Эпизоды

  • TEMA: Tom Clancy, um midas na literatura, no ciname e nos videogames
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    Estes tempos estranhos e inéditos de isolamento social (cada vez mais importante pela escalada da Covid no Brasil), nos leva a ter, de fato, um tempo livre a mais. Há muitas coisas e hábitos que podemos exercitar nesse período. Sem dúvida, um dos que intelectualmente mais nos engrandecem é a leitura. O brasileiro, contudo, lê pouco. Em média, somente dois livros por ano, o que é uma das menores médias do mundo. Nessa época de pandemia, diversos países do mundo viram um aumento na venda de livros.Reino Unido, Itália e Espanha são exemplos de países em que as vendas de livros aumentaram durante a pandemia. No Brasil, infelizmente, o cenário não é o mesmo. Segundo dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, houve uma queda  de 4% no ano passado e que tende a ser ainda maior este ano.

    Para tentar mudar um pouco este quadro e incentivar você, ouvinte, a se deliciar nos prazeres da leitura a coluna apresenta, esta semana, um campeão de vendas, um best-seller tanto de livros quanto de filmes e até de videogames. Falamos de Tom Clancy que faria aniversário de nascimento neste dia 12 de abril e é um dos escritores com mais livros vendidos no mundo inteiro. 

    Thomas Leo Clancy Jr nasceu em 12 de abril de 1947, na cidade de Baltimore, Maryland – Estados Unidos. Frequentou a Universidade de Loyola, em Baltimore, onde estudou literatura inglesa. Ainda na universidade, Clancy se candidatou para trabalhar no Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva do Exército, no entanto por problemas de visão, a deficiência o tornou inelegível. Trabalhou também para uma companhia de seguros antes de entrar de vez no mundo literário em 1982 quando iniciou a escrever o romance “The Hunt For Red October” ( A Caçada ao Outubro Vermelho), que foi concluído em 1984. O livro introduziu o personagem fictício de Jack Ryan e foi um sucesso mundial de vendas e deu origem ao filme homônimo. Clancy é considerado o inventor do "techno-thriller", um gênero híbrido literário que funde ação e aventura militar, ficção de espionagem e ficção científica com realismo social, incluindo uma quantidade desproporcionada de detalhes técnicos. Dezessete dos seus romances foram sucessos de venda e venderam mais de 100 milhões de cópias impressas. 

    Clancy era um dos autores mais adaptados para o cinema — onde suas histórias, inspiradas pelo contexto da Guerra Fria, repetiam o sucesso que já faziam nas livrarias. São de sua auroria vários livros que se tornaram filme como o já citado "caçada ao outubro vermelho", além de "A soma de todos os medos", "jogos patrióticos", "perigo real e imediato" e "dívida de honra" e outros com o personagem Jack Ryan. Clancy não parou suas adaptações no mundo do cinema. Em 1996, o autor montou uma empresa de videogames, comprada mais tarde pela Ubisoft Entertainment. Entre os jogos de maior sucesso baseados na obra de Clancy estão "Rainbow six", uma série que já teve mais de 20 títulos desde 1998; "Ghost-recon", desde 2001; e "Splinter cell", que já rendeu vários lançamentos desde 2002. Tom Clancy morreu em 2013, mas seu legado continua vivo seja em filmes, livros ou videogames. Conheça-o e se encante. 

  •  TEMA: E-books, livros virtuais
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    O tempo é, sabidamente, um recurso escasso nesses nossos dias loucos. Para qualquer pessoa hoje em dia, os muitos afazeres e as múltiplas formas de entretenimento existentes, certamente o tempo dedicado a leitura diminui bastante.

    A tecnologia da Informação veio com a ideia de nos poupar tempo e de forma contrária, acabou nos roubando ainda mais tempo. Mas, há algumas tecnologias que nos ajudam a ganhar tempo, como o é a que vamos falar nessa semana, os e-books, os livros virtuais.

    Um eBook é, basicamente, um livro eletrônico. Ele é distribuído sob a forma de arquivo eletrônico para ser acessado em computadores, tablets, smartphones ou dispositivos específicos de leitura. O eBook pode ser comercializado ou oferecido gratuitamente. 

    Vantagens e-books:- biblioteca facilmente transportável com centenas de livros gratuitos (espaço); livros facilmente acessíveis; tamanhos de texto ajustáveis; dicionários integrados; pesquisa rápida e fácil; facilidade com notas e destaques. leitura sem luz ambiente; durabilidade; ler em qualquer lugar e em qualquer hora;

    livros, normalmente, mais baratos que os físicos.

    Desvantagens e-books: Sem troca; livros lidos nos celulares e tablets tem o problema das distrações; em celulares e tablets há também o problema da iluminação e, claro, sem bateria, sem livros; 

    Principais formatos: Há dois formatos principais: O ePUB e o MOBI.

    O ePub (o MP3 dos e-Books), é um padrão livre e aberto criado pelo International Digital Publishing Forum (CICOM).  É o formato oficial do Fórum Internacional de Publicações Digitais (IDPF). O outro formato é o MOBI (ou o AZW). Este formato é derivado do Mobipocket e é um formato fechado e proprietário. A dona do formato (A Amazon) o utiliza em seus dispositivos de leitura de ebooks.

    Principais dispositivos: Basicamente qualquer dispositivo eletrônico, seja celular, tablet, notebook ou computador aceitam os formatos citados acima.

    Todas principais plataformas móveis, como Android e o iOS possuem aplicativos gratuitos para a leitura dos dois formatos. No caso do Android existe o Play Livros (entre outros apps da loj+a de aplicativos). No caso do iOS há o antigo iBooks que virou apenas "Livros" nas novas versões do sistema operacional da Apple.

    Estes citados são para a leitura de livros em ePUB. Para o MOBI há o app do Kindle para as duas plataformas (e para computador). Ele também é gratuito.

    Se o leitor é voraz, como eu, pode-se partir para um dispositivo específico de leitura de ebooks (os e-readers).

    No Brasil, os principais são o Kindle, dispositivo da Amazon (que além do formato proprietário, MOBI, aceita, TXT, PDF e, mais recentemente, até o EPUB.

    E para o formato livre, ePUB há o Kobo e o Lev que são dois dispositivos que além de lerem ePUB, aceitam também diversos outros formatos de arquivos como DOC, PDF, TXT entre outros. O custo é mais alto, mas vale a pena, principalmente pela comodidade de ter um dispositivo específico e também pela tela que usa uma tecnologia diferente dos displays dos celulares e tables e não cansa a vista, podendo ser visível sob o sol ou até no escuro.

    Você não precisa abandonar o livro em papel mas é possível conviver com os dois mundos perfeitamente em sintonia tirando o melhor de ambos. Os leitores digitais, por exemplo, tem tradução, dicionário, pesquisa, sincronização de leitura entre diversos dispositivos, marcações, notas, enfim, praticamente tudo o que precisamos para nos deliciar por esse universo. 

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  • TEMA: formatos dos livros digitais - 2022
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    Eu sempre gosto de lembrar a todos que me pedem indicações de leitura ou mesmo como ler mais da praticidade dos e-books, os livros digitais, como plataforma de leitura e, por que não, popularizadores dos livros e do hábito de ler, afinal, todos temos um celular ou algum outro dispositivo digital, certo?

    Um eBook é, basicamente, um livro eletrônico. Ele é distribuído sob a forma de arquivo eletrônico para ser acessado em computadores, tablets, smartphones ou dispositivos específicos de leitura. O eBook pode ser comercializado ou oferecido gratuitamente.

    Algumas vantagens dos ebooks são: - biblioteca facilmente transportável com centenas de livros gratuitos (em pouco espaço); livros facilmente acessíveis; tamanhos de texto ajustáveis; dicionários integrados; pesquisa rápida e fácil; facilidade com notas e destaques. leitura sem luz ambiente; durabilidade; ler em qualquer lugar e em qualquer hora; livros, geralmente, mais baratos que os físicos.

    Há algumas desvantagens também como o problema das distrações durante a leitura (para quem lê no celular, por exemplo), da bateria e da iluminação dos celulares e tablets.

    Dito isto, foi citado que há alguns formatos de arquivos de ebooks que não foram comentados naquela ocasião. Hoje falaremos sobre eles.

    Existem DOIS formatos principais: O ePUB e o MOBI.

    O ePub (o MP3 dos e-Books), é um padrão livre e aberto criado pelo International Digital Publishing Forum (CICOM). O ePUB é a abreviação para Electronic Publication (Publicação Eletrônica), foi um formato que foi projetado para ter um conteúdo fluido, ou seja, a tela do texto pode ser otimizada de acordo com o dispositivo usado para leitura. É o formato oficial do Fórum Internacional de Publicações Digitais (IDPF).

    O outro formato é o MOBI (ou o AZW). Este formato é derivado do Mobipocket e é um formato fechado e proprietário. A dona do formato (A Amazon) o utiliza em seus dispositivos de leitura de ebooks.

