos cuidados, e educação, a moradia, as políticas sociais de combate à pobreza e de inclusão social.

    Apresentação: Ana Frazão

    Produção: ⁠⁠José Jance Marques

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Bruno Mader, Doutorando em Economia na UFRJ, Mestre em Política Econômica pela Universidade de Genebra (2022) e colunista online da revista Le Monde Diplomatique Brasil.

    A conversa gira em torno da explicação que Bruno Mader atribui para os juros altos no Brasil: a sua tese é a de que, em nosso país, existe uma coalizão financeira que usa o seu poder político e econômico para elevar juros e garantir receitas em dois importantes mercados: o obrigacionista, no qual se negociam títulos públicos, e o de crédito. Por meio da criação de canais rentistas, o que envolve corrupções institucionais e práticas monopolistas, a coalizão controla os mercados e expropria a renda dos empresários e trabalhadores para si, criando o maior esquema de transferência de renda da história do país. Daí a hipocrisia entre discurso e prática dos agentes financeiros, na medida em que defendem menos Estado, responsabilidade fiscal e concorrência, ao mesmo tempo em que são responsáveis pelo aumento da dívida pública em prol dos rentistas e se beneficiam de estruturas monopolistas.

    Na conversa, Bruno mostra que, no contexto da financeirização, a verdadeira luta de classes não é entre capital e trabalho, mas sim entre capital financeiro, de um lado, e trabalhadores e capital produtivo de outro. O autor também aborda os principais canais rentistas: (i) influenciar a emissão de títulos pelo tesouro nacional, garantindo que emissões sejam feitas com o objetivo de proteger o setor financeiro de riscos econômicos, (ii) influenciar a definição da taxa Selic, mantendo-a elevada, tal como ocorre com o relatório Focus, que desvia o Banco Central do seu papel democrático, (iii) obstruir a condução da política monetária nacional por meio da indexação financeira, já que, diferentemente de outros países, a maior parte dos títulos emitidos pelo tesouro nacional são indexados ao invés de prefixados e (iv) utilizar o mercado de crédito para sustentar as receitas das instituições financeiras quando a Selic cai, ou seja, quando os três primeiros canais não funcionam.

    Ao final da conversa, Bruno Mader trata também da autonomia do Banco Central, da insuficiência da redução da Selic para resolver o problema e de possibilidades de soluções estruturais que repensem as instituições monetárias a partir de uma lente democrática.

    Apresentação: Ana Frazão

    Produção: ⁠José Jance Marques

  • No episódio, Ana Frazão entrevista João Fragoso, Professor Titular de História da UFRJ e autor de diversos livros, dentre os quais “A Sociedade Perfeita. As Origens da Desigualdade Social no Brasil”.

    Na conversa, o Professor João Fragoso procura explicar como as desigualdades sociais e políticas que marcaram a formação do Brasil são explicadas pelo pensamento cristão medieval e entendidas como fatos imutáveis do destino: a sociedade perfeita era uma sociedade desigual e criada por Deus, de forma que as diferenças sociais eram vistas com resignação e desejadas. Também são explorados os elementos de pessoalidade entre os desiguais, seja para mostrar como castigos eram aceitos pelos subalternos (pobres, escravos e lavradores), seja para mostrar como estes esperavam de seus senhores os favores.

    O Professor confere especial atenção não só ao papel da escravidão, mas também das alforrias e dos acessos dos forros à propriedade para a formação da estrutura social brasileira. Ainda que alerte que não está tratando do Brasil contemporâneo, urbano, industrial e do agro, com seus subprodutos de miséria, racismo e machismo, tenta propor algumas formas de reflexão para que possamos entender as associações entre as origens da desigualdade social e o atual estado de coisas.

    Apresentação: Ana Frazão

    Produção e edição: José Jance Marques

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Pedro Nery, Doutor em Economia pela Universidade de Brasília – UnB, Consultor Legislativo do Senado Federal e Professor do IDP, sobre o seu novo livro "Extremos: um mapa para entender as desigualdades do Brasil”.

