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João Fukunaga é presidente da Previ, o fundo de pensão dos trabalhadores do Banco do Brasil, uma das principais referências de governança corporativa no país. A carteira de ativos do fundo é de espetaculares R$ 300 bilhões, o que lhe permite ter assento hoje no conselho de algumas das principais empresas do país. A Previ integra consórcios que disputam leilões de privatização Brasil afora. Sua presença nos certames costuma ser vista como atestado de seriedade do processo. Pode-se fazer uma outra síntese: a entidade nascida da organização sindical, que não é estranha a uma visão progressista de mundo, é um exemplo de eficiência capitalista com olhar social.
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Hoje presidente nacional do PSDB, Marconi Perilo já foi deputado, senador e governador de Goiás por quatro mandatos. Era uma jovem estrela em ascensão ao tempo em que Sérgio Motta ainda dava as cartas no partido. Os tucanos foram protagonistas de momentos cruciais da história do Brasil, especialmente nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, que concorreram para consolidar o Plano Real e para fortalecer a democracia. Aí vieram a era petista, a Lava-Jato e o bolsonarismo, e parece, como escreveu o poeta, que todas as virtudes se negam à legenda. Não há dúvida de que estamos falando de um ente com um grande passado, mas terá algum futuro? Que lugar ocupa no espectro ideológico? Uma aliança com Lula é impossível?
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Eduardo Paes (PSD) se reelegeu prefeito do Rio com 60,47% dos votos válidos e, no berço político de Jair Bolsonaro, desmoralizou a tese, desde sempre furada, da polarização. Teve o apoio explícito do presidente Lula, mas também de boa parte de alguns dos nomes mais influentes de denominações evangélicas. Nomeado pelo eleitorado pela quarta vez, é evidente que é lembrado para disputar o governo do Estado daqui a dois anos, eleição que lhe foi tirada em 2018 por uma das patranhas sórdidas da Lava Jato. Será que ele quer? Lembram da gravação criminosa de uma conversa sua com Lula, em que falava de Maricá? Paes respondeu à história com música. Em parceria com Marquinhos de Oswaldo Cruz e Arlindo Cruz, surgiu um samba em homenagem à cidade: “Eu já rodei o mundo e posso afirmar/não existem mais estrelas no universo/do que no céu de Maricá (...)” A boa política pode vencer as hostes do ódio. Nem sempre com música, mas sempre com clareza. Imperdível.
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Ela trava a mais dura e incompreendida das batalhas no país e no mundo: a do falso consenso em segurança pública, que se tornou uma substância tóxica, que embota o pensamento. Se o encarceramento em massa parece a solução mais óbvia contra a violência, como quer a extrema-direita, os dados evidenciam precisamente o contrário: ele a estimula. Se a forma que conhecemos da restrição ao consumo de substâncias ilícitas se dá em nome do bem comum, o que se tem é um modelo gerador de exclusão e violência. Primeira mulher a comandar o sistema penitenciário do Rio, ainda na gestão Leonel Brizola, a socióloga Julita Lemgruber acostumou-se a desafiar a doxa. Você topa “dar um pega” em verdades inconvenientes? O único risco que se corre é o de aumentar a lucidez. Links com dados abordados na entrevista:Páginas de "Drogas, quanto custa proibir":https://drogasquantocustaproibir.com.br/https://www.instagram.com/p/C_go24DpAei/?igsh=Zmk1ZGx3eThuZWFhRelatórios do projeto:https://t.ly/qE7hrGráfico de Nutt: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(10)61462-6/fulltext
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“Reconversa” recebe a deputada Gleisi Hoffmann, que comanda o Partido dos Trabalhadores desde 2017, função de que se despedirá no ano que vem. Nenhum outro partido teve a morte anunciada tantas vezes, ainda que tenha vencido cinco das nove eleições diretas desde a redemocratização. Seu desempenho nas eleições municipais deste ano foi modesto, e, no entanto, o bate-boca instalou-se nos arraiais da direita e da extrema-direita para saber quem tentará destronar Lula em 2026. Conversamos com Gleisi sobre o futuro de um dos maiores partidos de esquerda do mundo, as mudanças por que passa o Brasil, as relações da agremiação com os pobres num país em que o chão da fábrica diminuiu consideravelmente de tamanho e, claro!, a Venezuela. Como não ver?
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A premiada historiadora e escritora Mary del Priore escreveu mais de 50 livros e tem muitos outros em mente. Ela já pertenceu à academia, dela se despediu e o fez, entende, num exercício de liberdade. Perscrutadora e pesquisadora de múltiplos interesses, escreveu, por exemplo, “Histórias da Gente Brasileira”, em quatro volumes; “Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil” e “Do Outro Lado - A História do Sobrenatural e do Espiritismo”. Que “gap” é esse? “Os valores da nossa geração estão sendo bombardeados”, diz Mary. “Iluminismo virou um palavrão; quando se fala em coletivo, em fazer alguma coisa em grupo, em um projeto que envolva a comunidade... Não! Hoje as pessoas vivem em suas pequenas bolhas, deletando-se e insultando-se. Isso que nós levávamos, essa aspiração de uma mudança de mundo... Nós fomos assim: nós tínhamos esse projeto”. Inquieta, Mary chega a uma conclusão perturbadora e instigante. Não dá para perder.