    Existem milhões de livros em ambos os formatos. Boa parte disponibilizada de forma gratuita. Há também os dispositivos específicos de leitura, os ebook readers, mas estes deixaremos para outro programa.

    Mas, basicamente qualquer dispositivo eletrônico, seja celular, tablet, notebook ou computador aceitam os formatos citados acima.

    Todas principais plataformas móveis, como Android e o iOS possuem aplicativos gratuitos para a leitura dos dois formatos. No caso do Android existe o Play Livros (entre outros apps da loja de aplicativos). No caso do iOS há o antigo iBooks que virou apenas "Livros" nas novas versões do sistema operacional da Apple.

    Estes citados são para a leitura de livros em ePUB. Para o MOBI há o app do Kindle para as duas plataformas (e para computador). Ele também é gratuito. Ou seja: não há mais a desculpa de não ter tempo para leitura. Instale os apps (alguns já vem pré-instalados), baixe alguns livros gratuitos e mergulhe nesse universo composto por letras e histórias maravilhosas. Este universo feito de livros. 

  • Miguel de Cervantes, autor do primeiro romance moderno
    =====================O tema de nossa semana é aquele que é considerado do homem que inventou a ficção através de um dos livros mais importantes e mais influentes já escritos. O tema de nossa semana é o escritor espanhol, Cervantes que tem uma história tão interesante quanto seu livro. Miguel de Cervantes Saavedra, nasceu na Espanha, no dia 29 de setembro de 1547, provavelmente em Alcalá de Henares, filho de Rodrigo e Leonor de Cortinas, que além de Miguel, tiveram mais seis filhos. Em 1563 a família mudou-se para Sevilha, onde Miguel iniciou seus estudos em gramática e latim, aprendendo com os padres jesuítas.Em 1566, aos 19 anos, mudou-se com a família para Madri, onde viveu apenas três anos. Segundo alguns estudiosos, ele teve que deixar a cidade porque havia ferido um homem por acidente. Passou a viver em Roma, na Itália, onde fez carreira como soldado e lutou na Batalha de Lepanto, contra os turcos, em 1571. Nesse combate, foi ferido e perdeu os movimentos da mão esquerda. Segundo alguns pesquisadores, na verdade ele perdeu o braço inteiro.Na volta à Espanha, em 1575, a embarcação em que Cervantes viajava foi tomada por piratas turcos. Os bandidos o mantiveram prisioneiro durante cinco anos; só foi libertado quando sua família pagou um resgate. De volta à Espanha, trabalhou como coletor de impostos do reino. Casou-se em 1583 com Catalina de Palacios Salazar, com quem viveu apenas um ano. Antes do casamento, teve uma filha. Edita na cidade de Madri, em 1585, “La Galatea”, que foi sua primeira novela. Teve contato com grandes literatos da época, e escreveu os poemas dramáticos “Los Tratos de Argel” e “La Mumancia”.A obra mais famosa de Cervantes é Dom Quixote — o nome completo é O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha —, publicado em duas partes: a primeira em 1605 e a segunda em 1616. O livro conta a divertida história de Dom Quixote, cavaleiro ingênuo e bem-intencionado, que sai pelo mundo para combater as injustiças. Dom Quixote apronta muitas confusões e acaba sempre se dando mal.O livro é uma paródia das histórias de cavalaria, que narram os feitos heroicos dos cavaleiros. Eles enfrentam monstros, combatem exércitos inimigos e defendem os mais fracos. O livro fez tanto sucesso, que uma pessoa, fazendo uso de um nome falso, publicou uma segunda parte do romance. Por conta da revolta com tal falsificação, em 1615, Cervantes publicou sua própria segunda parte, escrevendo também diversas obras ao longo deste período. “Dom Quixote” foi traduzido em mais de 60 idiomas, e de geração em geração vem conquistando de crianças a adultos.Miguel de Cervantes, considerado um dos quatro gênios da literatura ocidental, morreu no dia 23 de abril de 1616, na cidade de Madri, Espanha. Deixando grande inspiração em diversos níveis, ultrapassando séculos. De forma que romancistas, contistas; poetas; escritores; pintores; escultores; ensaístas; cartunistas; quadrinistas; dentre outros, ainda hoje encontram em suas obras um referencial artístico.O seu trabalho é considerado entre os mais importantes em toda a literatura, e sua influência sobre a língua castelhana tem sido tão grande que o castelhano é frequentemente chamado de La lengua de Cervantes (A língua de Cervantes). A dica é, portanto, conhecer Cervantes (e a língua de Cervantes) seja por suas obras literárias, ou pelas muitas obras que ele inspirou. 

  • TEMA: Baudelaire e as flores da modernidade
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    Nesta semana, ouvintes, ainda vivendo as restrições de movimentação e isolamento por conta da Covid-19 e sabendo das dificuldades que a quarentena nos traz, a coluna lembra do nascimento de um dos maiores escritores franceses de todos os tempos, um poeta que foi um dos precursores do simbolismo e o fundador da tradição moderna em poesia, infelizmente pouco estudado no Brasil, o poeta francês Charles Baudelaire.

    Charles-Pierre Baudelaire, nasceu em 9 de abril de 1821, há 199 anos, portanto, na cidade de Paris e faleceu na mesma cidade, dia 31 de agosto de 1867, com apenas 46 anos. Ele foi  um poeta, teórico e crítico francês. Foi um dos precursores do movimento simbolista na França e também o fundador da poesia moderna. Ainda criança, Baudelaire perde o pai e a mãe casa-se novamente com um padrasto com que ele terá muitos problemas.  

    A sua obra, de fato, se situa entre o romantismo e o realismo, apresentando um primeiro momento de ruptura com os padrões então aceitos e personificados, por exemplo, em Victor Hugo.

    A experiência poética de Baudelaire transforma, pela primeira vez, Paris em objeto de poesia lírica. Uma cidade onde se exalta uma burguesia abastada e também atravessada pelas suas figuras decadentes: a prostituta, o jogador, o moribundo, o mendigo, entre outras figuras que exprimem a degradação moral, encarnando a figura do mal, do inferno da experiência citadina e do tedium vitae, le mal du siècle.

    A poesia de Baudelaire é, assim, mergulhada na agitação da metrópole, além de amarga e até mesmo, cruel. A Obra prima de Baudelaire é o livro de poemas publicado em 1857, com o título, “As Flores do Mal”, com cem poemas e dividido em seções. O autor do livro é acusado, no mesmo ano, pela justiça, de ultrajar a moral pública. Os exemplares são apreendidos e uma multa foi paga. A censura ocorreu por causa de 6 poemas. O poeta aceita a sentença, escreve seus novos poemas e lança o livro novamente.

    Baudelaire também escreveu magníficos poemas em prosa além de críticas e sobre a teoria literária. Os chamados “poetas malditos”, Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé, sofreram enorme influência de Baudelaire. São os herdeiros franceses do poeta em mais de um sentido, constituindo o momento áureo do século XIX que rivaliza com o classicismo francês, da época de Molière, Racine e La Fontaine. Os modernos, porém, tem a vantagem de falar mais de perto conosco e com uma sensibilidade que ainda hoje nos identifica.

    Baudelaire é lido, comentado e influencia escritores até os dias de hoje. Devemos a Baudelaire também a difusão da obra de Edgar Allan Poe que já foi tema de nossa coluna. Baudelaire traduziu e comentou as obras do escritor americano.

     Nesta semana lembramos, claro que no dia 07 de abril é o dia mundial da saúde. Gostaria de encerra a coluna desejando muita saúde a todos os ouvintes, familiares, e a todas as pessoas do mundo neste momento de pandemia que passamos. Com muita fé, força, coragem e foco vamos vencer e, logo, logo, poderemos nos reunir para contar as histórias que vimos em filmes ou lemos em livros.

  • José de Anchieta
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    Nesta semana de março nós lembramos os nascimentos ilustres do escritor e sociólogo pernambucano, Gilberto Freire, os poetas Mallarmé e Ovídio, o escritor Henrik Ibsen, o grande músico Johann Sebastian Bach e o filósofo Slavoj Žižek

    Mas nossa coluna tem o prazer de homenagear outro ilustre nascido Nesta Semana de março, o padre, missionário, escritor e Santo católico, José de Anchieta 

    São José de Anchieta nasceu dia 19 de março de 1534, há 418 anos na ilha de Tenerife, em San Cristóbal de La Laguna, nas ilhas Canárias, na Espanha e morreu dia 9 de junho de 1597, aos 63 anos, em Iriritiba, estado do Brasil sob o império Português.

    Anchieta ingressou aos 17 anos na Companhia de Jesus, congregação religiosa fundada no século 16 e responsável pelo processo de evangelização na América Latina.

    Foi Beatificado em 1980 pelo papa João Paulo II e canonizado em 2014 pelo papa Francisco, é conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país. Em abril de 2015 foi declarado copadroeiro do Brasil pela CNBB

    Foi o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias. Foi o autor da primeira gramática da língua tupi, e um dos primeiros autores da literatura brasileira, para a qual compôs inúmeras peças teatrais e poemas de teor religioso e uma epopéia

    É o patrono da cadeira de número um da Academia Brasileira de Música.

