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  • Luís Aguiar-Conraria, Bruno Fernandes & Pedro C. Magalhães (2024)Economic forecasts and executive approval, Journal of Elections, Public Opinion and Parties,34:4, 643-655, DOI: 10.1080/17457289.2023.2216462

    Este artigo examina como diferentes fontes de informação económica influenciaram a aprovação do governo pelos cidadãos em Portugal entre 2001 e 2018. O estudo compara o poder preditivo dos dados revistos e mais precisos sobre o crescimento do PIB com outros indicadores económicos que estavam disponíveis ao público na época, como as primeiras estimativas de crescimento recente e as previsões de crescimento futuro.

    O estudo constata que a aprovação é melhor prevista por informações sobre o crescimento previsto para o ano corrente. Este resultado sugere que a "economia mediada", ou seja, a informação económica disponível ao público através dos meios de comunicação social, pode ser mais importante para a formação das atitudes do público em relação ao governo do que o estado real da economia.

    O estudo utiliza dados trimestrais de 2001 a 2018, provenientes de sondagens realizadas por empresas portuguesas, abrangendo oito governos e seis primeiros-ministros. Para medir o desempenho económico, o estudo considera diferentes variáveis:

    Crescimento do PIB Vintage: a medida mais precisa do crescimento do PIB, utilizando dados revistos até ao primeiro trimestre de 2021. Crescimento do PIB em Primeiros Valores: as primeiras estimativas públicas do crescimento do PIB para o trimestre anterior à medição da aprovação. Crescimento do PIB em Tempo Real: a informação mais recente sobre o crescimento do PIB disponível ao público no trimestre anterior à medição da aprovação. Previsão da OCDE para o Ano Corrente: a previsão mais recente do crescimento do PIB para o ano em curso, disponível no trimestre anterior à medição da aprovação. Previsão da OCDE para o Próximo Ano: a previsão mais recente do crescimento do PIB para o ano seguinte, disponível no trimestre anterior à medição da aprovação.

    Os resultados mostram que as previsões da OCDE sobre o crescimento do PIB para o ano corrente são o melhor preditor da aprovação do primeiro-ministro. Esta variável permanece estatisticamente significativa mesmo quando controlando para outras medidas de crescimento económico, incluindo o crescimento do PIB Vintage, o crescimento do PIB em Primeiros Valores e o crescimento do PIB em Tempo Real.

    Os autores argumentam que esta descoberta fornece evidências indiretas de que o estado da economia, tal como se manifesta diretamente na vida e nas experiências das pessoas, pode ser menos consequente para as avaliações do governo do que as informações mediadas sobre ele que são transmitidas ao público. Os cidadãos podem estar a formar as suas opiniões sobre o governo com base nas expectativas sobre o futuro da economia, em vez de se concentrarem no desempenho económico passado.

    O estudo sugere que futuras pesquisas devem ser conduzidas em várias regiões para garantir a generalização das descobertas, e que uma possibilidade seria realizar um estudo de painel, aproveitando a produção consistente do Economic Outlook da OCDE em vários países.

    Conclusões:

    A "economia mediada" desempenha um papel importante na formação da opinião pública sobre o governo. As previsões económicas, particularmente as previsões para o ano corrente, são um preditor significativo da aprovação do primeiro-ministro. Os eleitores podem ser mais prospectivos do que retrospectivos nas suas avaliações do governo, baseando as suas opiniões em expectativas futuras em vez de desempenho passado.
  • Fernandes, S., & Ferreira, D. S. (2023). Portugal in the nuclear realm: a case of broad ‘multilateralization.’ International Politics, 1–22. doi: 10.1057/s41311-023-00535-8

    Portugal adota uma política nuclear centrada no multilateralismo, refletindo sua orientação de política externa. Embora influenciado pela "europeização" e pela "NATO-ização", seu compromisso nuclear é guiado pelo engajamento ativo em fóruns multilaterais como a ONU, TNP e AIEA. A participação de Portugal em tratados e iniciativas globais visa a promoção da paz e segurança. A integração europeia ajudou a reforçar esse compromisso, mas o multilateralismo continua sendo a força motriz. Assim, Portugal maximiza sua influência internacional, apesar de limitações de recursos, promovendo um regime nuclear cooperativo e robusto.