    A conversa gira em torno das localidades visitadas pelo autor a fim de tensionar os extremos brasileiros: Pinheiros-SP (maior desenvolvimento) x Ipixuna – AM (menor desenvolvimento), Morumbi-SP (maior longevidade) x Mocambinho-PI (menor longevidade), Distrito Federal (maior riqueza) x Maranhão (maior pobreza), Nova Petrópolis (maior número de aposentados) e Severiano Melo (maior número de auxílio emergencial). O Professor Pedro Nery indica os pontos altos da viagem, explicando as razões pelas quais o Brasil sintetiza a desigualdade do mundo e pode ser visto como um verdadeiro microcosmo do planeta: nossos ricos se equiparam aos ricos americanos, chineses ou franceses enquanto os miseráveis se equiparam aos congoleses, indianos ou ubques.

    O professor Pedro Nery mostra também como a desigualdade é ruim para o crescimento econômico, pois é forma ineficiente de se organizar a economia. Além disso, trata de algumas questões exploradas no livro, tais como a reforma tributária, a reforma administrativa, os programas de distribuição de renda e a educação.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Fernando Nogueira da Costa, Professor Titular de Economia da Unicamp, sobre suas obras e reflexões, com foco no livro “Métodos de Análise Econômica”. O Professor Fernando explica o que se espera e se exige de um economista, bem como as principais classificações de economistas.

    Ao tratar dos principais métodos de análise econômica, é ressaltada a importância do método interdisciplinar, com muitas associações entre direito e economia. Por fim, o Professor Fernando ainda compartilha os conselhos que recebeu da sua mentora, a professora Maria da Conceição Tavares, sobre o que se espera e se exige de um grande economista.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Alysson Portella, Doutor em Economia pelo Insper, onde é igualmente pesquisador de pós doutorado, sobre o livro "Números da Discriminação Racial", em que é autor juntamente com Michael França.

    A conversa inicia-se com o professor Alysson explicando os propósitos do livro, o papel do movimento negro de trazer as questões abordadas pelo livro para o centro do debate público e as principais contribuições da ciência econômica para o debate racial contemporâneo.

    Na sequência, o professor Alysson explica o que é raça e por que precisamos falar sobre ela, as principais evidências da discriminação e o que é o viés racial implícito. A partir dessa base conceitual, são trazidos os números da discriminação racial no Brasil, mostrando os seus principais tipos, as relações com a desigualdade, as raízes históricas da desigualdade racial no Brasil, o papel da escravidão para a formação das instituições econômicas brasileiras e os principais mecanismos de perpetuação da desigualdade racial.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Flávia Ávila, Fundadora e CEO da consultoria InBehavior Lab com mais de 15 anos de experiência em estudos experimentais sobre o comportamento humano (individual e grupo) usando experimentos de laboratório, online e campo. Economista pela Unb (Universidade de Brasília) e mestre em Economia Comportamental pelo CeDEx (Center for Decision Research and Experimental Economics) da University of Nottingham na Inglaterra. Professora em Economia Comportamental e Ciências Comportamentais Aplicadas em cursos de pós-graduaçao, educaçao executiva e InBehavior Academy. Editora-chefe do site EconomiaComportamental.org, destinado a promover a área de Economia Comportamental e Experimental no Brasil desde 2014. Idealizadora e co-organizadora do livro: Guia de Economia Comportamental e Experimental (primeiro material abrangente e gratuito em português sobre as áreas de Economia Comportamental e Experimental, que pode ser baixado em economiacomportamental.org/guia.

    Na conversa, a Professora Flávia Ávila explica o que é a economia comportamental e como se diferencia da economia tradicional, ressaltando o importante papel de Daniel Kahneman para a consolidação da área. Na sequência, a professora explica as limitações de racionalidade, as heurísticas e os vieses, mostrando que a Economia Comportamental se preocupa igualmente com o contexto em que as decisões são tomadas, o que ressalta os aspectos emocionais, sociais e culturais dos envolvidos.