    José de Anchieta chegou ao Brasil com 19 anos, ansioso para trabalhar com indígenas. Em 1554, participou da fundação de São Paulo.

    Aprendeu a língua nativa (o tupi) e, com a ajuda de curumins (crianças índias) que exerciam o papel de tradutores, escreveu o livro "Arte de grammatica da lingoa mais usada na costa do Brasil", que ajudava outros religiosos a entender a língua indígena durante o processo de catequização do Brasil-Colônia

    Ao longo da vida, Anchieta ficou conhecido por sua característica de conciliador. Exerceu papel fundamental durante o conflito entre índios tamoios (ou tupinambás) e tupiniquins, chamado de Confederação dos Tamoios em meados do século XVI 

    Na época, os tamoios, apoiados pelos franceses, se rebelaram contra os tupiniquins, que recebiam suporte dos portugueses. Para apaziguar os ânimos, Anchieta se ofereceu para ficar de refém dos tamoios na aldeia de Iperoig (onde atualmente fica Ubatuba, no litoral norte de SP), enquanto outro jesuíta, o padre Manoel da Nóbrega, seguiu para o litoral paulista para negociar a paz.

    Enquanto esteve "preso", a devoção de Anchieta à Virgem Maria o fez escrever na areia da praia a obra "Poema à Virgem", com quase 5 mil versos.

    Em 1565, entrou com Estácio de Sá na baía de Guanabara, onde estabeleceram os fundamentos do que viria a ser a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Dali, Anchieta seguiu para Salvador, onde foi ordenado sacerdote. Por ocasião dessa viagem, novamente pisou em terras capixabas. Em 1567, voltou para o Rio e para São Vicente. Nessa última, permaneceu dez anos, quando foi nomeado provincial (supervisor) dos jesuítas no Brasil.Em 1585, fundou a aldeia de Guaraparim (hoje Guarapari), no Espírito Santo. Morreu aos 63 anos em Reritiba, atual Anchieta. Os índios levaram seu corpo numa viagem de 80 quilômetros até Vitória, onde foi sepultado.

    Entre suas obras, destacam-se, destacam-se as Poesias redigidas em português, castelhano, latim e tupi. 

    Os poemas envolvem tanto temas religiosos como sociais e humanitários, advindos da experiência de décadas com a população indígena. Entre esses escritos, o mais célebre é o Beata Virgine, poema dedicado à Virgem. 

    Em 1954, na comemoração do IV centenário da cidade, os poemas de Anchieta são traduzidos e transcritos pela pesquisadora Maria de Lourdes de Paula Martins, sendo posteriormente editados e publicados. 

    Além das poesias, destaca-se também a obra em prosa, presente nas Cartas Jesuíticas.(As famosas cartas de José de Anchieta)

    José de Anchieta passou à História da Colônia como exemplo de vida espiritual notável, dadas as condições adversas em que foram exercidas, destacando-se pelo zelo religioso e a sensibilidade humana

    José de Anchieta, ouvintes, é, sem dúvida, aquele de maior e melhor produção  literária do chamado quinhentismo brasileiro. Merece ser reconhecido, louvado e lembrado por todos.

  • TEMA: Mulheres escritoras
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    Aproveitando a semana da mulher a coluna abordará as escritoras mulheres e tudo o que elas tiveram de vencer para se tornar a referência que são.

    A literatura é um espaço majoritariamente masculino e, obviamente, isso não acontece por que os homens tenham mais capacidade, repertório e melhores histórias para escrever do que as mulheres. 

    Por muito tempo, o impacto de pressões socioculturais decretava que as mulheres se dedicassem exclusivamente ao lar. Portanto, uma mulher que ousasse ter uma atividade intelectual estava cometendo uma séria transgressão

    Até o começo do século XX, por exemplo, as que se atrevessem a publicar livros usando seus próprios nomes eram severamente criticadas, pois estavam extrapolando o papel a elas designado.

    Mesmo assim, elas estiveram presente, agregando valor ao mundo da literatura, desde muito tempo. 

    Conta-se que, provavelmente, o primeiro romance do qual se tem notícia foi escrito por uma mulher: Murasaki Shikibu, uma japonesa da classe nobre, que escreveu no ano 1007 um livro chamado “A História de Genji”.

    Em uma triste comparação, podemos falar de Emily Brontë, que lançou o clássico_ O Morro dos Ventos Uivantes_ em 1847, e de J.K. Rowling, que lançou o primeiro livro da série _Harry Potter_ em 1997. Com 150 anos que separam a publicação dos dois livros, as duas escritoras inglesas usaram pseudônimos masculinos para suas obras. Brontë assinava como Ellis Bell, pois na época mulheres não podiam ser escritoras e Joanne Rowling?(o K é uma homenagem a sua avó, Kathleen?), um século e meio depois, foi aconselhada por seus editores a adotar a abreviação “J. K.” por acreditarem que o público não leria o livro se soubesse que havia sido escrito por uma mulher.

    No entanto, assim como em todas as outras esferas sociais, na literatura as mulheres também ocupam seu espaço cada vez mais. 

    Escritoras como Mary Shelley, Virginia Woolf, Agatha Christie, Simone de Beauvoir e Florbela Espanca abriram passagem para que, no mundo, outras também pudessem disseminar seus anseios e vivências através dos livros.

    No Brasil, as mulheres vêm conquistando, com muita luta, seu posto em muitos setores da sociedade, entre eles a literatura. 

    Nísia Floresta Brasileira Augusta, nascida no Rio Grande do Norte, foi uma das primeiras mulheres a romper o espaço particular dos homens na Literatura e publicou textos em jornais. Seu livro, “Direitos das mulheres e injustiça dos homens” (1932), é o primeiro a tratar dos direitos das mulheres à instrução e ao trabalho no Brasil. 

    Outras escritoras também desafiaram o mundo literário brasileiro, como Ana Eurídice Eufrosina Barandas, considerada a primeira cronista do país; Raquel de Queiroz, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras; Clarice Lispector, uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX; e Nélida Pinon, primeira mulher a ser Presidente da Academia Brasileira de Letras.

    É claro que ainda estamos longe do ideal, mas é notório que novas escritoras a cada dia conquistam mais espaço no mercado editorial. 

    E nesse cenário, felizmente, ganhamos todos. Afinal, o que seria de nós, leitores, sem as obras que tratam das mais diversas e complexas questões da vida sem o olhar sensível, detalhista e perspicaz da mulher?

    existem muitas escritoras que ganharam (e continuam ganhando) destaque na literatura mundial, como Jane Austen,  Virginia Woolf, J. K. Rowling, Agatha Christie, Hilda Hist, Stephenie Meyer, Suzanne Collins, Gillian Flynn, Veronica Roth, Cassandra Clare, Cornelia Funk, Cressida Cowell, entre outras.

    Que tal celebrar a semana da mulher lendo um livro escrito por uma?

  • TEMA: Tomás de Aquino, o homem que tornou-se santo por conta das letras
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    O tema de nossa semana é um um homem que, apenas escrevendo, foi o mais influente pensador e teólogo da idade média, tanta influência ele teve que foi considerado santo pela Igreja Católica. Até hoje é muito estudado, copiado e lido. Vamos falar de Tomás de Aquino.

    Tomás de Aquino nasceu em 1225, em Aquino, uma comuna italiana, no Castelo de Roccasecca e faleceu dia 7 de março de 1274, há, portanto, 746 anos. Teve uma influente e apropriada educação. Estudou na abadia de Roccasecca, no Mosteiro da Ordem de São Bento de Cassino. Mais tarde, ingressou na Universidade de Nápoles, na Cátedra “Artes Liberais”.

    Com apenas 19 anos, em 1244, abandona o curso e decide seguir sua vocação religiosa tornando-se dominicano, ao ingressar na Ordem dos Dominicanos, no convento Saint Jacques, em Paris. Entretanto, foi na cidade de Colônia, na Alemanha, que Aquino escreve suas primeiras obras, sendo discípulo do bispo, filósofo e teólogo alemão Santo Alberto Magno (1206 d.C-1280 d.C.), conhecido como Alberto, o grande. Mais tarde, em 1252, Tomás de Aquino retorna à Paris onde se gradua em Teologia e segue a carreira de professor. Ministrou aulas em Roma, Nápoles e outras cidades da Itália.

    Ele foi o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do tomismo. Sua influência no pensamento ocidental é gigantesca e muito da filosofia moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria política.

    O pensamento de Tomás de Aquino reabilita a filosofia de Aristóteles, até então vista sob suspeita pela Igreja Católica. Ele mostrou ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo tomista abriu caminho para o estudo da obra do filósofo grego  e para a legitimação do interesse pelas ciências naturais, um dos principais motivos do interesse por Aristóteles nesse período.

    Ficou conhecido como Doutor Angélico, cujo trabalho de vida esteve dedicado a fé, a esperança e a caridade constituindo assim, um pregador cristão da razão e da prudência. Foi um dos defensores da Escolástica, método dialético que pretendia unir a fé a razão em prol do crescimento humano. Uma de suas maiores obras, Summa Theologica, é o maior exemplo da Escolástica, na qual apresenta relações entre a ciência, razão, filosofia, fé e teologia.

