Episodi
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No rescaldo da eleições europeias, o Programa foi ao país real analisar os resultados. O pretexto foi o FALA, festival literário de Alcanena. A vila do distrito de Santarém, num fim de semana com livros, juntou-se para uma noite em torno do poucochinho que resultou do acto eleitoral, com pequenas vitórias e uma grande derrota. Mas valeu a pena, porque um elemento do painel do Programa chegou abençoado, vindo directamente do Vaticano.
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Na estante desta semana, há apenas três livros (acompanhados por uma sugestão de visita à exposição do cartoonista António, em Vila Franca de Xira): uma reunião de “Crónicas e Discursos” do historiador António Borges Coelho; um álbum de banda desenhada intitulado “As Guerras de Lucas”, que narra a saga da criação de “A Guerra das Estrelas”; e “A Experiência de Deus”, da mística e resistente Simone Weil.
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Na estante desta semana, há uma reportagem de uma antiga jornalista que voltou à escrita: Francisca Gorjão Henriques traça o retrato de três “Mulheres Refugiadas em Portugal”; há um “Atlas do Comércio Transatlântico de Escravos”, que é uma obra de referência a propósito da indústria da escravatura; há um novo volume (o sexto) do diário do diplomata Marcelo Duarte Mathias, desta vez com o título “A Desoras” e correspondente aos anos de 2017 a 2023; e há a primeira tradução portuguesa integral da mais antiga canção de gesta, a célebre “Canção de Rolando”, do século XI.
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É uma estreia: pela primeira vez, um antigo ministro foi condenado em tribunal por corrupção. Uma condenação inevitável, segundo o próprio, porque sem isso o sistema de justiça cairia em total descrédito. Há quem concorde, embora por razões opostas às de Manuel Pinho, o protragonista desta história. Num outro caso político-judicial, um antigo secretário de estado foi constituído arguido, mas quem teve de se explicar foi a antiga ministra. Marta Temido é cabeça-de-lista ao Parlamento Europeu e a investigação, com buscas em diversos locais, esta semana, entrou pela campanha eleitoral adentro, a três dias das eleições. Muito ativo, o governo decidiu mudar as regras para a admissão de imigrantes em Portugal, também em plena campanha eleitoral; fica a dúvida se o facto deste assunto ter sido intensamente explorado por certas forças políticas teve alguma coisa a ver com a pressa de apresentar servição antes do próximo domingo. Enquanto isso, a maioria de Governo acusa o PS e o Chega de terem um arranjinho. Até já lhe deu um nome: ‘cheringonça’. No parlamento, a proposta da AD para a redução do IRS foi chumbada, tendo sido aprovada a que o PS apresentou. Embora o sentido de voto do Chega tenha sido o mesmo: a abstenção. Afinal, quem é muleta de quem nesta legislatura perneta?
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Esta semana, na estante do programa com o nome em banho-Maria, antecipa-se uma efeméride no calendário da próxima segunda-feira. O centenário da morte de Kafka é o pretexto para a edição (e a recomendação) de “K.”, o ensaio de Roberto Calasso dedicado aos autor de O Processo. Assinala-se a edição portuguesa do sexto e último volume da magistral novela gráfica “O Árabe do Futuro”, de Riad Sattouf. Chega também agora a Portugal, em português, o livro de despedida de Joan Didion, falecida em 2021: “Vou Dizer-te o que Penso”. Por fim, as complexidades da questão da identidade racial estão presentes num pequeno volume da escritora Djaimilia Pereira de Almeida intitulado “O que é ser uma escritora hoje, de acordo comigo”.