    Especial destaque é dado à questão da arquitetura de escolha, parte em que são exploradas as discussões sobre nudges, sludges. Outros pontos importantes da conversa dizem respeito às ciências comportamentais, às diversas aplicações da economia comportamental e aos principais benefícios para as organizações.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Ana Paula Salviatti, historiadora formada pela Universidade de São Paulo desde 2009, professora licenciada pela mesma instituição. mestre em História Econômica pela USP desde 2013, com a dissertação "A Financeirização do Meio Ambiente: O caso do mercado de créditos de carbono”e doutora em Desenvolvimento Econômico pela Universidade de Campinas desde 2022, com a tese " A Ciranda Financeira no Brasil: Gênese, trajetória e Acumulação Rentista (1964 - 2022).

    Na conversa, a Professora Ana Paula explica o significado do termo “ciranda financeira” e o papel do rentismo para o capitalismo na periferia, como o caso brasileiro, para a construção de uma dinâmica de concentração e exclusão. Analisando um grande período temporal, que vai de 1964 a 2022, a Professora Ana Paula mostra as razões pelas quais as reformas de 1964-1965, que foram idealizadas para o fomento do crédito produtivo privado de longo prazo, não atingiram esse resultado e ainda favoreceram o comportamento conservador dos detentores de liquidez, assim como os mecanismos pelos quais a ciranda financeira operou durante o período de aceleração inflacionária vivido nas décadas de 70 e 80 e mesmo após a adoção do Plano Real.

    Parte importante da conversa diz respeito às principais consequências da ciranda financeira no âmbito macroeconômico, em que a Professora Ana Paula tenta explicar porque a institucionalidade da indexação financeira dos títulos públicos em um regime curto prazista e de alta taxa de juros dificulta a realização de políticas macroeconômicas orientadas para o desenvolvimento, assim como dificulta a responsabilidade fiscal.

    Na parte final, a Professora Ana Paula ainda trata dos seus atuais projetos de pesquisa e da crítica contida no seu Antimanual de Economia. Fundamentos e críticas para não economistas.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com a Professora Vera Rita de Melo Ferreira, Presidente da IAREP-the International Association for Research in Economic Psychology, autora do primeiro livro sobre Psicologia Econômica no Brasil.

    A Professora Vera Rita explica as origens da psicologia econômica e os caminhos pelos quais se construiu a economia comportamental, destacando as contribuições de Simon, Kahneman e Thaler. Em sua narrativa, é possível perceber como todas essas áreas se integram atualmente na grande área das ciências comportamentais.

    Dentre os principais pontos da conversa, estão as principais linhas de pesquisa e métodos da psicologia econômica, as principais aplicações da psicologia econômica no mundo e no Brasil, bem como as discussões sobre arquitetura de escolha e o papel dos nudges.

    A Professora Vera Rita ainda fala do experimento que mais a surpreendeu, bem como das recentes iniciativas governamentais para inserir os conhecimentos da psicologia econômica nas políticas públicas.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Marcos Hecksher, Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) no Rio de Janeiro e professor Doutor colaborador do mestrado profissional em Políticas Públicas e Desenvolvimento do IPEA e do programa de mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE)

    O professor Marcos fala da importância do IPEA, da PNAD contínua e das metodologias que permitem um acompanhamento mais fidedigno dos indicadores mensais de trabalho, renda e pobreza no Brasil. Dentre os temas da conversa estão a desregulação dos mercados de trabalho, o cumprimento do ODS 8 da ONU, as razões que justificam o aumento da renda do trabalho em 2023 e as perspectivas para o futuro.

    O professor Marcos também explora artigo recente que escreveu com Fernanda de Negri sobre a desoneração da folha salarial, no qual concluem que os setores com folha desonerada não são os que mais empregam. A partir desse exemplo, são discutidas as políticas públicas, tributárias ou não, que deveriam ser implementadas no Brasil para o fomento do emprego.