    Ele escreveu mais de 60 obras. As obras principais de Tomás são a "Suma Teológica" (em latim: Summa Theologiae) e a "Suma contra os Gentios" (Summa contra Gentiles). Seus comentários sobre as Escrituras e sobre Aristóteles também são parte importante de seu corpus literário. Além disso, Tomás se distingue por seus hinos eucarísticos, que ainda hoje fazem parte da liturgia da Igreja. 

    Tomás é venerado como santo pela Igreja Católica e é tido como o professor modelo para os que estudam para o sacerdócio por ter atingido a expressão máxima tanto da razão natural quanto da teologia especulativa. Até hoje as suas 5 provas da existência de Deus são conhecidas e debatidas. Tomás de Aquino ainda hoje é estudado e é o cerne do programa de estudos obrigatórios para os que buscam ordenações na Igreja Católica e também em teologia, filosofia, história e direito canônico.

    Tomás de Aquino é a prova de que a escrita e os livros são altamente influentes em nosso mundo. Seja influente você também. Leia livros.

  • Victor Hugo, o mais famoso poeta e prosador do romantismo francês.
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    O personagem que vamos homenagear essa semana é um dos maiores escritores franceses, um homem que, como poucos, nasceu e viveu intensamente o século XIX. Vamos falar do grande escritor e poeta, Victor Hugo.

    Victor-Marie Hugo nasceu dia 26 de fevereiro de 1802, há 218 anos, portanto, na comuna de Besançon, na França. Foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta e político francês. Gozou de grande prestígio durante sua vida e marcou profundamente os acontecimentos do século XIX de seu país (e, por consequência, de todo o mundo). É o autor de “Os miseráveis” e Notre-Dame de Paris (mais conhecida como o Corcunda de Notre-Dame) entre diversas outras obras de renome mundial.

    A infância de Victor Hugo foi marcada pelo governo de Napoleão Bonaparte, imperador da França. Ele teve uma educação materna que lhe guinou para uma visão católica e monarquista de mundo, porém, seu ponto de vista mudou após a Revolução de 1848, período em que passou a ser militante do republicanismo e do livre pensamento.

    Seu pai era militar e, por conta disso, o escritor viveu em várias cidades francesas. Em 1815, ainda adolescente, o escritor se estabeleceu em Paris com objetivo de se dedicar à literatura. Foi assim que, aos 16 anos de idade, ganhou um prêmio da Academia Francesa pelo prelúdio de seu primeiro grande livro, Odes e Poesias Diversas (1822).

    Em 1819 fundou, com os seus irmãos, uma revista, o "Conservateur Littéraire" (Conservador Literário) e no mesmo ano ganhou o concurso da Académie des Jeux Floraux, instituição literária francesa fundada no século 14. Aos 20 anos publicou o já citado, "Odes e Poesias Diversas", mas foi o prefácio de sua peça teatral "Cromwell" que o projetou como líder do movimento romântico na França. Victor Hugo casou-se com Adèle Foucher e durante a vida teve diversas amantes, sendo a mais famosa Juliette Drouet, atriz sem talento, a quem ele escreveu numerosos poemas.

    O período 1829-1843 foi o mais produtivo da carreira do escritor. Seu grande romance histórico, "Notre Dame de Paris" - mundialmente conhecido como "O Corcunda de Notre Dame" - (1831), o conduziu à nomeação de membro da Academia Francesa, em 1841.

    A partir de 1849, Victor Hugo dedicou sua obra à política, à religião e à filosofia humana e social. Em 1870 Hugo retornou a França e reatou sua carreira política. Foi eleito primeiro para a Assembleia Nacional, e mais tarde para o Senado. 

    Na escrita, Victor Hugo sofre grande influência de Chateubriand. Seu estilo abordava temas políticos e sociais, com muita criatividade e imaginação com posições progressistas e reformistas, se tornando, assim, o mais famoso poeta e prosador do Romantismo francês tendo inspirado muitos escritores brasileiros, principalmente o poeta Castro Alves, Gonçalves Dias, José de Alencar além de Machado de Assis que traduziu para o português, o romance “os trabalhadores do mar”.

    De suas muitas obras, destaco, principalmente, claro, “Os miseráveis”, “O corcunda de Notre-Dame” e “Os trabalhadores do mar”, de preferencia em edições modernas, com notas, explicações e contexto bem detalhado. Há diversos filmes, musicais, séries, minisséries e peças de teatro baseadas na obra do grande escritor. Recomendo as animações, O corcunda de Notre Dame, da Disney, além de “Os miseráveis”, o musical de 2012, a minissérie de  2000 com Gerárd Depardieu no elenco e O filme de 1978 com Anthony Perkins como Javert e, claro, a melhor versão, a de 1998 com Liam Neeson como Jean Valjean.

    Victor Hugo faleceu em Paris, no dia 22 de maio de 1885. Em seu testamento deixa cinquenta mil francos aos pobres e pede preces de todas as almas. Foi sepultado em 1º de junho no Panteão, o monumento fúnebre dos heróis nacionais.

  • Giordano Bruno e os livros e pensamentos proibidos
    ====================================Esta semana a coluna lembra de um episódio que teve profundas influencias na história, tanto da ciência, quanto da construção do que hoje chamamos de modernidade.No dia 17 de fevereiro de 1600, ou seja, há exatos, 420 anos, era queimado vivo o filósofo, Giordano Bruno, no campo de Fiori ou campo das Flores, em Roma. É sobre a vida de Bruno e sobre as implicações deste evento na ciência, na cultura e na história que iremos falar esta semana.Aqueles que detiveram, durante breves instantes, o poder, durante a história da humanidade já sabiam da força que livros e as ideias que os livros carregam podem ter nas pessoas, por isso, tantas e tantas sociedades antigas proibiam ou o acesso aos livros ou o acesso à alfabetização da população. A Igreja católica apostólica romana, instituição milenar que possuía muito poder durante a idade média, publicou, por exemplo, em 1559, o Index Librorum Prohibitorum, ou “índice de livros proibidos”, uma lista de publicações consideradas heréticas, anticlericais ou lascivas e, portanto, proibidas pela Igreja. O personagem que homenageamos esta semana teve livros seus nesta lista durante muitos séculos. Nesta lista também estiveram, Galileu Galilei, Maquiavel, Espinosa, Pascal, Hobbes, Descartes, Kant, Alexandre Dumas, Voltaire, Victor Hugo, Flaubert, Balzac, Sartre entre muitos outros autores e escritores. O índice só foi abolido em 1966 pelo Papa Paulo VI. Durou, portanto, 407 anos.Mas, Giordano Bruno, como dissemos, não teve apenas seus livros e obras no índice de livros proibidos. Ele ardeu nas chamas da Inquisição tendo sido queimado vivo. Iordanus Brunus Nolanus, nascido Fillipo Bruno, veio ao mundo em Nola, Reino de Nápoles, em 1548. Ele foi teólogo, filósofo, escritor, matemático, poeta, cosmólogo, ocultista e frade dominicano italiano.Tinha uma natureza eminentemente rebelde, mas, infelizmente, não existia liberdade de pensamento naquela época, na Itália, mas Bruno, com toda mente irrequieta desejava, antes de tudo, conhecer profundamente as coisas e a criação divina. Ele ousou, então, LER os livros banidos pela igreja e isso, pode-se dizer, foi a sua ruína. Um desses livros, de um autor morto há mais de 1500 anos, um romano, Lucrécio, lhe contou sobre um universo muito maior do que aquele que a Igreja lhe ensinava. Um universo, virtualmente, ilimitado. Tão ilimitado quanto a ideia que Giordano Bruno tinha de Deus. Ele foi uma mente brilhante, muito à frente de seu próprio tempo. É conhecido, principalmente, por suas ideias cosmológicas que estenderam o, àquela época, novo modelo copernicano. Ele propôs que as estrelas fossem sóis distantes cercados por seus próprios planetas e levantou a possibilidade de vida nesses planetas, uma posição filosófica conhecida como pluralismo cósmico. Ele também insistiu que o universo é infinito e não poderia ter "centro”.Bruno foi, então, julgado e condenado por heresia pela inquisição, acusado de negar várias doutrinas católicas essenciais. A Inquisição o considerou culpado e ele foi, como dissemos, queimado na fogueira no Campo de' Fiori, em Roma, em 1600. Após sua morte, ganhou fama considerável, sendo particularmente comemorado por comentaristas do século XIX e início do século XX que o consideravam mártir de ciência, embora, principalmente, suas ideias filosóficas e religiosas tenham levado à sua condenação.Giordano Bruno escreveu mais de 35 obras. Sobre ele, muitos outros livros, séries e filmes foram realizados. Eu recomendo o livro O papa e o herege: Giordano Bruno, a verdadeira história do homem que desafiou a Inquisição de Mchael White. E tb que o ouvinte pesquise por livros e obras a respeito da vida e da obra de Giordano Bruno, entre as quais, a série de TV Cosmos, facilmente encontrada em serviços de streaming. A mensagem da semana, ouvintes é que Livro traz conhecimento, e conhecimento é poder. Ganhe esse poder. Leia livros!