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Nunca um ex-presidente americano tinha sido condenado em tribunal. Trump volta a tornar-se pioneiro e ninguém sabe bem que efeito eleitoral isso poderá ter. Nunca o PSD perdeu uma eleição na Madeira. Também não foi desta, embora tenha obtido voltado a obter o pior resultado de sempre. A manter-se o ritmo (lento) a que a redução de votos se está a processar, é obrigatório fazermos contas para tentarmos perceber daqui por quanto tempo (anos, décadas, séculos?) haverá alternância no poder da ilha. Enquanto isso, a campanha para as europeias já está agora fase oficial. Com líderes ausentes e líderes omnipresentes. E com temas que regressam quando menos se espera, como é o caso da questão do aborto. Vai ser uma correria até dia 9.
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Na estante desta semana, começando pelo mais importante, há uma antologia da poesia de Camões anotada por Frederico Lourenço; um ensaio intitulado “O Médio Oriente e o Ocidente”, demonstrando que aquilo que está a acontecer tem raízes profundas e complexas; a obra de um deputado do Chega que revela quem é esse deputado do Chega; e uma reunião de artigos literários de Óscar Lopes até agora inéditos em livro e finalmente publicados sob o título “A Crítica do Livro”.
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Pouco se falou, esta semana, das eleições na Madeira. Falou-se alguma coisa das eleições europeias. E muito se falou do que pode e não pode ser dito no Parlamento. Surgiram, entretanto, linhas vermelhas até agora inéditas, na Europa: uma extrema-direita que deixou de aceitar outra extrema-direita. Uma coisa é certa: a javardice nos Passos Perdidos e em apartes parlamentares tomou conta da Assembleia da República. Há provas.
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A 15 de setembro de 2023, no dia em que Cavaco Silva lançou o livro “O Primeiro-ministro e a Arte de Governar”, o autor poderia ter sido o único protagonista. E, mesmo que a divisão do palco não seja o forte do homem que, a seguir a António de Oliveira Salazar, mais anos esteve no centro do poder, naquele dia, Cavaco partilhou as honrarias com uma antiga criação sua, José Manuel Durão Barroso.
Há 48 referências a José Manuel Durão Barroso na agenda de Ricardo Salgado. Na maioria delas, o, à época, presidente da Comissão Europeia é apresentado, apenas, pelas iniciais – JMDB.
Quatro dezenas das referências ao nome de Durão Barroso na agenda de Ricardo Salgado correspondem a reuniões ou a notas que o banqueiro ia escrevendo. Em algumas delas, Salgado convocava Barroso para lhe dar conselhos, noutras pré-anunciava pedidos de ajuda muito concretos.
Oiça aqui o terceiro episódio da Agenda de Ricardo Salgado, um podcast sobre 2268 dias de vida do velho banqueiro.
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O governo aprovou de uma penada três-grandes-obras. Teve a sua semana de glória. E parece que, como por milagre, vai ser tudo à borla. Sem sair um tusto dos cofres do Estado. Quando será isso? Não é para já. Enquanto a coisa não se concretiza, o aeroporto de Lisboa vai crescer, como queria a concessionária. Assim ninguém se aborrece. Nem o PS. Enquanto isso já estamos de novo em pré-campanha. Se é que alguma vez saímos dela. Os debates entre cabeças de lista mostraram até agora que não é com assuntos europeus que se vão extremar opiniões. Quanto ao número da alta traição “sem paralelo”, levado à cena na Assembleia da República pelo partido de Ventura, foi coisa despachada em hora e meia. Sem ponta por onde se pegue, concluiu o Parlamento. Entretanto, os desgraçados dos imigrantes que querem regularizar a sua situação tiveram uma boa introdução à maravilha de certos serviços públicos portugueses. Welcome, malta.
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Na estante desta semana, só com três livros, para se dar lugar também a uma exposição (Spam Cartoon, no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa), há uma pequena enciclopédia sobre as propriedades da Canábis - Maldita é Maravilhosa; as memórias de um polícia, o responsável por três grandes operações policiais (Apito Dourado, Face Oculta e Aveiro Connection), com um cognome que dá título ao livro: Insubmisso; e os contos de Sherwood Anderson, em Morte na Floresta e Outras Histórias.