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  • Alexandre, F., Chaves, M., & Portela, M. (2024). Investment grants and firms’ productivity: how effective is a grant booster shot? Small Business Economics, 1–41. doi: 10.1007/s11187-024-00955-7

    Este artigo analisa o impacto de múltiplos subsídios de investimento na performance das empresas, com foco na produtividade. O estudo usa uma base de dados administrativa de empresas portuguesas que candidataram-se ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) entre 2007 e 2018. Um padrão importante emerge: as empresas que recebem múltiplos subsídios representam uma parte significativa do FEDER total.

    O estudo concluiu que, enquanto um único subsídio tem um impacto positivo na produtividade do trabalho das empresas, um segundo subsídio de investimento produz um efeito ainda mais forte. Este efeito "booster" é particularmente notável em micro e pequenas empresas. No entanto, nenhum efeito foi encontrado na produtividade total dos fatores para qualquer um dos subsídios.

    O estudo utiliza uma estratégia de Regression Discontinuity Design (RDD) para avaliar o impacto dos subsídios.Esta metodologia permite isolar o efeito causal dos subsídios no desempenho das empresas. Os resultados sugerem que os subsídios de investimento podem ser uma ferramenta eficaz para promover o crescimento e a produtividade, especialmente para micro e pequenas empresas.

  • Crispim, J., Fernandes, J., & Rego, N. (2020). Customized risk assessment in military shipbuilding. Reliability Engineering & System Safety, 197, 106809. doi: 10.1016/j.ress.2020.106809

    Causas de Risco na Construção Naval Militar: Uma Análise Detalhada

    As fontes identificam várias causas de risco que podem impactar negativamente o sucesso de projetos de construção naval militar. Estas causas podem ser agrupadas em três categorias, dependendo do nível de controlo que a organização tem sobre elas:

    Elevado Controlo: Inclui causas internas com medidas de mitigação geralmente menos complexas e dispendiosas. Exemplos destas causas são a falta de experiência das partes interessadas e a falta de comunicação, envolvimento ou cooperação entre elas. A substituição de funções em intervalos de tempo reduzidos ou a falta de incentivos de carreira também se enquadram nesta categoria. Controlo Parcial: Refere-se a causas externas, como as relacionadas com fornecedores ou outros parceiros, mudanças tecnológicas e dificuldades de financiamento. Estas causas geralmente requerem medidas de mitigação mais complexas e com custos moderados. Exemplos incluem atos de má-fé, incapacidade financeira de parceiros, mudanças ou adições de tecnologias e dificuldades na libertação de recursos. Pouco ou Nenhum Controlo: Engloba causas externas sobre as quais a organização tem pouco ou nenhum controlo. Estas causas exigem medidas para lidar com os riscos que ocorrem, como a implementação de planos de contingência e a definição de responsabilidades de risco nos contratos. As alterações na regulamentação, o aumento do preço das matérias-primas e os atrasos no desembaraço aduaneiro são exemplos destas causas.

    É importante salientar que esta classificação é apenas uma sugestão e pode variar consoante o contexto específico de cada projeto. No entanto, fornece uma estrutura útil para os gestores de projeto pensarem sobre as causas de risco e desenvolverem estratégias de mitigação adequadas.

  • Rodrigues, M., Meza, O., & Navarro, C. (2024). Gerrymandering to survive: an explanation of the political conditions that shaped mayors’ decisions over an amalgamation process in Portugal. Local Government Studies, 1–23. doi: 10.1080/03003930.2024.2404104

    A reforma territorial portuguesa de 2013, que visava reduzir o número de freguesias, foi utilizada por alguns presidentes de câmara como uma oportunidade para manipular as fronteiras eleitorais a seu favor, num processo conhecido como gerrymandering. O estudo de Rodrigues, Meza e Navarro (2024) analisa como a vulnerabilidade política dos autarcas e a facilidade em controlar a assembleia municipal influenciaram as suas decisões na fusão de freguesias.

    Os resultados apontam que presidentes de câmara com menor apoio nas freguesias, mas com maioria na assembleia municipal, foram mais propensos a fundir freguesias de oposição ou diluir os seus votos em freguesias maiores, aumentando o número de freguesias alinhadas com o seu partido. A necessidade de formar coligações para aprovar as fusões limitou a intensidade do gerrymandering, evidenciando o papel da oposição na contenção de abusos.

    O estudo alerta para as consequências da reforma, que concentrou poder nas mãos de alguns autarcas e poderá ter prejudicado a representatividade democrática a nível local. As conclusões realçam a importância de considerar as motivações políticas em processos de reforma administrativa, para além dos aspetos económicos e de eficiência.