  • Charles Darwin e um dos livros mais famosos de todos os tempos
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    Esta semana a coluna lembra, o aniversário de Bertolt Brecht, dia 10 e no dia 11 de fevereiro os 98 anos do início da semana de arte moderna em 1922 no Brasil que é o marco inicial do modernismo no Brasil, e, no mesmo dia, os aniversários de Sidney Sheldon e Thomas Edison; o aniversário de Abraham Lincoln, dia 12; e Thomas Malthus dia 14 e de Galileu Galilei dia 15.

    Mas a coluna universo literário homenageia aquele que escreveu, provavelmente, o livro mais importante da história da ciência e um dos livros mais revolucionários de todos os tempos. Fala-se sempre do poder que tem os livros. Neste caso, este poder é um fato. Vamos falar esta semana do aniversário de nascimento de Charles Darwin.

    Charles Robert Darwin nasceu dia 12 de fevereiro de 1809, há 211 anos, portanto. Nasceu em Shrewsbury na Inglaterra em uma família abastada, tradicional e religiosa. Teve três irmãs e um irmão. Sua mãe faleceu quando ele estava com apenas oito anos de idade. Desde pequeno mostrou-se interessado pela natureza e por todos os fenômenos que nela ocorriam. Sempre foi um grande colecionador, e, durante a infância, aprendeu a pescar e caçar.

    Cursou medicina com apenas 16 anos abandonando o curso logo depois. Foi enviado pelo pai para a Universidade de Cambridge, a fim de cursar bacharelado em Artes e tornar-se clérigo da Igreja anglicana. Após conhecer John Stevens Henslow, um naturalista e por influência deste foi enviado para participar da tripulação do HMS (Her Majesty Ship) Beagle, um navio que faria uma grande viagem passando por várias regiões do mundo.

    Nesta viagem de quase cinco anos ele fez muitas observações biológicas além de coletar fósseis e fazer observações geológicas. Quando Darwin voltou para a Inglaterra após sua viagem a bordo do Beagle, ele havia compreendido que as espécies sofriam mudanças no decorrer do tempo. Entretanto não publicou de imediato suas percepções, principalmente por questões religiosas.

    A obra principal de Darwin, conhecida como A origem das espécies por meio da seleção natural, foi publicada um ano depois, em 1859. Mais tarde foi renomeada com seu título mais conhecido: A origem das espécies. O livro foi um sucesso de vendas, entretanto, a teoria não foi bem aceita, principalmente pelos religiosos. Nele Darwin explica minuciosamente e com exatidão de detalhes o processo (àquela época ainda desconhecido) que convencionou-se chamar de evolução das espécies.

    Evolução: A evolução é um processo bem simples. Se um organismo, uma molécula, até empresas ou ideias usam recursos limitados para se manter e se replicar as suas cópias vão competir pelos recursos. E basta uma pequena variação entre as cópias para uma delas ter mais ou menos chances de captar os recursos e se reproduzir. A reprodução diferencial. 

    Aí aqueles que se reproduzirem mais serão selecionados. Competição e reprodução com diferenciaçao. É só isso acontecer que a evolução toma conta do resto. Sem a evolução a biologia seria uma coleção de figurinhas. Uma série de medidas, fatos, seres vivos e fenômenos estudados sem nenhuma ligação. Com a evolução os fatos da biologia ganham uma história, uma narrativa que explica as contradições,  ilumina nosso passado e o nosso caminho futuro.

    Charles Darwin morreu em 19 abril de 1882, provavelmente em decorrência de um ataque cardíaco. Apesar de suas ideias terem sido radicalmente criticadas pela Igreja, ele foi enterrado na abadia de Westminster, próximo a Isaac Newton.

    O livro a origem das espécies é uma das maiores provas que os livros mudam as pessoas e estas mudam o mundo. Até hoje é um livro que incita debates e gera polêmica. Vamos começar a mudar o mundo também. Leia livros.

  • Júlio Verne e as viagens extraordinárias
    ====================================Na semana em que celebramos os aniversários de nascimento de James Joyce (dia 02 de fevereiro), Regina Duarte (05), Padre Antonio Vieira, Bob Marley e Jair Rodrigues (06), Charles Dickens, Hector Babenco e Pepeu Gomes (07) e James Dean e Marina Silva dia 08.Mas, a coluna tem a honra de homenagear o autor francês, escritor de quase uma centena de livros, um dos pais da ficção científica e que antecipou conquistas tecnológicas em histórias universais de aventura e suspense. Um dos meus autores preferidos, o escritor, Júlio Verne.Jules Gabriel Verne, conhecido popularmente como Júlio Verne foi um importante escritor francês do século XIX. Nasceu na cidade de Nantes em 8 de fevereiro de 1828 e faleceu em 24 de março de 1905 na cidade de Amiens (França). Ganhou grande destaque no cenário literário internacional através de seus livros de aventuras que fizeram e ainda fazem muito sucesso. Era neto de um grande viajante e alfabetizou-se com a viúva de um capitão marítimo. Posteriormente, estudou Humanidades em sua cidade natal e Direito em Paris.Inicia sua carreira literária logo após a desilusão de seu pai com a carreira de advogado. A partir de então, tornou-se um dos autores mais lidos do planeta. Seu primeiro romance, Cinco semanas em um balão (1863), fala sobre uma viagem em um balão de hidrogênio sobre o território africano. Júlio Verne mostrou, nesta obra, importantes aspectos geográficos, culturais e até mesmo sobre a vida animal da África. As informações contidas no livro, e que muitos julgavam ser fictícias, vieram das pesquisas feitas por Júlio Verne e também se sua rica imaginação. Com esta obra, Júlio Verne passou a ser famoso, além de ganhar um bom dinheiro que lhe garantiu estabilidade financeira para escrever outros livros.O sucesso imediato do livro trouxe um contrato para que Verne escrevesse três romances por ano. Começou assim a série Viagens Extraordinárias. O estilo literário de Júlio Verne fez um grande sucesso na segunda metade do século XIX, pois a literatura se expandia e a vontade em conhecer lugares exóticos era muito grande. Sua obra é marcada por doses de ficção científica, aventuras em locais extraordinários e aspectos culturais de povos e pessoas reais e imaginárias. Em seus romances e contos, previu maravilhas como a televisão, os aviões, as viagens espaciais e os submarinos modernos.Os mais famosos romances de aventura de Verne são provavelmente Vinte mil léguas submarinas (1870) e A volta ao mundo em oitenta dias (1873). Vinte mil léguas submarinas conta a história do capitão Nemo, um viajante misterioso que comanda um impressionante submarino. A volta ao mundo em oitenta dias é a história de Phileas Fogg, um cavalheiro inglês que faz uma viagem muito rápida (para aquela época) com a finalidade de vencer uma aposta. Outra das obras mais famosas de Verne é Viagem ao centro da Terra, em que um jovem alemão acompanha seu tio geólogo em uma jornada impossível, em busca do núcleo do nosso planeta.Inúmeros filmes foram feitos baseados na sua obra, inclusive o PRIMEIRO filme da história, Viagem à Lua de 1902 de Georges Méliès. Do conjunto das obras de Júlio Verne, trinta e três foram levadas ao cinema, dando lugar a um total de noventa e cinco filmes, sem contar com as adaptações para séries de televisão.A atualidade de suas obras, tal como sua popularidade, mantém-se intactas, sendo um dos autores mais conhecidos e apreciados da História da Literatura. Eu recomendo, do autor, as obras, “A volta ao mundo em oitenta dias”, “Vinte mil léguas submarinas”, “Viagem ao centro da terra”, “Da terra à Lua”, “Os conquistadores” e “a Ilha misteriosa” indicado a todos os públicos. Ler Verne é empreender uma viagem extraordinária com muita diversão e aventuras.

  • Lewis Carrol e um livro de maravilhas====================================

    Esta semana a coluna lembra, dia 27 de janeiro o nascimento do compositor Mozart, do pintor Jackson Pollock dia 28 e Tchecov dia 29, mas a coluna tem a alegria de homenagear o nascimento, dia 27 de janeiro de 1832, do autor de um dos livros infantis mais lidos, comentados, conhecidos e elogiados de todos os tempos, o inglês Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas.

    Lewis Carrol é o pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson,  nasceu em Daresbury, há 188 anos e faleceu em Guildford em 14 de janeiro de 1898. Ele foi um escritor, poeta, fotógrafo, desenhista, matemático e reverendo anglicano britânico. Uma curiosidade é que ele era matemático de profissão, professor em Oxford e usava o pseudônimo Lewis Carroll para assinar seus livros infantis que ele escrevia como passatempo e por gostar de crianças. Carroll foi, também um dos precursores da poesia de vanguarda.