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Convidamos o líder de um dos mais influentes grupos de advogados do país, todos de perfil progressista, para algumas “meditações” — a que era chegado um seu homônimo — em “Reconversa”. Marco Aurélio, petista convicto de primeira hora, explica como uma turma que começou trocando impressões no WhatsApp se transformou numa referência na defesa das prerrogativas da profissão, como quer o nome, mas também num grupo de influência em defesa dos direitos fundamentais, que dialoga com os Três Poderes.
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Carlos Nobre é um dos maiores especialistas em clima do planeta. E é justamente esse planeta que está ameaçado. Não se trata de catastrofismo, “findomundismo” ou delírio conspiratório. Nobre explica como chegamos até aqui e qual poderia ser o ponto de não retorno. Então devemos sair por aí, como na música de Assis Valente, “beijando a boca de quem não devia”? Beijar na boca, claro!, pode, desde que haja consenso. O fato é que ainda há tempo de salvar a nossa velha morada com novas ideias, novos procedimentos e um novo entendimento do universo da produção e do trabalho. Uma reconversa deste mundo por um mundo melhor. Não dá para perder.
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Há dois ministérios no país caracterizados pela chamada “transversalidade” — isto é: seus pressupostos e fundamentos atravessam todas as pastas, com as quais têm de dialogar: um é o do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva, e o outro é justamente o da Ciência, Tecnologia e Inovação, sob a liderança de Luciana, formada em engenharia elétrica e também presidente nacional do PCdoB. Nesse papo no “Reconversa”, dadas as informações fornecidas pela ministra, a gente constata quão mal a imprensa brasileira cobre uma área vital para o país. Essa é uma entrevista que certamente terá o valor de uma descoberta para muita gente.
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Reconversa recebe o jurista, professor e pensador Lenio Streck, uma das vozes mais respeitadas do direito no Brasil. Autor de dezenas de livros, capaz de transitar com desenvoltura nos vários ramos de sua profissão, é no direito constitucional que atinge a posição de sumidade e é como estudioso da epistemologia jurídica que se faz leitura e referência obrigatórias. Lenio, como um bom mestre, é complexo sem ser hermético; é claro sem ser reducionista; é brilhante e, por isso mesmo, nunca pedante. Sua notável cultura literária, como vocês verão, não é só um adereço de sua retórica sempre combativa. É só mais uma expressão de sua generosidade intelectual. Imperdível.
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Uma conversa instigante com Nélio Machado, um dos maiores criminalistas do país. De cara, nós lhe fizemos uma pergunta: “Numa democracia, existe alguém que não merece defesa?” Que relação o advogado estabelece com o seu cliente? Nos dias de hoje, será que a sociedade entende o papel do defensor como um dos esteios do estado de direito e das garantias individuais? Onde não há pleno de direito de defesa, existe o quê? Nelio responde a essas questões com a notável experiência de um grande advogado e o destemor de um tribuno
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Luiz Carlos Bresser-Pereira já foi ministro da Fazenda (1987), da Administração Federal e Reforma do Estado (1995-1998) e da Ciência e Tecnologia (1999). Conciliou, ao longo da vida, a condição de homem de empresa —como um dos principais executivos do Grupo Pão de Açúcar — com uma sólida carreira acadêmica. Aos 90 anos, discorre sobre economia, em particular as teorias sobre o desenvolvimento, com um entusiasmo juvenil no que pode haver de mais elogioso na palavra: Bresser-Pereira é, efetivamente, uma intelectual militante, disposto ao debate e ao confronto de ideias. Neste ano, a editora Contracorrente lançou o livro “Novo Desenvolvimentismo”, que ambiciona a condição de uma nova teoria econômica. Neste “Reconversa”, ele diz por que, a seu juízo, os pressupostos do que se convencionou chamar de “neoliberalismo” estão fundamentalmente errados. Imperdível.
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A historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, uma das mais importantes estudiosas da questão racial no Brasil, acaba de lançar “Imagens da Branquitude – A Presença da Ausência”. Ela procede a uma leitura de representações visuais, que vão da pintura à publicidade, e mostra que, à diferença da negritude — um movimento de autoafirmação —, a branquitude é uma espécie de “autonegação”: opera a invisibilidade porque, afinal, é um lugar de poder. Deixa, no entanto, estampada a cultura da discriminação naquilo que produz. Acompanhe a conversa fascinante sobre seu mais recente livro, sobre sua vasta obra e sobre a formação do Brasil, com suas misérias e maravilhas.
