Riprodotto

  • În episodul 169 al podcastului „Un român în Londra” am vorbit despre detalii legate de aplicarea la settled status după 30 iunie 2021, despre amestecarea vaccinurilor covid și despre exodul esticilor.

    Show notes: manuelcheta.com

  • Até há pouco tempo, a Colômbia era para a maioria dos brasileiros apenas um vizinho relativamente pouco conhecido na América Latina. As referências se limitavam ao narcotráfico, à guerrilha e, no melhor dos casos, à cantora Shakira. Mas essa percepção está mudando.
    Andrea Domínguez, correspondente da Rádio França Internacional, em Bogotá,

    Embora ainda tenha muitos problemas sociais, a Colômbia tem desfrutado de uma economia estável e de um aumento na segurança nos últimos anos, tornando-se mais atraente para os estrangeiros. Esta situação, somada à crise econômica e política no Brasil, tem levado muitos brasileiros a olhar para esse “país hermano” como uma possível terra de novas oportunidades.
    É o caso de Nuno Alves, de 29 anos de idade, professor de inglês e português em Bogotá. Nascido e criado na cidade de São Paulo, Nuno veio pela primeira vez para a Colômbia em 2014 como integrante de um projeto da AIESEC, uma organização de jovens que promove o desenvolvimento pessoal com intercâmbios em diversos países.
    Ao finalizar seu projeto, Nuno voltou para o Brasil com a intenção de achar um emprego e continuar morando na sua cidade natal. Mas a realidade frustou suas expectativas e ele decidiu regressar para Bogotá em 2016.
    “Voltando para o Brasil, eu me espantei muito com a situação que eu encontrei lá: eu sou de São Paulo, que já é uma cidade cara e quando voltei depois de morar na Colômbia, eu encontrei uma cidade três vezes mais cara”, contou em entrevista à RFI Brasil.
    “Depois de morar na Colômbia, que tem um custo de vida tão baixo, tive vontade de morrer com o preço tão alto (das coisas). Eu ainda cheguei no olho do furacão da crise. Tentei conseguir um emprego, mas não encontrei, e quando encontrava, não dava segurança financeira mínima. Então pensei: prefiro voltar para lá que está mais tranquilo politicamente e financeiramente”.
    De turistas para imigrantes
    Segundo dados do Consulado do Brasil em Bogotá, o número de brasileiros que têm viajado para a Colômbia aumentou muito nos últimos anos. Em 2015, vieram para o país andino 141.624 brasileiros, 14 mil a mais do que em 2014. Já em 2016, esse número subiu para 186.269, ou seja, 45 mil a mais do que no ano anterior.
    Embora a maioria desses brasileiros tenha vindo de férias, há um número significativo de brasileiros que estão entrando na Colômbia para trabalhar ou estudar. Dos 186 mil brasileiros que visitaram o país em 2016, 140 mil vieram a turismo, e os 46 mil restantes vieram por outros motivos, como estudar ou trabalhar.
    Segundo Nuno, toda semana ele recebe mensagens de amigos, familiares ou conhecidos perguntando sobre as possibilidades de se desenvolver profissionalmente e de se manter financeiramente na Colômbia.

    Na opinião dele, que já viajou pelo país inteiro de mochila, há muitas chances de encontrar emprego estável, mas principalmente para pessoas com mais qualificação profissional.
    Segundo o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2014 para 2015, foi registrado um aumento de 65% no número de profissionais brasileiros enviados por multinacionais para atuar no exterior.
    É inegável o papel que tem nesse “êxodo” o alto custo de vida e a diminuição das oportunidades profissionais. Segundo os dados da PNAD, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, enquanto a taxa geral de desemprego no Brasil foi de 11,8% no terceiro trimestre de 2016, entre os jovens de 18 a 24 anos, ela chegou a 25,7%.
    Outro dado que mostra o aumento da presença brasileira na Colômbia é o número de "cédulas de extranjería" expedidas pelas autoridades. Esse é o documento fundamental para o estrangeiro realizar qualquer trâmite no país, desde a solicitação de uma linha de telefone celular até uma matrícula escolar. O número de "cédulas" outorgadas a brasileiros com residência foi de 150 em 2014, e aumentou para 322 em 2016. Já a quantidade de "cédulas" entregues a brasileiros com visto temporário aumentou bastante no mesmo período: de 286 em 2014 subiu para 1.335 em 2016.
    Jovens e sêniors identificam oportunidades
    São muitos os jovens profissionais brasileiros que têm vindo para a Colômbia por falta de boas ofertas no mercado brasileiro, como o Felipe Diniz que trabalha em desenvolvimento de software. Ele veio para Bogotá desiludido pelas ofertas ruins de trabalho que encontrava em São Paulo. Gustavo Delvay, graduado em comércio internacional, veio trabalhar com o Spotify depois de ter esgotado a procura por ofertas de emprego no Brasil.
    Mas não só profissionais jovens cogitam uma mudança. Aos 59 anos de idade, pai de duas filhas e avô de dois netos, o professor universitário e consultor em logística, Francisco Moreno, pretende deixar Blumenau, no estado de Santa Catarina, para vir morar na Colômbia com a família.
    Mesmo sendo de uma região com grandes empresas no setor agroalimentar,que exporta para todo o mundo, e possuindo o segundo maior porto em movimentação de contêineres do Brasil, a cidade não escapou da crise. Recentemente, Francisco viu, como muitos de seus colegas, vários escritórios fecharem suas portas por falta de trabalho ou porque os custos de manter o negócio superavam as receitas.
    “Não é novidade a grave crise que o país passa em virtude da má administração e da corrupção em todos os níveis. Lamentavelmente, quem está pagando a conta é povo. Desempregados, sem assistência médica adequada, sem segurança, sem educação de qualidade e passando necessidade por não conseguir honrar suas contas”, afirma.
    “Há muito penso em sair do Brasil, viver num país que acredito possa ter um pouco mais de dignidade e que necessariamente não fique muito longe do meu, e que a possibilidade de trabalho e estudo sejam mais adequadas”, explica.

    Francisco não se ilude. Sabe que todos os países têm seus problemas, mas o fato de não ter qualquer perspectiva de um novo emprego estável tem feito com que ele leve a sério a ideia de encarar uma nova vida. Francisco já esteve na Colômbia sondando as possibilidades. Ele visitou Bogotá, Medellín e Cartagena. Dessas três cidades, ele gostou mais do ambiente de Medellín.
    “A Colômbia é a sexta economia das Américas, a quarta da América Latina. Um país, pelo que vi, com muitas oportunidades de crescimento. A política agora está estável e a economia também. Quando estive no país em dezembro, ouvi na TV algumas reportagens também sobre corrupção, porém é um país mais seguro que o Brasil hoje”, avalia.
    Sensação de mais segurança
    Apesar de ser um país mundialmente conhecido pela violência extrema ligada ao narcotráfico, a Colômbia hoje é vista por muitos brasileiros como mais segura que o Brasil. Renan Felipe Dos Santos veio para Bogotá em 2014 para morar com a sua namorada colombiana. Logo arrumou emprego e agora cogita trazer sua mãe, que mora em Porto Alegre.
    “Eu morava em um bairro bastante violento de Porto Alegre, que ultimamente tem sido praticamente uma zona de guerra entre facções criminosas disputando território por narcotráfico. Eu estou muito preocupado com minha família, por isso considerei a possibilidade de trazer minha mãe para a Colômbia”, diz.