     Os interesses múltiplos de Carroll incluíam a lógica, a matemática, a poesia, a narrativa ficcional e a fotografia, da qual se tornou um mestre. Como fotógrafo amador destacou-se, sobretudo nas fotos de meninas.

    Uma das modelos de suas fotografias foi Alice Liddell, filha de um amigo, o deão da Christ Church, Henry George Liddell, e que se tornou a heroína de sua obra mais famosa. “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas” (1865), que foi um êxito de vendas e recebeu elogios da crítica. Eu acho este livro um dos melhores livros que já li e recomendo fortemente para todos os leitores, adultos ou crianças. Supostamente o livro é destinado ao público infantil, mas contém tantas charadas, enigmas, matemáticos, signos e a sátira é tão fantástica e atemporal que serve perfeitamente para adultos.

    A história é amplamente conhecida, Alice, uma garota de 7 anos, cochilando às margens do rio Isis, vê o coelho branco de colete consultando nervosamente o relógio e decide segui-lo para debaixo da terra. Ao ir atrás do pontual coelho ela se depara com uma série de situações estranhas e absurdas. Ao bebericar poções e morder cogumelos, cresce e encolhe, do tamanho de um camundongo ao tamanho de uma casa, ou seu pescoço estica como uma cobra. 

    Encontra em sua viagem insólita personagens já conhecidos e entranhados em nosso imaginário, como o Rato, saltando na “Lagoa de lágrimas”; a Lagarta fumando seu narguilé; o gato risonho cujo sorriso desaparece; O chapeleiro maluco e a lebre de março bebendo chá e enfiando dormidongo em um bule; a assassina rainha de copas que joga com flamingos como tacos, a triste tartaruga falsa e a cena, insólita, de um julgamento em que ela não sabe do que se trata e ninguém sabe nada sobre o crime.

    Sempre ingênua, Alice tenta enfrentar a loucura com lógica, em uma história que cutuca, de leve, o puritanismo insensível da criação de filhos burgueses na época vitoriana britânica. Um livro absolutamente seminal e importante que, reitero, deve ser lido por todos.

    As influências do livro são enormes, indo de peças de teatro, obras de arte, filmes, desenhos, animações, quadrinhos entre muitas outras áreas. Matrix, por exemplo, filme de 1999 é somente um das muitas obras que referenciam direta ou indiretamente a obra de Carroll.

    Lewis Carroll escreveu Alice através do espelho, publicou também "Um Programa para um Plano de Geometria Aplicada", "Euclides e seus Rivais Modernos" e "Matemática Curiosa", todos com seu nome verdadeiro. Sob o pseudônimo, pelo qual ficou conhecido, ele publicou também, "Dinâmica de uma Partícula", "Parques Desertos" e "Belfry". Escreveu as poesias "O Caçador de Serpentes" e "Fantasmagoria”.

    Recomendo o livro Alice no país das maravilhas na edição com as ilustrações originais de Tenniel. E, para finalizar, uma dica, do gato para Alice. Ela está perdida, não sabe qual caminho tomar em uma bifurcação. Pergunta ao gato qual caminho tomar. Ele a questiona, “para onde você quer ir”. Ela responde dizendo que não sabe. Ao que ele retruca: “para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. Saiba para onde ir. Comece seu caminho pelos livros.

  • Romances policiais====================================

    Esta semana, dia 19 de janeiro é o aniversário de nascimento de Edgar Allan Poe, nascido em 1809, em Boston, Massachussets, há 211 anos. Já falamos em uma oportunidade anterior sobre o escritor americano Poe, um dos meus escritores favoritos e um dos autores que fez eu me apaixonar pela literatura ainda na adolescência.

    Mas hoje, a coluna homenageia um gênero que, sendo praticamente um consenso entre a crítica, o escritor norte-americano inventou, o romance policial. Sabe-se que histórias de crime e perseguição datam da mais remota antiguidade e estão presentes nas Mil e Uma Noites, na Bíblia e na obra de autores como o francês Balzac entre outros. Mas foi Poe quem lançou as bases para o gênero tal como o conhecemos, estabelecendo regras e princípios “que ainda vigoram e que poucas inovações receberam”

    A atual milionária indústria dos romances policiais é filha de três contos de Poe publicados na imprensa americana entre os anos de 1841 e 1844. São eles: Os Crimes da Rua Morgue, O Mistério de Maria Roget e A Carta Furtada. 

    Nos três, aparece a figura do francês Auguste Dupin, personagem inspirado no Zadig de Voltaire que detém um saber imenso e se utiliza da teoria das probabilidades, criadas por Laplace, e da análise matemática – além de uma invejável capacidade de observação – para desvendar crimes aparentemente insolúveis.

    Dupin não é policial nem detetive particular (aliás, essa profissão nem era comum à época). É um diletante, um homem preocupado apenas com suas investigações filosóficas e científicas, que por acaso acaba auxiliando a polícia. Seu interlocutor é o narrador da história, um sujeito limitado intelectualmente e que serve de escada para os raciocínios brilhantes de Dupin. 

    Esse homem culto e refinado devota um profundo desprezo aos métodos tradicionais da polícia, os quais julga antiquados e ineficientes. Todas essas características foram copiadas em menor ou maior grau pelos seguidores de Poe. 

    Desde o investigador Lecoq, criado pelo francês Émile Gaboriau, o discípulo mais imediato do autor norte-americano, passando pelo Sherlock Holmes de Conan Doyle e o Hercule Poirot de Agatha Christie, até o Sam Spade de Dashiell Hammett e o Philipe Marlowe de Raymond Chandler, o perfil do detetive particular é o de um homem independente, dotado de uma inteligência superior. E que trabalha conforme as suas próprias regras, tal como Dupin.

    Este gênero, Duramente criticado e considerado por muitos estudiosos um produto subliterário, apresenta uma estrutura narrativa mais ou menos comum permeada por alguns elementos peculiares, como a presença de um crime, sua investigação, geralmente conduzida por um detetive, e a revelação catártica do criminoso. 

    É quase impossível citar para o leitor, romances policiais, dada sua infinidade tanto de autores quanto de histórias (além das centenas de filmes baseadas nesses livros). Eu recomendo, claro, iniciar pelos mestres, Edgar Allan Poe, Agatha Cristie, Arthur Conan Doyle, Raymond Chandler e, no Brasil, Rubem Fonseca.

    De Poe, indico dois livros, o “histórias extraordinárias” já citado na coluna sobre poe e o livro “contos de imaginação e mistério” (de preferencia em edição mais moderna), de Agatha Cristie, recomendo “O assassinato de Roger Ackroyd e Morte no Nilo, além de “E não sobrou nenhum”, anteriormente conhecido como “O caso dos dez negrinhas”, um relíquia que possuo com o título original. De Conan Doyle recomendo “O cão dos Baskersvilles”, “Um estudo em vermelho” e o “O escândalo da Boêmia”. Após essa iniciação o leitor pode seguir por Raymond Chandler, Sidney Sheldon, Luís Fernando Veríssimo (e seu personagem Ed Mort), Graham Greene e o brasileiro Rubem Fonseca.

  • Dom Quixote e a invenção do romance moderno
    ====================================Esta semana, lembramos os aniversários de nascimento de Molière  e Martin Luther King Jr. (15), Benjamin Franklim (17) e Montesquieu (18). Mas a coluna tem o prazer de homenagear os 415 anos da invenção do romance moderno como o conhecemos. Neste dia, em 1605, foi publicado, pela primeira vez, na Espanha, a obra seminal, El ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha, ou, como ficou conhecido, o livro, Dom Quixote de La Mancha.É um livro que tem uma influência tão grande na cultura universal, popular ou erudita, que falar de sua importância é o mesmo que exercitar o óbvio. É um dos livros mais importantes e populares de todos os tempos. Foi traduzido para mais de 50 línguas e dialetos e  pode ser lido gratuitamente em todos eles.Considerada a maior obra da literatura espanhola e o segundo livro mais lido da História, seu contributo para a cultura ocidental é incalculável. Dom Quixote é apontado como o primeiro romance moderno, tendo influenciado várias gerações de autores que se seguiramA obra narra as aventuras e desventuras de Dom Quixote, um homem de meia idade que resolveu se tornar cavaleiro andante depois de ler muitos romances de cavalaria. Providenciando cavalo e armadura, resolve lutar para provar seu amor por Dulcineia de Toboso, uma mulher imaginária. Consegue também um escudeiro, Sancho Pança, que resolve acompanhá-lo, acreditando que será recompensado.Quixote mistura fantasia e realidade, se comportando como se estivesse em um romance de cavalaria e transformando obstáculos banais (como moinhos de vento ou ovelhas) em gigantes e exércitos de inimigos. É derrotado e espancado inúmeras vezes, sendo batizado de "Cavaleiro da Triste Figura", mas sempre se recupera e insiste nos seus objetivos. Inspirado, portanto, nos romances de cavalaria que já estavam caindo em desuso e no idealismo que atravessava as artes e as letras, Dom Quixote é, ao mesmo tempo, uma sátira e uma homenagem. Mistura tragédia e comédia e combinando registros populares e eruditos de linguagem, esta é uma obra riquíssima. A sua estrutura contribui em larga medida para a sua complexidade, criando várias camadas narrativas que dialogam entre si.A obra teve diversos desdobramentos no rádio, televisão, cinema e teatro em todo o mundo. Um dos mais populares é o musical da Broadway O Homem de la Mancha, que no Brasil ganhou adaptação livre com roteiro de Miguel Falabella.O livro foi lançado em duas partes. A primeira em 1605, e a segunda, dez anos depois. Quando a primeira parte da sua obra-prima foi publicada, Cervantes tinha 58 anos e muita coisa mesmo pra contar. Como já falamos em outro episódio de nossa coluna, ele serviu o exército espanhol, teve a mão esquerda inutilizada em combate e, aos 28 anos, foi feito refém por piratas. Escravizado, tentou fugir sem sucesso, e só foi liberto cinco anos depois, quando o resgate foi pago. Ele ainda foi preso por dívidas. O autor é, portanto, tão interessante quanto sua riquíssima obra.Dom Quixote é fácil de ler e de se achar. Basta um rápida pesquisa nos mecanismos de busca da Internet para se deliciar com vídeos, músicas, pinturas, peças de teatro, desenhos, quadrinhos, gravuras, enfim, tudo que a arte já produziu tem ou teve o cavaleiro da triste figura como tema. É possível, claro, encontrar também os livros, tanto os originais (a versão em português tem mais de 1400 páginas) quanto versões resumidas por grandes autores da literatura. A dica, portanto, é conhecer, ler, ouvir, contar e recontar essa obra única que, essa semana, completa 415 anos e segue firme como uma das maiores e melhores histórias da literatura de todos os tempos!