  • No episódio, Ana Frazão entrevista Janaína Feijó, Pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Professora do curso de Ciências Econômicas da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV EPGE), Doutora em Economia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e com atuação nas áreas de mercado de trabalho, educação e desigualdades sociais.

    Na conversa, a professora Janaína trata das principais preocupações da Economia do Trabalho na atualidade, das interseções entre as políticas trabalhistas e as políticas para redução de desigualdade e dos principais gargalos dos mercados de trabalho no Brasil. Dentre os temas mais específicos da conversa, destacam-se as questões de gênero e também os riscos da pejotização representado pelo crescimento desenfreado das MEIs para substituir trabalhos que antes eram realizados por meio do vínculo trabalhista. A professora também explora a questão da desregulação dos mercados de trabalho e dos desafios decorrentes das automação e das plataformas digitais, mostrando a necessidade de se encontrar arranjos que assegurem eficiência e proteção do trabalho.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Matheus da Costa Gomes, Professor de Economia da UNIP – Ribeirão Preto sobre o tema da sua tese de doutorado: “O impacto de bancos de desenvolvimento sobre os investimentos das empresas: a experiência do BNDES.” O Professor Matheus explica as relações entre crescimento e desenvolvimento econômico e qual é o papel dos bancos de desenvolvimento nessa equação, o cenário mundial atual dos bancos de desenvolvimento e a relação destes com as políticas industriais.

    Ao adentrar no tema específico da sua tese, o Professor Matheus explica que o seu estudo desafia estudos anteriores que não encontraram efeitos favoráveis na atuação do BNDES, alegando que estes se preocuparam excessivamente com a questão econômica – o investimento – e acabaram negligenciando a questão social. Entretanto, caso considerado o aspecto social, a atuação o BNDES ganha em riqueza e complexidade, apresentando uma avaliação positiva tanto em termos de resultados como em termos de procedimentos.

    Na parte final da conversa, é explorado o delicado tradeoff entre o social e o econômico e alguns perspectivas futuras de maior equilíbrio entre essas duas dimensões.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Simão Silber, Professor Sênior de Economia da USP e Doutor pela Universidade de Yale. Um dos fios condutores da conversa foram as razões para o desempenho sombrio da economia brasileira nos últimos 40 anos. Dentre os fatores apontados pelo Professor Simão, estão a falta de investimento público em educação universal de boa qualidade, a ideologia neoliberal que atribui todo o mal ao estado e todas as virtudes ao mercado. Para o Professor, é falso o conflito entre mercado e governo, já que a questão é definir as áreas de atuação de cada um e como interagem. Nesse sentido, explica a importância das políticas econômicas para o crescimento e algumas alternativas para a reindustrialização no Brasil.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com Cristiane Alkmin, Professora Doutora de Economia da FGV. Ex-Secretária de Fazenda, Planejamento e Orçamento de Goiás e Ex-Conselheira do CADE.

    A professora Cristiane aborda como vê a relação entre Estado e mercado e qual o papel do Antitruste e da Regulação. Com base na sua experiência como Conselheira do CADE, faz uma avaliação do Antitruste brasileiro, explorando os seus pontos fortes e fracos, assim como o seu aprendizado durante o tempo no CADE.

    Entrando na temática específica da economia digital, a professora Cristiane explora as peculiaridades que impactam na dinâmica concorrencial, sobretudo em face do protagonismo das big techs. Faz uma análise crítica da regulação ex ante para as plataformas digitais, a exemplo do Digital Markets Act europeu, bem como do papel do Antitruste na economia digital. Especial atenção é dada ao contexto brasileiro e as discussões que estão sendo atualmente travadas aqui.