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Márcio Macêdo, secretário-geral da Presidência, é o ministro que faz a interface entre o governo federal e a sociedade organizada. Ocorre que, nestes tempos, as pressões da, digamos, “sociedade desorganizada”, que está nas redes, se mostram mais fortes. Mundo afora, democracias que pareciam sólidas passaram ou têm passado por processos importantes de degeneração e desestabilização. Como o governo federal enxerga esse movimento? Qual a reação do presidente ao fato de que a avaliação que a população faz de sua gestão é incompatível com suas entregas na economia e na política? Que Presidencialismo é este que temos, sob a égide das emendas impositivas? Uma conversa imperdível.
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Luiz Gonzaga Belluzzo transita, neste bate-papo de “Reconversa”, pelos meandros da história do pensamento econômico e da economia brasileira dos últimos 50 anos. Não busca unanimidade, mas também não se verga às tentações autoritárias do pensamento único. E continua a aprender e a ensinar com as certezas que só a dúvida pode ensejar. Imperdível.PS: A entrevista de Belluzzo foi concedida alguns dias antes da morte de Delfim Netto, a quem se refere com amizade, lamentando que o ex-ministro estivesse doente.
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Uma conversa eletrizante com a filósofa e professora Marcia Tiburi. Mais distante hoje da sala de aula e da mídia, a sua praça é a escrita, onde se expõe por meio de certezas e indagações. Para ela, a misoginia é uma prática discursiva histórica, que articula simbolicamente a nossa sociedade. E é preciso empreender um esforço para desmontar essa estrutura na linguagem. A melhor coisa a fazer, sustenta, é construir um diálogo lúcido e optar por uma prática muito concreta: dar mais espaço às mulheres. Marcia lê a filosofia, a política e a história à luz do feminismo e amplia as fronteiras do pensamento. Ah, sim: o “esquerdomacho” tem de fazer tricô.Conheça mais também em: https://marciatiburi.com/
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Reconversa” traz nesta edição uma conversa luminosa com Luiz Eduardo Soares. Ele é escritor, antropólogo e cientista político. É ainda professor da pós-graduação em literatura da UFRJ; titular da Cátedra Patrícia Acioli, vinculada ao Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, e ex-professor da UERJ, do IUPERJ e da UNICAMP. Foi “visiting scholar” nas universidades Harvard, Columbia, Virginia e Pittsburgh. Publicou 26 livros. Os mais recentes são “Desmilitarizar - Segurança Pública e Direitos Humanos”; “O Brasil e seu Duplo” e “Dentro da Noite Feroz: O Fascismo no Brasil”. É um dos autores do livro “A Elite da Tropa”, que está na raiz dos filmes “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2”, de José Padilha. Ocupou os cargos de Secretário Nacional de Segurança no primeiro governo Lula. Foi também coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio e secretário de Prevenção à Violência de Porto Alegre e Nova Iguaçu. Ele explica o que está essencialmente errado no combate à violência no país e aponta caminhos.
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O argentino-baiano Matias Spektor é fundador, professor titular e vice-diretor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas. Doutor pela Universidade de Oxford, foi pesquisador-visitante de alguns dos mais destacados centros de excelência no mundo e colabora com as mais importantes publicações internacionais da área. Ele expõe, numa conversa luminosa e gentil, alguns erros e omissões da política externa brasileira, mas também aponta as barbeiragens da crítica da extrema-direita. Lamenta ainda o debate rebaixado que há na imprensa sobre política externa e aponta caminhos e rotas de uma nova compreensão do país e do mundo. Spektor não é um desses abelhudos que andam por aí, a mal esconder a própria ignorância com o véu diáfano da truculência retórica. É metódico, suave e severo. Defende a disciplina quase monástica da tradição oxfordiana como exercício de concentração. Vai saber se no claustro em que treinou a própria disciplina não havia um tanto da luz das velas dos orixás. Uma prosa rara e fascinante.
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“Reconversa” promove um bate-papo fascinante com Fabya Reis, a baiana que foi apresentada à militância social, aos 16 anos, como funcionária de uma cooperativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ao obter o seu primeiro emprego, ela encontrou uma causa. Como escreveu Simone de Beauvoir, no que respeita ao feminismo, ninguém nasce mulher, mas se torna. E Fabya, em contato com o MST, também descobriu o feminismo e o chamado “letramento racial”. E passou a vivenciar a política como exercício da liberdade, não da exclusão. Imperdível!
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“Reconversa” recebe pela segunda vez o ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Ele lembra que o ente não tira dinheiro do Tesouro; ao contrário: gera receita. E explica por que, sem um banco público de fomento e dadas as escolhas protecionistas de Estados Unidos e União Europeia, seria impossível haver uma indústria respeitável no país, fazer inovação e implementar a transição energética. Por isso o BNDES é o coração da estratégia de desenvolvimento do país. E sem competir com bancos privados. Em breve, aliás, será anunciada uma parceria bilionária com um gigante do setor. Mais um bate-papo imperdível.
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