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A agenda de Ricardo Salgado não pode ser considerada um objeto pessoal. Não é um diário da intimidade do banqueiro, que o presidente executivo do BES ia escrevendo nas quebras da pesada rotina. Não. A agenda profissional de Ricardo Salgado é o retrato hiper-realista de um país que tarda em desligar-se de homens providenciais.
Ao seu jeito, Ricardo Salgado era – na cabeça dos que aspiravam a ter poder e a conservá-lo – um homem providencial – que abria e fechava as portas do poderoso reino da influência aos dispostos a servir, ambicionando – sem esforço gigante – elevarem-se social ou politicamente.
Ricardo Salgado era amigo de alguns dos poderosos da República que desfilam na agenda do banqueiro. Mas a maior parte dos que alcançam estatuto para ocuparem pedaços dos longos e intensos dias do presidente executivo do BES serão relações de circunstância, mesmo que algumas circunstâncias se tenham prolongado muito no tempo.
Oiça aqui o segundo episódio da Agenda de Ricardo Salgado, um podcast sobre 2268 dias de vida do velho banqueiro
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Quem são os santos e os pecadores, na Santa Casa? O caso será apenas de gestão, será uma questão de ordem política ou pode vir a assumir contornos judiciais? As mesmas dúvidas se colocam relativamente ao legado orçamental do governo anterior: Medina maquilhou as contas ou Sarmento está à procura de uma narrativa que permita a Montenegro escapar às promessas eleitorais? E a nível táctico: a vitimização do governo perante as votações conjuntas de PS e Chega será uma boa arma política ou uma confissão de impotência? Já agora: quando é que Pinto da Costa entrega as chaves? E quando é que Ventura admite que a acusação de traição ao Presidente da República era a gozar? E quando é que celebramos o nosso genial zarolho?
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Esta semana, temos na estante uma “História do Mundo” por um prisma ambiental, assinada por Peter Frankopan; Camões relido por Jorge de Sena; as invasões francesas em banda desenhada, num álbum de Ricardo Henriques e André Letria intitulado “Jean, John, João”; e as fotografias de Carlos Gil em mais um documento comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril
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Objeto em formato digital, a agenda do banqueiro apenas me chegou e pronto. Não veio embalada em nenhum compromisso, em nenhuma troca, em nenhuma cedência da minha parte.
Mas a agenda não era só a agenda. Ela vinha no topo de um pacote virtual com mais de 3 mil ficheiros, alguns com centenas de páginas. Estavam ali 2268 dias da vida do velho banqueiro Ricardo Salgado, mais e-mails, relatórios, pareceres, rascunhos, apelos, descrições de estados de alma…
Jamais poderia pegar em todo aquele pacote de informação sozinho. Precisava de navegar por tudo aquilo, mas precisava, sobretudo, de filtrar, verificar, criar um fio condutor. Fizemo-lo em dez meses. Eu - Pedro Coelho, o Filipe Teles, o Micael Pereira e o Paulo Barriga.
Oiça aqui o primeiro episódio da Agenda de Ricardo Salgado, um podcast sobre 2268 dias de vida do velho banqueiro.
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As finanças vão de vento em popa ou estão um desastre? Sarmento e Medina desentenderam-se. Nós, os leigos, ainda estamos a tentar perceber a diferença entre contabilidade pública e contabilidade nacional. Outro desentendimento - este, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - levou a ministra do Trabalho a despedir a provedora, considerando-a incompetente para o cargo. Apesar disso, obriga-a a manter-se em funções, provavelmente para continuar a assegurar, com igual incompetência, a gestão corrente. Ao mesmo tempo que o Chega se junta aos partidos de esquerda para acabar com as portagens das antigas SCUT. O Governo está isolado no seu labirinto. E até quando um governante decide apostar numa ideia nova a coisa corre mal. O ministro da Defesa quis inovar por duas vezes, esta semana: propondo a reinserção de jovens institucionalizados por pequenos delitos, integrando-os no Exército, e dando um novo significado à sigla NATO (em português, OTAN): Organização do Tratado do Atlético (!!!) Norte. Ambos os esforços de imaginação de Nuno Melo foram mal recebidos.