  • Ana Frazão conversa com Carmen Feijó, Professora Titular de Economia da UFF, sobre diversos temas relacionados aos desafios da reindustrialização no Brasil, à luz do pós-káeynesianismo, que é a vertente teórica adotada pela entrevistada. Antes de ingressar na discussão mais específica, a professora Carmen explica o que é o pós-keynesianismo e a real importância de Keynes para a compreensão dos fenômenos econômicos. Nesse sentido, destaca o imprescindível papel do Estado para a economia não apenas nas crises mas para o próprio funcionamento adequado dos mercados. A professora também aborda o papel das políticas industriais e as conexões entre o pós-keynesianismo e o novo desenvolvimentismo.

    Passando para a análise mais específica sobre o Brasil, a professora Carmen explora as causas da nossa desindustrialização, mostrando que não se tratou de resultado decorrente das meras forças de mercado, mas sim de uma série de políticas econômicas que privilegiaram o agronegócio e não se preocuparam em criar os devidos incentivos para a indústria. A professora também explora a importância da indústria, as relações entre a desindustrialização e as dificuldades que o Brasil vem enfrentando para o crescimento. A partir daí são abordados os desafios para a reindustrialização, inclusive sob a perspectiva da sustentabilidade e dos óbices da excessiva financeirização do capitalismo brasileiro.

  • No episódio, ANA FRAZÃO conversa com Fernando Chague, Professor da Escola de Economia da FGV São Paulo, Doutor em Economia pela University of North Carolina at Chapel Hill e autor, juntamente com Bruno Giovannetti, do livro “Trader ou Investidor? Aprenda a investir na Bolsa sem cair nas armadilhas dos vieses comportamentais”.
    O professor Fernando explica a diferença entre o investidor,  que foca o longo prazo (aposentadoria, por exemplo), horizonte em relação ao qual todos tendem a ganhar, e o trader, que  foca o curto prazo, horizonte em que o ganho de um vem às custas das perdas dos outros. Sob essa perspectiva, explora as dificuldades dos traders, cujo comportamento tende a ser influenciado por importantes vieses comportamentais, o que faz com que seres humanos sejam piores do que macacos quando operam ações.
    A conversa trata igualmente do atual estado da arte da economia comportamental, bem como dos principais desafios que se apresentam aos traders: além dos vieses comportamentais, têm que enfrentar diversos custos de transações e ainda competir com agentes qualificados que dispõem de alta tecnologia para operar no mercado. Na parte final, o Professor  também aborda o que considera serem os “mandamentos do investidor”, ou seja, as regras a serem seguidas para obter os benefícios dos investimentos em mercado de capitais sem assumir riscos desnecessários.

  • No episódio, Ana Frazão conversa com o professor Rafael Vasconcelos sobre o problema da má alocação de recursos no Brasil. O professor explica as principais conclusões do seu artigo Misallocation in the Brazilian manufacturing sector, no qual procura mensurar a extensão do problema no período de 1996-2011 e encontrar possíveis explicações para o crescimento da má alocação a partir de 2005. Embora o objetivo do estudo não seja o de encontrar relações causais para o problema da má alocação, o professor Rafael explica o quanto a desigualdade de oportunidades e de acesso à educação pode ser um fator importante para justificar as mazelas brasileiras, mostrando igualmente que a alta carga tributária não pode ser considerada a principal causa do atual cenário, embora distorções tributárias, assim como as concorrenciais, devam ser consideradas como prováveis concausas.

    O professor situa a discussão sobre a má alocação de recursos no contexto do atual debate a respeito da desindustrialização e das políticas industriais, bem como explica as conclusões de um dos seus artigos mais recentes (The Role of Resource Misallocation in Structural Change), em coautoria com Vladimir Teles, no qual encontram diferentes padrões das mudanças estruturais nos setores industriais nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento. Especial atenção é dada ao papel do Estado para resolver tais problemas, bem como aos riscos de uma intervenção estatal inadequada ou disfuncional.

    Por fim, o professor Rafael ainda trata da relação entre má alocação e inovação, a partir do interessante estudo de caso da Lei de Genéricos, mostrando a sua influência na alocação de trabalhadores na indústria e a criação de mais patentes na indústria farmoquímica.