  • TEMA: Umberto Eco====================================

    A primeira coluna do ano de 2020 homenageia um intelectual italiano de fama mundial. Autor de mais de 30 livros, entre ensaios, livros de filosofia, semiótica, linguística e romances que entraram na lista de best sellers internacionais. Homenageamos esta semana o autor Umberto Eco.

    Umberto Eco foi um escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano. Nasceu dia 05 de janeiro de 1932. Foi um dos grandes intelectuais da área da semiótica, um dos fundadores da semiótica moderna. Ensinou na universidade de Bolonha, em Yale, Columbia, Harvard, Collège de France e Universidade de Toronto. 

    Ao longo da década de 1960 Umberto Eco realizou diversos estudos sobre semiótica abordando as diversas interpretações que o ouvinte, leitor ou telespectador pode conseguir através de uma obra artística. Este estudo é uma das suas principais contribuições intelectuais, e recebeu o nome de “Obra Aberta”. Neste conceito, uma obra de arte pode ter diversas e múltiplas interpretações, todas igualmente válidas. 

    No ano de 1980 publicou o livro pelo qual seria mais conhecido, “O Nome da Rosa”. Este foi o seu primeiro romance e tornou-se um divisor de águas em sua carreira literária, pois com ele consagrou-se na literatura. O livro gerou uma grande repercussão, sendo adaptado para o cinema em 1986 pelo diretor Jean-Jacques Annaud (anú).

    O livro conta uma intrincada história de detetive que se passa em um mosteiro medieval italiano do século XIV. Uma série de crimes abala o recanto sagrado e um frade franciscano, William de Baskerville, detetive que se comporta como o famoso Sherlock Holmes, além da referência no nome do personagem, uma alusão a um livro de Holmes. O personagem principal é assessorado por seu discípulo, o noviço Adso de Melk.

    Umberto Eco empreende neste romance uma jornada fictícia rumo à Era Medieval vigente na Europa, uma metáfora do dogmatismo não só religioso, mas especialmente político, que rege não só a Itália, terra natal do autor, mas também uma vasta região do Planeta. Aqui ele debate abertamente as questões que subjazem sob crenças e ideologias contemporâneas, como as antigas contraposições entre o bem e o mal, o certo e o errado, vida e morte, elementos essenciais da doutrina cristã.

    Outra importante referência literária presente nesta obra é a biblioteca que atua como cenário das investigações de William de Baskerville, a qual parece ter sido inspirada pelo conto A Biblioteca de Babel, do escritor argentino Jorge Luis Borges além do próprio Borges, na figura do monge cego Jorge de Burgos.

    O livro vendeu milhões de exemplares, sendo, provavelmente o mais lido das décadas de 1980-1990. Após a adaptação cinematográfica o sucesso foi ainda maior. Umberto Eco escreveu ainda outros romances, além de O nome da Rosa, são eles: O pêndulo de Foucault (1988), A ilha do dia anterior (1994), Baudolino (2000), A misteriosa chama da rainha Loana (2004), O cemitério de Praga (2011) e O número Zero (2015).

    Eu tenho todos os romances de Eco e indico aqui, principalmente, o Nome da Rosa, O pêndulo de Foucault e O Número Zero, seu último livro. Além destes romances, recomendo também os ensaios Cinco escritos Morais, Entre a mentira e a ironia, Sobre a literatura e Não contem como fim do livro.

     Além destes textos escritos, recomendo, claro, o filme “O nome da Rosa” que é uma adaptação um pouco diferente do livro (sem as intrincadas teses filosóficas, teológicas e religiosas), mas igualmente interessante pela contextualização da época e a representação do imenso poder da Igreja Católica na Idade Média Europeia.

    Umberto Eco morreu de câncer no pâncreas em sua casa, em Milão, na noite de 19 de fevereiro de 2016.

  • Livros natalinos====================================O final de ano é uma época com muitas festas e confraternizações. Para os cristãos ocidentais o centro das festas e comemorações é o natal que, além de tudo, marca o período de férias escolares. Nada melhor, portanto, do que, durante a troca de presentes, ofertar ou receber um bom livro. Para aproveitar o clima de festejos e o espírito do natal, nas horas de descanso, claro, sempre é recomendável, também, ler um bom livro. A coluna separou, esta semana, 4 livros que se passam ou celebram esta época natalina. A maioria são contos curtos ou novelas, ideal para ler entre uma comemoração e outra.O primeiro livro é uma preciosidade do mundo das letras, o livro “Cartas do Papai Noel”, de J. R. R. Tolkien. Sempre em dezembro, os filhos de Tolkien recebiam misteriosos envelopes com um selo do Polo Norte. As cartas pareciam ter sido escritas pelo próprio Papai Noel, com sua letra trêmula e desenhos coloridos. O autor de O Senhor dos Anéis manteve essa surpresa para os filhos por 23 anos — entre 1920 e 1943 — e reuniu todas as cartas neste livro, talvez um dos menos conhecidos de toda a sua obra. O livro é recomendadíssimo, há uma versão em língua portuguesa, excelente, com ilustrações feitas pelo próprio autor. É um livro sensível, muito bem escrito e cheio de aventuras. Desde a primeira carta para o filho mais velho, em 1920, até a comovente última carta para a caçula, em 1943, o livro reúne todas as memoráveis cartas e desenhos que Tolkien fez para os filhos em uma edição que vale muito a pena ser lida, inclusive, em família.O segundo livro é “O natal de Poirot” de Agatha Cristie. Este livro é para aproveitar o natal em clima de suspense. Na Véspera de Natal, A reunião da família Lee é arruinada pelo barulho ensurdecedor de móveis sendo destroçados, seguido de um grito agudo e sofrido. No andar de cima, o prepotente e tirânico Simeon Lee está morto, numa poça de sangue, com a garganta degolada. Mas quando Hercule Poirot, que está no vilarejo para passar o Natal com um amigo, se oferece para ajudar, depara-se com uma atmosfera não de luto, mas de suspeitas mútuas entre os diversos parentes. Livro interessantíssimo para prender a atenção em um dos clássicos de Agatha Cristie.A terceira dica é Dia de folga de John Boyne. Em um conto breve e melancólico, o autor John Boyne (criador do best-seller O menino do pijama listrado) acompanha o dia de folga de um jovem soldado inglês e seus companheiros, que passam a véspera de Natal em uma das trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Enquanto relembra os natais da infância e o conforto do seu lar, ele vê e ouve as bombas alemãs caindo a sua volta. Em meio a um dos piores conflitos do século XX, o jovem irá vivenciar um espírito natalino muito diferente do que estava acostumado. Livro interessantíssimo para ver natal sobre uma perspectiva diferente.A quarta dica, é o meu preferido, o livro de natal definitivo, o clássico “Contos de Natal” de Charles Dickens. É um dos livros que mais renderam adaptações e releituras natalinas no cinema, rádio, teatro e versões de paródia. Publicada em 1843, a história acontece em meio ao frio e à neve da cidade de Londres, à véspera do Natal, todos preparam-se para a celebração do nascimento de Cristo. Apenas uma pessoa não parece feliz com o Natal: o velho Scrooge, homem de negócios sovina, ranzinza e solitário. Ele então é visitado por três fantasmas de seu próprio passado, presente e futuro, em uma incrível experiência que pode finalmente despertar-lhe alguma compaixão. O livro tem uma moral absolutamente tocante sobre o verdadeiro, assim chamado, espírito natalino. Recomendadíssimo.Há inúmeros outros livros sobre o natal. Estes são os que recomendo no curto espaço que dispomos. Além destes há, também inúmeros filmes sobre a época. Eu recomendo os que são baseados em livros, como O expresso polar com Tom Hanks, baseado em livro homônimo de Chris Van Allsburg. Os fantasmas de Scrooge, baseado no livro “contos de natal” de Dickens e “Deixe a neve cair” baseado na obra literária Let It Snow, de Maureen Johnson, John Green e Lauren Myracle.Bom, o natal é essa época de confraternização. Nada melhor, portanto, que seguir as dicas da coluna e acompanhar um bom livro, conto ou até mesmo, filme natalino. Feliz Natal a todos.