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A estante desta semana embarca na aventura de O Ladrão de Arte, a história real do cleptomaníaco francês que tinha a casa cheia de objectos artísticos roubados em museus de toda a Europa, contada com um apurado sentido dramático por Michael Finkel. Também folheamos a correspondência trocada entre José Afonso e o jornalista Rocha Pato, reunida no livro Os Primeiros Anos. Acompanhamos, em Pais Vazios, a investigação de Philip Rothwell sobre a imagem da figura paterna na literatura portuguesa. E terminamos surrealmente em beleza com um livro já antigo de António José Forte especialmente recomendado por Herberto Helder: o autor de A Colher na Boca era um entusiasta de Uma Faca nos Dentes.
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A Agenda de Ricardo Salgado é uma espécie de manual de influência política.
Os alicerces da história são construídos ainda na década de 80, quando Mário Soares convida a família Espírito Santo a regressar a Portugal. Em 1986, os Espírito Santo criam um pequeno banco, o Banco Internacional de Crédito. Em 1991, sob a égide de Cavaco Silva e depois da alteração legislativa que permite as reprivatizações, a família recompra, sem oposição, o banco nacionalizado em 1975. Ricardo Salgado assume o comando do BES.
Neste podcast, para lá do relato fiel do objeto 'agenda' e das suas causas e consequências, trazemos-lhe pedaços da extraordinária meta-história que foi esta investigação jornalística.
Em seis episódios vamos desbravar, igualmente, os sinais que dão contornos ao oculto que fomos encontrar nas trevas de Ricardo Salgado.
Oiça aqui a Agenda de Ricardo Salgado, um podcast sobre 2 268 dias de vida do velho banqueiro. O primeiro episódio será publicado a 7 de maio na SIC Notícias, no Expresso e em todas as plataformas de podcast.
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O povo saiu à rua para honrar a coragem dos capitães da liberdade. Mas no Parlamento, na sessão solene do cinquentenário da Revolução, houve quem optasse por discursos sobre a espuma dos dias. E quem se dedicasse a trocadilhos com a gaivota de uma das canções mais desinteressantes do cancioneiro do 25 de Abril. Mas a semana, no que diz respeito à política quotidiana, teve esta semana dois protagonistas: o agora ex-comentador Sebastião Bugalho e o comentador vitalício Marcelo Rebelo de Sousa. Bugalho trocou o jornalismo pela política e aceitou o convite para cabeça de lista da AD às eleições europeias. Marcelo regressou ao comentário, mas desta vez para estrangeiros. Abriu o livro perante a imprensa internacional e traçou o perfil psicológico do “oriental” António Costa e do “urbano-rural” Luís Montenegro. De caminho, exonerou o Dr. Nuno do estatuto de seu filho; por coisas “chatas”.
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Há muitas formas de contar a história dos últimos 50 anos. O escritor Alexandre Andrade escolheu contá-la por intermédio de vozes anónimas, numa multiplicidade de histórias reunidas no romance “Democracia”. De há 50 anos vem um debate interessante agora revisitado num pequeno livro intitulado “Cristianismo e Marxismo - em debate nos anos 70”, um diálogo entre o padre João Resina e o filósofo Sottomayor Cardia. Quase a chegar em tradução portuguesa, já circula em Portugal “Knife” (Faca), a memória auto-biográfica em que Salman Rushdie nos confronta com o atentado de que foi vítima e que quase o matou em 2022. Finalmente, em vez de mais um livro, uma exposição: no Fundão, reúnem-se até ao final de junho, na Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade, trabalhos do cartunista José Vilhena sob o lema “Crónica de uma Revolução”.
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