  • Jane Austen, a autora feminina mais lembrada por tod@s====================================Nesta semana, de 15 a 21 de dezembro lembramos o aniversário de Gustave Eiffel e Chico Mendes (15); Olavo Bilac e Jane Austen (16); Ludwig Van Beethoven, o papa Francisco e Érico Veríssimo (17), Spielberg e Keith Richards (18); Édith Piaf (19)e, finalmente, Benjamin Disraeli, Jane Fonda e Frank Zappa (21)Mas, nossa coluna homenageia, nesta semana, uma das mulheres mais importantes da história da literatura, a inglesa, Jane Austen. Não há autora feminina mais lembrada por todos do que a autora de Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito.Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, em Steventon, Hampshire, Inglaterra, sendo a sétima filha do reverendo George Austen, o pároco anglicano local, e de sua esposa Cassandra (cujo nome de solteira era Leigh). Era de uma família pertencente à nobreza agrária, sua situação e ambiente serviram de contexto para todas as suas obras posteriores.Desde a pré-adolescência, ela já mostrava inclinação e talento para a escrita, desenvolvendo contos, romances e peças que lia em voz alta e apresentava para a família toda.A habilidade de escrever personagens femininas complexas e de explorar os conflitos das relações de classe e gênero fizeram dela uma escritora à frente de seu tempo, publicando clássicos como Razão e Sensibilidade (1811), Mansfield Park (1814), Emma (1815), A Abadia de Northanger e Persuasão (ambos de 1818).A obra de Austen está isolada na literatura européia, porque à sua época o curso da evolução literária estava ainda determinado pelo romantismo.Muito objetiva a respeito do mundo em que viveu e dos personagens que criou, e excluído todo e qualquer subjetivismo através de uma severa disciplina classicista, a obra de Jane Austen revela profunda seriedade moral na crítica da vida, pouco lirismo e nenhuma paixão.Ao mesmo tempo, seus livros possuem um fino humorismo, tipicamente inglês. Seu espírito cômico se exercitou sobre paixões mais intelectualizadas, menos imediatas: orgulho, vaidade, ambição, contradições pessoais, preconceitos. Sempre com uma visão extremamente complexa da mulher e de seu papel na sociedade.Os romances de Austen surgiram no momento em que livros de aventura e exploração faziam sucesso. Em vez de abordar esses assuntos, ela escolheu esmiuçar intrigas familiares no universo rural e limitado de seus personagens.A temática de seus livros é de extrema densidade. Os enredos são baseados em histórias de amor e casamento, e incidentes da vida diária de personagens comuns, vivendo no pequeno meio social de província. Sua melhor qualidade não se manifesta no desenvolvimento da ação, mas na criação de caracteres, que se revelam apenas através dos diálogos, o que torna esse processo de autocaracterização eminentemente dramático.Ela tem uma escrita polida e a maneira lenta, vagarosa, de movimentar seus personagens, a maneira de deduzir desses personagens a trama e as complicações das histórias que criou, influenciaria, depois, a técnica de Henry James.A obra de Jane Austen é considerada clássica e alguns de seus livros encontram no panteão de grandes livros da literatura universal.Da autora, eu recomendo os livros, Razão e Sensibilidade,  Orgulho e Preconceito, Emma, Mansfield Park e A abadia de Northanger, todos clássicos de literatura inglesa. Recomendo sempre traduções e edições mais modernas. A escrita da autora é acessível e extremamente envolvente com fina ironia e inteligência. Há também inúmeras, dezenas de peças, séries, minisséries, novelas e filmes baseados na obra da autora. Destes, eu recomendo, Orgulho e Preconceito (as versões de 1940 e de 2005. A de 1940 é filmada com Laurence Olivier como Mr. Darcy e a de 2005 com Keira Knightley como Elizabeth). Recomendo também o filme Razão e Sensibilidade de 1995 com Emma Thompson na direção e no elenco, além de Kate Winslet no elenco. Para finalizar, mais dois filmes, A Abadia de Northanger (2007), com Felicity Jones e Amor e Inocência (2007) com Anne Hathaway, um filme para assistir ao lado da namorada ou do namorado.Ela morreu aos 41 anos, após desenvolver o que hoje se conhece como doença de Addison, em que há um déficit de produção, pelas glândulas suprarrenais, de certos hormônios. Sua obra e seu legado permanecem influenciando leitores e pessoas ao redor dos séculos.

  • Clarice Lispector====================================Dia 8 de dezembro: assassinato de John Lennon, nascimentos do pintor Diego Rivera, da poetisa Florbela Espanca e de Jim Morrison. Dia 10 é o aniversário de Ada Lovelace. Dia 11, Carlos Gardel e Noel Rosa. Dia 12, Flaubert, Frank Sinatra e Silvio Santos e, finalmente, Dia 13: Luís Gonzaga e Adélia Prado.Mas a grande homenageada nesta semana é uma mulher que também faz aniversário esta semana (inclusive aniversário de nascimento e de morte). Uma escritora que nasceu na Ucrânia, mas que tem valores e raízes totalmente fincadas no Brasil. Vamos falar sobre Clarice Lispector.Clarice Lispector, nascida Chaya Pinkhasovna Lispector, nasceu dia 10 de dezembro de 1920 em Tchetchelnik, na Ucrânia e faleceu dia 9 de dezembro de 1977 aos 56 anos. Clarice, como passou a se chamar quando imigrou para o Brasil, é autora de romances, contos e ensaios e é considerada uma das mais importantes escritoras do século XX.É filha de Pinkouss e de Mania Lispector. O casal já tinha duas outras meninas: Leia, de 9 anos, e Tania, de 5. O nascimento ocorre durante viagem de emigração da família em direção à América – os pais, judeus fugiam do antissemitismo daquela região européia.A família passou um breve período em Maceió, mas consolidou-se mesmo em Recife onde Clarice cresceu e onde, aos oito anos, perdeu a mãe (ela mesma sempre se declarou pernambucana). Aos quatorze anos de idade transferiu-se com o pai e as irmãs para o Rio de Janeiro, local em que a família se estabilizou e onde o seu pai viria a falecer, em 1940. Desde pequena, Clarice estudou várias línguas (português, francês, hebraico, inglês, iídiche) e teve aulas de piano. Era boa aluna na escola e gostava de escrever poemas. Sempre foi muito ligada à literatura tendo lido obras de gigantes como Herman Hesse, Julien Green e Dostoiévski além de Eça de Queirós, Machado de Assis José de Alencar, Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz.Em 1939, com 19 anos, ingressa na Escola de Direito da Universidade do Brasil e começa a dedicar-se totalmente à sua grande paixão: a literatura, logo se consagrando como escritora, jornalista, contista e ensaísta, tornando-se uma das figuras mais influentes da Literatura brasileira e do Modernismo, sendo considerada uma das principais influências da nova geração de escritores brasileiros. É incluída pela crítica especializada entre os principais autores brasileiros do século XX.Após a morte de seu pai, em 1940, Clarice começa sua carreira de jornalista. Nos anos seguintes, trabalha como redatora e repórter na Agência Nacional, no Correio da Manhã e no Diário da Noite.Em 1943, casa-se com o Diplomata Maury Gurgel Valente, com quem teve dois filhos. Seu primogênito, Pedro, foi diagnosticado com esquizofrenia. Seu segundo filho, Paulo, foi afilhado do escritor Érico Veríssimo.Devido à profissão de seu marido, Clarice viveu em muitos países do mundo, desde Itália, Inglaterra, Suíça e Estados Unidos. O relacionamento durou até 1959, e quando resolveram se separar, Clarice retornou ao Rio com seus filhos.Suas principais obras marcam cada período de sua carreira. Perto do Coração Selvagem foi seu livro de estreia, publicado quando Clarice tinha 24 anos de idade; Laços de Família, A Paixão segundo G.H., A Hora da Estrela e Um Sopro de Vida são seus últimos livros publicados. Sua obra está repleta de cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, reputando-se como uma de suas principais características a epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano. Eu recomendo todos os livros de Clarice, pois todos são acessíveis e trazem um pouco da escritora, com destaque, claro, para Perto do Coração Selvagem(1943),  A Hora da Estrela (1977), Laços de Família (1960), A paixão segundo G. H. (1964) e A descoberta do mundo (1984).